Sorte escrita por Lady Anna


Capítulo 1
Sobre futebol, amor e rivalidade


Notas iniciais do capítulo

Oieee Scorose stans! Tô feliz demais por estar finalmente postando essa fic.
Como vocês devem ter visto, ela faz parte do Amigo Secreto da Sociedade Secreta Scorose e, por isso, eu vou deixar nesse espaço aqui um pequeno recadinho pra minha amiga secreta haha.

Cara amiga secreta,
Eu amei escrever essa fic e fiquei muito feliz com o resultado! Espero, realmente, de coração, que tu goste❤ Tentei ao máximo seguir tudo q você pediu e acrescentar algumas coisinhas também e foi isso aqui que saiu.

Enfim, beijinhos e boa leitura a todos!



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—E o juiz apita pela última vez! Fim de jogo: Sonserina 2; Grifinória 1. –A voz de Jordan soou levemente abatida. –Comentários com Rose Weasley.  

Rose bebeu um último gole de água e limpou a garganta, antes de aproximar a boca do microfone a sua frente. 

—A Sonserina jogou bem, com alto nível técnico, o que é uma cortesia do novo astro de time: Scorpius Malfoy. –Ela revirou os olhos, o que provocou uma risadinha em Jordan. Rose quase bufou, mas deixou de fazê-lo ao lembrar onde estava. Seu trabalho na rádio da faculdade da Grifinória, na qual apresentava um podcast esportivo toda semana, era mais importante do que sua rivalidade com o Malfoy. Não é que o odiasse, simplesmente não gostava. Só. E isso não tinha nada a ver com o fato de que o loiro implicava com o seu tamanho e puxava as trancinhas dela quando crianças, como seu primo Albus presumia. Realmente não tinha nada a ver com isso. 

—Então diga-nos Rose, a Sonserina mereceu a vitória? 

—Como eu estava dizendo, a Sonserina estava bem na partida, assim como a Grifinória. Para termos noção de quanto disputada estava a partida, foram oito chutes a gol da Grifinória e seis da Sonserina, só no primeiro tempo. O empate seria um resultado justo. –Concluiu. 

—E o que você nos diz da arbitragem do jogo? 

—Na minha opinião, o juiz se perdeu um pouco no segundo tempo. –Rose ponderou as palavras que diria, afinal, por mais que quisesse gritar o quanto o jogo foi roubado, ela não queria perder o emprego na rádio. –Aquele pênalti que resultou no segundo gol da Sonserina, por exemplo, foi um lance normal do jogo, no qual a penalidade não deveria ser marcada. Além disso, aquela entrada que o Mulciber deu no Potter foi passível para expulsão, mas o juiz não deu nem falta. Portanto, a arbitragem interferiu, negativamente, no resultado final. 

—E sobre os jogadores? Qual foi o destaque da partida? –Jordan lhe lançou um olhar sarcástico. 

Rose revirou os olhos.  

—Apesar de James Potter ter feito um jogo espetacular e marcado o gol da Grifinória e do goleiro da Sonserina, Peter Cawbrey, ter defendido diversas bolas difíceis durante o jogo, é impossível dizer que o destaque da partida não foi Scorpius Malfoy. –A ruiva bebeu mais um gole de água. Sua garganta estava estranhamente seca. –Além de marcar os dois gols do time, o Malfoy conseguia administrar a bola com evidente facilidade e fez jogadas fenomenais, como uma caneta, o que, na minha opinião, foi o lance mais bonito da partida. 

—Ok, muito obrigado Rose. E agora vamos falar com nossa jornalista em campo: Barbara Myers.  

Enquanto Jordan falava, Rose dirigiu seu olhar até o campo e não se surpreendeu nem um pouco ao ver que quem Myers escolhera para entrevistar fora o Malfoy. Do ponto de vista técnico fazia total sentido, porém tinha certeza que a garota só o escolhera porque era a fim dele. Ela e todas as outras garotas do campus da Grifinória, da Sonserina e de todas as outras faculdades da região.  

Rose foi arrancada de seus pensamentos ao ouvir o Malfoy responder as perguntas que Myers lhe fizera. 

—Sim, eu acho que nós jogamos bem e o resultado favorável foi fruto do esforço coletivo da equipe. Mas isso não quer dizer que o torneio está ganho, a Grifinória é um grande time e tenho certeza que eles vão buscar o resultado no próximo jogo. 

—E se você já tem alguma comemoração em mente, caso ganhem o campeonato? –Ela perguntou, com um sorriso malicioso estampado no rosto. 

—Ah...hã... –As bochechas do Malfoy tingiram-se de vermelho e ele levou uma das mãos à nuca, constrangido. –O time com certeza fará uma festa, mas, além disso, eu realmente não sei.  

Myers soltou alguns risinhos histéricos, o que fez o Malfoy abrir um sorriso de lado, realçando as covinhas. Rose revirou os olhos e desviou a atenção para o equipamento a sua frente. Ver o Malfoy e a Myers flertando não era algo que prenderia sua atenção. Pegou sua bolsa e o notebook e deu um aceno de cabeça para Jordan, que agora se despedia do público. Do lado de fora da sala, Fred e James a esperavam, ambos com expressão insatisfeitas. 

—E aí? Vamos afogar as mágoas onde? 

—No Bear's. –Afirmou Fred, pegando a chave do jipe e girando-a no dedo indicador. 

