O passado é logo ali escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 5
Armada de Dumbledore


Notas iniciais do capítulo

Toda história merece um final. Se for feliz, melhor ainda! E há muito tempo devia este capítulo conclusivo aos meus amados leitores. Nada mais inspirador do uma noite de lua cheia próxima ao Dia dos Namorados para encerrar a fic que dá uma espiadinha no futuro de Ronald Weasley e Hermione Granger ❤



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Estavam todos sentados nos confortáveis sofás e poltronas da sala e falavam quase ao mesmo tempo. Ficavam sempre muito animados durante aqueles encontros anuais. Pareciam esquecer que já tinham mais de 60 anos e voltavam a ter o entusiasmo e a energia da adolescência.

No ano anterior, Luna e o marido Rolf participavam de uma missão de pesquisa e proteção de criaturas mágicas e não puderam ir ao tradicional almoço da Armada de Dumbledore. Os dois haviam seguido os passos do avó de Rolf, o famoso magizoologista Newt Scamander, autor do clássico “Animais Fantásticos e Onde Eles Habitam”.

— Até gostaríamos que Lysander e Lorcan tivessem outras profissões. Mas não escolhemos ser magizoologistas, são as criaturas mágicas que nos escolhem – garantiu Rolf ao falar dos filhos gêmeos, que estavam com 29 anos.

— Algum deles já encontrou uma companheira? - a pergunta partiu de Gina, uma entusiasta do casamento e das famílias numerosas.

— Estão casados com a magizoologia e pesquisando animais fantásticos que habitam o continente africano. Se seguirem o nosso exemplo, vão se casar depois dos 35 – Rolf se antecipou em responder.

— A paixão é algo bom e esquisito ao mesmo tempo. Parece que fomos picados pelo gira-gira. Primeiro nos sentimos tontos e depois começamos a levitar e ficamos fora da órbita deste mundo – Luna sempre tinha um modo peculiar de se expressar.

— Continuo levitando por você até hoje, Lunella mia – Rolf deu uma demonstração pública da sua paixão pela ex-aluna de Corvinal.

Gina reconheceu que havia vantagens em se casar depois de ter uma carreira profissional consolidada. “Mas não mudaria nada na minha história. Amo ter nove netos”, falou a avó-coruja. 

Enquanto eram solteiros, Tiago Sirius, Alvo Severus e Lilian Luna haviam participado de todos os encontros da Armada de Dumbledore. Agora o mais assíduo era o filho do meio, o único que ainda morava na Inglaterra.

Casado há 20 anos com a atriz bruxa norte-americana Lyna Wernar, Tiago morava em Nova York e atuava no Departamento dos Aurores dos Estados Unidos. Dois de seus filhos já haviam concluído a Escola de Magia e Bruxaria Ilvermorny. Theo, de 19, estava na academia de aurores e Adam, de 17, era guitarrista e vocalista de uma banda. As duas mais novas, Maya e Aria, de 14 e 12 anos, ainda estudavam.

 A caçula da família Weasley Potter atuava como goleira da seleção de quadribol do Canadá. Era casada com o ex-jogador e treinador Antoine Renaud, com quem tivera três filhos: Martin, de 16, Leonard, de 14, e Camille, de 11 anos. Todos eram estudantes da Escola de Bruxaria de Westminster, a mais tradicional daquele país.

 – Tiago e Lilian amam participar de nossas reuniões. Infelizmente, tinham compromissos profissionais. Falei para mandarem as crianças, mas elas também não puderam estar presentes – Harry lamentou a ausência da maior parte da sua família.

 – Que crianças, senhor Potter? Aria e Camille, as mais novas, já são pré-adolescentes – Gina balançou a cabeça e sorriu.

 – Não sei por que os netos crescem tão rápido assim! Eu me assusto a cada novo encontro com Claire. Ela é uma moça linda, mas tenho saudade daquela garotinha cheia de energia que vivia correndo pela casa. Sophie e Nami também estão aumentando de tamanho rápido demais. Nell já acha que é um rapaz, mas fico assombrado especialmente com o Fran. Ainda ontem ele era um bebê e não sabia falar – Ron arregalou os olhos muito azuis. 

— Ainda ontem? Ron, nosso neto caçula já está com 5 anos! – Hermione olhou complacente para o marido.

