Would You Dare? escrita por Drunk Senpai


Capítulo 5
High By The Beach


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito tempo, capítulo novinho!
Espero que gostem!



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Marron surpreendeu-se por um instante, quando sentiu os braços fortes e acolhedores ao seu redor, e então o beijo suave em seu rosto. Era o suficiente para seu coração parecer transbordar.

—Meu amor! – Virou-se para o rapaz de calmos olhos castanhos. – Tava me perguntando se não tinha chegado ainda. – Completou, antes de pousar um beijo leve em seus lábios.

—É, eu também tava te procurando. – Sorriu, antes de abraça-la. – Tô muito orgulhoso de você, sabia?

—Brigada... - Sorriu. - Mas ainda tá muito cedo pra celebrar, gente! – Confessou, voltando a se virar para Bra e Pan que ainda estavam ali. – Eu nem sei se vou conseguir o estágio!

—É por que a gente sabe que você é demais, meu amor. – Uub retrucou, com um sorriso doce em seus lábios. – Você vai conseguir... – Ela encostou o rosto em seu peito. Simplesmente estar ao seu lado, já era aconchegante como um maravilhoso dia ensolarado de verão. – E mesmo que por alguma razão insana e improvável, se você não conseguir, você continua sendo a melhor. – Como podia não se sentir bem ao seu lado? Lhe deu um sorriso agradecido e mais um beijo.

Uub estava sempre a motivando para que fosse atrás de seus sonhos. Mesmo quando ela mesma não conseguia confiar tanto em si mesma, até nos dias mais difíceis, onde se perguntava se algum dia, conseguiria ser honesta com seus pais sobre seu plano em estudar fotografia ou artes, e não seguir por uma carreira “mais rentável”. Nesses momentos, sabia que podia contar com ele, ainda que fosse apenas para lhe ouvir.

Marron o amava, por esse e por muitos outros motivos.

—Tá, já atingi meu limite de assistir os pombinhos, por hoje! – Bra anunciou, virando-se para sair, juntamente de uma Pan entediada.

—Bra, espera um instante. – Uub a chamou de volta.

—O que? – Questionou, enquanto esperava que ele prosseguisse.

—Na verdade, tem um cara... – Ele parecia estar tendo dificuldade para lembrar-se bem. – Não lembro o nome dele, mas tá no time de futebol americano. – Continuou. Bra parecia um pouco confusa, mas apenas esperava que ele concluísse, de uma vez. – Enfim, - Uub parecia ter desistido de lembrar todos os detalhes. – Ele me perguntou se você tá solteira, se estaria interessada num encontro. – Concluiu, de forma despreocupada, como sempre.

—Como assim? Nem sei de quem você tá falando. – A princesa saiyajin reclamou. – Além disso, que tipo de covarde pede para que outra pessoa chame uma garota pra sair com ele? – Parecia levemente irritada, como se aquilo fosse de fato, algum tipo de ofensa contra ela. Suspirou e deu de ombros, antes de se afastar sem dizer mais nenhuma palavra sobre o assunto.

Uub parecia não ter entendido bem aquela reação. De fato, para alguns, o comportamento exagerado, irritado e orgulhoso da Bra poderia parecer estranho, mas àquela altura, Marron já a conhecia bem demais para tal.

—Será que ela se ofendeu mesmo? – Lhe perguntou, confuso.

—Bom, o fato de você ter vindo falar pelo pobre rapaz diminuiu bastante suas chances... – Marron admitiu. - Mas não é só isso... – Completou, num tom um pouco mais baixo.

—Como assim? – Seu namorado questionou, intrigado. Mas, Marron sentia que não estava em posição para falar sobre aquilo.

—Nada, não. – Sorriu para ele. – Deixa isso pra lá! – Lhe deu um selinho em meio ao sorriso. – Que tal ser meu modelo hoje? – Pediu. - Eu vi um lugarzinho bem legal no jardim, daria uma ótima foto! – O rapaz suspirou, dando-se por vencido sem luta, com um sorriso em seu rosto.