—A cerveja de lá é a mais aguada possível. –Reclamou Rose. Apesar de ser um dos mais famosos bares esportivos da cidade, o Bear's tinha uma qualidade muito baixa para as bebidas. 

—Tenho treino amanhã, Weasley. Quanto mais aguada a cerveja melhor. –James, como capitão do time, se sentia mais responsável que os outros pela derrota, o que gerava o imenso mau humor. 

—Vocês vão acabar com a Sonserina no próximo jogo, eu apostaria 50 libras nisso.  

—Eu aposto o dobro que vocês não têm nenhuma chance. –Rose virou-se rapidamente e apertou os olhos ao ver o Malfoy com uma calça preta e o moletom da Sonserina, o cabelo ainda molhado do banho recente. 

—E aquele papo de que a Grifinória é um grande time? –Perguntou Fred, cruzando os braços em frente ao peito. 

—Espírito esportivo. –Ele abriu um sorriso sarcástico. –Aliás, sem ofensas, claro. 

—Claro. –Repetiu Fred, sem muita convicção. 

—Eu não me vangloriaria por esse jogo, Malfoy. –A fala de Rose atraiu a atenção dele, que a analisou por alguns instantes antes de levantar uma sobrancelha, interrogando-a. –Não foi um jogo honesto, você sabe disso. 

Os ombros dele ficaram rígidos e, pela expressão em seu rosto, Rose percebeu que o Malfoy não concordava com a arbitragem irregular. Por fim, ele comprimiu os lábios enquanto respondia: 

—Isso não tem nada a ver com nenhum dos nossos jogadores. 

—E com seus pais, Malfoy? –Exigiu James, o corpo todo emanando raiva. –Garanto que o famoso ex-jogador Draco Malfoy não teve nada a ver com o resultado favorável para vocês. 

—Não fale da minha família, Potter.  

—Não fale do meu time, Malfoy. 

Com um último olhar cortante na direção de James, o Malfoy acenou para eles e começou a seguir o caminho oposto, não sem antes piscar para Rose, o que fez a ruiva ficar vermelha. De raiva, obviamente. 

—Você está saindo com o Malfoy? – Perguntou James assim que eles entraram no carro. Rose colocara um rock qualquer para tocar e ele cantarolava baixo, a tensão aos poucos abandonando sua feição. 

—É claro que não. –Bufou Rose. –Eu nunca vou sair com ele.  

—Seria poético. –Começou Fred e, diante do olhar cortante de Rose, ele sorriu ainda mais. –Vocês seriam o Romeu e Julieta versão futebol universitário. 

—Definitivamente não. –Garantiu Rose. 

—×- 

Rose Weasley não gostava de atrasos. Ela aceitava cinco minutos ou dez, com um bom motivo. Quinze se a pessoa ligasse ou mandasse uma mensagem. Trinta se o tempo ou o trânsito estivessem ruins, afinal era impossível prevê-los. Mas quarenta minutos? Não, completamente imperdoável. A pontualidade era uma grande virtude e, claramente, Lizzie Wood não a possuía. 

A ruiva conferiu o celular mais uma vez e, como esperava, Lizzie não mandara nenhuma mensagem explicando-se, o que a fez bufar. Elas estavam no segundo período da faculdade de jornalismo e deveriam fazer juntas uma pesquisa sobre os meios de comunicação. Teoricamente, algo prático, porém já estava irritada com o atraso da colega e sua cabeça doía devido ao excesso de cafeína que bebera enquanto a esperava. 

Sentindo um olhar queimar em si, olhou ao redor e encontrou o olhar penoso da única atendente daquela pequena lanchonete no centro de Londres. Incomodada com o olhar, Rose desviou os olhos para o lado de fora da lanchonete, constatando que uma fina garoa começava a cair. Ótimo. Além de levar um bolo de Lizzie ainda teria de sofrer as consequências do tempo instável da capital inglesa. Irritada, chamou a garçonete com um curto aceno. 

—A conta, por favor.  

A garota voltou rapidamente para trás do balcão e começou a mexer no caixa, parecendo ansiosa para se livrar de Rose. A ruiva não a culpava, afinal sabia o quanto poderia parecer assustadora quando estava irritada. Ela conferiu os stories do Instagram enquanto esperava e sentiu-se ainda mais irritada ao ver que seu time de futebol perdera o jogo daquela noite.  

Largando o celular sobre a mesa, Rose olhou na direção da garçonete, impaciente para sair dali. Entretanto, o olhar da atendente não estava focado nela ou no caixa e sim na porta da lanchonete. A boca levemente aberta e as bochechas rubras da garota deixaram-na um pouco receosa do que encontraria ao olhar para a entrada. 

—Ai Meu Deus! –Gemeu.  

Naquele instante, ela gostaria de desaparecer, sumir dali e aparecer em seu aconchegante apartamento a algumas quadras dali. Porém, seria literalmente impossível fugir antes que Scorpius Malfoy entrasse naquela lanchonete.  

Ele entrou e sacudiu os cabelos loiros, fazendo algumas gotas de água voarem a sua volta. A garçonete suspirou alto, o que atraiu a atenção do loiro que abriu um sorriso. Por mais que o considerasse irritante e convencido, Rose não podia negar que Scorpius era bonito: os cabelos loiros combinavam perfeitamente com o sorriso de lado e os olhos maliciosos. Para complementar, ele usava uma jaqueta de couro que o deixava com ar de um perfeito bad boy. 

