Nossa canção escrita por mjrooxy


Capítulo 2
Capítulo 1




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— Bom dia, Liz. - Jane sorri, com os olhos estreitos de sono.

— Bom dia, Jane. Vai tomar café antes de sair? - Indago, preocupada com ela.

— Claro, só café para me dar forças essa manhã. - Ela responde bocejando.

Minha irmã é uma graça, até acabando de acordar, com o cabelo todo bagunçado, Jane consegue ser linda. Bom, eu também sou bonita, tenho consciência disso. Qual é, autoestima é tudo! Se eu não gostar de mim, quem vai?

Voltando ao café, eu estou criando forças para ir trabalhar hoje. Definitivamente estaremos sob nova direção na escola e não sei o que esperar desse dia. Talvez o novo dono apareça e se apresente, talvez ele nem apareça e só mude tudo sem nos consultar. Isso é uma incógnita! Espero que ele não seja tipo o Darth Sidious do lado negro da força, porque meu ex-patrão era um amor.

Bom, deixa pra lá, Jane vai trabalhar também, hoje ela tem mais aulas do que o normal, por isso meu café é tão importante. Sim, eu faço um ótimo café diga-se de passagem.

— Tenha forças, irmã. Amanhã é feriado! - Digo tentando animá-la.

— Vou ter, Liz. - Me responde com aquele grande sorriso que só ela sabe dar.

Meu pai é advogado aposentado e, minha mãe, funcionária pública, aposentada também. Eles são bem novos, na verdade, conseguiram a aposentadoria antes dessa bagaça toda na mudança das leis. Nós nunca fomos ricos, mas sempre tivemos o suficiente. Tanto que eu e Jane começamos a trabalhar somente após a conclusão da faculdade, sei que nem todos tem esse privilégio.

Papai sempre diz que se estiver pesando demais as responsabilidades, nós podemos voltar para casa. Mas, Jane e eu não queremos voltar, amamos nossa família, porém seria um retrocesso. Nos acostumamos a ter nossa liberdade, minha mãe e irmãs podem ser bem cansativas quando querem.

Me arrumo para o dia, em São Paulo está calor. Então, visto meu vestidinho florido e uma sapatilha. Como tenho muito cabelo, eu só prendo num rabo de cavalo antes de seguir para o matadouro. Não é como se eu fosse encontrar o amor da minha vida no percurso, qual é, preguiça de ficar enchendo a cara de maquiagem logo pela manhã. A única coisa que eu gosto muito em meu dia a dia é de batom e rímel, porque meus olhos são grandes e minha boca carnuda, isso dá um destaque legal.

Entro no ônibus e vou para o carrão, sim eu trabalho e moro na ZL, lembram? Dou glória a Deus por não precisar pegar a linha vermelha, pois o metrô nesse horário é lugar onde o filho chora e a mãe não vê, terra de ninguém, salve-se quem puder. Parei, vocês devem ter entendido o recado.

Chego ao trabalho, ou Job para quem gosta de misturar inglês com português. Gente, minha irmã é fluente, impossível eu não misturar os dois! Inclusive, Jane viajou para o exterior assim que se formou, queria treinar o inglês, afinal abre portas. Graças a isso ela arrumou esse trabalho como professora, porque na faculdade é tudo muito raso.

Eu sei que Jane poderia ter arrumado coisa melhor, não que ser professora seja algo ruim, pelo contrário, acho uma profissão muito digna. Entretanto, convenhamos que professores trabalham muito e ganham pouco. De qualquer forma, estávamos ansiosas para ter o nosso próprio dinheiro, vocês devem saber como é.

— Bom dia, Fred! - Cumprimento meu primeiro aluno do dia e isso me traz para realidade novamente.

Eu e meus alunos temos um lance muito legal de cumplicidade e amizade, eu não consigo só dar aulas e tchau. Sempre me envolvo afetivamente com eles, apoio, aconselho. A maioria deles são novinhos, abaixo dos dezessete anos, estão na fase de tomar decisões, de amores não correspondidos. Portanto, eu acabo sendo uma professora/psicóloga para a maioria.

De todo modo, após o Fred eu tenho uma hora de aula em grupo. Sim, alguns optam pela individual e, outros pela em grupo, por ser um valor mais acessível. Tenho em seguida mais duas particulares e uma pausa antes da próxima. Meu dia é assim, corrido.