—E desde quando eu consigo te dizer não pra alguma coisa?

Marron realmente amava aquela sensação. Como podia imaginar que seria tão sortuda em encontrar um talento o qual viria a amar tanto, na fotografia? Além de ter os melhores amigos do mundo e, sem dúvidas, a sorte de se apaixonar por alguém tão maravilhoso?

Aconchegou seu coração naquela felicidade tão genuína e intensa. Queria apenas que as coisas permanecessem sempre assim...    

 

***

 

Pan bebericou um pouco de cerveja. Não necessariamente gostava do sabor forte e amargo daquela, mas serviria por ora. Não tinha certeza do porquê esperava que aquela noite fosse de alguma forma diferente. Na verdade, aquelas festas já pareciam ter entrado para a rotina, e se olhasse ao seu redor, veria sempre as mesmas coisas:

Haviam aqueles que estavam tentando agradar aos outros, a qualquer custo. Em outro lado, estariam os que acreditavam ter todo o mundo em suas mãos, que riam de forma arrogante daqueles que julgavam como inferiores. Haveriam sempre casais no meio de uma discussão acalorada e aqueles que simplesmente pareciam não mais se importar com as pessoas que pudessem ver o que faziam, perdidos em uma paixão nauseante. Se olhasse bem, também podia ver aqueles que só estavam ali pelas bebidas. Não pôde evitar o riso, ao ver Goten ao longe, representando tão bem essa parcela.

O rapaz já parecia bastante alterado, seu rosto já havia tomado um tom avermelhado e ele não parecia sequer ouvir nada do que um de seus amigos tentava conversar. Talvez devesse ajuda-lo, mesmo que a ideia de vê-lo se envergonhar um pouco parecesse divertida.

—É tudo culpa sua...! – Quando se aproximou, ouviu Goten, que apontava para o rapaz, agora confuso. – Você disse aquelas coisas... – Não parecia que as palavras viriam com muita clareza, apesar de sua irritação estar muito evidente. – Você disse aquilo... E agora...

—O quanto você já bebeu? – Pan intercedeu. Por mais que quisesse saber onde ele iria chegar com aquela conversa esquisita, sentia que não seria justo deixa-lo daquela forma. Goten parecia surpreso ao vê-la. – O que tá rolando? – Ele pareceu pensar por um instante, enquanto ela o guiava um pouco mais para longe dos olhares confusos de seus amigos.

—Nada! – Respondeu prontamente, bebendo mais um pouco de seu copo. – Sabe onde tá o Uub? – Perguntou ao terminar. – Eu... Eu tenho muito que falar... Tenho que falar com ele... – Procurava ao redor com seu olhar embriagado.

—Vi, mas já faz um tempo... Deve ter ido dar uma volta com a Marron... – Respondeu, olhando em volta, ela mesma, agora. – Por que precisa falar com ele? – Ele parecia ter sido pego de surpresa pela pergunta.

—É... – Ele começou, pensativo. – É um segredo...

—E desde quando você não pode contar as coisas pra mim? – Fingiu estar chateada. Naquele estado, Goten era mesmo muito manipulável. Podia vê-lo ponderar sobre o assunto, se convencendo de que ela podia estar certa. Não estava tão interessada assim no segredo, mas talvez fosse uma distração melhor do que o que fazia antes.

—É que... – Seu rosto vermelho era mais cômico, agora. – Eu não sei como... Eu não posso...

—Por que não conta hipoteticamente, então? Desse jeito, você não vai tá me contando o segredo, de verdade. – Podia ver que o estava convencendo. O rapaz suspirou, passando a mão sobre o rosto de forma angustiada. – Qual é, você sabe que pode confiar em mim! – Pressionou mais um pouco.

