Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 31
Capítulo XXX - Frustração ou animação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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O tão esperado resultado da competição para saber que turma iria à praia havia sido divulgado sem muita cerimônia, a direção apenas colocou no mural que ficava no refeitório que a turma vencedora havia sido o segundo ano. Muitos deles ficaram bastante animados, todavia, como já deviam ter imaginado, não seria um passeio tão livre assim, para saberem das regras, o diretor pediu que os alunos fossem até o auditório.

 

“Meus parabéns pela vitória. A vice-diretora Marocas já entrou em contato com os responsáveis de vocês para avisar sobre o passeio. Estejam aqui amanhã às quatro da tarde para a saída, vocês ficarão lá até às sete da noite sob supervisão de Átila e Ana Paula. Acredito que nem preciso dizer que não é porque estão fora dos domínios do internato que vão ficar de namoricos ou deixar de seguir as regras daqui.” ele falava e já emendava um discurso sobre notas e boa conduta.

 

Os alunos tinham feições entediadas e sequer ouviam o que o diretor dizia.

 

“Nossa, o Carlito conseguiu deixar chato nosso rolê na praia!” Cebola reclamou.

 

“Incrível como esse homem consegue tirar a graça de tudo! A gente se esforçou pra caramba e vem ele com esse papo de boa conduta e dá um horário de nada? Ah, por favor, né?” Denise reclamou.

 

“O pior foi colocar o Átila pra ficar de olho, ele é mais chato do que parece.” Titi reclamou zangado.

 

“Não, o pior é o horário! Por que quatro da tarde? E por que só até às sete?” um aluno comentou com outro que deu de ombros.

 

“Se eu soubesse que seria assim, não teria nem ido pra aquela monitoria há duas semanas.” um outro aluno comentou.

 

“Calma, gente! Nem fomos ainda, pode acabar sendo legal.” Jeremias comentou.

 

“Seu otimismo é comovente, Jerê.” Sofia disse dando um fraco tapinha no ombro do amigo.

 

Carlito riu ao fim de sua fala.

 

“Tenham um bom passeio. Agora podem ir.” finalizou e os jovens saíram reclamando, tinham em mente que seria mais um passeio frustrante, como havia sido o do parque ecológico.

 

                                      *

A tarde de sábado pareceu chegar mais rápida para Nikolas, que, diferente da maioria dos colegas, não estava muito animado, não era fã de praias. O moreno estava no internato esperando Tikara, que enchia o cabelo de gel.

 

“Tikara, pra que esse tanto de gel? Vai sair tudo na água.” perguntou entediado.

 

“O meu gel não sai na água e... acabou! Espera aí que vou pegar emprestado do Xaveco.” Tikara falou saindo rapidamente e o amigo bufou.

 

“Nem sabia que Xaveco usava gel. Esse dia vai ser longo...” comentou e ouviu um riso.

 

Tá rabugento, Nikolas. O cara só quer impressionar a Milena.” a voz de Cascão soou, ele estava em sua cama lendo uma revistinha.

 

“Aposto que ela já viu ele sem aquele cabelo todo espetado.” Nik comentou.

 

“Aí já não sei. Esse seu desânimo é por causa do quê?” o outro perguntou curioso.

 

“Não gosto de praia, preferiria estar em casa jogando, mas a insistência foi grande e... por outros motivos.” comentou lembrando de Penha.

 

Cascão riu.

 

“Outros motivos, é? Parece que alguém aqui ‘tá com esquema. Mas eu te entendo, também não gosto muito de praia, mas o que a gente não faz pra sair daqui um pouco?” comentou e Nikolas riu.

 

No mesmo instante, a porta se abriu, mas não era Tikara, e sim Cebola de óculos escuros.

 

“Cascão, a Magali ‘tá te procurando.” avisou e Cascão sorriu enquanto pegava suas coisas e saía do quarto.

 

Cebola olhou para Nikolas, que mexia em seu celular, e umedeceu os lábios.

 

“Ei, Nik!” chamou e o outro olhou.

 

Cebola abriu e fechou a boca algumas vezes, falar com ele parecia mais difícil do que com Milena, talvez por conta de seu ciúmes.

 

“Ér... sobre a monitoria daquele dia, foi legal da sua parte ter topado! Olha no que deu!” exclamou e o outro deu de ombros.

 

“Não fiz nada sozinho.” respondeu e Cebola riu.

 

“É... eu acho que preciso me desculpar sobre o que eu disse de você dar monitoria de primeiro ano, pareceu que eu disse que você não sabia as coisas do segundo. Na verdade, não é só disso! Eu também tenho que me desculpar por causa daquela época da Carmem, por ter pegado no pé dos seus amigos e por ser um colega de quarto ruim.” desculpou-se com dificuldade, mas cheio de sinceridade.

 

Nikolas o olhou por alguns segundos, o que deixou Cebola nervoso.

 

“Eu te desculpo. Mas fiquei curioso, veio se desculpar só por causa do exposed?” perguntou com o tom de voz calmo e Cebola balançou a cabeça.

 

“Também. Mas uma... algumas pessoas me fizeram ver que eu precisava quebrar aquela minha máscara e ser eu mesmo, e eu não sou uma pessoa que trata as pessoas daquele jeito.” o outro respondeu sincero e Nikolas assentiu.

 

“Legal.” falou e o outro assentiu.

 

Cebola já ia deixar o quarto quando decidiu aproveitar para perguntar algo. Mesmo que fossem colegas de dormitório, era difícil encontrar Nikolas sozinho.

 

“Também fiquei curioso em duas coisas. Penha me traiu com você? É só curiosidade mesmo.” perguntou e o dono dos dreads suspirou.

 

“Não! E, de certa forma, nem tinha como, vocês nem eram um casal de verdade.” Nik respondeu e Cebola deu de ombros.