Scorpius olhou na direção das mesas e seus olhos se encontraram com os de Rose, o que o fez abrir um sorriso ainda maior. Apesar de ter desviado os olhos, a ruiva teve certeza do momento exato que ele chegou na mesa, afinal o cheiro amadeirado era inconfundível. Não que ela conhecesse o cheiro dele, mas já passara, contra a sua vontade, tempo demais com ele em jogos de futebol. 

—Hey, Rose! –Sem esperar por um convite, Scorpius se sentou a sua frente. –Como você está? 

—Ótima. –Grunhiu em resposta. 

—É mesmo? –O tom sarcástico e a sobrancelha arqueada irritaram profundamente Rose. –Não parece. Na verdade, você parece estar bastante irritada. 

—Ora, ora, temos um Sherlock Holmes aqui. –Ele inclinou a cabeça ao ouvir a resposta atravessada, parecendo se divertir imensamente com a situação. Aquilo despertou nela uma vontade absurda de provocá-lo. –Você sabe quem é Sherlock Holmes, Scorpius? Ah, provavelmente não. Mas tudo bem, deve ser difícil acompanhar a literatura quando não se sabe ler. 

—Pra sua informação, Doyle é um dos meus autores preferidos. –Ele pegou o cardápio e avaliou-o despreocupadamente. –Aliás, você fica maravilhosa quando está nervosa. Suas bochechas ficam mais vermelhas que seu cabelo. 

Diante do comentário dele, Rose sentiu as bochechas ainda mais quentes. Era aquilo que a irritava no loiro: os flertes. Scorpius flertava com ela há anos, porém a ruiva nunca sabia se os comentários eram sérios ou se ele só queria tirar uma com sua cara. Com certeza, a segunda opção era a mais provável. 

Sentindo o celular vibrar em seu colo, Rose o pegou e confirmou o que já imaginara: Lizzie não viria porque a chuva estava mais forte na parte de Londres em que ela morava. Esquecendo-se momentaneamente do Malfoy, Rose bufou alto, o que atraiu a atenção dele. 

—O que foi? Levou um bolo? –O que mais a irritava era o fato do sorriso de lado nunca sair do rosto dele. –Pela sua irritação foi uma confeitaria inteira. 

—Estou morrendo de rir, Malfoy. –Ela revirou os olhos e guardou o celular dentro da mochila. Precisava sair dali o mais rápido possível. –E eu não levei um bolo, estava esperando uma colega da faculdade para fazer um trabalho. Se me der licença, eu preciso ir... 

Antes que Rose pudesse se levantar, a garçonete, agora milagrosamente bem humorada e sorridente, chegou até a mesa deles, se dirigindo ao Malfoy: 

—Ah, ainda bem que você chegou! Pensei que a pobre garota ia ficar aqui sozinha! Nós já estávamos preocupadas. –Nós? –Mas enfim, o que vão pedir? 

—Ele não... 

—Eu não a abandonaria em um encontro. –Scorpius lançou a Rose um sorriso que deixava suas covinhas em evidência. –Eu vou querer um pudim de chocolate, um croissant e um café sem açúcar, por favor. E você, Rosie? 

—Eu não vou querer nada, obrigada. –Diante do olhar atento do Malfoy e da atendente, ela se levantou. –Obrigada, mas eu tenho que ir agora e... 

—Ah, não! –A garçonete levou as duas mãos ao rosto, parecendo horrorizada. –Eu sei que ele está atrasado, mas garanto que ele se esforçou para chegar aqui na chuva. Além disso, depois do tempo esperando garanto que você está com bastante fome. –Como um traidor, o estômago de Rose roncou alto. A garçonete a olhou, triunfante. –E então, o que vai querer? 

—Cookies e chá, por favor. –Com um suspiro cansado, Rose se sentou novamente na cadeira e olhou na direção do Malfoy, flagrando-o com o costumeiro sorriso de lado no rosto. –Isso aqui não significa absolutamente nada, entendeu? 

—Sim, senhora.  

Após comerem com o máximo de silêncio que conseguiram, o que não era muito já que o Malfoy tentara conversar com ela durante todo o tempo, Rose concluiu que aquela tarde fora mais estranha que o normal. Afinal, ele claramente não gostava dela, gostava? Então, por que lhe fazer companhia e puxar assunto? Não fazia sentido. 

Pronta para ir embora, Rose se despediu dele com um baixo tchau e um acesso de cabeça, saindo da lanchonete em seguida. Entretanto, assim que saiu do estabelecimento, se arrependeu amargamente de ter ficado um pouco mais, afinal a fina garoa transformara-se em uma chuva consideravelmente forte, o que significava que Rose chegaria encharcada em casa. Ótimo. 

Enquanto procurava uma forma de proteger sua mochila da chuva, Rose escutou a porta se abrindo e viu um sorridente Malfoy saindo de lá. 

—A chuva aumentou. –Ele constatou, enquanto se encostava na parede e observava Rose. –Sua casa é longe daqui, não é? Quer uma carona? 

Ela lançou-lhe um olhar cortante enquanto apontava um dedo para ele. 

—Isso é tudo culpa sua! 

—Minha? Não sabia que eu tinha a capacidade de fazer chover. 

—Não me venha com gracinhas, Malfoy. Se você não tivesse chegado, eu teria ido para casa e já estaria quentinha em baixo do meu cobertor. 

