I’d never give you peace, Evans escrita por Fanfictioner


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Quando eu vi que havia sido sorteada com Peace, e que minha amiga secreta havia pedido Jily, que surtei!
Porque Peace é completamente sobre Jily, sobre o jeito maroto, mas cuidadoso e amoroso do James, e sobre tudo que envolve essa relação do maior enemies to lovers de Hogwarts.
Liv, espero muito que você goste do seu presente de amigo secreto, porque foi feito com MUITO carinho, e eu amei escrever essa one. Admiro muito sua escrita, xuxu, e foi um prazer conhecer você! Gratidão ao Pride por isso!

Chega de enrolar, aproveite seu presente! ❤❤❤



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Maturidade e James Potter eram duas palavras que demorariam a se encaixar, ao menos era o que todo mundo dizia.

Primeiramente porque, contando direito, James Potter já era um conjunto de duas palavras, e isso por si só já tornava todo o argumento falacioso. E segundo porque ele não acreditava que maturidade era um conceito único, simplista e instantâneo, que se conquistava de uma vez.

Na verdade, para seus conceitos, James já era maduro há pelo menos 4 anos.

Aos treze ele parou de misturar suas gravatas com as de Sirius no dia de lavar os uniformes, e sempre comparecia aos treinos de quadribol rigorosamente no horário, e isso era algum tipo de maturidade. Depois, aos quinze, ele se tornou animago, e estava presente em todas as luas cheias de Moony desde então, indo para as aulas no dia seguinte normalmente, mesmo cansado. Isso também era maturidade.

Por isso, nada no mundo era capaz de tirar James Potter do sério tão rápido quanto Lily Evans dizendo que ele devia amadurecer e parar de perder pontos para a grifinória, quando suas pegadinhas davam errado.

Ele era sim, muito maduro! E quem era Evans para dizer que ele não era? 

Evans podia ser bonita - para não dizer gostosa - e muito inteligente, e podia ser o enorme tombo de James desde o quinto ano, e a razão pela qual ele desenvolvera aquele tique irritante de arrumar o cabelo, mas ela não sabia de um terço das coisas para dizer que ele era imaturo. Principalmente, ela não sabia que ele era o novo monitor chefe da Grifinória.

— O banheiro é logo ali. - ele indicava para um garoto do primeiro ano, perdido e apertado.

— Eu seria grata se você fosse para sua cabine e não ficasse bloqueando o corredor, Potter.

— Evans. - ele cumprimentou sorrindo, as mãos subindo imediatamente ao cabelo. Sirius revirou os olhos ao lado dele, dentro da cabine que estava aberta. - Teve um bom verão?

— Nada mal. O seu?

— Divertido, muito divertido.

— Que bom. Hey, Remus! - ela acenou para Remus, que estava recostado contra a janela de vidro e com os pés sobre o assento vazio. - Pronto para o trabalho?

— Hey Lily! Ah, não. Não recebi o distintivo.- ele devolveu sorrindo manso. - Mas o Prongs recebeu.

A cabeça de Lily virou-se rapidamente na direção de James, incrédula. Brilhante e polido, estava ali para quem quisesse ver o distintivo de monitor chefe, cuidadosamente colocado sobre a veste, ladeado pelo de capitão do time de quadribol.

— É sério? - perguntou, incapaz de conter o espanto.

— Parece que Dumbledore anda caducando, né? Como escolher alguém tão imaturo quanto eu?

Sirius riu ao lado de James, divertindo-se com as engrenagens do cérebro de Lily que tentavam processar o fato de um maroto que não Remus ter sido nomeado monitor-chefe.

— Por que eu sinto que não terei um segundo de paz da parte de vocês quatro, esse ano?

— Não posso prometer nada. - ele respondeu, rindo e levantando as mãos em rendição. - Já encaminhei a maioria dos calouros, já está na hora da reunião, Evans?

— Ahm… sim. Eu vou… eu vou chamar alguns monitores novos. - Lily hesitou, encarando James com desconfiança. - Você tem a pauta?

Ele puxou um papel dobrado de dentro das vestes.

— Vejo você logo menos. - e saiu pelo lado oposto do corredor, deixando uma piscadinha e atrapalhando os cabelos uma última vez.

— Dois galeões que ela fica amiga do Prongs antes Natal. - apostou Remus, rindo.

— Dois galeões que ela e o Prongs se beijam antes do Natal. - corrigiu Sirius. - James é o filho da puta mais sortudo que já existiu!

***

A capa do Profeta Diário era capaz de jorrar sangue se torcida, e James fez a edição do dia desaparecer com um aceno de varinha no segundo que leu a chamada principal. Ele merecia ao menos um café da manhã sossegado antes de ler sobre atentados à famílias trouxas.