 

“E a outra... você ainda gosta da Mônica?” perguntou desviando o olhar e Nikolas o encarou alguns segundos antes de juntar algumas informações e rir.

 

“Acho que entendi porque você falou sobre eu só dar monitoria pro primeiro ano e ter feito aquela cara quando Mônica quis que eu ajudasse ela. Você tem ciúmes.” falou e Cebola forçou um riso.

 

“Você ‘tá se achando demais, cara. Eu não sou um cara que sente ciúmes! Mas e ai? Gosta?” perguntou e ele riu.

 

“Gosto, mas não do jeito que você pensa.” o outro respondeu.

 

Cebola não conseguiu esconder um suspiro aliviado, que não passou despercebido por Nikolas. Porém, o dono dos dreads não disse nada, apenas se levantou com suas coisas.

 

“Bom, vou ver por onde andam meus amigos. Boa sorte com sua rendição. E com a Mônica.” falou e deixou o quarto.

 

Cebola assentiu enquanto sorria.

 

                                      *

No dormitório 226A, ao passo que Xaveco e Tikara deixaram o quarto, Jeremias entrou junto de Timóteo.

 

“Você enche o saco, Timóteo! Ainda não sei pra que você quer que eu leve meu violão.” Jeremias falou.

 

“Como pra quê? Pra atrair as gatinhas! As minas adoram quem toca, e os amigos são puxados pra isso.” o outro respondeu.

 

“Ah, então você quer me usar pros seus esquemas?” o novato perguntou.

 

“Quebra essa pra mim! Se quiser, eu carrego seu violão.” o outro falou e Jeremias pegou o instrumento.

 

“Tá bom, mas se ele tiver um arranhão, eu arranho sua cara.” respondeu entregando a ele.

 

“Arranha? Virou gato?” Titi zombou e Jeremias riu.

 

“Me chamam disso, sabia?” respondeu e o amigo riu.

 

“Tem gente que precisa visitar um oftalmologista urgente.” o de cabelos lisos comentou.

 

“Sua irmã não pensa assim.” Jeremias zombou brincalhão.

 

“Eu nem tenho irmã.” o outro rebateu.

 

“Então era outra parente sua.” o novato falou e Titi deu um tapa na nuca do amigo antes de sair do quarto.

 

Jeremias pegou sua mochila e já ia sair quando Toni deixou o banheiro com os cabelos molhados, havia acabado de sair do banho.

 

“Jeremias! A gente pode trocar uma ideia?” perguntou e o outro assentiu.

 

Toni pensou alguns segundos antes de falar.

 

“Ér... como você conseguiu que te perdoassem? Sabe... quando você fazia bullying.” perguntou um tanto desconcertado, evitando o contato visual.

 

Jeremias não escondeu a surpresa, mas compreendeu a intenção de Toni.

 

“Bom, no meu caso, eu fui direto falar com quem precisava e fui sincero com ela. Não é fácil engolir o orgulho e a vergonha, mas é necessário. Depois disso tentei agir diferente, sabe? É claro que você não deixa de ser um bullie de um dia pro outro, é uma coisa lenta e demora pras pessoas confiarem, mas me desculpar, repensar minhas atitudes e de fato tentar mudar foi o que melhorou minha vida.” respondeu e Toni assentiu, daquela vez olhando para Jeremias com atenção.

 

“Entendi, valeu!” agradeceu e Jeremias assentiu.

 

“De boa. Não digo que vai ser fácil, mas sei que ter vindo falar comigo já deve ter sido difícil, então, você está caminhando.” falou e saiu.

 

Toni riu com a última fala de Jeremias, mas ver que o colega havia de fato conseguido melhorar havia despertado uma certa esperança em si.

 

                                      *

O caminho do internato até a praia não era demorado, quando chegaram, o local estava bem cheio, talvez pelo calor que fazia. Algo que a direção, provavelmente, não sabia e muitos alunos sabiam era que Átila e Ana Paula tinham um relacionamento amoroso, então os dois pareciam animados.

 

“Vocês ouviram o que o diretor disse sobre namoricos, principalmente os membros dos times. Então sigam as regras que teremos um tempo bom aqui na praia. Agora vão se divertir e de volta pra cá quando der o horário combinado.” Átila falou.

 

Os membros dos times estavam juntos e comentavam sobre essa regra.

 

“Átila é chato pra caralho. Mas ele ‘tá sonhando que eu não vou fazer nada.” um deles falou.

 

“O engraçado é que ele pode.” Cascão comentou com Milena que riu.

 

“Aqui ‘tá cheio, então o que mais tem é ponto cego.” ela comentou e o rapaz riu.

 

“Com essa resposta vemos que Tikara parou de vacilar com você.” falou e ela riu.

 

“Sim, o Tika é um amorzinho. Mas o foda nesse meu lance com ele é que a gente precisa ir atrás de esconderijo.” a moça disse e ele suspirou.

 

“O Átila ‘tá pegando no seu pé também? Ele me pegou no flagra e agora ‘tá ficando difícil! Ser capitão tem dessas.” Cascão comentou.

 

“E eu também sou capitã do Tikara, então minha situação piora um pouco porque se os meninos descobrem, qualquer elogio a ele vai parecer preferência.” a cacheada explicou.

 

“Nunca tinha pensado nisso, mas se precisar de cobertura, conta comigo.” Cascão falou piscando um olho.

 

“Digo o mesmo, afinal... Magali ainda é filha do diretor.” ela disse e ele riu.

 

“Isso não tem sido bem um problema, ela se libertou desse rótulo. E eu acho isso muito foda.” ele revelou e Milena assentiu enquanto observava Magali se aproximar.

