Presente de Grego escrita por Vic


Capítulo 1
Esperança




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A vila dos centauros continuava calma, como estava quando as duas mulheres passaram ali pela última vez há cerca de um ano atrás. Um menino de cabelos loiros e longos com seus dez anos de idade recém completados, esperava em cima de uma árvore, atento a cada movimento das duas mulheres abaixo de si, aguardando o momento certo para atacá-las. Foi quando viu Xena fazer sinal para que Gabrielle ficasse em silêncio e olhar ao redor procurando algo ou alguém que pudesse atacá-las, que Solan decidiu que finalmente estava na hora de fazer seu salto, iria recebê-las como da primeira vez, pulando em cima da guerreira sem um aviso prévio, mas desta vez não havia ódio em seu coração, desta vez só havia espaço para a saudade que ele sentia de suas amigas.

— Solan! Solan, é você! –Xena olhou para o rosto sorridente do menino. Ainda se recuperava do susto de quase ter deixado o menino cair no chão. – Esse foi um bom ataque, quase me pegou! –Xena segurou a cabeça do menino e esfregou seu punho em seus cabelos, em seguida lhe deu um beijo no rosto e se afastou para que uma Gabrielle assustada com o ataque repentino pudesse ver que se tratava de Solan.

— Quase, não é? -Solan sorriu para Gabrielle e a viu sorrir de volta na mesma intensidade. - Estive treinando, o tio disse que serei um bom rastreador algum dia. –Xena o olhava com admiração, mal podia acreditar que seu filho, o bebê que ela tinha dado para Kaleipus criar há dez anos agora era um rapazinho tão esperto.

— Um rastreador, hein. O que acha, Gabrielle? –Xena abraçou o garoto com um de seus braços e sorrindo para Gabrielle apontou para ela com a mão livre.

— Não posso negar que ele tem talento. -Gabrielle se aproximou dos dois e passou a mão nos cabelos do menino, bagunçando-os. — Tem a quem puxar. —Gabrielle sussurrou para que apenas a guerreira a ouvisse e deu uma piscadela despreocupada, Xena sorriu, entendia o que companheira estava tentando dizer. – Oi, Solan. –Gabrielle voltou sua atenção para o garoto agitado.

— Oi, Gabrielle. Espera só para ver, eu tenho um cajado igual ao seu! –Solan apontou para o cajado que a loira segurava com sua mão esquerda.

— É mesmo? Sendo assim, mal posso esperar para ver se está bem treinado mesmo. –Gabrielle fez cócegas no menino e o viu soltar uma gargalhada divertida.

— Esteve muito ocupado, não é? –Xena chamou a atenção do menino novamente. Não tinha muito tempo para falar com Solan, então tinha que saber aproveitar muito bem os momentos que lhe eram ofertados.

— É...

— Ele aprendeu muito. –Todos olharam para Kaleipus que estava perto da árvore de onde Solan deu seu salto.

— Com você como professor, não me admira. –Xena sorriu e deu alguns passos para frente para apertar a mão de Kaleipus. – É um ótimo professor. –Kaleipus sorriu com o elogio da amiga. Amiga. Mal podia acreditar que estava chamando Xena de amiga, depois de todas as coisas ruins que ela havia feito com o seu povo. Mas também foi ela quem lhe deu Solan, seu filho. Seria eternamente grato à Xena por ter Solan em sua vida. – Olá, Kaleipus. –Xena se distanciou do centauro com um sorriso em seu rosto.

— Xena, quanto tempo... –O centauro sorriu amigavelmente para a guerreira e se virou para Gabrielle para a cumprimentar também. – Nós as chamamos aqui porque queremos que testemunhem o pacto entre os centauros. –Kaleipus apertou a mão de Gabrielle.

— É uma honra ser convidada para tal evento. –Gabrielle sorriu se apoiando em seu cajado e Xena sorriu de acordo.

— O pacto é uma chance de darmos um futuro melhor para as nossas crianças. Os delegados trouxeram seus filhos, para que eles pudessem ver nascer um futuro de paz e esperança. –Kaleipus sorriu despreocupado, não sabia a dor que aquela palavra causou à loira que estava ao seu lado. Esperança. Esperança, seu bebê... sua filha, que ela jogou em uma cesta no rio, à sua própria sorte. Todos os dias quando dormia ela sonhava com o dia em que iria se reencontrar com Esperança novamente. Torcia para que sua filha estivesse bem e feliz, se negava a pensar na possibilidade de ela ser um instrumento maligno, como Xena havia sugerido no dia de seu nascimento. Como uma mãe poderia acreditar que seu bebê é um ser maligno?

— Então... o que estamos esperando? Solan, quero ver se você realmente está bem treinado. –Gabrielle cutucou o menino com a ponta de seu cajado, tinha um sorriso divertido em seu rosto. – Vamos lá, me leve até sua casa e me mostre o que sabe. –Gabrielle tinha um brilho desafiador em seus olhos, o menino sorriu, imaginava o desafio que viria, Gabrielle tinha muito mais tempo de experiência na arte da luta que ele, teria que dar o seu melhor para impressioná-la.

— Sei fazer muitas coisas, mas não quero machucar você. –Solan tinha um ar de orgulho em sua voz, queria passar confiança em suas habilidades.

— Me machucar? –Gabrielle deu uma falsa gargalhada. – Aposto que você não vai nem encostar o seu cajado em mim. Eu tenho muitas habilidades. –Ao ouvir sua habitual frase saindo dos lábios da loira, Xena se virou para ela e arqueou uma sobrancelha. Solan caminhou com passos firmes até Gabrielle, a pegou pela mão e entrou apressado para o interior da vila, deixando para trás uma Xena sorridente. O desconforto por se encontrarem agora sós, fez com que ambos passassem alguns minutos em silêncio, que logo foi quebrado pela guerreira.

— Kaleipus, eu quero que saiba que nada mudou... não vim aqui para levar Solan embora. –Xena voltou seu olhar para as costas do centauro e viu que Solan e Gabrielle já estavam entrando na cabana de Kaleipus. – Você é o pai dele, eu só estou aqui para dar a ele um futuro melhor. Mas graças a você só consigo enxergar um futuro cheio de paz e esperança. –Xena sorriu despreocupada.

A guerreira não sabia, mas perto dali uma menina com seus aparentes nove anos de idade, de cabelos loiros e olhos exageradamente azuis brincava com uma bola perto do rio de lava onde em tempos passados Xena confinou Callisto e Velasca. Ao brincar com a bola, a criança acabou a deixando cair em meio as pedras que impossibilitavam a saída do rio de lava, ela se inclinou sob os restos da antiga ponte que havia ali e notou que havia uma rachadura nas rochas, de dentro dela saia uma considerável quantidade de fogo. Sem nenhum aviso prévio, Callisto saltou de dentro da rachadura assustando a menina, que caiu no chão aos seus pés.

— Criança... sempre quis ter uma criança. –Callisto olhou para a menina deitada no chão com um brilho perverso no olhar, a menina retribuiu o olhar maldoso e sorriu como se tivesse acabado de ter uma ideia terrível.


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