— Todos vocês têm motivos de sobra para se orgulhar dos netos, mas esse três, Nami, Nell e Fran, são mesmo especiais. E lindos! Vocês estão de parabéns, Ron e Hermione – foi a vez de Neville entrar na conversa.

Todos caíram na gargalhada. A amizade de Neville, Hannah, Ron e Hermione havia se solidificado desde que os seus filhos se casaram. 

— Fran hoje estava com uma inflamação na garganta. Fiquei preocupada, mas dei o medicamento certo e ele ficou curado rapidamente – Hannah comentou.

— Curado até demais. Está gritando de um jeito tão estridente que até achei que estava escutando um Fiuum  - Luna fez referência ao pássaro que podia levar as pessoas à loucura com seu canto.

Recebeu um olhar de reprovação dos quatro avós do garoto e tentou se corrigir. “Quando está sob o efeito do feitiço silenciador, o Fiumm é muito dócil e fofo”, Luna afirmou.

— Está por acaso querendo lançar um feitiço silenciador no meu neto? – Hannah franziu as sobrancelhas.

— Eu já pensei em usar esse feitiço quando queria ler meus livros e as crianças gritavam em coro – Hermione admitiu e todos, inclusive Hannah, caíram na gargalhada.

A medibruxa que conquistara o coração de Neville era muito amorosa. Cercava o marido, a filha, o genro e os netos de grande afeto. Não por acaso Hugo a considerava uma segunda mãe. 

Hermione inicialmente sentiu ciúme, mas depois entendeu que todo carinho do mundo ainda seria pouco para o seu filho tão querido. “Você é única e insubstituível, mãezinha, mas não tenho como não me afeiçoar a quem deu a vida à mulher que amo”, o rapaz explicou.

— Por acaso conhecem alguma poção para deter o crescimento? Acho que vou usar em Violet e Nathan – Harry falava dos netos mais novos, filhos de Alvo Severus, que estavam com 10 e 8 anos. 

— Se tivesse uma poção dessas, gostaria de tomar também. Eu me sinto uma adolescente presa no corpo de uma senhora de 65 anos – Gina deu uma gargalhada.

 – Não troca a Gina de 65 anos pela de 20. Você está cada dia mais linda, meu Amor - Harry aproveitou para elogiar a esposa.

 – Somos como vinho, ficamos melhores à medida que o tempo passa  - Neville garantiu.

 –Vocês estão inspirados, rapazes - Hannah sorriu.

 –A grande musa inspiradora da minha vida é você, minha açucena - Neville usou os seus conhecimentos de herbologia ao citar a flor conhecida por capacidade de cura e regeneração.

 –Sei não. Acho que estão ficando velhos e cafonas. Isso sim - Ron se pronunciou.

 –Só porque você tem a profundidade emocional de uma colher de chá, isso não  significa que nossos digníssimos cônjuges não possam ser românticos - Gina censurou o irmão.

 –Também sou romântico, não é, Mione? Mas não sou cafona - Ron se defendeu.

 – Não posso reclamar. Mas vamos deixar essa conversa para depois - Hermione ainda se sentia encabulada de falar publicamente de assuntos mais íntimos.

 –Depois faço as minhas declarações ao pé do ouvido - Ron deu uma piscadela para a esposa.

 –Quando os zonzóbulos entram pelos ouvidos e baralham o cérebro, o resultado é esse - Luna falou com sua voz etérea que agora era menos aguda.

 –Podem afetar também o estômago, causando uma grande fome - Rolf usou o bom humor.

 –Você tem razão. Já está na hora de almoçar. Vamos, Ron - a dona da casa ficou de pé e convidou o marido a acompanhá-la até a cozinha.

 Harry e Gina ofereceram ajuda, mas Hermione os dispensou da tarefa de aquecer os alimentos e levá-los à mesa. 

 Quando o casal de anfitriões chegou à cozinha, flagraram Rose e Scorpius num beijo acalorado. Ron pigarreou para avisar que estavam chegando. “Olá, sogro! Sogrinha…”, o herdeiro dos Malfoy fez uma referência para Hermione. “Estamos esquentando as comidas”, ele completou.

 –Sei. As comidas. Não sabia que a esquentavam assim - Ron fingiu censura.