 

“Vou deixar vocês a sós. Cuidado com o Átila.” ela falou e saiu em seguida.

 

Magali sorriu assim que se aproximou de Cascão.

 

“Cas, quer dar umas voltas ali pertinho do mar? Talvez entrar também, ‘tá calor.” ela comentou ajeitando seus óculos escuros.

 

Cascão sorriu amarelo.

 

“Não quer dar umas voltas em outro lugar? Eu não sou muito fã do mar, sabe?” comentou e ela assentiu.

 

“Tá bom. Bem longe do Átila imagino.” ela comentou risonha e ele riu junto.

 

“Tá aprendendo!” falou e os dois foram caminhando como se fossem apenas dois amigos até sumirem das vistas de Átila.

 

“Sabe, Cas, eu ouvi umas pessoas do terceiro ano falando que nossa turma só ganhou porque sou filha do diretor.” Magali comentou.

 

“Sério? Quem foi?” perguntou e ela negou com a cabeça.

 

“Ah, eu nem me importo com isso, na verdade. Sei o quanto eu e o resto da sala nos esforçamos, inclusive você! ‘Tô orgulhosa!” exclamou e ele riu.

 

“Foi por uma boa causa, mesmo eu não gostando de praia, achei que seria um rolê foda da turma e com você.” falou ajeitando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha.

 

“É engraçado pensar que há um tempo eu teria abaixado a cabeça e talvez até me desculpado com eles. Mas sabe, Cascão, eu acho que o show, o grupo de música, você e a Mônica me fizeram não me importar com eles.” falou.

 

“Como assim?” perguntou.

 

Magali sorriu.

 

“Eu me sinto mais confiante! Acho que todo esse incentivo pra eu fazer o que eu queria fez eu ver que eu gosto de ser eu mesma. E nunca vou me esquecer disso!” ela disse sorridente.

 

Cascão ficou sem fala, mas estava feliz por vê-la tão contente consigo mesma, mas estava mais feliz por se sentir tão bem ao lado dela. Os dois continuavam caminhando quando ele olhou para a mão da moça e sentiu uma incontrolável vontade de segurar em sua mão.

 

Com isso, Cascão aproveitou o balanço das mãos, que vira e mexe se tocavam, e propositalmente tocou a sua na dela e a segurou. Magali olhou para baixo com um sorriso e entrelaçou seus dedos aos dele. Por mais que fosse um gesto simples, para eles significa algo mais, significava que o relacionamento deles estava crescendo.

 

                                      *

Enquanto isso, Xaveco se divertia surfando, o rapaz havia levado sua prancha ao saber que naquela praia as ondas eram algo comum. O loiro sentia que a água salgada em contato com sua pele fazia com que esquecesse de todo o estresse da semana, suas dúvidas, suas raivas, tudo. Apenas sentia a adrenalina correr pelas veias e a animação de se equilibrar na prancha.

 

Assim que deixou o mar, com os cabelos molhados e um sorriso alegre, teve uma surpresa ao ver que alguém batia palmas para si. Era Nimbus.

 

“Oi, Nimbus! Não sabia que vinha!” cumprimentou enquanto colocava os cabelos para trás, Tikara havia acabado com o resto de seu gel, que não era à prova d’água, o impedindo de levar.

 

Nimbus sorriu enquanto ajeitava os óculos de sol.

 

“Eu fiquei animado com a ideia da praia e decidi vir mesmo sem ter ganhado a competição.” respondeu e Xaveco sorriu.

 

“Legal... faz um tempão que não te vejo, as provas acabam afastando a gente, né?!” comentou e o moreno assentiu.

 

Desde o dia na edícula os dois não se falavam. Em alguns momentos, Xaveco de fato fugia de Nimbus, ainda se sentia um tanto envergonhado pelo que dissera, mas tinha momentos que realmente não o via pela correria da rotina.

 

“Nem me fale disso! O terceiro tem menos tempo ainda! E como você ‘tá? Não sabia que surfava! Muito bem, por sinal!” Nimbus falou.

 

“Eu ‘tô bem! E eu gosto de surfar, faz eu fugir um pouco da realidade, sabe? ‘Tá a fim de tomar um sorvete?” ele perguntou e o moreno assentiu.

 

“Claro! Mas a sua prancha...” comentou apontando para o enorme objeto.

 

Xaveco não tinha problemas em carregá-la, mas queria falar com Nimbus sem nada o atrapalhando, então olhou em volta e viu Nikolas embaixo de um guarda-sol lendo uma revista. Nimbus entendeu o recado e os dois foram até lá.

 

“Nik! Você olha minha prancha fazendo um favor?” pediu e o amigo assentiu.

 

“Claro, pode deixar aí.” respondeu sem tirar os olhos da revista.

 

“Valeu! Bora lá, Nimbus!” Xaveco falou e os dois foram até a sorveteria que tinha ali perto.

 

                                               x

Os dois compraram picolés, o loiro de uva e o moreno de maçã-verde, em vez se sentarem na areia, decidiram ficar nas mesinhas que tinham ali no quiosque.

 

“Não sabia que existia picolé de maçã.” Xaveco comentou e o outro riu.

 

“Existe, eu gosto de maçã.” Nimbus disse enquanto dava uma lambida no sorvete.

 

Xaveco lambeu o seu e parou olhando para o nada enquanto criava coragem.

 

“Sua língua já ‘tá ficando roxa.” o mais velho comentou e Xaveco olhou para ele antes de tentar ver a própria língua fazendo com que Nimbus risse.

 

“Aqui, olha por aqui.” falou ligando a câmera de seu celular e Xaveco de fato mostrou a língua e viu a coloração roxa, no mesmo momento, Nimbus apertou um botão para tirar uma foto.

 

“Você tirou uma foto minha?” o loiro perguntou e o outro riu.

