A admiração do Passarinho escrita por Lux Noctis
Quando novo ele tinha um sonho.
Sonho simples, não tão modesto, mas simples.
Quando menor, Takami Keigo sonhava em trabalhar com ele, o modelo a ser seguido. O herói que incendiava o escuro e aquecia naqueles dias desesperançosos.
Sua admiração por ele crescia a cada dia. Mais e mais… e mais e mais.
Tanto ao ponto de colocá-lo num pedestal. O herói acima de todos os heróis, seu modelo, seu sonho, a maior admiração que tinha em vida.
Parecia olhá-lo no pedestal, inclusive. Ou era a posição mais baixa a qual se encontrava agora, de joelhos no concreto chupando seu maior modelo e inspiração. Sentindo a mão firme em seus cabelos, puxando e empurrando conforme sua vontade em se deleitar na sua boca, em esporrar seu rosto e língua. Uma admiração suja e deturpada, alguns diriam, mas Hawks gostava.
Gostava também de poder marcá-lo com as unhas, de arrancar daquele homem enorme as reações mais luxuriosas, os gemidos mais roucos e graves, o tremor de um corpo prestes a gozar. O sonho de outrora, aquele infantil e puro, fora trocado e melhorado.
— Abra a boca. — O tom era rouco, o polegar em seus lábios forçando que cessasse a felação, mas não evitou que sua língua circulasse a falange e a chupasse por meio segundo antes de soltá-la com um som erótico ecoando no ar de vento frio e noite escura — Bom garoto.
Arrepiou-se da cabeça aos pés com aquela frase. Tão curta, duas palavrinhas que tinham o poder de deixá-lo na palma da mão de Enji.
— O que quer agora, daddy?
Olhava-o sem quase piscar. A canhota de Enji mantinha-o no lugar enquanto a destra agora era usada numa masturbação rápida, a glande vistosa pelo pré-gozo e saliva de Hawks. Umedeceu os lábios, faminto por mais daquele pau em sua boca, invadindo sua garganta, deixando tudo com o sabor almiscarado e forte de Enji.
O modo como ele mordia o lábio inferior e ficava parcialmente mais para a ponta dos pés que nele por inteiro. O jeito que as coxas musculosas ficavam ainda mais trincadas pelo esforço de aguentar um pouco mais, só mais um pouquinho. O brilho do fogo ao redor dos cílios, Hawks poderia assistir aquilo para toda eternidade. Os olhos de Enji fechados, o fogo que perdia o controle enquanto ele se masturbava com ainda mais afinco, enquanto gemia com ainda mais vontade, mesmo com o lábio mordido para abafar aquele momento deleitoso.
— Não.
Ah, Enji era mau. Parecia saber o intento de Hawks naquele movimento quase imperceptível de descer a mão até o meio das pernas. O pênis pulsante que havia deixado a roupa marcada pelo líquido que lubrificava o canal em busca de, quem sabe, gozar.
— Não ouse, não ainda. Não assim.
Engoliu em seco, deus, como queria enfiar a mão nas próprias calças e se masturbar conforme via Enji fazer. Admirava-o a esse nível, a fazer dos gestos dele os seus.
— Por favor, Daddy… Eu só quero poder gozar com você.
Ele cessou. Prendeu a respiração ao vê-lo levar aquela mão que, antes estava em seu pau, até seus lábios, o polegar abrindo sua boca para que ele sorvesse um pouco daquele sabor amargo de porra. E então um tapa, estalado em sua face, deixando a tez vermelha, e o pau ainda mais duro. Arfou, fechou os olhos:
— Mais.
— Sádico.
E outro. um tapa bem medido, uma mão enorme contra seu rosto, e de novo aquele puxão nos cabelos e uma mão firme em seu queixo.
— Olha pra mim, quero ver o quanto você gosta disso. — A frase veio pontuada com um pé sobre seu pênis, bem no meio de suas pernas, uma pressão exercida com maestria, um sobe e desce cadenciado e firme, um daqueles capazes de o fazer gozar, claro.
Chegava a salivar. Sem controle do desejo que sentia, a saliva deslizava por sua boca aberta, sentia-se duro e pulsante. Sentia o pé de Enji sobre sua calça, pressionando seu pênis contra as vestes e testículo. Queria gozar, queria o deleite daquele prazer. Mordeu a boca e tornou a abri-la para pedir por aquilo, e surpreendeu-se com mais um tapa. O som e a queimação do toque o fez gemer.
— Shh, garoto mau.
— Por favor…
— Você não tem direito a pedidos aqui, Keigo.
E voltou a ter sua boca ocupada pelo pau grosso a invadí-la. Os lábios inchados pela fricção, a língua formigando pelo teor salgado que nela se esfregava. Era pior ou melhor quando Enji afastava-se para se masturbar sob a mira daqueles olhos dourados como ouro, ou como se refletidos pelo sol.
Quando o orgasmo veio, Enji sorriu quando o esperma caiu sobre o rosto e Keigo, sorriu com seu desespero em passar a língua ao redor da boca em busca de um pouco mais, as pontas dos dedos afoitas a passar pela maçã do rosto e levar aos lábios as falanges melecadas e esbranquiçadas líquido viscoso. Sob seu pé, sentia o pulsar no meio das pernas de Hawks.
— Patético. — Pisou com um pouco mais de força, sentiu a perna ser arranhada pelas unhas que fincaram-se até mesmo por sua calça. — Quase gozando com isso? Você gosta de ser pisado, Passarinho? — Um pouco mais de pressão. Não era preciso muito mais para que Keigo se esfregasse contra seu pé. — Tsc, uma puta necessitada.
— Se fosse bom, me ajudaria com isso, Endeavor.
— Sabe — abaixou-se, a mão que outrora usou para se tocar ainda estava suja com seu orgasmo, esfregou-a no rosto de Hawks. Ele, necessitado, sorveu cada dedo como se degustasse o melhor dos doces —, não sei quem disse que eu sou bom. — O sorriso sádico, os olhos frios. Não fosse pelo beijo ardente, Hawks teria acreditado naquelas palavras. Não fosse o modo como Enji o ergueu para colocá-lo sobre seus ombros, prensando-o contra a parede para chupá-lo até gozar, tendo seu corpo invadido também por aqueles dedos habilidosos, não fosse pelos gestos, as palavras poderiam ser críveis.
Não fosse por conhecê-lo, teria acreditado que ele não era um cara bom. Para azar de Enji, Hawks era quem melhor o conhecia, quem o admirava, quem o tinha, curiosamente, até como modelo. Se alguém como ele conseguia enfrentar caras realmente maus, mesmo com todos os diabos interiores, Hawks tinha nele um modelo a seguir. Um também para o qual abrir as pernas e se entregar de tanto gemer e gozar.
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