Wedding lost escrita por Kris Loyal


Capítulo 1
Capítulo 1 — Os Mellark e seu lar(?).


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI GALERA

Depois de mil anos, reapareci.
Eu não sei se meus leitores continuam por aqui, mas eu comecei essa história à tanto tempo e com tanto amor que achei uma injustiça não postá-la e terminá-la.
Eu ainda posso me lembrar do dia em que acordei às seis e meia da manhã, ouvindo meus vizinhos discutirem e me perguntei que diabos poderia acontecer em um casamento para fazer duas pessoas brigarem às seis da manhã KKKK
Apesar do constrangimento aquilo me deu inspiração para começar WL. E eu espero que curtam essa jornada!



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— Então, como vai ser hoje? Princesa da razão ou rainha do gelo?

— Que tal “duquesa que ignora”?

— Eu não ficaria surpreso.

— Sabe o que me deixaria surpresa? — ela levantou-se — Você chegar em casa pelo menos um dia sem puxar briga. Simplesmente chegar, tomar um banho e me deixar em paz.

— Ah então agora você quer paz? — retrucou ele — Agora que passou a semana inteira, inclusive hoje, ligando para encher meu saco e dizer indiretas,  só por que eu esqueci que tínhamos que ir à aquela comemoração ridícula de ação de graças que sua mãe inventou?

— Você é um idiota mesmo. Ela gosta tanto de você e você só fala mal dela pelas costas. Eu sempre soube que você era meio dissimulado, mas mesmo assim eu ainda me surpreendo.

Peeta lançou para ela um olhar incrédulo e ligeiramente magoado, mas tratou de logo voltar à sua máscara de indiferença.

— Tanto faz. Alma não precisa de mais um puxa saco, ela já tem o noivo da sua irmã para isso.

— Madge tem sorte por ter Gale. — ela disse baixo, porém ele ouviu. Pegou um copo do balcão, encheu de água gelada e tomou em um gole só, jogando-o depois de qualquer maneira na pia, visivelmente irritado pelo comentário dela.

— Você não estava reclamando de estar com dor de garganta há dois dias? Como toma uma água tão gelada assim? — observou ela.

— Ah você notou algo que eu reclamei? Que milagre. Não se preocupe, se eu estiver morrendo, não vou lhe chamar.

— Faz o que quiser.

O copo rolou da pia e caiu no chão, se espatifando no refinado piso da cozinha.

— Esse copo era de cristal, Peeta!

— Não foi você quem comprou mesmo. E nem quem vai limpar. Não é para isso que eu pago pessoas? Para que minha rainha do gelo tenha as mãozinhas isentas dos calos do trabalho doméstico?

Ele fez uma pequena reverência irônica antes de subir para o quarto.

— Vai se ferrar.

Quem olhasse de fora da grande e luxuosa casa que a família Mellark vivia não conseguiria imaginar que por dentro ela mais parecia a praia de Omaha no dia “D”, em 6 de junho 1944.*

O jardim bem feito, a cor bege calmo das paredes e a piscina cristalina não fazia jus ao que acontecia do lado de dentro.

Peeta e Katniss estavam casados há treze anos e a três viviam em pé de guerra. O motivo? Nem eles mesmos sabiam. Ás vezes brigavam por uma coisa tão banal que quando a discussão acabava, nenhum dos dois sabia como tinha começado.

Katniss levantou-se, sentindo-se cansada; não fisicamente, ela não tinha feito nada além de ler um livro e assistir filme o dia todo, mas psicologicamente. Foi em direção ao quartinho dos fundos pegando uma vassoura e uma pá para limpar os estilhaços de vidro. Peeta não sabia mais nem os dias de folga de Nita, a funcionária doméstica. Era previsível: ele saía cedo e chegava sempre depois do jantar; era aceitável que não soubesse de quase nada do que se passava em casa.

Claro, não fora sempre assim: há algum tempo atrás ele vinha almoçar em casa e chegava sempre antes do jantar, mas por causa das brigas frequentes com a esposa, agora evitava refeições em casa.