 

“Tirei! Depois eu te envio, pra você lembrar de como fica. Ainda mais com seus cachinhos caídos desse jeito.” respondeu mantendo o sorriso e Xaveco passou a mão livre nos cabelos.

 

O loiro suspirou e enfim a coragem veio.

 

“Nimbus... lembra daquela nossa conversa?” perguntou e o outro assentiu.

 

“Lembro.” respondeu.

 

“Aquilo fez eu pensar e repensar em muita coisa! Sobre algumas das minhas... sei lá... definições das coisas, sobre minha ida pro IL e até mesmo sobre mim.” falou e o outro assentiu.

 

“Isso é muito bom.” Nimbus comentou.

 

“Mais ou menos, às vezes me sinto confuso com as coisas. Desde que eu cheguei no IL, muita coisa tem acontecido na minha vida. E eu até mesmo tenho feito coisas que nem eu entendo.” Xaveco disse.

 

Nimbus ouvia tudo tentando não focar nos cabelos de Xavier, que pareciam cintilar com a luz do sol em contato com algumas gotículas de água, sem contar que estava o achando lindo daquele jeito mais descontraído.

 

“Ah, Xaveco... acho que todo mundo em algum momento se sente confuso. Mas eu fiquei curioso, que tipo de coisas você fez que não entende?” perguntou e o loiro lambeu os lábios antes de dar mais uma lambida em seu picolé.

 

Lembranças variadas vieram em sua mente, desde as vezes que não se deixou intimidar por Toni até a noite da festa de boas-vindas.

 

“Ah... muita coisa... tipo... eu não me deixei intimidar pelo Toni! Eu entrei pro grupo de música, mesmo que na parte técnica! Eu entrei pro time sendo um novato! Um monte de coisa!” respondeu e Nimbus o encarou.

 

“Ah, sim. Você tem vivido novas experiências.” o moreno comentou e Xaveco riu.

 

“É tudo muito novo pra mim. A propósito, eu consegui descobrir o motivo de ter ido pro IL.” falou e o outro pareceu se interessar mais.

 

“E qual foi além do tão famoso ‘encontro’?” perguntou.

 

Xaveco já ia responder quando duas garotas do time de vôlei apareceram na mesa.

 

“Oi, Xavequinho! A gente ‘tava te vendo surfando e adoramos! Ensina a gente?” uma delas disse e ele olhou para as duas e depois para Nimbus.

 

“Pode ir lá! Depois a gente se fala!” Nimbus falou com um sorriso e Xaveco simplesmente foi puxado por elas.

 

Nimbus observou o rapaz se afastar enquanto desbloqueava o celular e olhava a foto com um sorriso nos lábios.

 

                                      *

Assim como Nikolas, Ramona estava sob o guarda-sol lendo um livro quando Do Contra apareceu.

 

“Nunca vai fazer fotossíntese se não ficar no sol.” ele comentou e ela o olhou.

 

“Acho que não nasci pra fazer fotossíntese.” respondeu e ele se sentou ao lado dela, ainda no sol.

 

“O que você ‘tá lendo? Vida marinha? Abandonou as plantinhas? Me senti até mal agora!” perguntou e ela negou com um riso.

 

“Não sinta, é que eu fiquei curiosa sobre as plantas marinhas. Mas você ainda é minha plantinha favorita.” ela comentou e os dois riram.

 

“E qual planta você acha que eu sou?” Do Contra perguntou e ela o observou.

 

“Acho que um pé de jabuticaba.” ela respondeu e ele levantou uma sobrancelha.

 

“Por quê?” perguntou curioso e ela riu.

 

“Ah, sei lá. Sempre que você ‘tá sem uniforme, você ‘tá usando preto. E eu gosto muito de jabuticaba, acho elas muito gostosas.” Ramona respondeu e ele olhou surpreso e um tanto malicioso.

 

“Hum... Você acha jabuticaba gostosa e eu sou um pé de jabuticaba. Logo...” comentou e encarou a moça, que enrubesceu, não havia percebido o duplo sentido.

 

“L-logo a brincadeira acaba aí.” ela disse voltando a ler e ele riu alto.

 

“Eu ‘tô brincando, Mona. Mas e ai? Não quer saber qual planta eu acho que você é?” perguntou e ela o olhou.

 

“Qual?” perguntou.

 

Do Contra olhou diretamente nos olhos da moça.

 

“Um pé de morango, em especial quando já tem moranguinhos. Eles são vermelhos, têm pintinhas e a folha verde no topo.” respondeu apontando para primeiro os cabelos dela, depois para o rosto e finalizando nos olhos.

 

Ramona não evitou um riso.

 

“Você não existe. Esse papo de morango me deu fome, vou comprar um sorvete de morango, em minha homenagem.” ela disse e ele riu.

 

“Vou com você, vai que tem de jabuticaba?” comentou e saíram de lá.

 

                                      *

Penha e Tikara observavam Nikolas, que a momento nenhum saiu de baixo do guarda-sol. Milena, Gabriela e Flávia também estavam por perto.

 

“Nem a camiseta o Nik tirou.” Tikara comentou.

 

“Tá querendo ver o Nik sem camisa, Tikara?” Flávia zombou enquanto cutucava Milena que riu.

 

“Não é como se eu nunca tivesse visto, a gente divide o dormitório. É que ‘tá calor pra caramba e ele não saiu desse guarda-sol!” o rapaz explicou.

 

“E tipo assim... como é?” Penha perguntou e Flávia sorriu para ela maliciosa.

 

“Como é o que, Penha?” perguntou.

 

“O Nik sem camisa, ué!” respondeu e Tikara riu.

