Happy Birthday, Little Bird escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
with love, Enji




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Desgastante. 

    Era a palavra que melhor descrevia seu dia enfadonho. 

    As asas úmidas pelo contato com a neve, o dia numa mescla entre o branco dos flocos e o cinza do céu sem vida. Quase uma depressão sazonal. Sentia-se particularmente triste naquela data, ainda mais do que se sentia no natal. Não havia, como sempre, o que comemorar naquele 28 de dezembro, nunca houve. 

    Voltou da ronda, da sua vida dupla, esgueirando-se no parapeito da janela, entrando de fininho para não ser reconhecido. O apartamento pequeno, recluso e escuro pelas luzes desligadas. Despiu-se corredor afora, as asas molhadas batendo vez ou outra nas paredes deixando a marca das penas arrastadas na superfície lisa e fria. 

    O celular no aparador piscava com uma mensagem na tela:

 

“Feliz aniversário, Passarinho!”

 

    Remetente: Mirko. 

    Sorriu para a tela,a mensagem fora enviada cedo, mas havia passado todo o dia fora, retornando apenas de noite para seu lar, esconderijo e refúgio. Deslizou os dedos pela tela a fim de respondê-la com um emoji, talvez. 

    Continuou despindo-se a caminho do banho. Odiava a sensação das asas molhadas, mas ao menos a água do chuveiro era quente, ao contrário do toque que a neve havia deixado em suas penas. Saiu enrolado na toalha, os cabelos ainda pingando, as asas sacudidas no banheiro deixaram um rastro como se um cão tivesse tomado banho naquele box, não um ser humano. 

    Para esquentar de vez, rumou para a sala, a garrafa de saquê que havia comprado estava lá, no cantinho do bar que comportava as bebidas que ele sabia que Enji gostava de tomar. Sempre tinha um pequeno estoque para seu amante. Riu pensando aonde ele estaria agora. Em casa, talvez. Deitado naquela cama enorme olhando o teto sem conseguir dormir? Era uma probabilidade. 

    Havia, entretanto, uma vela acesa na sua sala. E pela luz difusa conseguia distinguir pouco. Tateou em busca do interruptor, acionou-o mas nada aconteceu, as luzes permaneceram apagadas. Forçou a vista, havia, improvavelmente algo que parecia um cupcake com a vela sobre ele. Coçou os olhos com o dorso das mãos, boquiaberto estava, permaneceu. Aproximou-se receoso, a atenção maior aos detalhes que captava mesmo à pouca luz. Olhou ao redor, teve a certeza de ver um vulto na poltrona, pelo tamanho não era possível ser outro, que não ele. 

    —  Enji? 

    —  Esperando alguém mais? 

    Aproximou-se de vez da mesinha, o cupcake decorado com chantilly e vela. O cheiro doce o invadiu ao se aproximar, pegando o bolinho em mãos, girando nos calcanhares para seguir para a poltrona. A vela servindo de iluminação quase indecente, mas ainda melhor que nada. Sentou-se no braço da poltrona, as pernas subiram para se acomodar no colo de Enji, sentindo uma de suas enormes mãos em suas costas, a outra deslizando por suas pernas que não demoraram a tremer ante a excitação de ser tocado por ele. Sorriu quando a mão dele invadiu pela toalha separando as pernas a partir dos joelhos, subindo, subindo e subindo… Mordeu o lábio inferior, fechou os olhos e quando tornou a abri-los, deparou-se com aquele olhar intenso e azul por trás da chama daquela vela de aniversário no cupcake em sua mão. 

    —  Faça um pedido. 

    —  Me fode. 

    —  Hawks.

    —  É sério, me fode. 

    —  Assopre a vela, então. Para seu pedido ser atendido. 

    O modo como aquela voz grave era pronunciada, como aquela frase simples virava obscena naquele contexto, em como aquela mão em seu pênis era sugestiva naquela masturbação lenta onde o polegar esfregava-se contra a glande, a outra não seguindo agora pelo meio de suas costas, chegando à base de suas asas, segurando ali com certa força. Gemer era natural, manter-se calado e parado era inviável. Sorriu ao soprar a vela. Sentiu a mão dele sobre a sua a lhe tirar o cupcake, voltou a sentir aquela mesma mão em seus lábios, a respiração dele contra seu pescoço.

    —  Feliz aniversário, Keigo. 