—Ok... Ok! – Ele se rendeu, enfim. Pan mal podia acreditar que estava realmente começando a ficar interessada naquela história, mas no fim das contas, se ele estava tão relutante, só podia significar que seria bom, no mínimo. – Tipo... hipoteticamente... – Enfatizou, antes de continuar. – Uma pessoa... começa a... sentir certas coisas... – Podia ver o nervosismo em seu rosto, enquanto ele parecia tentar achar as palavras. – Por uma pessoa... Alguém que não devia...

—Que tipo de coisas? – Perguntou rindo, num tom sugestivo, vendo-o corar, desta vez, não por conta da bebida.  

—Tipo...

—O que vocês tão fazendo? – Pan virou-se para encontrar Bra, que havia se aproximado deles agora.

—O Goten tava me contando uma história. – Riu, voltando uma outra vez, sua atenção ao rapaz que parecia congelado.

—Parece melhor do que essa droga de festa. – Bra bebericou um pouco de seu copo, irritada. – Me conta. – Exigiu. Goten parecia comicamente encurralado.

Realmente, parecia que Pan havia encontrado alguma diversão ali...

 

***

 

Era como se estivesse paralisado. Goten mal conseguia pensar, agora - a embriaguez também não ajudava, definitivamente. Não havia percebido enquanto ela se aproximava, e o susto que levou ao ouvir sua voz tão de repente, parecia ter desligado sua mente por completo.

Estava em silêncio por algum tempo, enquanto uma Bra impaciente e uma Pan que parecia estar se divertindo muito com aquilo, lhe observavam, esperando que continuasse. Não conseguia pensar em muitos cenários que pudessem ser piores do que aquele. Mas logo, um começou a se desdobrar bem à sua frente.

Viu ao longe, Yakii vindo à sua direção, um pouco sem jeito. Que tipo de situação bizarra era aquela?

—Ei, cara você não terminou de dizer o que tava falando mais cedo... – Ele anunciou, mesmo que Goten desconfiasse que não fosse este o motivo de ter ido até lá. – Oi, a gente ainda não se conhece, eu sou o Yakii. – Ele prontamente se apresentou às garotas. De onde vinha toda aquela confiança?

—Eu sou a Pan. – A morena lhe mostrou um meio sorriso educado.

—Bra. – Ela olhou Yakii dos pés à cabeça, com aquela expressão de poucos amigos, que ele já conhecia muito bem.

—Sim, eu sei... – E então, ele olhou na sua direção, como se esperasse que Goten lhe ajudasse de alguma forma. Mas o que ele poderia fazer? Aquilo se tornava mais angustiante à cada instante. Até que, finalmente, as coisas pareciam estar mudando mais uma vez.

—Uub, espera aí! – Chamou a atenção do amigo ao longe que vinha entrando ao lado de Marron, e apressou-se indo até ele, antes que pudessem lhe pressionar ainda mais.  

—E aí, Goten, o que tá rolando? – Uub lhe perguntou quando ele o alcançou, enquanto Marron continuou seu caminho na direção dos outros.

—Cara... Eu tenho muito que falar contigo... – Seu amigo riu, seu estado devia mesmo ser deplorável.

—Beleza, mas antes me diz, o quanto você bebeu? – Brincou outra vez. Talvez a expressão desesperada em seu rosto, tivesse deixado claro que precisava falar a sério. – Certo... pode falar, então... – Aquele era o momento, finalmente poderia falar algo, tirar de si aquela sensação de engasgo em sua garganta.

—Ei, cadê as garotas? – A sorte que quase sentiu, acabou tão rápido quanto começou. – Isso aqui tá péssimo, vamos pra outro lugar. – Trunks anunciou, fazendo sinal para elas quando as viu, para que se aproximassem. Deixou escapar um suspiro cansado.  

—Não acredito que fizeram isso! – Ouviu Bra reclamando com as outras duas, que riam.

—O que aconteceu? – Trunks perguntou.

—A Bra tem um encontro! – Pan anunciou aos risos. Parecia haver um peso sobre seu peito, agora. Não podia estar mais desconfortável.