 

“O quê? ‘Cê ‘tá achando que ele é musculoso? Penha, o cara é sedentário, nem tem como. Vamos fazer uma sacaneada básica?” falou com um sorriso sapeca ao fim.

 

“O que essa mente maligna está pensando, Tikara?” Milena perguntou e ele sorriu enquanto se aproximava de um garotinho que brincava com um balde de areia.

 

                                               X

Nikolas estava entediado, estava sentado há bastante tempo e sequer viu seus amigos, que foram se divertir enquanto ele ficou lendo. O rapaz já pensava em fazer alguma coisa quando ouviu a voz de Penha.

 

“Nik! Tirra uma foto minha com o mar de fundo?” pediu entregando o celular, que estava dentro de uma espécie de bolsa a prova de água.

 

O rapaz saiu do guarda-sol e pegou o celular e ia tirar a foto quando sentiu uma água escorrer pelos seus dreads e molhar toda a sua camisa e parte de sua bermuda. Nikolas se virou dando de cara com Tikara, que ria segurando um baldinho verde.

 

“Qual o seu problema?” questionou.

 

“Cê ‘tá na praia, Nikolas! Tem que se molhar!” Tikara exclamou.

 

“Eu vou é dar na sua cara!” o outro exclamou e correu atrás do amigo, que correu enquanto ria.

 

“Pega ele, Nikolas!” um rapaz que também era da turma incentivou risonho junto de outros.

 

Penha riu gostosamente.

 

“Ai, como eu amo esses meninos!” exclamou.

 

“Uns mais que outros, né?” Flávia comentou e a de cabelos longos fez gesto de “zíper na boca.”

 

Gabriela levantou e chamou Flávia e Milena para a acompanharem até um quiosque. Penha também foi chamada, mas quis ficar ali. Nikolas não demorou a retornar com uma feição nada boa e com sua camisa no ombro.

 

“Até que você corre bastante pra um sedentárrio.” ela comentou.

 

“Você me traiu!” exclamou e ela riu alto.

 

“Ah, Nik! Você ficou embaixo desse guarda-sol desde que chegou! Vem, você vai dar uma volta comigo pra tomar um solzinho.” a moça disse puxando o rapaz.

 

Penha entrelaçou seu braço ao dele enquanto andava despreocupada bem perto da água. O rapaz ainda estava emburrado, mas gostava de ter ela ao seu lado.

 

“Você não aguenta ficar bravo comigo! Eu sei!” ela exclamou.

 

“Eu ‘tô decepcionado.” o rapaz disse.

 

“Como posso me redimir? Com uma guerrinha?” a moça perguntou e ele franziu o cenho.

 

“Hã?” questionou e ela se abaixou e jogou água no rapaz, que riu sem humor.

 

“Isso é sério?” questionou.

 

“Tá calor, Nik! Aproveita, rapaz!” exclamou jogando mais água no amigo que, daquela vez, retribuiu.

 

Não demorou para que alguns colegas de sala se juntassem a eles e começassem uma verdadeira guerra de água. Quando os dois já estavam encharcados, Nik e Penha voltaram para a cadeira dele.

 

“A que ponto chegamos, Penha?” perguntou e ela sorriu abertamente.

 

“No melhor deles! Olha como o pôr do sol ‘tá bonito!” exclamou deitando a cabeça no ombro do rapaz, que olhou para frente, de fato estava bonito. Porém, seu olhar logo se voltou para ela.

 

Nikolas lambeu os lábios e tomou coragem.

 

“Mas você ‘tá mais.” comentou e ela sorriu.

 

“Sabe... é a primeirra vez que ficamos sozinhos desde aquele dia na praça.” Penha observou.

 

“Passou rápido." o moreno disse e ela negou.

 

“Não acho, porque se fosse rápido, eu não terria sentido saudades.” Penha respondeu.

 

“De mim?” perguntou e ela tombou com a cabeça.

 

“Também. Você é o dono da sua boca.” ela disse e ele riu.

 

“Ora ora, Sherlock.” falou brincalhão e a moça riu dando um tapinha no ombro dele.

 

“E eu que sei quebrar o clima, né, bobão?” ela disse sorridente.

 

Nikolas se virou para Penha, que fez o mesmo, e, como se fosse algo automático, se aproximaram até os lábios se juntarem. O beijo estava calmo, mas não durou muito já que um gritinho de surpresa os interrompeu. Era Xavier.

 

“Desculpa, gente! Eu não quis atrapalhar.” falou e já ia sair quando Penha levantou.

 

“Relaxa, vou comprar alguma coisa pra beber.” ela disse e piscou para Nik antes de sair.

 

Xaveco sorriu e foi até o amigo.

 

“Algo me diz que esse não foi o primeiro beijo de vocês.” comentou e Nik riu.

 

“Como você consegue descobrir as coisas desse jeito, Xavier?” perguntou.

 

“Porque eu sou foda. Eu ‘tô puto por não ter sido informado sobre um beijo ter acontecido, mas muito feliz por ter acontecido!” o loiro exclamou.

 

“Você ‘tava até agora surfando?” o amigo perguntou risonho.

 

“Não, eu ‘tava ensinando umas meninas a surfar.” Xaveco respondeu e Nik riu.

 

“Essa é uma boa desculpa.” comentou.

 

“Desculpa? Acha que eu dei em cima delas? Claro que não! Já disse que nenhuma delas me interessa.” o loiro explicou e o outro deu de ombros.

 

                                      *

Denise e Jeremias caminhavam na areia sentindo algumas ondas molharem seus pés, os dois haviam ficado praticamente o tempo todo juntos de Isadora, que aproveitou o dia para falar sobre a peça com os dois, principalmente por estar muito próxima de acontecer.

 

“É tão estranho... a peça é semana que vem! Não dá nem pra acreditar!” ele exclamou.