— Liz, já soube da maior? - Charlotte me pergunta sussurrando.

Lembra da minha melhor amiga? É ela, nos conhecemos na faculdade de música e acabamos trabalhamos juntas, ela dá aula de violão aqui na escola.

— O que, Char? - Devolvo a pergunta também sussurrando, sabe-se lá por que.

— Parece que o novo dono vem hoje falar com os professores.

— Hmmm será que ele vai mandar todo mundo embora?

— Não seja pessimista, pode ser algo bom! - Charlotte me repreende.

— Ok. - Levanto as mãos para cima em sinal de rendição.

Eu e ela vamos tomar um suco, comer alguma coisa e acabamos conversando mais um pouco sobre o assunto. Charlotte me conta que o novo dono é um empresário muito rico, têm um casal de filhos mais ou menos da nossa idade e é o dono de uma rede de lojas de instrumentos musicais. Essa parte eu já sabia, mas a informação dos filhos era desconhecida por mim. De qualquer forma, devem ser uns metidos, insuportáveis. Imagine, nem devem se misturar com a gentalha.

Voltando para o agora, o dia passa que eu nem vejo, já está em meu horário de ir embora, amém.

— Galera, sei que alguns de vocês estão no horário de saída, só peço que fiquem mais um pouco. - Pede o nosso supervisor.

Diego até dá aulas, mas a função mesmo é ver se nós não está enrolando na escola.

Eu reviro os olhos sem que ele veja, bem hoje eu tenho que esperar. Amanhã é feriado, poxa! Quero ir curtir a festa do Japa Japacama, eu sou muito engraçada. Tá bom, retira isso dos autos, por favor.

— Então... - Ele continua. - O novo dono está vindo se apresentar e gostaria que todos estivessem presente. - Conclui olhando para mim.

A única de costas para ele, já a caminho da saída, por sinal.

— Inclusive você, Elizabeth. - Chama minha atenção.

— Droga. - falo baixinho e me viro, resignada.

"Espero que não demore essa reunião chata." Penso, fingindo estar interessada.

Alguns minutos mais, eu estou lá fofocando com Charlotte sobre o poderoso chefão e o próprio aparece.

O ser humano é alto, ruivo, tem grandes olhos verdes e está todo de social. Claro, um mega empresário não viria com uma camiseta florida e chinelo havaiana. Talvez o Silvio Santos, enfim.

Todo mundo fica em silêncio na recepção, só dá para ouvir nossas respirações. É agora, é agora que seremos todos demitidos!

— Professores, esse é Carlos Bingley. - Diego anuncia, olhando para o homem parado à nossa frente.

— Boa tarde a todos. - Ele cumprimenta cordialmente.

— Boa tarde. - Respondemos em uníssono.

Silêncio total novamente.

— Bom... - Inicia, finalmente. - Estou aqui para me apresentar a vocês, como já ouviram do Diego. - Indica o supervisor. - Eu sou Carlos Bingley, a partir de hoje o Instituto Musical que trabalham passará por algumas mudanças.

Ouve-se cochichos dos professores se misturando, todos estão apreensivos. Senhor Bingley pigarreia chamando nossa atenção e volta a falar:

— Quero que fiquem calmos! - Exclama levantando o tom de voz. - Sei que devem estar preocupados, mas não precisam. Ninguém será prejudicado. - Afirma, fazendo com que o silêncio retorne.

Algum tempo depois, estou voltando para casa com a confirmação de que o tal Carlos vai mudar tudo na escola. Ela passará a se chamar Instituto Musical Bingley's. O próprio vai abrir outras franquias com esse nome, vai fazer reformas, o valor da nossa hora/aula possivelmente vai subir, são tantas emoções!

Ok, eu estou um tanto mais animada com a ideia, confesso que fiquei preocupada. Não é que eu seja pessimista, só prefiro esperar o pior e depois me surpreender, do que ter esperanças e me decepcionar.

De qualquer jeito, ainda tenho outra novidade, essa eu confesso que gostei bastante. Amanhã, no feriado, o chefão vai dar uma festa de integração para todos os funcionários antigos e novos. Afinal, com todas essas mudanças, a escola vai precisar de novos professores.

Será que o Senhor Bingley está querendo ganhar nossa confiança? Ou só está se fingindo de bonzinho para depois virar um tirano, ditador?

Veremos nos próximos episódios... Está bem, parei. Já estou sendo pessimista de novo!

 


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