 Gritinhos e risadas invadiram a cozinha. Os três filhos de Hugo entraram correndo com os gatinhos filhotes nos braços. “Estamos caçando gigantes”, o caçula anunciou.

 –Que ótimo, Fran. Vou ajudar vocês. Vi os gigantes correndo lá fora, perto do campo de quadribol - Ron pegou o garoto pela mão e foi seguido pelos outros dois netos.

 –Quero ajudar também! Sou ótimo caçador de gigantes comedores de gatinhos - Scorpius provocou o sogro e os sobrinhos, mas a sua verdadeira intenção era acompanhar o jogo de quadribol que acontecia naquele momento.

 Janeiro sempre foi um mês de temperaturas abaixo de zero em Londres, mesmo se raramente nevava. O aquecimento global, no entanto, vinha trazendo mudanças. Aquele dia estava frio, mas nada que um bom agasalho não resolvesse. Por isso era possível jogar quadribol no fim daquela manhã de inverno.

 –Acho que damos conta da cozinha sozinhas, não é mesmo, Rose? - Hermione falou de um jeito cúmplice para a filha assim que Ron e Scorpius saíram.

 –A comida já está quente, mãe. Quer que eu sirva à mesa? - Rose, aos 40 anos, era uma mulher linda, uma perfeita combinação genética dos pais.

 –Nem tivemos tempo para conversar, filha. Está tudo bem? - Hermione a olhou com aquele jeito atento que só as mães conseguem ter.

 Foi a oportunidade para Rose falar do recente trabalho na fronteira com a Irlanda, onde habitavam os remanescentes bruxos adeptos das artes das trevas. Apesar de atuar como instrutora da Academia dos Aurores, ela ainda era chamada para missões especiais.

 –A história do mundo bruxo é assim. Superamos dificuldades e conflitos, acreditamos que finalmente teremos uma convivência harmônica e pacífica, mas os embates voltam - Rose aprendera com os pais sobre a importância de trabalhar pela paz.

 Enquanto mãe e filha conversavam, a confusão no campo de quadribol estava armada. Nami, Nell e Frank entraram correndo, seguidos pelos três gatinhos, atrapalhando a defesa de Hugo. Não adiantou Ron gritar, pedindo para as crianças não interromperem a partida.

 De um lado do campo jogavam Jorge que, aos 68 anos, ainda se destacava como batedor, Alvo Severus, a esposa Harper, Violet, a filha mais velha do casal, e Claire. No outro estavam Angelina, Hugo, Alice, Sophie e Nathan que, apesar da pouca idade, era um excelente artilheiro. 

 Os times de quadribol oficialmente são compostos por sete jogadores, mas fizeram uma adaptação e jogavam com dois artilheiros, um batedor, um goleiro e um apanhador. Jogavam! Agora a partida estava simplesmente arruinada.

 Hugo, que amava quadribol, ficou muito zangado com os filhos e ameaçou deixá-los de castigo por um mês. Ron fez a defesa dos netos. “A culpa foi minha. Falei que os gigantes tinham invadido o campo. Mas tenho uma boa notícia. O almoço já está sendo servido”, ele garantiu.

 –Tio, a partida terminou em boa hora. Estou morrendo de fome - Alvo, que era muito próximo de Ron, o abraçou enquanto caminhavam para a sala de jantar.

 Medibruxo muito respeitado na comunidade mágica, Alvo Severus havia se casado com Harper Abbott, sobrinha de Hannah. Ela seguiu os passos da tia e, ainda recém-formada, se destacou como medibruxa no Hospital St. Mungus. Foi lá que ela e Alvo se conheceram. A paixão aconteceu de forma instantânea e intensa. Depois de 12 meses de namoro já eram marido e mulher.

 Alvo, que estava casado há 14 anos com Harper, sempre frequentou muito a casa dos Granger-Weasley. Tinha uma forte amizade com Rose e Hugo e se aproximou especialmente de Ron no período que o primo morou no exterior. 

 –Hugo precisa descobrir o lugar dele no mundo mágico. Eu, como filho de Harry Potter, sei o quanto pesa sobre nós o fato de ter pais tão famosos - Alvo Severus fazia questão de dizer para o tio.

