— Eu posso sentir o cosmo do Seiya se elevando novamente… - Pensou Shiryu que estava sentado à beira-mar descansando. - Mas contra quem ele está lutando? É melhor eu me apressar e ir conferir.

Shiryu se levantou e pegou algumas das partes da armadura de ouro que estavam ao seu lado e seguiu em direção ao cosmo do Seiya. Pouco tempo depois o cavaleiro de bronze é interceptado por alguém.

— Finalmente te encontrei Dragão e agora será o seu fim! - Disse uma voz que parecia vir do mar.

— Quem está aí!?

O mar começa a ficar agitado e de repente uma onda gigante surge formando uma paredão de água com mais de dez metros de altura e avança contra Shiryu, que ao perceber que aquela não era uma onda comum soltou as partes da armadura de ouro que carregava consigo, elevou o seu cosmo e o concentrou punho.

— Dragão Voador! — Shiryu avançou contra aquela onda gigantesca e o cosmo em seu punho tomou a forma de um grande dragão chinês. E com certo esforço ele conseguiu repelir a onda de volta ao mar.

— Muito bem Dragão, mas a luta começa agora! - Disse Moses saltando de dentro do mar e descendo com um chute contra o Shiryu, que se defendeu usando o seu escudo, mas o impacto foi tão forte que o bronzeado foi jogado violentamente contra um amontoado de rochas, partindo-as ao chocar-se com elas.

— Vamos Dragão, levante! Ou será que morreu só com isso?

Graças ao escudo do dragão e a sua nova armadura, Shiryu só teve alguns arranhões.

— Tsc… quanta força... - Pensou Shiryu enquanto se levantava.

— Parece que dessa vez não é uma ilusão… - Pensou Moses.  - Dessa vez Dragão, eu vou eliminá-lo sem erro! - Gritou o prateado.

— O quê? Dessa vez? Eu não estou entendendo nada… 

— Vocês cavaleiros rebeldes estão sendo punidos…

— Cavaleiros rebeldes? Do que você está falando?

— Vocês cavaleiros de bronze que quebraram as regras do Santuário ao lutarem por interesses pessoais, serão punidos com a morte.

— Então, se você está a serviço do Santuário... - Shiryu fez uma cara de espanto. - Isso quer dizer que nesse momento o Seiya…

— Exatamente, o Pegasus está lutando contra um cavaleiro de prata, assim como você.

— Um cavaleiro de Prata!?

— O que foi Dragão? Está com medo? Mas dessa vez ninguém vai te salvar...

— Essa é a primeira vez que te enfrento, mas você fala como se já tivéssemos feito isso antes… De toda forma, se você quer me matar, eu não tenho escolha a não ser lutar… Mesmo meu inimigo sendo um cavaleiro de prata… 

Shiryu avança desferindo uma sequência de socos contra Moses, que facilmente bloqueia todos usando o escudo em seu braço esquerdo. Shiryu fica surpreso com a velocidade do seu adversário e o poder do seu escudo.

— Tsc… nenhum arranhão sequer!? Será que esse escudo é tão poderoso quanto o meu? - Pensou o bronzeado enquanto lançava mais uma sequência de socos.

— Muito devagar e muito fraco… eu nem preciso usar meu escudo… - Disse Moses após bloquear mais um soco e revidando com um poderoso soco no estômago do Dragão que o fez vomitar sangue e o arremessou para trás, ele saiu voando por vários metros até que caiu no chão e quicou na areia por mais alguns metros.

— Urgh… Esse cara tem uma força incrível e ainda é muito rápido… pra ter alguma chance contra ele eu preciso destruir aquele escudo e assim o deixarei vulnerável, igual o Seiya fez comigo antes. Mas pra isso eu não posso me segura, entretanto… não sei se meu corpo se recuperou o bastante… se eu usar o Cólera do Dragão agora, talvez aconteça a mesma coisa de quando eu lutei contra o Dragão Negro… - Ponderava Shiryu enquanto se levantava.