    O sussurro contra seu ouvido e o beijo na lateral do pescoço deixaram-no ainda mais excitado. Deslizou do braço do sofá para sentar-se de frente para Enji, em seu colo. Deixou que suas mãos deslizassem no tórax vestido, abrindo botão por botão, sem pressa. Infiltrando a mão para sentir aquela pele que sempre parecia em chamas. Inclinou-se para que seus lábios pudessem sorver parte daquele calor, do gosto da pele, assim como seus ouvidos deleitavam-se quando sua língua rodeava o mamilo alheio e Enji respirava mais pesado, as mãos deslizando até sua bunda para apertá-la com certa vontade e desejo. Sentiu a ereção e rebolou contra ela. Perdeu a toalha para a impaciência de Enji, e adorou isso. Sempre adorava quando ele perdia o controle e paciência, quando agia e fodia-o. Apesar de que, agora, parecia ainda parcialmente controlado. 

    Os beijos, os toques… sua própria pressa ao soltar o cinto de Enji e abrir a braguilha da calça para infiltrar sua mão ali e tocar o pênis quente, duro e pingando excitação. Não tardou a pressioná-lo contra o seu, seu próprio gemido tomando toda a sala do apartamento que era engolida naquela penumbra, assim como desejava ser engolido também. Escorregou pelo colo de Enji, por entre suas pernas, puxando também aquela calça social maldita que o impedia de senti-lo totalmente. Ajoelhou-se no tapete, umedeceu os lábios e sabia que, mesmo há pouquíssima luz, Enji enxergava cada um de seus gestos, e os apreciava com certo sadismo enquanto Hawks demorava a fazer aquilo que os dois queriam. 

    Os beijos começaram nos joelhos, subindo para as coxas, uma por vez. As mãos ainda puxavam os sapatos para depois tirar a calça e a boxer de vez. A luz da rua iluminava pouco, quem dera não ter apagado aquela vela, assim poderia ver com melhor clareza aquele corpo monumental sentado em sua poltrona, sem calças e com a camisa social aberta. Salivou lembrando como o pênis de Enji ficava bonito contra aquele abdômen sarado, aquele tórax peludo. Arranhou as coxas na parte interna, ouviu o ranger da poltrona quando Enji se acomodou nela para manter-se o mais imóvel possível, riu da tentativa falha. Lambeu próximo à virilha, passou o polegar ali e fez uma pressão maior, de baixo para cima, da lateral da coxa com a virilha para o abdômen, como uma massagem com fins excitantes. 

    —  Vai desperdiçar seu desejo brincando? 

    —  Ah não… —  a pausa veio porque ocupou sua boca com a glande, apenas e nem um centímetro a mais. Lambeu-a como a um pirulito, e afastou-a da boca de igual forma, com um “ploc” no final —,  brincar com você garante exatamente que meu desejo seja muito bem realizado. Quanto mais eu brinco com você, mais forte você me fode depois. 

    A mão em sua nuca, puxando seus cabelos e forçando seu rosto e lábios para baixo era tão firme que nem ousou resistir. Mas manteve a boca fechada, riu da frustração de Enji ao não ter o pau abrigado na sua boca, mas distribuiu selinhos ao longo do membro pulsante e de veias salientes. Conseguia, naquela meia luz, vê-lo guiar a outra mão ao pênis, masturbando-se para enlouquecê-lo, claro. Muito eficaz, diga-se de passagem. Guiou assim, sua mão também, esta a seu pênis, movendo-o conforme Enji movia a própria mão, um só ritmo, uma intimidade compartilhada. A mão dele ainda em sua nuca e cabelos, permitiu-se quase ronronar ao ser novamente puxado, dessa vez abrindo a boca para que, primeiro o polegar melado fosse chupado, depois todo o falo engolido na ânsia de satisfazer os desejos dele, e os seus. 

    Chupou-o, e mais… e mais. Sentiu as lágrimas rolarem pelo rosto, mas não conseguia parar, não queria. Não quando Enji gemia rouco daquele jeito e quando o sabor acentuava-se contra sua língua. Teria chupado-o até que gozasse em sua boca e preenchesse sua garganta, mas fora impedido. Puxado, usado como marionete nas mãos de um ventríloquo habilidoso. Teve sua mão afastada do próprio pênis e choramingou pela vontade de se tocar para atingir o orgasmo, sentia-se pulsar, os testículos até mesmo retraíam em desejo.

    Não teve tempo de reclamar quando seus lábios foram calados pelos dele. Quando seu pênis fora tocado por ele, quando ele deslizou a mesma mão pelo membro melado, testículos e seguiu pelo períneo até que espalhasse no orifício anal o pré-gozo que Keigo havia deixado escapar naquela masturbação deleitosa. Arfou quando a ponta do dedo o invadiu, contraiu-se, era impossível refrear. 

    De volta ao colo de Enji, sentia o corpo quente, o seu e ainda mais o dele que parecia queimar. O pau resvalando entre suas pernas, e ele queria muito apenas sentar ali até perder os sentidos, até sentir-se completamente preenchido e satisfeito. 

    —  Me fode… —  Guiou as mãos ao pênis alheio, encaixando-o entre as nádegas, segurando a mão de Enji para que livrasse o espaço. —  Me fode —  repetiu manhoso, o olhar de pupilas dilatadas, a respiração entrecortada por um gemido ao sentir o tapa estalado na bunda. 