— Outra família trouxa assassinada? É o que, um rolê diário, agora? - resmungou Peter comendo uma colher de cereal, e os colegas ao redor o olharam julgando.

— Você é obtuso, Wormtail? - repreendeu Sirius, dando um tapa na cabeça do amigo. - Acho que Moony bateu forte de mais em você na última lua cheia.

— Sirius, por favor, fala baixo. - pediu Remus, revirando os olhos.

Então houve um amontoado ruivo e preto levantando às pressas da mesa e saindo correndo do Grande Salão, e James logo reconheceu que Lily tinha ficado afetada pelo que lera. Não era para menos, pessoas como ela estavam sendo mortas por um psicopata e as notícias não eram propriamente respeitosas com as vítimas.

— Aonde você vai? - Sirius perguntou quando James se levantou, pegando alguns biscoitos para levar. - Você nem comeu nada.

— A Evans. Ela não parece legal…

E de fato não estava. Lily não tinha ido longe, mas estava sentada em uma balaustrada do hall de entrada, com os pés para o lado de fora e as mãos no rosto.

— Ei, Evans… você tá legal?

— Estou. - murmurou com a voz embargada.

— Essa não me parece a voz de quem está bem. - insistiu, arrumando os óculos no rosto.

— Potter, por favor, agora não. O que você quer?

— Saber se está bem. Eu sou seu monitor, sabe? - ela deu uma risada em meio ao choro e James sentiu-se minimamente satisfeito.

— Estou bem, pode ir. 

— Não me convenceu. - ele se puxou para cima da balaustrada. - Biscoito?

— Não, valeu. - Lily esperou que James saísse, o que não aconteceu. - Pode ir já.

— Eu sei. Só não quero ir e deixar você chorando sozinha.

Lily sorriu, constrangida. Ela não era propriamente amiga de James, nem mesmo próxima, mas a convivência através da monitoria a fizera conhecer outros traços dele para além da arrogância, e às vezes algumas conversas até fluiam.

— E se eu quiser chorar sozinha, Potter?

— Infelizmente essa opção não está disponível hoje. Quer conversar? - ofereceu após algum tempo de silêncio. Era possível ouvir o barulho da aglomeração de alunos saindo para suas aulas.

— Não vai me deixar em paz, mesmo? - insistiu, arqueando uma sobrancelha.

— Sabe como é, íamos quebrar dois anos de tradição de eu encher seu juízo... 

Lily riu antes de se afundar em um silêncio constrangido, pensando de volta nas coisas que a tinham feito sair do salão aos prantos.

— Só estou com medo, Potter. Cada uma das capas, cada família. Podia ser eu, podiam ser os meus pais… parece que está em todo lugar, esse pânico, essa coisa horrível. - ela hesitou, se embolando e parando de falar, frustrada. Incapaz de verbalizar o que sentia. - Só estou com tanta raiva, e tanto medo.

— Eu entendo. - respondeu James depois de um longo tempo em silêncio. - Sei que a gente não é próximo, e tal. Mas se precisar conversar algum dia, sobre isso, eu estou aqui. Eu… eu quero ser auror, e acho que preciso ouvir desse lado humano para me lembrar das coisas que eu acredito também.

Ela apenas concordou com a cabeça, sem acrescentar coisa alguma, e ficaram em silêncio, James olhando para uns quadros no corredor, e Lily para o gramado verde dos jardins de Hogwarts.

— Tenho aula de poções agora.

— Ah, é. Eu também. 

— Eu aceitaria o biscoito agora. Ainda está disponível? - James riu, abrindo a mão para que Lily pegasse o biscoito de abóbora. Ela pulou da balaustrada e James teve o bom senso de virar a cabeça para não observar a saia dela subindo no processo. - Você vem?

— Vou, vou. - respondeu, sacudindo a cabeça e mexendo nos cabelos.

— Posso perguntar algo?

— Claro, vai em frente.

— Posso chamá-lo de James? É que Potter parece formal demais, e eu n- - ela enrubesceu enquanto falava, e James sentiu seu estômago despencar de uma maneira deliciosa.

— Pode! Pode, claro. Claro que pode. James, é… pode sim. Eu posso… Lily?

Ela concordou com a cabeça, mordiscando o lábio. As orelhas de James arderam e ele tirou os óculos para desembaçar as lentes.

— Legal, legal… ei, uhm… Lily?

— Que?

— A gente devia ir mais rápido, porque estamos tipo, atrasados.

— Nenhum segundo de paz com você, não é, Potter?

— Nenhunzinho!

***

— Eu acho que você deve dois galeões para mim, Moony. - comentou Sirius casualmente enquanto se arrumavam para as aulas.