O Malfoy a observou por alguns instantes antes de se desencostar da parede. 

—Isso é um não, imagino. –Ele tirou uma chave de um bolso no interior da jaqueta. –Boa noite, Weasley. 

Enquanto ele se afastava na chuva, Rose mordeu a parte interna da bochecha, pensativa. Ela tinha sido grossa com o Malfoy, sendo que ele só estava tentado ajudá-la e, além disso, droga!, ela realmente precisava de uma carona. 

—Hey, Malfoy! –Ele parou de andar e virou-se. Sua expressão era ilegível, o que fez Rose morder o lábio, nervosa. –Me desculpe, eu só estava-estou-nervosa e chateada e cansada. Enfim, é muito tarde para aceitar aquela carona? 

O Malfoy abriu um sorriso de lado, o que fez um olho fechar um pouco e uma covinha aparecer na bochecha.  

—Claro que não. Qual o endereço da sua casa? 

Rose o explicou como chegar até seu pequeno apartamento a algumas quadras dali enquanto caminhava lado a lado com ele. Ela franziu o cenho quando o viu parar ao lado de uma grande moto preta. 

—Onde está o seu carro? 

—Carro? Achei que soubesse que eu só ando de moto. –O sorriso de lado voltou a aparecer no rosto dele enquanto lhe oferecia um capacete que estava dentro da maleta da moto.–Vamos? 

—Você está brincando comigo? –Ela arregalou os olhos e deu um passo para trás. –Eu não vou andar nisso aí de jeito nenhum! 

—Não seja medrosa. –Rose o observou guardar a mochila dela naquela maleta. Em seguida, ele estendeu novamente o capacete para ela. –E aí?  

Respirando profundamente, ela pegou o capacete e o colocou na cabeça. Assim que o Malfoy subiu na moto, Rose subiu atrás, segurando-se na barra de ferro do lado do assento. 

—É a primeira vez que você anda? –Diante do aceno positivo frenético dela, o Malfoy sorriu.  – Ok, tenho certeza que você vai curtir. Pode se segurar em mim se quiser. 

—Eu estou bem assim. –Respondeu, porém, assim que a moto arrancou, Rose agarrou firmemente a cintura dele. –Ai meu Deus, vai devagar! 

—Eu ainda nem acelerei, Rose. –Disse, sarcástico. –Segure-se. 

Quando ela sentiu a aceleração da moto, instintivamente afundou as unhas na cintura do Malfoy e escondeu a cabeça nas suas costas. Aquele seria um trajeto muito, muito longo. 

—×- 

Scorpius sorriu instintivamente ao sentir o vento e a chuva no rosto. Mesmo não estando indo rápido, Rose ainda resmungava alguma coisa em suas costas e apertava as unhas na sua cintura. Ela deixaria marcas, com certeza. 

Ele diminui gradativamente a velocidade ao ver um guarda sinalizando, o qual o informou que eles não poderiam passar naquela ponte, pois a chuva a fizera ficar alagada em algumas partes. Dirigindo até o acostamento, Scorpius desligou a moto e inclinou um pouco o corpo pra olhar Rose. 

—Por que você parou? –Ela abriu os olhos e desencostou a cabeça das costas dele. Por trás do capacete, a pele estava um pouco mais pálida e as bochechas estavam mais vermelhas. Assim que Scorpius a explicou que não seria possível passar na ponte, os grandes olhos azuis se arregalaram, tornando-se ainda maiores.  

—Tem algum familiar onde você possa passar a noite? 

Pela pequena série de palavrões que Rose resmungou, ele deduziu que a resposta era não. Pelo que Scorpius sabia, toda a família dela morava em casas muito próximas, a maioria no mesmo quarteirão. 

—Nenhuma amiga?  

—Todas moram do outro lado da ponte. –Resmungou a ruiva, bufando em seguida. Ela corria os olhos pelo local e era quase possível escutar as engrenagens trabalhando dentro de sua cabeça. Quando não encontrou nenhuma solução, Rose bufou novamente, mais alto dessa vez. –Todos os hotéis devem estar fechados agora. 

Scorpius apenas resmungou em concordância, afinal não havia mais o que dizer. Em um lampejo, uma ideia, nem tão genial, passou por sua cabeça. Certamente Rose odiaria e foi isso que o fez abrir um sorriso de lado e dizer: 

—Você poderia passar a noite na minha casa. 

—De jeito nenhum! –Guincho ela, a indignação estampada no rosto.  

—Prefere passar a noite toda na chuva? –Ele arqueou a sobrancelha, sarcástico. 

Rose olhou fixamente para o rosto dele por alguns segundos e, naquele momento, Scorpius não conseguia nem imaginar o que se passava na cabeça dela. Talvez uma forma de o matar durante o sono. 

—Eu vou me arrepender tanto disso. –Rose fechou os olhos e permaneceu assim por alguns segundos. Por fim, abriu-os, olhando desafiadoramente para ele enquanto apertava as mãos em sua cintura de novo. –Ok, vamos para sua casa. Não pode ser pior que passar a noite toda na chuva. 

—×- 

—Quer tomar um banho? –Scorpius perguntou, tentando quebrar o gelo que se instaurara entre eles. –Hã...sozinha, é claro. 