— Tá’ fazendo o que, mãe?

Ryan aproximou-se curioso, vendo a mãe curvada limpar o chão.

— Só juntando isso. Um copo quebrou. — estendeu a pá cheia até o cesto de lixo e despejou o conteúdo lá — E então? Foi divertido na casa do Carl?

— Sempre é. — respondeu o garoto, sem interesse de prolongar aquela conversa. Ryan tinha doze anos, mas quem o visse diria que ele tinha quinze. Não somente por seu tamanho, que era relativamente maior que os outros garotos de sua idade, mas também pelo seu jeito. Era inteligente, conversava como um adulto educado, e parecia entender os problemas à sua volta. Talvez por ter muitos problemas à sua volta.

— Você não parece feliz. — retrucou a mulher, sem encarar o menino. — Está com fome? Nita deixou bolo na geladeira, já que você já jantou.

— Não, eu comi lá no Carl. — deu uma pausa — Ele já chegou, mãe?

— Ryan, “ele” — respondeu fazendo aspas com as mãos — é o seu pai. Por que você não se dá bem com ele como se dava antes? Eu já te falei que meus problemas com seu pai não tem nada a ver com você.

 — Eu sei. Eu só não acho que isso importe para ele. Aliás, nada daqui importa.

— O que importa para quem? — perguntou Peeta, já sem o terno, vestido em uma camisa simples e branca, e uma calça cinza. Seus cabelos ainda molhados pareciam ser de um loiro mais escuro do que na verdade eram. O mesmo loiro dos cabelos de Ryan. Antes que alguém respondesse, ele já atirou outra pergunta — Katniss, cadê a Nita? Ela limpou meu escritório hoje? Eu não acho um papel que estava na mesa.

— Oi pai. — cumprimentou Ryan, antes de se dirigir à escada e desaparecer no andar de cima — Mãe, me acorda pra' o treino amanhã. 

— Ryan... — tentou chamar ela — Ryan, a gente estava conversando. Ryan!

Quando viu que ele não retornaria, suspirou, e voltou a varrer para terminar o serviço que tinha começado.

— Deixa o menino. Ele quer paz.

Katniss riu tristemente antes de sussurrar bem baixo, fazendo com que Peeta nem ouvisse: — Na verdade, quer um pai.

 — Por que não pede para a Nita fazer isso? — retomou ele —  Aliás, você não falou, cadê ela?

— É a folga dela, Peeta. Se você ficasse mais tempo em casa saberia disso.

— Tá’ bom. Não quero mais brigar.

A morena guardou a vassoura e a pá e passou ao lado dele, que continuava parado, encostado no balcão, ao que parece, observando-a.

Tratou de não ficar muito perto; não por estar chateada, com raiva ou pela sua frustração, mas pelo cheiro. O maldito cheiro dele, que não era só o perfume ou a loção pós-barba, era um conjunto de aromas (inclusive o da própria pele) que era peculiarmente dele, e era tão unicamente bom e suave que ela se sentiu triste por lembrar-se que nunca mais o tinha sentido de perto.

— Acho que o papel está na gaveta. — murmurou saindo de perto o mais rápido que pôde — Fui eu quem organizou as coisas lá hoje.

Ela sumiu em direção ao primeiro andar, do mesmo jeito de Ryan, antes que ouvisse ele dizer um baixo “Obrigado”.

No dia seguinte seria a comemoração que ela tanto reclamou por Peeta ter esquecido. Alma, sua mãe, tinha muito prazer em juntar a família no dia de ações de graças e avisava do compromisso com uma antecedência tão grande que era quase um pecado faltar.

E ali, ante o espelho, ás seis da noite, vestida no seu simples, porém caro, vestido preto e calçada com seus saltos medianos de cor nude, ela soube que receberia os olhares reprovadores de sua mãe por ir com Ryan e explicar que Peeta só chegaria depois das oito. O motivo? Uma reunião que ele não pôde desmarcar. Isso era tão comum que a palavra “reunião” já saía dos lábios de Katniss sem que ela precisasse formá-la. Era automático.