—Com quem? – O irmão mais velho implicou, rindo também.

—Um amigo do Goten... – Marron apontou na direção de Yakii, que já havia voltado para perto de seus outros amigos. E então todos voltaram-se para ele, outra vez.

—É... – Viu-se na obrigação de dizer algo, ainda que aquela angustia se tornasse maior a cada instante. – Ele tá no time comigo... – Mostrou um sorriso amarelo, esperando que os olhares, principalmente o dela, deixassem de lhe dissecar a alma.

—Ah, então é o mesmo que falou comigo! – Uub se deu conta. – Então você resolveu aceitar, no fim das contas? – Voltou-se para uma Bra ainda mais mal humorada.

—Eu não aceitei, foram essas duas! – Apontou para as garotas. – Inacreditável! – Cruzou os braços.

—Qual é, pode até ser divertido! – Pan retrucou.

—Pois é, ele parece ser legal! – Marron acrescentou.

Não tinha certeza do porquê, mas definitivamente, sentia como se tudo tivesse se tornado um pouco mais sufocante, a cada segundo que permanecia ali. Não queria mais estar lá, muito menos falar naquele assunto. Não melhorou quando notou um certo par de olhos azuis fixados em sua direção. Tinha certeza que não havia durado tanto, mas no momento, parecia ter se mantido nele por uma eternidade.

—A-A gente não tava de saída...? – Fez seu melhor esforço para mudar de assunto, focando em Trunks, tentando lembra-lo de sua vontade de partir antes.

—Beleza, vamos procurar alguma outra coisa pra fazer. – O mais velho liderou o grupo, indo na direção da saída.

—Que tal a praia? Tem um tempo que não vamos! – Marron sugeriu. – O nascer do sol na praia é a coisa mais linda do mundo! – Acrescentou.

—A segunda. – Uub corrigiu, abraçando-a.

—Então tá decidido? – Perguntou, enquanto os outros reviravam os olhos para a cena. Tudo que queria era sair de lá o mais rápido possível.

—É, acho que podíamos ir pra casa de praia... – Trunks concordou, lançando a capsula de seu carro.

—Não tô afim. – Bra dispensou. – Tô indo pra casa. – Ela lançou a própria capsula, materializando o veículo vermelho, conversível.

—De jeito nenhum! – Pan a interrompeu. – Você fez uma promessa, de que esse fim de semana seria nosso. Que nós— Apontou para si e para Marron. -  Escolheríamos, lembra, “escoteirinha”?  - Bra revirou olhos, murmurando um “droga”.

—Então, vamos! – Marron comemorou. Sabia que, mais uma vez, sair voando não seria uma opção e que acabariam divididos entre os carros, então se apressou para juntar-se à Trunks.

A sensação do ar em seu rosto era libertadora. Claro, não era o mesmo que poder voar pelos céus, mas era um certo alívio, podia respirar mais uma vez. Não havia quase nenhum outro veículo na estrada àquela hora, e tudo parecia uma outra vez, se acalmar dentro dele. Gostava do cheiro doce da madrugada e conforme se aproximavam de seu destino, podia até perceber as mudanças sutis no mesmo. Não demorou para fechar os olhos e absorver aquela sensação um pouco mais. Devia ter cochilado no caminho, pois logo estava chegando ao seu destino.

A casa de praia da família Briefs, era como de se esperar, luxuosa e confortável. Era um outro point de suas infâncias. O cheiro do mar parecia o estar deixando mais sóbrio, finalmente. Ao menos, sua mente havia parado de girar. Sequer se deu ao trabalho de entrar na casa, precisava de um pouco mais de ar. Respirou fundo, ao deitar-se na areia da praia. Era só o que precisava, podia relaxar, agora.

Não conseguia deixar de amaldiçoar a si mesmo por não ser capaz de esquecer aqueles pensamentos. Mesmo estando num lugar que transmitia paz, aquela angústia ainda estava lá, mesmo quando se sentiu deslizar num cochilo breve.