Desde que haviam entrado no pequeno apartamento, uma tensão automaticamente surgira entre eles, o que resultou em ambos sentados na cozinha com um silêncio desconfortável entre eles. 

—Não seja idiota, Malfoy. Um banho seria ótimo, mas eu não tenho nenhuma roupa na minha mochila. –Rose desviou os olhos dos deles e os fixou na água que escorria pelo vidro da janela. –Provavelmente a chuva ainda vai demorar passar. 

—A previsão é só parar de chover amanhã a tarde. –Scorpius disse, provavelmente, pela trigésima vez. Diálogos banais para preencher o silêncio incômodo se tornaram frequentes desde que haviam chegado. –Eu posso te emprestar uma camiseta, se quiser. 

Rose o olhou nos olhos, analisando a situação. Por fim, ela deu de ombros e se levantou. 

—Seria ótimo, obrigada. 

Enquanto ela ia até o banheiro, Scorpius foi ao seu quarto e pegou uma toalha qualquer no guarda-roupa. A blusa, porém, ele escolheu uma específica: a camisa 10 do time da Sonserina que ele utilizara na temporada passada. Seria bom irritá-la um pouco. 

Ao ver a camisa que ele lhe entregava, Rose cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente. 

 –Ah não, eu não vou vestir isso daí! –Scorpius não respondeu nada, mantendo a expressão debochada no rosto, o sorriso de lado teimando em aparecer. –Argh, eu odeio o tempo londrino, mas eu te odeio mais! 

Com um puxão irritado, ela tirou a toalha e a blusa das mãos dele e fechou a porta do banheiro com um baque ruidoso.  

Scorpius gargalhou alto e se jogou no sofá da sala, ligando a televisão em um canal qualquer. Ele sempre quisera se aproximar mais dela. Na realidade, tinha uma pequena queda por ela desde sempre, mas nunca assumira isso para ninguém. Talvez aquela era a forma do destino de lhe dar uma chance. Definitivamente, se Rose Weasley odiava o tempo londrino, Scorpius Malfoy o amava com todas as suas forças. 

—Onde eu coloco a toalha? –Scorpius foi arrancado de seus pensamentos pela voz de Rose. Olhando na direção dela, percebeu que a blusa ia até os joelhos e que os cabelos, antes presos em uma trança, agora estavam soltos e úmidos. Linda. 

—Pode me entregar. –Scorpius pegou a toalha e a jogou sobre o ombro. Em seguida, se dirigiu até o seu quarto e, enquanto procurava algumas peças de roupa, falava por sobre o ombro: –Eu vou tomar banho. Você pode assistir TV e estourar pipoca no micro-ondas, se quiser. Segunda prateleira à direita. 

Sem esperar resposta, ele foi para o banheiro, colocando a toalha que Rose usara no cesto. Depois de um banho rápido, Scorpius voltou a sala, encontrando Rose com os olhos atentos à televisão e duas bacias de pipoca ao seu lado. Ela desviou os olhos rapidamente da TV quando percebeu a presença dele e deslizou para ponta direita do sofá, abrindo espaço para Scorpius se sentar.  

—Esse é pra você. –Rose disse, apontando para a bacia de pipoca ainda cheia. 

—Obrigado. 

Ela não respondeu, continuando com os olhos fixos na tela. Curioso, Scorpius olhou para a televisão, deparando-se com a reprise de um jogo do Manchester United.  

—Não acredito que você torce para o Manchester. –Scorpius disse, deslumbrado. 

Porém, a ruiva interpretou a pergunta como uma provocação, o que a fez fixar os olhos nele, raivosa. 

—Além de torcer para a Sonserina também torce pro Liverpool? Mau gosto tem quantidade, Scorpius. 

 –Meu pai é fanático pelo Liverpool por ter jogado lá, mas eu torço para o Manchester. Somos bem fervorosos quando assistimos a um clássico. –Ainda sorrindo por ela ter utilizado seu primeiro nome, Scorpius foi até o quarto e buscou uma camisa autografada pelo Ryan Giggs. –Olha isso. 

A cada palavra que ela lia, os olhos verdes brilhavam mais e sua boca abria levemente. Ele não precisava olhar para o tecido para saber as palavras que estavam ali: “Para a futura estrela do Manchester, Scorpius Malfoy. Atenciosamente, R. Giggs“ 

—Isso é incrível! Você o conheceu? 

—Não, meu pai e ele se conheciam. Eu ganhei essa camisa de Natal há alguns anos. 

—Não acredito que você tinha essa camisa e me deu uma da Sonserina pra vestir. –Rose provocou, a sobrancelha ruiva perfeitamente arqueada. 

—Nem em seu melhor sonho eu te daria essa camisa para vestir, Rose. 

—Então eu terei que te matar durante a noite. –Ela balançou a cabeça negativamente, a expressão o mais séria possível. –Desculpe, Scorpius, mas não há outra forma. 

Ele gargalhou, aceitando a camisa que Rose lhe entregava e guardando-a novamente. Ao voltar para a sala percebeu que a expressão dela havia mudado, tornando-se levemente emburrada. 

—O que foi? –Perguntou, antes de encher a boca de pipocas. 

—Nada demais. –Scorpius levantou uma sobrancelha, sarcástico, o que fez Rose bufar e dar de ombros. –Eu só não gosto muito desse comentarista, só isso. Ele não discorda da arbitragem em momento algum e só faz observações óbvias e, além disso, a cada cinco minutos ele faz uma piada preconceituosa diferente. 