 

“Finalmente, Jeremias! Do tempo que a gente ‘tá escrevendo roteiro e vendo ensaio! Não aguento mais!” Denise falou e ele riu.

 

“Não vai sentir falta de passar horas mexendo com roteiro comigo e com Sofia?” ele perguntou e ela riu.

 

“Vou! Mas como vocês são meus amiguinhos, ainda vou ter que aturar. Falando na Sofia, cadê ela? Sumiu hoje.” comentou.

 

“Eu vi ela com as amigas dela enquanto a Isadora falava pela milésima vez as músicas que queria pra peça.” o rapaz respondeu.

 

“Você conhece alguma delas? Eu nem sei quem são e nem as intenções.” falou.

 

“Só conheço uma, a Maria Melo, do terceiro ano. Mas por que tanta preocupação? É bom pra Sofia conhecer gente nova, ela gosta disso.” Jeremias respondeu.

 

Denise suspirou.

 

“Ah, Jerê, ela sofreu tanto quando o Fábio se aproximou dela só pra se aproximar dos populares! Eu não quero que ela passe por isso de novo!” confessou.

 

“Acho que ela sabe o que ‘tá fazendo, e eles nem são loucos de mexer com a nossa Sofiazinha.” Jeremias disse e ela sorriu abertamente.

 

“Acho que eles sabem que esse é irmão desse.” falou batendo tocando nos braços do rapaz.

 

“Talvez, mas eu não sou violento, então não dá em nada. Mas acho bonito o jeito que você se preocupa com ela.” Jeremias disse.

 

“Ela faria o mesmo.” a ruiva disse e ele assentiu.

 

No meio do caminho deles, duas garotas desconhecidas começaram uma conversa.

 

“Oi! Você é o Jeremias, certo?” uma delas perguntou.

 

“Sim...” ele respondeu.

 

“Ótimo! Seu amigo Timóteo disse que você vai tocar num luau daqui a pouco, eu vou adorar.” a outra disse apontando para Titi, que estava perto com o violão do amigo.

 

Enquanto Jeremias ria por não saber que teria um luau, Denise encarava uma das garotas que tinha o olhar fixo em Jeremias.

 

“Escuta, você toca músicas mais apaixonadas?” a garota perguntou.

 

“Depende da música.” ele respondeu.

 

“Mesmo? Então bem que você podia tocar uma pra mim.” ela falou piscando um olho.

 

Todos, exceto a moça, pareceram surpresos.

 

“Miga!” a amiga repreendeu.

 

“Relaxa, eu entendi que era a música.” Jeremias respondeu.

 

“Não precisa ser só nesse sentido. Até depois.” ela falou saindo com a amiga que ria.

 

Denise estava boquiaberta.

 

“Caralho! Ela disse aquilo mesmo?” falou sem parar de olhar para a garota que se afastava.

 

“Também fiquei surpreso.” Jeremias disse.

 

“Cada uma... e que papo é esse de luau? Você e Timóteo querem passar o rodo pelo visto.” Denise comentou ainda olhando.

 

“Eu nem sabia que ia ter luau! O Titi que insistiu pra trazer meu violão.” revelou e viu o amigo se aproximar.

 

“Então ele já tinha tudo planejado.” ela comentou.

 

“Fala, Jerê! Oi, Denise. Temos que nos preparar pro luau.” Titi falou.

 

“Tu é vacilão! Quer fazer luau e não fala nada pro cara que toca violão?!” Jeremias exclamou.

 

Titi deu de ombros.

 

“Isso é detalhe! Se Magali quiser cantar, é até melhor!” falou puxando o rapaz.

 

Denise cruzou os braços enquanto bufava. A garota dando em cima de Jeremias daquele jeito havia a irritado.

 

                                      *

Toni havia ficado o tempo todo dando voltas pela praia, quando enfim decidiu se sentar, olhou em volta. Assim que viu seu antigo grupo, todos com alguém, sentiu-se sozinho. Sua solidão não durou muito, já que Gabriela apareceu.

 

“Oi, Toni!” cumprimentou animada.

 

“Parece feliz.” ele observou.

 

“Eu ‘tô mesmo! Joguei vôlei por diversão, passei um tempão com minhas amigas e em momento nenhum pensei em escola!” exclamou e ele sorriu.

 

“Está evoluindo, pequeno gafanhoto.” comentou e ela deu de ombros.

 

“E você? Aposto que beijou várias meninas por aí.” a loira comentou e ele riu.

 

“Na verdade, não fiquei com ninguém. ‘Tava caminhando por aí e pensando nas coisas que as pessoas me disseram.” Toni falou e ela reparou no rapaz.

 

“Você ‘tá bem? Parece triste.” ela disse e ele suspirou.

 

“Olha em volta, Gabriela. Meus antigos amigos todos tomaram um rumo na vida deles, já até têm amigos! E eu? Eu ‘tô cada vez mais sozinho! Por mais que eu saiba que sou a única pessoa que pode mudar isso, eu não tenho muito o que fazer!” exclamou e ela suspirou compreensiva.

 

“Eu consigo imaginar sua situação. Você era amado e agora é odiado, é uma grande mudança. Mas você não ‘tá sozinho, Toni! Você pode tentar se aproximar mais de algumas pessoas, como você sugeriu que eu fizesse com meu time.” ela disse e ele a encarou.

 

“Você é um cara legal, mas precisa mostrar isso.” a moça concluiu e Toni abriu um sorriso, ultimamente ela era uma das únicas pessoas que conseguia fazer isso.

 

“Valeu!” agradeceu e ela sorriu.

 

“Agora vamos mudar de assunto. A peça é semana que vem! ‘Tá tudo decoradinho?” perguntou.

 

“É claro! Isadora quase me ameaçou quando errei uma fala.” ele disse.