— Nem vem! O combinado era sobre antes do Natal, não sobre o começo do ano seguinte!

— Qual a aposta da vez? - James perguntou, de frente para o espelho, ajustando a gravata sob o colarinho levantado da camisa.

— Que você e a Evans estão juntos.- retrucou ele com um sorriso sacana.

Houve um segundo de silêncio, em que James observou Sirius, e seu sorriso maldoso, através do espelho e então revirou os olhos.

— Acabou de salvar dois galeões, Moony. É óbvio que eu não estou com a Evans. Vocês acham que eu não teria contado?

— Acho. Acho sim. - Também Remus tinha um sorrisinho maldoso nos lábios, e as expressões dos amigos forçavam James a sorrir também. - Qual é, Prongs… admita!

— O que faz vocês pensarem isso, agora?

— Você está mais bem humorado. - disse Sirius.

— E anda dando uns perdidos na gente. - acrescentou Peter.

— E não esqueçam a gravata que achamos aqui.

Fazia coisa de uma semana desde que uma gravata perdida tinha sido achada embaixo da cama de James, e havia uma quantidade considerável de perfume feminino exalando dela. Ninguém soube o que James fizera com a gravata, mas toda vez que o assunto vinha à tona, ele ficava com as orelhas vermelhas.

— Juntando tudo isso ao seu penhasco pela Evans, é fácil deduzir… mas o chupão no seu pescoço também ajuda.

— Que chupão, Pads? - perguntou James, revirando os olhos. Os amigos, no entanto, o conheciam bem o bastante para saberem que ele estava nervoso. - Não tenho chupão nenhum!

— Ah, não? E esse aqui?

Sirius avançou sobre James, tentando puxar o colarinho da camisa dele para trás, ou mesmo desabotoar os primeiros botões, para ver a marca no pescoço do garoto.

— Sai! Sai, Sirius!

— Tira a camisa. 

— Não?!

— Tira, Prongs, anda! Se não tem nada aí, qual o problema?

— Não vou tirar, Wormtail! Estou… estou com frio.

— Claro, claro! - gargalhou Sirius. - Anda logo… mostra aí, a gente vai dar uma nota para a habilidade da Evans.

— Você não presta, Pads. - ele riu. - Não vou tirar nada.

— Ah, vai, Prongs! Tira a camisa logo. - insistiu Remus, puxando a gravata desamarrada de James.

— É assim que você faz com o Sirius? - provocou James rindo.

— Cala a boca! Anda logo… olha aí! Não disse! 

Na curva entre a clavícula e o pescoço de James havia uma marca arroxeada, com tons de verde e preto. Um hematoma categórico, nada relacionado ao treino de quadribol. Sirius deu um assobio de aprovação, enquanto Remus apenas riu da cara de James.

— Agora que os assediadores já viram meu corpo nu… eu posso me vestir?

— Evans, sua danadinha… - comentou Peter com um risinho enquanto arrumava os cabelos.

— Por Merlin, deixem a Evans em paz! Quando eu tiver algo com ela, eu assumo para vocês!

O que até então era uma brincadeira, tinha deixado James irritado, e ele saiu do dormitório com o mapa do maroto em uma mão, e a gravata tomada de Remus na outra, ajustando os óculos no rosto de maneira agressiva.

Quarta-feira era dia de patrulha dos corredores para os monitores chefes da grifinória, e James passou o percurso todo consideravelmente mais calado do que o normal, enquanto Lily tagarelou o caminho inteiro sobre sua poção da sorte - que estava cozinhando em fogo baixo há duas semanas nas masmorras.

— Você está calado, Jay… o que aconteceu? - ela perguntou quando retornavam à torre da Grifinória.

—Nada… não é nada. - ele sorriu para ela. - Quer dizer, nada sério… você está com pressa para voltar à sala comunal?

— Eu estou com frio, se isso responde sua pergunta. 

O estômago de James se revirou gostosamente com o sorriso que Lily deu para ele. Ele tirou a capa do uniforme e estendeu para Lily, alegando que seu suéter era quente o bastante para aguentar o vento do inverno.

— Mas eu também sou bem quentinho, se você estiver com muito frio, sabe? - James brincou, e Lily deu uma risada enquanto se aproximava dele, deixando que passasse o braço em torno dela e a puxasse para perto do peito. - Eu queria conversar…

— Não podemos conversar na sala comunal?

— Eu não queria pedir você em namoro na frente de todo mundo…

Levou apenas um segundo para que Lily se desvencilhasse do abraço dele e passasse a encará-lo com os olhos verdes arregalados. Havia pouca luz, e um archote no meio do corredor deixava uma sombra alaranjada no rosto dela.

— Como é?