Pegou a bolsa e foi ao quarto de Ryan verificar se já estava pronto. O garoto estava naquela idade de “posso fazer qualquer coisa sozinho, não preciso de ajuda, nem de opiniões”, então Katniss apenas verificava as coisas que ele fazia, sabendo que se tentasse fazer por ele, causaria irritação.

— Ryan? — bateu três vezes na porta — Já podemos ir?

— Sim. — respondeu lá de dentro — Só espere eu pegar meu desenho.

A mãe esperou que ele saísse e explicasse por que estaria levando isso. Quando o menino saiu, deu uma olhada para ver se estava bem vestido: camisa clara, calça escura. Até que não tinha más escolhas, pensou. O cabelo loiro devidamente penteado, os olhos azuis animados como em um dia no parque. Tão parecido com Peeta, e ao mesmo tempo tão diferente...

Olhou para sua mão e viu na folha o desenho de um carro. Era explícito, ele desenhava muito melhor do que se esperava para a sua idade, e Katniss se culpou por nunca ter prestado atenção nesse talento do filho. Ao ver para onde a mulher olhava, ele, animado, tratou de explicar:

— Tio Gale vai estar lá e ele me pediu para ver um desenho meu quando nos víssemos. Ele se interessa.

Katniss pôde ver que ele não disse por mal, mas aquilo mexeu com ela. “Ele se interessa”, ela repetiu em sua mente. Ele sim, seus pais não.

— Eu nunca tinha visto, Ryan. É muito bonito. Você devia mostrar ao seu pai, ele gostava muito de desenhar quando nos conhecemos.

E era uma grande verdade. No primeiro ano do ensino médio, quando se conheceram, Peeta mais desenhava que prestava atenção na aula. Ela sempre gostou de seus desenhos, por isso nunca tentou impedir. Claro que, por causa disso, ele precisava de ajuda com as provas depois, mas ela sempre o ajudou com um sorriso no rosto. Ele fora a primeira pessoa que falou com a novata e tímida Katniss Everdeen, afinal.

— Talvez depois. — desconversou o menino, mas ela sabia que não, ele não mostraria nada.

Meia hora depois, já parados na frente da casa de Alma, a voz de Ryan quebrava o silêncio do carro:

— Mãe, por que nós ainda não descemos?

— Só mais cinco minutos, Ryan.

— Isso tudo é por que ele não vem? Relaxa, vovó só vai se incomodar no começo, quando chegar mais gente ela esquece.

— O seu pai vem, ele só vai se atrasar.

— Então melhor. — deu de ombros — Anda, vamos. É só a sua família, mãe.

Não, não era só isso.

Era sua mãe que, apesar de Katniss não contar nada, vinha desconfiando que o casamento não ia bem.

Era seu pai, que sempre tentava contornar os problemas rindo, mas na verdade sabendo que havia algo errado.

Era sua prima Glimmer, que debochava dela a cada encontro de família, desde que ficou sabendo de cochichos sobre sua atual e fracassada vida conjugal. Ela fazia questão de passar na cara o quanto era feliz em seu casamento com Gloss.

Era Madge e Gale, pois mesmo que feliz por eles, o casal despertava nela um tipo de inveja triste.

E ela não sabia, mas quando tocou a campainha e a porta foi aberta, era também Finnick.

Finnick Odair, seu ex namorado, noivo. Seu quase marido.


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Notas finais do capítulo

* Grande batalha travada em uma praia da Normandia, na Segunda Guerra Mundial.

Eita shaudhuas
Espero vocês nos comentários me dizendo se alguém leu isso, e se alguém vai continuar lendo, e/ou se eu devo continuar postando... Essas coisas. O futuro dessa fic está em vossas mãos. Em defesa dela, acho que sim, é um caminho bonito o desse casal de achar o caminho de volta ;)
Um abraço ♥



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