 Todos logo se sentaram à mesa. Aquele era o momento mais barulhento e alegre dos encontros da Armada, quando relembravam e contavam histórias do tempo de estudantes em Hogwarts para a segunda e terceira gerações. Os treinamentos do antigo grupo, liderados por Harry, eram detalhados à exaustão.

 Quando já estavam quase concluindo a refeição, que foi muito elogiada por Luna, a segunda geração começou a fazer perguntas constrangedoras. 

 –Quer dizer que você e mamãe treinavam juntos e não tiveram um flerte naquela época? - o questionamento partiu de Alice.

 –Eu já tinha preocupações demais. Não era nada fácil aprender os feitiços contra a Arte das Trevas. Precisei vencer muitas inseguranças até estar pronto para me apaixonar. Mas sempre achei Hannah linda - Neville confessou e recebeu em troca um sorriso aberto da esposa.

 –Mãe, você e papai…

—Não me pergunte daquela época, Alvo Severus! - Gina cortou a fala do filho.- Não gosto de lembrar que seu pai estava com outra pessoa.

—Mas você também não estava sozinha, Ginevra - Harry tentou se defender mas parou por ali ao ser fuzilado pelo olhar da esposa.

—Já entendi. Não precisamos mais falar sobre isso - Alvo achou melhor intervir antes que os pais começassem a se degladiar.

—Nem vou perguntar se nossos pais brigavam nesse período - Rose falou baixo para Hugo, mas foi ouvida.

—Roniquinho jamais, em tempo algum, foi ciumento, inseguro ou explosivo. Nunca vi meu irmãozinho xingar, bufar, espumar ou elevar a voz. Mionizinha, com a sua tão peculiar candura, nunca agiu de forma autoritária, gritou ou fez magia avançada para prejudicar alguém. Não acreditem se disserem que ela conjurou pássaros para usá-los como armas - Jorge implicava com o casal há cinco décadas e não pretendia parar.

—Jorge, meu querido irmão, esses dois adolescentes confusos que descreveu ficaram no passado. Somos um casal feliz e apaixonado - Ron apostou na conciliação.

—O passado é logo ali, Roniquinho. Sempre voltamos à nossa essência - Jorge não desistia. 

—E a sua essência é ser implicante, não é mesmo, Jorginho? - Angelina puxava as orelhas do marido quando ele exagerava nas brincadeiras.

—Devia ter trazido os meus espectrocs para identificar os zonzóbulos que estão rondando por aqui - Luna sempre seria Luna.

—O que são espectros e zonzóbulos? - a pergunta partiu de Sophie, a filha mais nova de Rose e Scorpius.

—Zonzóbulos são criaturas invisíveis que só podem ser vistas quando usamos os espectrocs, uma espécie de óculos de lentes coloridas. Os zonzóbulos entram pelos ouvidos e perturbam a cabeça das pessoas, que começam a falar um monte de besteira - a explicação veio de Violet que sonhava em ser auror e conversava muito com o avô Harry.

—Acho que tem muitos zonzólus aqui - Fran parecia distraído, mas ouvia toda a conversa dos adultos.

— São zonzóbulos! - Nell corrigiu o irmão mais novo. - Mas você está certo. Eles estão aqui e entraram nos ouvidos dos adultos.

—E das crianças também. Vocês dois vivem falando besteira - Nani, como toda primogênita, gostava de enquadrar os irmãos mais novos.

— A perturbação não é duradoura. Todos podemos ficar tranquilos - Rolf jamais contrariava a esposa.

—Por isso é que não perco esses encontros da AD. Vocês são muito divertidos - Hugo, que era de poucas palavras, comentou.

—Concordo, Amor, esse é um dos dias do ano mais esperados por mim - Alice sorriu de modo cúmplice para o marido.

— Deviam convidar meu pai para participar. Ele está precisando de um pouco de diversão - Scorpius tentava sempre enturmar Draco com os ex-colegas, mas essa não era uma tarefa fácil.

—Acho que vovó Draco não gostaria de participar de um encontro da Armada de Dumbledore. Mas com certeza aceitaria ir numa reunião com os antigos alunos de Hogwarts - foi a vez de Claire se pronunciar.

—Convidaremos Astória e Draco para um jantar, com certeza - Hermione respondeu para a neta.

—Os zonzóbulos podem entrar nos ouvidos dos gatos?Aqueles três não param de gritar - Nathan voltou a falar das invisíveis criaturas ao ouvir os filhotes miar.