— Você sabe que pode contar comigo, tipo, para tudo. E eu quero estar com você, Lily. Estar com você para valer… não sou de ficar falando isso em público porque… bem, é constrangedor, e eu não acho que amor seja o tipo de coisa para se ficar gritando por aí. Mas eu amo você, amo muito mesmo. Então… eu sei que você falou para irmos com calm-

— Eu aceito.

— Quê?

— Eu aceito! Claro, claro que aceito! - ela puxou James pelo pescoço e deixou um beijo terno e intenso na boca dele. O garoto gemeu de dor quando ela pressionou o hematoma exposto. - Uhm… vamos ter que dar um jeito nisso..

Ele riu enquanto abraçava Lily pela cintura e afundava seu rosto no cabelo dela.

— Você nem mesmo me deixou terminar o pedido… - resmungou com fingida frustração.

— Eu já sabia o que ia dizer.

— Não sabia, não!

— E o que você ia dizer, James? - ela perguntou revirando os olhos com humor, como se James fosse uma criança.

James limpou a garganta e falou com pompa, como se ainda não tivesse pedido Lily em namoro.

— Sei que disse para irmos com calma, mas eu não paro de pensar que quero encher sua paciência por muito tempo, Evans… é suficiente para você que, além do meu afeto, eu nunca dê um segundinho de paz à você?

Lily deu uma gargalhada diante da originalidade dele, deixou um beijo na bochecha de James e enroscou sua mão na dele. Quando chegaram ao salão comunal houve uma algazarra entre seus amigos, já que estavam saindo em segredo, e o namoro foi uma surpresa coletiva.

— Eu obviamente contaria se estivesse com a Evans. - implicou Sirius, mimicando James com uma careta e mostrando o dedo do meio para ele, que apenas riu. - Parabéns, Evans! Não vai ter mais paz!

— Não acho que alguma vez eu tive, estudando com vocês, Black. - ela riu, aceitando o carinho de James em seu cabelo.

***

Pads,

Escrevendo uma carta que sei que não vou enviar, porque você acharia idiota e me chamaria de emocionado, unicamente porque sinto falta de conversar com alguém. Lily não conta, porque quero falar dela…

Você lembra quando eu notei ela? Era o quê, final do quinto ano? Lily era tão íntegra e com a cabeça no lugar que nos fazia parecer um bando de animais (insira aqui uma piada sobre animagia… perdoe minha criatividade em falta, são quatro da manhã e agora só faço piadas de pai, aquelas sem graça).

Estava pensando naquela época… lembrei de um dia em que ficamos comentando sobre as garotas do nosso ano finalmente terem ganhado seios, e curvas no corpo, e como tinham ficado gostosas (adendo, você fingia muito bem ser hétero naquela época, viu?). A gente não valia nada, Pads… nem sei como Lily foi capaz de sequer aceitar ficar comigo da primeira vez. Tão babacas, tão… eca! Espero que Harry não seja tão troglodita.

O ponto é: eu estou com medo. Não vou admitir para Lily, mas estou. Não estou com medo por mim, eu enfrentaria Voldemort na primeira oportunidade! Sem varinha, se necessário! Mas estou com medo por ela, por Harry. 

Eu a amo, Pads… do fundo do meu coração. Eu a amo como amo você, irmão. Faria de tudo por ela, como já tive algumas chances, e não me imagino em um mundo sem ela. E agora que temos Harry… oh, droga! Estou emotivo… Com Lily existem aqueles silêncios bons, de compreensão, e ela me faz querer dar o meu melhor a ela. Ontem estava nublado e o humor de Lily estava péssimo, e eu quis ser capaz de dar um raio de sol para ela, só para que ela sorrisse, e fizesse Harry sorrir também (eu li isso, ficou muito brega, mas é verdade!)

Mas com tudo que tem acontecido, eu me pergunto se isso é suficiente. 

As pessoas acham que amor é sobre ficar demonstrando em público, mas, para mim, amor é ter certeza de que morreria por eles, se preciso. Não quero ser o herói de ninguém que não seja minha família. 

Vamos ler essa carta juntos, com você debochando de mim, e Harry rindo da cara do pai emocionado e piegas. Espero que esteja bem, Pads… e não esquente demais, Moony vai voltar à Inglaterra a tempo para o seu aniversário.

Vou tirar o sossego de Lily e levá-la para o quarto (porque Harry dormiu no colo dela no sofá novamente). Sabe como é, para não perder o costume.

Eu nunca poderia deixar a Evans em paz.

Com carinho,

Prongs em isolamento - dia 6 (30.10.1981)


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Notas finais do capítulo

Pessoas que não são a Li, vocês também podem comentar viu? Hahaha
Beijo! ❤❤❤