    Notou o movimento daquela mão para a lateral, sabia ter uma mesinha ali, achou que Enji estava buscando o cupcake, mas não. Sequer sabia que ele havia deixado tudo ali, preservativo, lubrificante… haviam brinquedinhos também, algo que eles poderiam muito bem aproveitar depois, já que, agora, Keigo tinha pressa. Quando o preservativo lhe foi entregue, não demorou a desenrolá-lo no pênis grosso e pulsante, masturbando-o depois para que Enji não demorasse a prepará-lo. Sentiu os dedos invadi-lo, o lubrificante gelado que aquecia com o contato e a fricção constante daqueles dedos a alargá-lo a cada nova investida. Sustentou-se nos joelhos sobre a poltrona enquanto Enji guiava agora o pênis ao seu interior. Sentou-se lentamente, as mãos firmemente agarradas nos ombros de Enji, marcando-o enquanto as mãos dele marcavam-no no quadril. Quando suas coxas tocaram nas dele, arfou. Beijou-o para que seus gemidos não entregassem demais o quanto aquilo era bom, o quanto gostava de tê-lo fundo em seu interior. Rebolou em seu colo, sentindo o pulsar daquele pênis contra suas paredes internas. Subiu e voltou a descer. Repetiu isso até que os movimentos ritmados virassem caóticos entre gemidos, suor, seu pênis balançando pra cima e pra baixo quase colado entre seu abdômen e o de Enji. Mordeu os lábios quando ele o tomou na mão, quando pressionou a glande com o polegar antes de deslizar a mão de maneira quase firme demais naquela masturbação. 

    A pele da bunda ardia, marcada por palmadas quase brutas, sentia-se queimado, como lambido por chamas. 

    Quando quicar naquele colo não parecia mais suficiente, Enji pressionou-o com os joelhos firmes na poltrona, o tórax encostado no estofado, as pernas separadas, a curvatura do pescoço mordida enquanto ele voltava a se enterrar naquele corpo, voltava a alargá-lo com o pênis indo e vindo nas estocadas firmes e fundas. A mão no pescoço logo depois era só a cereja do bolo. Mesmo que para vê-lo precisasse agora virar mais o rosto, ainda valia a pena; havia pedido para ser fodido, afinal, e estava. Enji o estava fodendo, simples, bruto, firme, quente. Como uma boa foda tinha que ser, estava realizando seu desejo de aniversário daquela forma. Anestesiado de todo o resto que não fosse aquele homem às suas costas o devorando a cada estocada, mordendo-o e marcando sua pele, batendo em sua bunda, asfixiando-o para elevar a sensação de orgasmo. 

    Quando gozou pesou o corpo a frente, estreitou o canal anal, Enji quase urrou contra suas costas no momento que isso aocnteceu. Era mais apertado, mas ele continuava metendo, e Hawks queria tanto isso, queria que ele se desfizesse ali, que gozasse e o esquentasse ainda mais. 

    Sentiu os beijos, suaves em comparação à foda. 

    Sentiu os toques em suas asas, agora carinhos, diferentes do de ainda há pouco quando Enji o segurava ali para mantê-lo contra a poltrona para fodê-lo. Os beijos foram desde a nuca até a base de suas asas abertas, e agora secas por todo calor que passou. Sentiu-se vazio quando Enji puxou o pênis, mas logo fora abraçado, aquele peito suado contra sua pele, aquelas mãos em seu corpo, braços, tórax, rosto. Virou-se para beijá-lo, os lábios macios contra os seus, a língua a invadir sua boca e enroscar-se na sua. 

    O polegar acariciou a maçã do rosto, os lábios e o queixo. Sorriu tão feliz, ao contrário de como havia começado o dia. Sorriu com olhos e boca, com corpo e alma. 

    —  Obrigado. 

    —  O prazer foi meu. 

    Não, fora de ambos. 

    Hawks havia conseguido algo que poucos tinham a sorte; ele via o Enji. Não Endeavor, não um pro-hero. Não o número 1. Ele via a pessoa que Enji era, a pessoa que moldava-se para ser, melhorando a cada dia, buscando dar sentido e valor aos seus atos. E tinha sorte em tê-lo. Soube quando acendeu a luz e viu, não só o cupcake, mas champagne, que obviamente beberam, e docinhos, que só Keigo comeu porque Enji odiava aqueles. Sentiu-se amado e grato, não pelos presentes, mas pela presença. 

    No final daquela noite, o verdadeiro final, ou início de um novo dia, deitado no peito de Enji, na cama de casal, não se sentiu amargurado pelo aniversário, pelo contrário, aceitaria comemorá-lo sempre assim. 


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