—Não são zonzóbulos. É fome mesmo. Ron, você esqueceu de alimentar os gatinhos? - Hermione cruzou os braços e encarou o marido.

—Esqueci mesmo, meu Amor. Você pode servir a sobremesa enquanto cuido deles? - a gentileza de Ron na maturidade ainda surpreendia Hermione.

—Vou ajudar você, vovô - Claire se levantou para acompanhar Ron.

Os três netos mais novos também quiseram seguir o avô, mas Hermione os convenceu a ficar para experimentar as deliciosas sobremesas.

Depois de servirem a ração para os três gatinhos na sala do segundo andar, Ron e a neta sentaram no sofá em frente ao aparelho de TV. Desde o recesso do meio do ano, quando a garota passou alguns dias com os avós, eles não tinham voltado a conversar. 

—E aquele garoto alemão? Já desistiu dele, né? - Ron não tinha muito jeito para falar de questões sentimentais.

—Garoto alemão?! Vovô! O avós paternos dele eram alemães. Bernie nasceu na Inglaterra. E, para a sua decepção, não desistimos um do outro. Na verdade, estamos namorando - ela preferiu contar de uma vez.

Ron tentou parecer indiferente, mas o arregalar de olhos denunciava a surpresa dele. Era muita novidade saber que a sua neta mais velha, a sua garotinha, estava apaixonada e namorando.

—A sua mãe sabe disso? - ele fez a pior pergunta possível.

—Sim, mamãe e papai sabem. Bernard, inclusive, já foi lá em casa. Ah, e já contei também para a vovó Hermione na carta que mandei para ela…

—Os seus avós Draco e Astória também já sabem? Pelo visto sou o único que não sabia…

—Quis te contar pessoalmente, vô. Para de drama - ela sorriu e recebeu em troca a sonora gargalhada do avô da qual tanto gostava.

—Se não tem jeito, traga esse tal de Benjamin aqui. Como diz o ditado trouxa, quando não se pode vencer os inimigos, o melhor é juntar-se a eles - Ronald Weasley adorava provocar a neta.

—O nome do meu namorado é Bernard e não Benjamim. E que história é essa de inimigo? Para de achar que todos que se aproximam das garotas da família são comensais da morte - ele cruzou os braços e olhou para o avô de um jeito severo.

—É, eu sei, sou ciumento com minhas meninas. Acho que nenhum cara é suficientemente bom para elas. Mas estou tentando mudar há 49 anos, desde que comecei a namorar a sua avó - ele sorriu para neta.

—Não desista, vovô. O senhor está indo bem - Claire abriu o seu belo sorriso.

Ron deu uma gargalhada antes de voltar a perguntar se os avós paternos da garota sabiam do namoro dela. “Pode ser que papai tenha contado, mas não falei sobre isso com os dois”, a garota garantiu.

—Não conversamos de assuntos muito sérios. Vovô Draco pergunta apenas como vou no quadribol e vovó Astória só quer falar sobre moda, viagens e estudo. Você e vovó Hermione são os únicos que perguntam sobre os meus sentimentos - ela amava os quatro, mas era mais próxima dos avós maternos.

—Por falar em sentimentos, lembro que você e Bernard se desentendiam muito - Ron ganhou um sorriso da neta ao acertar o nome do rapaz.

—Continuamos pensando de formas diferentes sobre muitos assuntos. Mas Bernie já se convenceu que precisa atuar como bruxo para fazer as mudanças que deseja na sociedade - Claire contou com orgulho.

—Como uma namorada especial assim, ele vai se tornar um bruxo cada vez melhor, tenho certeza. Agora venha aqui abraçar o seu velho avô - a garota logo o envolveu com o afeto e recebeu um beijo afetuoso no topo da cabeça.

O som de passos na escada anunciou que chegava alguém. Hermione entrou na sala trazendo dois pratinhos com doces em uma bandeja.

—Ah, vocês estão aí! A conversa deve estar muito boa. Esqueceram até da sobremesa - ela se aproximou dos dois.

— Você é perfeita, Amor. Achei que nossos queridos e esfomeados visitantes tinham devorado tudo - ele pegou a bandeja da mão de Hermione e a colocou na mesinha de centro.