— Eu, Moses de Baleia, vou acabar com você e depois vou caçar os cavaleiros restantes.

Shiryu se levanta, ainda sentindo muito aquele soco. - Eu não vou me render tão fácil! Prepare-se! Dragão Voador!

O bronzeado avança mais uma vez contra Moses, que já estava ciente da força daquele golpe do Shiryu e por isso decidiu aguardar até o último instante  para bloqueá-lo com seu escudo.

— Seu punho pode ser forte, mas contra esse escudo, você nada pode fazer.

Mas Shiryu continuou o ataque, elevando o seu cosmo cada vez mais até conseguir pressionar Moses e empurrá-lo para trás. A cada passo que o prateado dava para trás seu escudo começava a trincar.

— Quê!? Não é possível… como você conseguiu trincar o meu escudo… Hehe… Achou que era isso que eu ia dizer?

— Como é!? - Perguntou Shiryu surpreso.

Moses aproveitou aquela pequena brecha, girou o corpo em trezentos e sessenta graus para se desvencilhar do ataque e desequilibrar Shiryu, na sequência Moses aplicou um poderoso gancho em Shiryu lançando-o para cima. - *Força Explosiva de Kaitos!

O bronzeado continuou subindo e foi envolvido pelo poder cósmico de Moses que o imobilizou por completo e enquanto descia rapidamente na direção de Moses, o cavaleiro de prata explicou. - Eu não preciso desse escudo, pois meu estilo de luta independe dele. Eu só dependo do meu corpo, seja para me defender ou para atacar. Agora você irá morrer Dragão!

Moses se preparava para desferir um soco na cabeça de Shiryu quando de repente um chicote se enrolou em seu punho e o puxou com força para frente. Nesse instante o cosmo que o imobilizava Shiryu enfraqueceu, dando a ele tempo suficiente para ele recuperar o equilíbrio e conseguir pousar na praia, levantando uma pequena nuvem de areia.

— Eu escutei uma parte da conversa… então o santuário quer nos eliminar… eu já esperava por isso… - Disse uma voz feminina.

— Quem está aí! Vamos, apareça! - Questionou Moses puxando o chicote com força.

June foi puxada na direção do prateado, mas a amazona soltou o chicote do punho de Moses e pousou em frente a ele.

— Quem é você amazona?

— Eu sou June de Camaleão. 

— June!? - Disse Shiryu surpreso, enquanto se levantava com dificuldade.

— Shiryu, você está se segurando demais… acho que não descansou o suficiente, não é? Então agora é a minha vez… Eu vou assumir esse combate.

— Hunff… Camaleão também? Se você está envolvida com os cavaleiros rebeldes também irá ser punida por quebrar as regras do Santuário.

— Eu estava ciente disso quando decidi participar dessa batalha… Não tenho mais escolha… Então vamos lutar! Açoite Sangrento!

June inicia uma saraivada de ataques com o seu chicote, Moses usa mais uma vez o seu escudo para se defender, entretanto, cada novo ataque é mais forte e mais rápido que o anterior, o escudo começa a trincar ainda mais até que se espatifa por completo. O ataque de June atinge o corpo de Moses, destruindo o peitoral da armadura de prata e a ombreira esquerda. O cavaleiro de Baleia vai ao chão com vários cortes pelo corpo e sangrando bastante.

— June você conseguiu! - Bradou Shiryu. - Aquele escudo era muito poderoso, talvez até mais que o meu…

— Bem... ele já estava trincado… - Disse June indo em direção de Shiryu quando é interceptada por Moses.

— Por acaso é surda!? Eu disse que você também seria punida! Me vencer não será tão fácil! - Moses agarra June pelo braço e a lança para cima. Força Explosiva de Kaitos! 

June desce imobilizada e quando está ao alcance de Moses é atingida por um soco que acertou a sua cabeça, fazendo sangue jorrar por todo lado. June não teve tempo de reagir e foi novamente lançada para o alto e dessa vez quando caiu Moses acertou as costas da amazona que gritou de dor.