Scorpius focalizou a televisão enquanto o comentarista fazia comentários machistas, o que o fez crispar os lábios. Era impossível que ainda existissem pessoas que não considerassem as mulheres tão aptas quanto os homens para atuar no meio esportivo. 

—Podemos assistir outra coisa se você quiser. –Ofereceu. 

—Eu queria assistir novamente esse jogo. –Ela suspirou. –Quando vi pela primeira vez ainda não tinha começado a faculdade de jornalismo e eu só analisei os lances como uma amante do futebol. Mas agora, não sei, talvez fosse diferente de alguma forma. 

Era evidente que Rose realmente amava o esporte e que seria uma comentarista esportiva incrível. Scorpius abriu lentamente um sorriso enquanto uma ideia surgia em sua cabeça. 

—Você pode ser a comentarista do jogo, Rose. –Quando ela o olhou como se estivesse ficando louco, Scorpius se espichou para pegar o controle e colocou a televisão no mudo. –E nos comentários, Rose Weasley. É com você, Rose. 

Scorpius imitou a voz pomposa de Jordan, o que a fez segurar o riso. Rapidamente se recompondo, Rose voltou-se para a tela e opinou sobre o jogo até aquele momento, incluindo alguns lances polêmicos. Scorpius tinha que admitir-e isso não lhe surpreendia nem um pouco-que ela era extremamente assertiva e justa nos lances. Com uma linguagem calorosa e animada, conseguia transmitir a mensagem com extrema clareza e fazia observações divertidas vez ou outra.  

Scorpius assumiu o papel de narrador, porém, diferentemente de Rose, sua narração não era nem um pouco profissional, era uma bagunça de piadas, nomes de jogadores errados propositalmente, xingamentos e sarcasmo. Por fim, tudo aquilo se tornou uma grande brincadeira na qual eles imitavam celebridades do mundo esportivo por meio de gestos para que o outro acertasse, o que gerou bufos e reviradas de olhos por parte de Rose-que afirmava piamente que Scorpius não sabia fazer mímica-e sorrisos de lado dele-que fazia os gestos da forma mais irônica possível apenas para irritá-la. 

Se lhes perguntasse, nenhum dos dois saberia como terminaram deitados no sofá, exaustos, e dormiram, perigosamente próximos. 

—×- 

Com o corpo dolorido, Scorpius remexeu-se, sentindo um cheiro adocicado invadir seu nariz. Sua cabeça ainda estava nublada, os pensamentos confusos, entretanto se lembrava que Rose passara a noite em seu apartamento devido a chuva. Ele abriu minimamente o olho esquerdo, percebendo que a sala ainda estava escura, o que significava que era muito cedo. O loiro já voltava a dormir quando sentiu algo remexer em cima de si, fazendo-o arregalar os olhos ao se deparar com uma cabeça ruiva afundada em seu peito e pernas esguias entrelaçadas nas suas. 

Seus olhos arregalados correram pelo local buscando uma forma de sair daquele sofá sem acordar Rose, porém, assim que tentou se mexer, ela afundou o rosto no pescoço dele e apertou os braços em torno de sua cintura. Os pelos de sua nuca se eriçaram e ele percebeu o quanto estava fudidamente fudido. A única forma de sair dali seria acordá-la, percebeu. 

—Rose. –Chamou, recebendo um baixo resmungo em resposta. –Rose. Rose! 

O chamado mais exasperado a fez levantar a cabeça, os olhos verdes confusos e sonolentos. Scorpius engoliu em seco enquanto esperava que Rose percebe a situação, o que demorou poucos segundos. Com um grito agudo, ela o empurrou do sofá, derrubando-o no chão. 

—Que por...o que é isso? –A ruiva gritou, exasperada. 

Scorpius queria lhe responder, mas seu raciocínio estava lento devido a dor em seu braço. Olhou para a própria mão e soltou um suspiro angustiado ao perceber a posição estranha em que se encontrava, provavelmente quebrada. Rose não demorou a notar a mão, colocando a mão em cima da boca, pálida. 

—Por Deus, eu quebrei sua mão. –Ela sussurrou, angustiado. –Me perdoe, Scorpius. Sério, me desculpe, eu não queria...ai meu Deus... 

—Está tudo bem. –Scorpius garantiu, mas, ao tentar se mover, sentiu uma fisgada na mão, o que o fez ficar momentaneamente paralisado. –Você poderia chamar uma ambulância, por favor? 

—Sim, é claro.  

Ela pegou o próprio celular, falando o mais rápido possível com a atendente, que precisou que Rose repetisse três vezes o endereço até conseguir entendê-lo corretamente. Minutos depois, os paramédicos já imobilizavam o braço dele e o levavam para a ambulância. Surpreso, percebeu que Rose se sentava no banco ao lado do local onde ele estava deitado, acompanhando-o até o hospital. Quando a ambulância começou a se mover uma grande dor invadiu seu braço, fazendo-o soltar um gemido. 

—Vai ficar tudo bem. –Rose falou o mais calma possível. Ao sentir um aperto em sua mão, Scorpius percebeu que seus dedos estavam entrelaçados aos dela. 

A partir daquele momento, os acontecimentos tornaram-se nublados em sua cabeça. Lembrava-se de chegar ao hospital e de ser levado a uma sala monocromática, onde uma máscara foi colocada em seu rosto e lentamente seus olhos foram se fechando.  