—Vamos nadar! – A voz animada de Marron lhe despertou de repente, enquanto ela corria em direção ao mar.

—Tô indo, num instante! – Uub respondeu, bem humorado antes de sentar-se ao seu lado. – Cara, por que tá esquisito assim? – Perguntou, sem rodeios. Goten estava mais sóbrio, agora, mas ainda assim, precisou de um instante para tentar colocar em ordem tudo no que estava pensando.

—Tem... – Limpou a garganta, antes de prosseguir. – Tem algo de errado comigo...

—Bom, isso já era óbvio... – O amigo riu um pouco. – Mas do que tá falando, especificamente? – Sentiu a necessidade de cobrir os próprios olhos com o antebraço, antes de continuar, seu rosto queimava um pouco.

—Eu tô... – Como aquilo podia ser tão difícil? – Eu... Eu comecei a me sentir estranho perto de... uma pessoa... – Não conseguia sequer dizer o nome dela, estava nervoso demais.

—Ora... – O outro não conseguia esconder a própria empolgação. – Isso é interessante! Nosso Gotenzinho tá crescendo! – Riu. – Mas quem ela é? – Lhe deu um empurrãozinho. Goten negou em silêncio, mesmo numa situação como aquela, a animação de Uub o fez sorrir um pouco. – Qual é, conta aí! – Insistiu.

—Nem pensar! – Continuou firme.

—Tá bom, tá bom... – Uub parecia ter deixado aquilo de lado, ao menos por enquanto. – Então, por que queria falar comigo?

—É que... Como você sabe? – Perguntou, ainda num tom incerto e constrangido.

—O que quer dizer? – O outro parecia confuso.

—Como sabe o que significa...? – Sentou-se. – Essas coisas...

—Ah qual é, vai dizer que nunca gostou de ninguém? – Riu. - Você sabe como é. – O outro retrucou, olhando na direção da loira que espirrava água no rosto de Pan enquanto brincavam no mar.

—Já, claro que já... – Admitiu, lembrando-se de suas paixonites antigas. – Mas nunca desse jeito... Nunca de uma hora pra outra... – Suspirou cansado. - Até ontem tava tudo bem, tudo normal... – O outro o observava com mais atenção. – Agora... Eu não consigo nem pensar perto dela, eu não consigo nem... – Vê-la passar ao seu lado, em direção ao mar, roubou o fluxo de seus pensamentos. O sol já começava a aparecer no céu, iluminando de forma delicada e suave a sua pele. Seu corpo tão perfeitamente entalhado, parecia transformar com facilidade, toda e qualquer fantasia que sua mente já havia criado, em cinzas. Por que tinha que ser ela...?

—Cara... – A voz incrédula de Uub o trouxe de volta. – Só pode tá brincando... – Goten se permitiu cair outra vez na areia, frustrado.

—Não pode contar isso pra ninguém, é sério! – Lembrou-lhe num repente, angustiado. Uub ainda ria.

—O Trunks vai te matar... – Comentou num tom mais baixo, enquanto o viam se juntar às garotas no mar. Ficaram em silêncio nos próximos momentos.

—O que... O que eu faço, agora? – Sussurrou. Uub o olhou em silêncio, mais um pouco.

—Você quer ficar com ela? – Perguntou, no mesmo tom baixo que ele.

—Não... Eu não sei... – Respondeu depois de um tempo. – Esse é o problema... um deles, na verdade... – Comentou, pensativo. – Além disso, de que isso ia importar? Ela nem... – Olhou na sua direção, por um instante, vendo-a mergulhar. – Ela nunca iria olhar pra mim. – Concluiu com convicção. - Eu só preciso que tudo volte ao normal.

—Bom... – Ele parecia de repente, ter se dado conta de algo. – Já sei! Eu me lembro de ter lido uma teoria...