— June! - Gritou Shiryu correndo em direção a Moses.

— Tarde demais! - Gritou Moses jogando-a novamente para cima, só que dessa vez June conseguiu fazer o chicote girar em torno do seu corpo para protegê-la do golpe final do prateado.

— Tsc… Maldito chicote! - Gritou Moses irritado.

— Ela conseguiu impedir o ataque. - Disse Shiryu se aproximando.

June conseguiu se equilibrar e caiu de joelhos na praia, ela estava arfando muito, mas ainda assim mantinha a sua Defesa Circular ativa.

— Você acha mesmo que essa barreira é suficiente para me deter? Você pode até ter impedido o meu ataque, entretanto você recebeu boa parte do impacto.

— June… você está bem? Eu vou assumir essa luta...

 - Espere Shiryu… a luta ainda não acabou. - Disse June ficando de pé.

— Exatamente moleque! Espere a sua vez de morrer!

— Você tem certeza disso? - Questionou Shiryu preocupado.

— Si-im… eu vou vencê-lo no próximo ataque...

Shiryu parou e ficou observando a luta dos dois, mesmo a contra gosto.

— É o que veremos! *Punho Explosivo de Kaitos!

Moses concentra em seu punho direito toda a força cósmica que ele usa para prender o adversário quando usa o Força Explosiva de Kaitos e desfere um poderoso soco e logo após acertar o inimigo a cosmo energia acumulada explode.

Moses avança contra June que eleva o cosmo para intensificar a sua defesa. Ao ser acertada pelo punho do prateado a amazona suportou o ataque, porém rapidamente começou a ser empurrada para trás.

— Agora é o seu fim! - A cosmo energia acumulada no punho de Moses explode destruindo a barreira de June, rachando toda a sua armadura e a lançando violentamente para trás.

— Bem… agora é a sua vez Dragão… - Diz Moses se virando para Shiryu.

— Ainda não… A June ainda não perdeu… - Falou Shiryu apontando para June.

— Seu chicote foi retalhado pelo meu punho e você está no limite… O que mais você acha que pode fazer!?

— Enquanto o meu cosmo queimar - Disse June segurando o cabo do seu chicote. - Meu chicote nunca será destruído… - Ao elevar o seu cosmo o chicote respondeu ao chamado da sua amazona e se reconstruiu.

June estalou o chicote na areia abrindo uma fenda e em seguida avançou contra Moses. Enquanto avançava, ela continuou atingindo o chão, o que foi criando uma nuvem de areia que tomou conta de toda a área sendo impulsionada pelo cosmo da amazona.

— Você acha mesmo que esse truque barato vai funcionar!? - Gritou Moses desfazendo a nuvem com o seu cosmo facilmente.

— Já funcionou! - Respondeu June aparecendo de frente a Moses. - Tormenta Sangrenta! June transformou o Chicote de Camaleão numa espécie de lança de pequeno porte e desferiu centenas de golpes perfurantes contra Moses que tentou bloquear, mas acabou tendo as suas mãos perfuradas também, tombando em seguida todo ensanguentado.

— June você está bem? - Questionou Shiryu se aproximando para socorrê-la.

De repente eles sentem o cosmo do Seiya explodindo e depois desaparecendo. - O Seiya também está lutando… eu vou até lá… você fica aqui e descansa...

— Espere Shiryu. Eu também vou, eu estou exausta e se alguém me atacar não poderei proteger a armadura de ouro. É mais seguro ir com você.

— Você tem razão June, vamos pegar a armadura de ouro e seguir juntos para onde está o Seiya.

Shiryu recolhe as partes que ele tinha deixado na praia e June diz que escondeu perto dali as outras partes. Depois de recolherem as partes da armadura os dois seguiram na direção do cosmo de Seiya.

[Ilha de Andrômeda, Etiópia]

{Um dia antes do confronto contra os Cavaleiros Negros}

— Diga ao Grande Mestre que eu me recuso.