Quando acordou, estava em um quarto branco, com alguns móveis igualmente brancos e uma pequena televisão desligada. Olhou para a mão e deparou-se com um gesso branco cobrindo todo o seu pulso e parte do braço, o que restringia seus movimentos, mas, pelo menos, a dor não estava mais presente. Tardiamente, percebeu a presença de outra pessoa no quarto, sentada a sua direita. Rose ainda estava com a blusa que ele lhe emprestara e com a calça da noite anterior, o que indicava que não estavam ali há muito tempo. Percebendo que era observada, Rose o olhou, abrindo um pequeno sorriso em seguida. 

—Oi. 

—Oi. –Scorpius se ajeitou melhor na cama a procura de uma posição que não deixasse sua cabeça tão baixa. –Que horas são? 

—14 horas. Você não precisou de cirurgia, o médico apenas engessou. Ele me pediu para chamá-lo assim que você acordasse. –Ela se levantou, entretanto não se moveu. –Scorpius, eu preciso que você saiba que eu...foi realmente um acidente, okay? Eu me assustei e te empurrei sem querer, não era minha intenção. Por mais que eu ame meu time, eu nunca seria baixa o bastante para te machucar para que você não pudesse jogar.  

Ele arregalou os olhos, afinal tal absurdo não lhe ocorrerá em nenhum momento. Era óbvio que havia sido um acidente e não havia nada que eles pudessem fazer para mudar isso. Obviamente, ele estava triste e até um pouco zangado por não poder jogar o segundo jogo da final, porém ele não culpava Rose por isso. 

—Não seja boba, a culpa não é sua. Isso é uma idiotice. –Ele fez um movimento desleixado com a outra mão ao perceber a expressão preocupado dela. –Não se preocupe, a Sonserina vai ganhar de qualquer jeito mesmo. 

Rose revirou os olhos, mas abriu um pequeno sorriso. 

—Só nos seus sonhos, Scorpius. 

Minutos depois o médico entrou no quarto, com Rose em seu enlaço. Ele passou alguns remédios para dor e marcou a consulta de retorno, garantindo a Scorpius que não era um caso sério. O doutor entregou a Rose a alguns papéis, sorrindo-lhe amigavelmente antes de dizer: 

—A senhorita não precisa se preocupar, está tudo bem com o seu namorado. 

—Ele...hã...não é meu namorado. –Rose afirmou, envergonhada. 

O médico olhou indagativamente para Scorpius que abriu um sorriso de lado e piscou para Rose, apenas para irritá-la.  

—Vamos logo, Malfoy. Antes que eu te deixe sozinho aqui. –Disse a ruiva, entredentes. 

—Eu estou dodói, Rosie. Você não pode falar assim comigo. –Scorpius disse infantilmente com um bico nos lábios, o qual Rose nunca admitiria que era fofo. 

—×- 

1 Mês Depois 

—Eu não acredito que eu estou aqui. –Rose repetiu pela centésima vez. 

Desde o acidente no qual Scorpius quebrara a mão, Rose o dava caronas frequentemente já que ele não podia dirigir. Isso fez nascer uma amizade inesperada entre os dois, que discordavam sobre as coisas mais banais possíveis-músicas, filmes, séries, tudo parecia um motivo bom o suficiente para Scorpius provocá-la. Entretanto, se tinha algo em que os dois concordavam em praticamente tudo, era nos jogos do Manchester. Assisti-los juntos já virara quase um ritual e era incrível a forma como eles se divertiam vendo o jogo na companhia um do outro, até mesmo nas derrotas. 

A ruiva não sabia ao certo quando Scorpius conseguira convencê-la a ir em um jogo beneficente da Sonserina. Tudo bem que era por uma boa causa, mas-Por Deus! -ela, uma torcedora fanática da Grifinória, estava no meio da torcida da Sonserina vestindo a camisa 10 de Scorpius e pronta para torcer para o time dele, que iria jogar contra uma universidade do Sul. Se alguém lhe descrevesse esse cenário há um mês atrás, ela diria que a pessoa estava louca. Aparentemente, quem estava louca era ela. Ou Scorpius. 

—Vamos para a ala 3. –Ela concordou com a cabeça e Scorpius pegou em sua mão, puxando-a até a parte direita das arquibancadas.  

Por mais que odiasse admitir, Rose não podia negar que o time da Sonserina estava jogando incrivelmente bem, mesmo sem o camisa 10. O time possuía grande qualidade técnica e eram extremamente fortes e rápidos, o que dificultava bastante o jogo para o outro time. No fim, a partida terminou 4 a 1 para a Sonserina, uma vitória incrível. 

—Terminou a tortura? –Perguntou, debochada. 

Scorpius soltou um riso sarcástico, abrindo o característico sorriso de lado. 

—Nem perto. –Ele entrelaçou novamente a mão na dela, brincando com as pontas dos dedos dela. –Vamos comemorar com o time? 

Se não o tivesse conhecido melhor durante aquele mês, Rose diria que Scorpius estava relutante e ansioso. Apertando mais forte a mão dele, ela lançou-lhe um sorriso. 

—Claro, afinal essa vai ser a última comemoração da Sonserina na temporada. –Alfinetou.  

