Depois que as aulas acabaram, fomos para a casa dos gêmeos. Depois do incidente de hoje, Max não falou mais nada comigo. Eu espero que continue assim. Não estou afim de me preocupar com isso e muito menos de contar pra ninguém. 
-O que aconteceu hoje Jenny? Você ta tão estranha... – disse Tom enquanto eu me jogava na cama de seu quarto, ocupando todo o espaço. Bill se sentou na ponta da cama e Tom se jogou na poltrona que tinha ao lado da cama. 
-Nada... – eu disse tentando parecer indiferente. Mas eu sei que é impossível enganar esses dois. 
-Como nada? Você ta quieta... acho que até o Georg e o Gustav perceberam que você ta estranha. – disse Bill me olhando desconfiado. Eu levantei meu corpo e fiquei sentada. 
-Não é nada, eu já disse! – eu disse já um pouco irritada. Eu não queria mesmo contar pra eles. Afinal, eu acho que Max já parou por aí, então não tem necessidade de contar isso pra eles. 
-Ai, ta bom, ta bom... – disse Tom levantando as mãos como se estivesse se rendendo e Bill fez o mesmo. 
-Hm, já sei o que é. – disse Bill com um ar pensativo. Arregalei os olhos. Será que ele descobriu? Mas como? Não tem como ele saber... eu acho.
-O que é então? – disse Tom curioso.
-Ela ta de TPM! – Bill disse baixinho, como se aquilo fosse algo muito confidencial. Ufa, que bom que ele não descobriu. 
-Ih... melhor eu sair de perto... tinha esquecido de como a Jenny fica perigosa quando ta de TPM... – Tom se encolheu e estremeceu. Isso me fez rir e revirar os olhos.
-É, deve ser isso mesmo... – dei risada –Mas agora esqueçam minha TPM e vamos estudar, as provas começam semana que vem e hoje já é sexta-feira. – eu disse me levantando para pegar minha mochila. 
-Nossa, é verdade... pelo menos vamos ter o nosso professor particular né Bill? – disse Tom se levantando também e dando um tapinha no ombro de Bill que revidou com um tapa no braço de Tom. 
-Nem vem... eu não vou ficar servindo de professor pra vocês não... 
-Bill, você prometeu! – eu disse olhando pra ele com cara de dó. 
-Ah, nem pensar... eu disse de boca pra fora... não vou fazer isso. – ele cruzou os braços taxativo. Bufei. Quando o Bill coloca uma coisa na cabeça é quase impossível convence-lo. Mas eu sempre conseguia. Então cheguei perto dele e fiquei parada na frente dele com os braços cruzados, encarando-o, séria. Até que pulei em cima dele e comecei a fazer cócegas. Sim, Bill tem cócegas. E muita! 
-Sai! Sai! Sua idiota! Sai de cima de mim! – ele dizia isso em meio a muitas risadas. 
-Não vou sair até você falar que vai explicar a matéria pra gente! – eu disse rindo também e ainda fazendo cócegas nele. 
-Você ta jogando sujo! Para! Sai! 
-Eu já disse Bill, fala que vai explicar que eu paro! – ainda ríamos bastante e ele ficava se debatendo.
-Ta bom! Você venceu! Eu explico a matéria! Agora para, é sério! – ele disse finalmente se rendendo. Eu disse que eu sempre conseguia convencer o Bill? Então eu saí de cima dele e caí deitada ainda rindo. Ele fez o mesmo. Respiramos fundo, tentando parar de rir. 
-Acabaram? – disse Tom nos olhando sério. Nossa, que estranha essa atitude do Tom –Parem de graça e vamos estudar. Agora não é hora pra brincadeiras. – ele parecia um adulto falando desse jeito, o que me fez achar mais estranho. Bill até me olhou assustado, provavelmente estranhando essa atitude do Tom. Então todos ficamos em silêncio e pegamos nossos livros para começar a estudar. Tom também se sentou na cama junto com a gente. Passamos praticamente a tarde inteira estudando. Eu já estava com dor de cabeça de tanto ouvir falar de física, matemática e tudo mais... mas pelo menos eu entendi a matéria de física. 
-Eu odeio física! – disse Tom fechando o caderno depois de terminar o último exercício que Bill passou para ele treinar. 
-Eu também odeio e to cansada disso. – deitei minha cabeça no ombro do Tom e fiz bico. 
-Gente, física não é difícil! É divertido! – Bill disse como se física fosse a oitava maravilha do mundo. 
-Cala a boca Bill, física é o demônio! – disse Tom deitando a cabeça dele na minha. 
-Se vocês pensarem assim, vai ser mesmo. – Bill deu de ombros. Ouvimos batidas na porta.
-Entra! – Tom gritou sem se mexer. 
-Eu preparei um lanche pra vocês. Imagino que estejam com fome. – Simone disse isso sorrindo com um ar doce. Eu a adorava. Pra mim, ela era como se fosse minha segunda mãe. 
-Com certeza mãe, já estamos indo. – Bill disse sorrindo. Tirei a minha cabeça do ombro do Tom e me espreguicei. Nos levantamos da cama e fomos andando pra sair do quarto. 
-Obrigada por me explicar a matéria Bill! – eu o abracei por trás e dei um beijo na bochecha dele. Percebi que Tom nos olhava estranho de novo. O que será que deu no Tom? Será que ele ta... com ciúmes? Preciso dar mais atenção a ele também.
-Ta me devendo essa. – vi que ele deu risada. E eu também. 
-Você quer dormir aqui hoje? Amanhã é sábado... – disse Tom, do nada. Mas até que seria uma boa ideia, assim a gente pode estudar as outras matérias e claro, nos divertir. 
-Ah, por mim tudo bem... só preciso ir ali em casa pegar minhas roupas. 
-Ok. – então descemos, comemos o lanche que a mãe deles preparou. O Tom nem precisou avisar que eu ia dormir lá, pois a dona Simone que me convidou. Então fui pra minha casa, avisei a minha mãe e é claro que ela deixou, afinal sempre fazíamos isso. Bill e Tom foram comigo pra minha casa. Tomei banho no meu banheiro mesmo, pra ficar mais fácil. Arrumei minhas coisas e voltamos pra casa deles. Bill disse que ia tomar banho, então ficamos apenas eu e Tom no quarto. 
-Tom... posso te perguntar uma coisa? – eu disse me ajeitando na cama e ele fez o mesmo, prestando atenção em mim.
-Pergunte... 
-Por que você ta agindo estranho comigo e com o Bill? – eu já fui direto ao assunto. Eu precisava saber o motivo de ele estar agindo dessa maneira.