— Mas... senhor Daidalos... o Grande Mestre solicita a sua presença nessa missão…

— Eu não tenho mais nada a dizer. Agora volte ao Santuário.

— Sim senhor. - Disse o mensageiro do Santuário indo embora.

— Parece que finalmente o Santuário vai se mover… - Pensou Daidalos enquanto voltava pro centro da ilha onde ficava o campo de treinamento.

— Mestre, o que aquele mensageiro queria? - Perguntou Shun se aproximando.

— Escute bem Shun, o Santuário está reunindo um grupo de cavaleiros de prata para assassinar os cavaleiros rebeldes do Japão.

— Cavaleiros rebeldes? 

— É dessa forma que o Santuário, ou melhor, o Grande Mestre os está chamando.

— Ah! Isso quer dizer que a June e o Ikki… - Shun arregalou os olhos.

— Sim, eles estão correndo perigo. Você deve voltar ao Japão imediatamente e alertá-los, antes que seja tarde demais.

— Partirei no próximo navio. Mas e o senhor o que vai fazer? Vai mesmo desobedecer às ordens do Grande Mestre?

— Irei. Nesses últimos anos a minha desconfiança acerca do Grande Mestre só aumentou, e não sou o único que nutre esse sentimento, outros cavaleiros também se mantém afastados do Santuário.

— Mas mestre... desse jeito o Santuário não virá atrás do senhor?

— Shun, no momento você não deve se preocupar com isso. Agora vá e se prepare, o próximo barco sairá em breve.

Shun reluta um pouco em acatar a ordem de Daidalos. - Mas mestre...

— Shun… tem uma coisa me incomodando. Foi você mesmo que pediu para fazer a prova do Sacrifício e ao superá-la conquistou a sua armadura e o título de cavaleiro, mas não acredito que você tenha despertado o seu cosmo naquele momento. Seu cosmo despertou a muito tempo, não é? - Falou Daidalos com um sorriso no rosto.

— Sim mestre. A verdade é que nos últimos anos meu cosmo foi despertando aos poucos durante o treinamento. - Respondeu Shun meio sem jeito.

— E você odeia tanto a ideia de machucar outro ser humano que se deixou ser derrotado todas aquelas vezes, não é?

— Sim. - Shun respirou fundo e continuou. - Eu realmente odeio conflitos e não gosto de machucar os outros. Mas imagino que o senhor esteja perguntando isso por estar preocupado se eu conseguirei lutar contra os assassinos enviados pelo Santuário, não é mesmo?

— De fato... Diferente da June, eu não sei se você conseguirá... E eu não estou falando em poder, mas sim de atitude...

— Então, antes de ir embora me permita mostrar ao senhor a minha verdadeira força.

Shun começa elevar o seu cosmo numa intensidade tão alta quanto ele fez ao enfrentar a prova do sacrifício. - Prepare-se mestre!

Shun dispara uma rajada de ar envolto em cosmo contra Daidalos, que estende as suas duas mãos para bloquear o ataque, o que ele consegue fazer facilmente, porém começa a ser pressionado e empurrado para trás.

— Urgh! O cosmo de Shun cresceu tanto assim? - Pensou surpreso pelo nível do cosmo do seu pupilo.

— Muito bem Shun! Vejo que você pode se virar muito bem e não dependerá das suas correntes! - Disse o prateado elevando o seu cosmo e dissipando por completo o ataque de Shun. - Agora se apresse e prepare-se para partir. - Daidalos ostentava um semblante orgulhoso.

— Sim! - Disse Shun sentindo-se mais encorajado e indo embora.

Depois que Shun vai embora, Daidalos relaxou o seu corpo, e nesse momento as proteções da armadura que cobriam seus punhos e antebraços se espatifaram. - Ah meu querido Shun… que cosmo maravilhoso você desenvolveu… mas temo que ainda assim, você nunca chegue a usá-lo de verdade, por causa dessa sua natureza tão gentil.