—Separei os primeiros pedaços para vocês - ela sorriu ao ver que avô e neta, que amavam doces, já estavam devorando felizes as sobremesas.

Hermione anunciou que Luna e Wolf voltariam ainda hoje para a Finlândia. Eles passavam pelo menos metade do ano fora da Inglaterra pesquisando criaturas mágicas. “Já avisaram que logo vão embora. Seria bom descermos para nos despedir deles”, Hermione enfatizou.

—Estamos concluindo nossa conversa. Senta aqui um pouco com a gente - Ron se afastou na poltrona para dar lugar para a esposa.

—Qual era o assunto dessa conversa tão animada que fez vocês esquecerem da sobremesa? - ela colocou as mãos na cintura antes de se sentar.

Claire contou que conversavam sobre o namoro dela com Bernie. E, sim, claro, o avô sentiu ciúmes, repetiu que nenhum rapaz era suficientemente bom para as suas meninas, mas já aceitara o inevitável.

—Nossa neta é exigente, tem o sangue Granger - Hermione sorriu. - Não escolheria um rapaz que não fosse especial. Vocês não brigam muito, não é mesmo?

—Não brigamos. Nunca. É verdade! - enfatizou ao ver os olhares incrédulos dos avós. - Bernie é muito pacífico e diz que, se for para brigar, melhor é não namorar.

—Essa geração é melhor que a nossa. São mais evoluídos - Ron sorriu para a esposa.

—Nós também evoluímos, meu Amor. Quase não brigamos mais - ela sorriu e recebeu em troca um selinho do marido.

O sol já tinha se posto quando Hugo, Alice e os filhos foram embora. A família Longbottom-Weasley tinha sido a primeira a chegar e foi a última a sair.

Depois de passar tanto tempo longe dos pais, o caçula os visitava quase diariamente. Chegava sem avisar e, em geral, não demorava. Queria simplesmente dar um beijo e abraço neles. No fim de semana, sempre levava as crianças para passar um tempo com os avós.

Hugo e Alice ajudaram a lavar as louças e colocar tudo no lugar antes de se despedir. Os três gatinhos, depois de um dia de muitas atividades com as crianças, estavam exaustos e dormiam perto da lareira. Hermione finalmente se sentou para descansar e ler um livro na sua aconchegante biblioteca. Ron percebeu que a esposa precisava ficar um pouco sozinha e subiu para assistir um jogo de futebol na TV.

Duas horas depois, Ron entrou na biblioteca trazendo dois cálices de vinho, entregou um deles para Hermione e se sentou ao lado dela.

—Um brinde à maravilhosa anfitriã da Armada de Dumbledore, a mais poderosa bruxa do universo - ele sorriu quando as duas taças se tocaram ecoando o som característico do cristal.

— Mais poderosa do universo? Você está exagerando, como sempre - ela deu um gole no vinho antes de abrir um sorriso.

— Claro que não é exagero. Estou preso em seu feitiço desde que tinha 14 anos - ela o olhou com censura ao ouvir essas palavras.

— Então você é mais poderoso. Me enfeitiçou aos 11 anos de idade - Ron arregalou os olhos  quando escutou a resposta da esposa, deixando mais evidentes as marcas de expressão da testa.

O bruxo se levantou com pressa, passou a taça para a mão esquerda e ofereceu a direita para Hermione. “Vamos?”, sorriu enquanto fazia o convite.

—Vamos para onde? Não estou querendo sair de casa - ela fingiu não entender.

— Esqueceu o que combinamos hoje de manhã? Vamos terminar de tomar esse vinho na banheira, que já enchi com água quentinha - Ron a olhou de um jeito sedutor.

—  Para que tanta pressa? Temos a noite toda para nós dois - Hermione sorriu e se levantou, dando a mão ao marido.

Os dois subiram as escadas de mãos dadas. Sentiam o enamoramento do tempo de recém-casados, quando o mundo parecia desaparecer e só existiam um para o outro. Mas esse enamoramento agora era mais sereno. A paixão não tinha ficado no passado. Havia se renovado a cada dia. Aquele futuro de amor sonhado juntos era o presente de Ron e Hermione.

 

 F   I   M    =)




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Notas finais do capítulo

Eu fui feliz escrevendo e espero que tenham apreciado a leitura. Em tempo: comentários me inspiram a contar mais histórias ❤❤❤

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