—Não vai bancar o cientista pra cima de mim, agora! – Reclamou.

—Qual é, só me ouve! – Insistiu. – Se uma pessoa fica muito tempo exposta à um estimulo, eventualmente para de emitir respostas...

—Fala de um jeito que eu entenda! – O outro suspirou, cansado.

—Invés de fugir, você pode tentar passar o máximo de tempo perto dela, daí, mais cedo ou mais tarde vai passar.

—Do que tá falando? – Protestou. – Isso não vai funcionar!

—Calma aí! – Uub interveio. – Olha, pensa bem, vai até ser uma coisa boa... Desse jeito você vai conseguir saber melhor o que tá sentindo. Se realmente é só uma atração momentânea, vai passar e vai tudo voltar ao normal...

—Mas, se isso não funcionar...

—Bom, se não der certo, ao menos você vai saber o que sente. – Aquela ideia ainda parecia ruim, mas Goten decidiu ficar em silêncio um pouco mais, antes que Uub voltasse a falar. – Aliás, o que foi que mudou, exatamente?

—Sei lá... – Admitiu. – Em algum nível, eu sempre soube que ela era linda, mas... não é a mesma coisa... – Comentou. – É como se eu tivesse vendo coisas que eu não percebia antes, desde que o Yakii me falou dela. – Continuava chateado com o rapaz por aquilo. Definitivamente, era sua culpa. Uub ainda o observava, com uma sobrancelha franzida, como se o analisasse, e então riu um pouco, por um instante. – O que? – Lhe perguntou, sem entender o motivo de sua diversão com aquilo.

—Não é nada... – Esquivou. – Mas tá aí, outra coisa. Ela vai sair com ele, não é? Talvez isso te ajude a se dar conta mais rápido. – Goten não tinha certeza do que ele queria dizer, menos ainda com aquele tom, mas era melhor do que o caos dos próprios pensamentos, quando tentava encontrar uma resposta para seu problema. – Enfim, melhor eu ir. – Anunciou, se levantando para entrar no mar. – Boa sorte. – Sussurrou para que só Goten ouvisse, antes que fosse.

Demorou um pouco para que o “boa sorte” fizesse sentido, mas Goten logo entendeu, ao perceber outra pessoa ocupar o espaço ao seu lado.

—Bêbado demais pra um mergulho? – Ela perguntou, no tom implicante que sempre usavam um com o outro. Goten engoliu seco. Era difícil olhar para ela. Seu corpo e seu cabelo, pingando água salgada... a forma sutil com a qual sua pele parecia brilhar... Nem mesmo ousaria olhar mais atentamente tudo que aquela roupa de banho emoldurava, com perfeição. – Tá ficando mole, bobão... – Ela brincou, e Goten não pôde evitar o riso com a ironia de mau gosto daquilo. Respirou fundo, tentando manter em mente o que Uub o havia dito, precisava conseguir ficar perto dela como antes, outra vez.  

—É... deve ser a idade. – Riram um pouco.

—Tá, me diz... – Ela voltou a falar depois de algum tempo. – Qual é a daquele cara? – Definitivamente não era algo sobre o qual podia falar tão simplesmente, mas precisava.

—O Yakii? – Ela assentiu. – Ele... – O que devia dizer? Pensou um pouco no último comentário que Uub havia feito. – Ele é um cara bacana... Acho que ele gosta de você. – Aquelas palavras, por algum motivo, não foram tão fáceis de dizer, menos ainda, de ouvir a si mesmo dizê-las. Goten ainda não conseguia olhar para ela, então observava o céu que mudava cada vez mais de cores, enquanto a manhã chegava. Ainda assim, podia sentir que ela o estava observando, em silêncio.

—Tá, que seja... – Ela levantou-se. – Vou entrar, tá ficando frio. – Anunciou antes de partir para a casa. Goten suspirou, fechando os olhos mais uma vez.

Se aquele plano realmente daria certo, não lhe parecia que seria tão cedo...  


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