 

“Então vamos ensaiar!” Gabriela disse e ele assentiu enquanto se ajeitava.

 

                                               X

Um pouco longe deles estavam Tikara e Milena sem se tocar, os colegas do time estavam perto.

 

“Eles ‘tão ficando?” ele perguntou olhando para Toni e Gabriela que ensaiavam.

 

“Parece que não, mas ela deu uma segunda chance pra ele.” ela disse.

 

“Esses populares são sortudos. Mi, você sabe quando é o interescolar?” Tikara perguntou.

 

“Não, tem que ver com o Átila. Por quê?” ela perguntou.

 

Tikara olhou ao redor, ainda tinham alguns colegas perto.

 

“Pra gente não precisar ficar sempre escondido.” falou baixo e ela suspirou.

 

“É complicado, né?” comentou e ele assentiu.

 

“Demais! Eu entendo completamente que você ser minha capitã faz com que a gente não possa ter nada, mas é que... os caras dos times às vezes me irritam com as cantadas pra cima de você.” ele falou sincero.

 

Milena riu.

 

“Olha só... Tikara tem ciúmes de ficante.”  provocou fazendo o rapaz rir.

 

“Ah... eu não te considero ficante. Eu acho que ficante é muito... beijo na boca e só. E com a gente não é assim, pelo menos eu sinto isso.” confessou e ela sorriu docemente.

 

“Você é uma gracinha. Olha, eu só ajudo no time porque precisa. Se vocês melhorarem, não vão mais precisar de mim, e eu não vou ser mais a capitã de nenhum de vocês... entendeu?” ela comentou e ele sorriu.

 

“Entendi!” exclamou e ia tentar roubar um selinho da moça quando Átila apareceu.

 

“O que vocês ‘tão fazendo?” perguntou.

 

“Conversando. Não pode, treinador?” a cacheada perguntou.

 

“Tô de olho em vocês.” ele disse enquanto se sentava ao lado deles.

 

“Cara chato da porra...” Tikara resmungou baixo e a moça riu.

 

“Treinador, quando é o interescolar?” Milena perguntou.

 

“Antes das férias de julho. Aí lá no fim do ano tem o interclasse.” respondeu e ela assentiu dando uma piscadela para Tikara, que pareceu se animar.

 

                                      *

A praia era iluminada pela luz da lua e luzes de postes quando o luau iria começar. Sofia apareceu junto de Maria Melo, uma loira de óculos e uma garota de cabelos azuis, as três pareciam animadas em meio às suas conversas. Denise olhava para elas tentando descobrir se eram boas pessoas ou não, só conhecia Maria e tinha suas dúvidas já que a morena havia colaborado com sua saída do jornal.

 

“Denise, se encarar mais elas vão suspeitar.” Jeremias, que estava ao seu lado, comentou enquanto afinava o violão.

 

“Essa é a intenção.” ela disse.

 

“Por que não relaxa e confia no taco dela? Ela me escolheu como amigo, e eu sou um bom menino.” o rapaz comentou e ela riu.

 

“E convencido! É que ela nem pensou em apresentar elas pra gente! Será que elas não gostam de mim e a Sofia tem medo de perder a amizade com elas?” ela perguntou.

 

Jeremias olhou para a ruiva.

 

“Denise, você é a pessoa mais segura que eu conheço. Que insegurança repentina é essa?” perguntou.

 

Denise respirou fundo.

 

“Eu... eu tenho sido muito xingada por causa dos pedidos de desculpas. Eu só queria que pelo menos minha melhor amiga estivesse do meu lado.” desabafou.

 

“Posso te garantir que ela ‘tá! Desde sempre. Mas ela quis se aproximar de outras pessoas pra sair da zona de conforto e trabalhar a autoaceitação dela, e a gente precisa apoiar essa escolha.” ele falou e ela assentiu.

 

“Tem razão. Eu ‘tô sendo egoísta. Vou comprar uma bebida, já volto. Magali, nem pense em mudar de lugar! E Xaveco, guarda meu lugar!” comentou e saiu.

 

Magali riu.

 

“O que deu nela?” perguntou.

 

“Só ‘tá meio mal hoje, então vamos fazer um ótimo luau!” falou e a morena sorriu.

 

O segundo ano todo estava naquele local quando a música começou e várias pessoas que caminhavam pela praia se aproximaram para ouvir e alguns, inclusive, filmavam ou arriscavam cantar junto.

 

Sentados juntos, e de mãos dadas, Mônica e Cebola curtiam a música enquanto sorriam. Os dois haviam passado o dia todo juntos e muitos beijos haviam sido trocados.

 

“Nem te falei! Nikolas me desculpou!” Cebola falou e ela sorriu.

 

“Mesmo? Que ótimo, Cê! E o Tikara?” ela perguntou.

 

“Com ele eu não falei ainda. Hoje nem deu, já que fiquei o dia todo grudado em você.” falou e Mônica sorriu.

 

“Pra compensar a falta de tempo nessas duas semanas. Senti saudades!” falou e ele riu.

 

“Sabe, Mô, passamos um tempão juntos e nem pensei em te dizer o que eu quero.” falou.

 

“O quê?” perguntou.

 

Cebola olhou para Mônica, que tinha um olhar esperançoso e alguns fios de cabelos voando com o vento que começava a ficar gelado. Diante dessa visão, decidiu arriscar e, para isso, quis criar um cenário perfeito.

 

“Peraí!” exclamou e ela franziu o cenho sem entender.

 

O rapaz foi até Jeremias, que apenas tocava no momento, e sussurrou algo. Jeremias olhou para Cebola com um sorriso e assentiu enquanto falava com Magali, que também sorriu.

 

Cebola retornou ao seu lugar e Mônica o encarou.

 

“O que você fez?” ela perguntou e ele sorriu.

 

“Nada não. A música de agora é legal!” exclamou e Mônica riu sem entender.

 

“Gente, interrompemos nossa música porque aqui entre nós temos alguém apaixonado. E essa pessoa quer demonstrar seu amor com essa música. Pode ser que os nomes sejam fictícios, mas o sentimento não é. Arrasa, Jerê!” Magali falou e Jeremias logo começou alguns acordes que logo foi reconhecido.

 

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração. E quem me irá dizer que não existe razão...” Jeremias cantava e várias pessoas acompanhavam.

 

Mônica sorriu para Cebola, que tinha o olhar todo voltado para ela, e segurou em sua mão. As pessoas ao redor não olhavam para eles, e sim para os cantores.

 

“Mônica, desde que você entrou na minha vida, e bagunçou ela, eu sinto que meus dias ganharam um sentido a mais! Você despertou o Cebola de fora do IL e me fez ver que... que eu quero mostrar o que eu tenho de melhor. E seu apoio tem sido essencial pra mim, tanto que não me vejo mais sem você lá comigo.” começou.

 

“Eu acho que talvez esse sentimento que tenho por você só surgiu agora na minha vida, porque você só desperta o meu melhor! Então eu queria saber se você quer ser minha namorada.” pediu e Mônica sentiu os olhos lacrimejarem, abraçando-o em seguida.

 

“Cê... eu não sei o que você tem que me atraiu de um jeito tão... intenso! Eu sei que nos conhecemos e nos aproximamos há pouquíssimo tempo, mas... mesmo você não se chamando Eduardo, como na música... como explicar as coisas do coração? É claro que eu quero ser sua namorada!” exclamou antes de beijá-lo amorosamente.

 

Aquele beijo havia sido extremamente diferente dos outros. Mônica não sabia se havia se arrepiado pelo frio ou pelas palavras doces e sinceras de Cebola, assim como Cebola não sabia se seus tremores eram fruto do nervosismo ou do vento gelado que bagunçava os cabelos de ambos. Todavia, sentiam-se aquecidos um pelo outro, assim como o ósculo que era recheado de um sentimento que os dois achavam já ter experimentado, mas, pelo visto, ainda não haviam. O beijo tinha amor.

 

Não demorou muito para que Átila e Ana Paula anunciassem já ser hora de irem para casa, porém, para fechar o dia com chave de ouro, Mônica foi a primeira a correr e puxar o namorado até o mar e chamar os colegas, que de fato fizeram o mesmo.

 

Sofia observou suas novas amigas indo até lá que, inclusive, a chamaram, mas ela se recusou e se sentou na areia. Sem perceber, soltou um suspiro descontente.

 

“Não vai se juntar ao resto?” a voz de Jeremias soou.

 

A moça olhou para trás e viu que o amigo arrumava seu violão.

 

“Jerê! Não ‘tô muito a fim de entrar na água.” ela disse e ele negou com a cabeça.

 

“Não mente pra mim.” falou e ela suspirou.

 

“Olha pra eles! ‘Tá cinematográfico! Se eu for pra lá... vai estragar tudo.” confessou.

 

“Por que você acha isso?” ele perguntou.

 

“Porque... porque sempre foi isso que eu ouvi. Eu ‘tô tentando me aceitar, Jeremias, de verdade! Mas é tão difícil! Olha pras meninas que eu ‘tô conhecendo! Elas têm os problemas delas, mas elas são incríveis, já eu...” desabafou e Jeremias se sentou ao lado dela.

 

“Sofia, sabia que quando eu era mais novo eu achava que nunca iria conseguir tocar na frente de um monte de gente?” falou e ela arregalou os olhos.

 

“Mesmo? Mas você toca tão bem!” exclamou.

 

“Pois é, mas eu não acreditava nisso. Porque tinha em mente que não tocava. Mas um dia, meus pais me disseram que pra qualquer coisa que eu fosse fazer, eu tinha que acreditar em mim primeiro.” falou e ela o observava atenta.

 

“É difícil. Demais! Mas com um tempo a gente consegue, e vê a diferença que faz. A Sofia que nós dois conhecemos além de linda é incrível, mesmo que ela tenha dificuldades em acreditar nisso e se compare com os outros. Mas quando você começar a acreditar em você mesma, e em todas as suas qualidades, você vai ver que é mais divertido.” falou e a moça não se segurou e abraçou o amigo.

 

“Jerê...” balbuciou enquanto o abraçava.

 

“Não vou pedir que me prometa, só que tente pensar nisso. Com carinho.” ele disse e ela assentiu.

 

“Eu vou pensar!” exclamou e ele sorriu.

 

“É assim que se fala! Ah, e fala um pouquinho com a Denise, ela ‘tá sentindo a sua falta.” pediu.

 

“Tá? Mas ela ‘tá sempre com você!” a moça exclamou.

 

“É que você é a melhor amiga dela.” o rapaz lembrou e ela riu.

 

“E você é o crush dela.” comentou baixinho.

 

“O quê?” ele perguntou, não havia entendido.

 

“Eu vou! Acho que realmente abandonei vocês. Posso te fazer companhia? Não quero me molhar.” perguntou e ele assentiu.

 

“Claro! E ai? A peça ‘tá chegando! Ansiosa?” perguntou e ela riu.

 

“Não, eu não vou dar a cara a tapa!” falou risonha.

 

Sofia gostava muito de falar com Jeremias e o conselho dele somado ao de Denise a deixou mais animada.

 

Não demorou para que os professores, de novo, os chamassem para irem embora e daquela vez obedeceram. A noite não demorou a findar, mas todos concordavam que aquele dia havia sido inesquecível.


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo

Eduardo e Mônica - Legião Urbana



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