—A Grifinória não vai ganhar a final, Rose. –Ele a puxou até o local onde o time da Sonserina estava reunido, falando por cima do ombro enquanto isso. –Eu lhe contei que o médico disse que talvez eu possa jogar? 

—Isso é incrível, Scorp! –Rose o puxou, abraçando-o forte.  

Quando levantou a cabeça, percebeu que estava mais próxima do que imaginava de Scorpius, o que a fez suspirar alto. Isso atraiu a atenção do loiro para a sua boca que apertou mais forte a sua cintura. Rose percebia que ele queria beijá-la, porém ele não fez isso, apenas soltou sua cintura e segurou novamente sua mão. 

—Vamos, o pessoal vai comemorar no Bear's. 

Rose não entendia o porquê de se sentir frustrada com o que acabara de acontecer e, enquanto dirigia até o pequeno bar esportivo, percebeu que talvez, só talvez, estivesse gostando de Scorpius mais do que devia. A descoberta deveria assustá-la ou surpreendê-la, porém isso, de alguma forma, a confortava. Ela sempre quis encontrar alguém que a entendesse e a completasse e, ao mesmo tempo, discordasse dela e a provocasse. Aparentemente, encontrara tudo isso nele. 

Ela era uma tagarela de primeira, tanto que escolhera o jornalismo pelo tanto que considerava a comunicação importante. Seus primos diziam que Rose era uma excelente fofoqueira, que não conseguia guardar nem os próprios segredos. Ela não desgostava dessa característica, mas, em momentos como esse, amaldiçoava com todas as suas forças esse traço da personalidade. 

Quando saíram do carro, Rose sentiu o coração bater mais rápido e a respiração se desregular com o que faria em seguida. Nesse momento, ela tinha certeza absoluta que gostava de Scorpius e precisava descobrir se o sentimento era recíproco. Ela só precisava de coragem para isso, o que não deveria ser difícil já que sempre se considerara uma pessoa destemida. Em um impulso, Rose segurou a mão dele, que a olhou com o cenho franzido. 

—Algum problema? 

—Sim...Você é bem idiota às vezes, Scorpius. E irritante. E arrogante. Por Deus, como você é arrogante. –Rose tinha certeza que essa não era a forma certa de se declarar para alguém, porém não parecia tão fácil quanto nas comédias românticas em que os personagens simplesmente se olhavam e decidiam se beijar. 

—Você está dizendo isso por que eu pedi que viesse no bar? –Ele entortou a cabeça, parecendo realmente confuso. –Se for, nós podemos só ir para casa e assistir alguma coisa. Não quero que você se sinta desconfortável, Rosie. 

Ironicamente aquilo era o que ela mais sentia naquele momento. 

—Eu não vou conseguir falar. Droga! –Colocou a mão na testa e fechou os olhos, internamente se perguntando o porquê de se colocar em situações como aquela. 

—Você está bem? 

—Sim. Não. Não sei. Eu não vou conseguir dizer com palavras, posso dizer de outra forma? 

—Claro, por favor. –Scorpius a olhava curiosamente e Rose não sabia ao certo se conseguia retribuir o olhar dele. Sua barriga doía e a pulsação em seu pescoço estava acelerada. Por que ela achou que aquilo ia dar certo mesmo? –Eu acho que não estou te entendendo, me desculpe. 

Rapidamente, Rose ficou na ponta dos pés e encostou seus lábios nos dele, terminado o contato segundos depois.  

—O que foi isso? –Se não fosse a expressão completamente confusa de Scorpius, Rose até imaginaria que ele estava debochando dela. 

—Mais que droga, Scorpius! Eu–Rose apontou para si mesma. –Gosto–Fez o desenho de um coração no ar. –De você. –Apontou ambas as mãos para ele. 

Um puxar de lábios surgiu no rosto dele, rapidamente se tornando um sorriso de lado. Alguns segundos se passaram e Scorpius continuava a olhando, com uma mistura de surpresa e satisfação na expressão. 

—Quando foi que eu deixei de ser um idiota? –Perguntou, segurando a mão dela na sua. 

—Você não deixou. Perceberia isso se tivesse escutado o que eu falei há pouco tempo. –Ela tentou puxar a mão, mas ele a segurou mais forte. –Isso foi uma péssima ideia. Vamos apenas fingir que não aconteceu, ok? 

—De jeito nenhum. –Scorpius a puxou pela mão, abraçando-a pela cintura. –Sabe a quanto tempo eu quero me declarar para você? 

—O-o quê? 

—Eu tenho um crush em você há bastante tempo. –Scorpius explicou, dando um leve beijo na ponta do nariz dela. –E nesse tempo que passamos juntos eu percebi que realmente gosto de você, Rosie. Pensei que você me mataria se te falasse algo. 

Rose riu levemente, a risada fazendo cócegas no pescoço dele. De repente, ela colou os lábios ao dele e aquele sim foi um beijo de verdade. Os lábios dela encaixavam perfeitamente nos deles e tinham o gosto do chocolate que ela comerá durante a partida, o que fez ele sorrir. Como resposta Rose mordeu de leve o lábio inferior dele, fazendo-o suspirar e desgrudar a boca da dela. 

—Que tal desistirmos do bar?  –Sugeriu Rose entre suspiros enquanto Scorpius distribuía beijos por seu pescoço.  

—Você sempre tem ideias maravilhosas, Weasley. –Concluiu enquanto a puxava até o carro. 

—Eu sou a mais inteligente de nós dois, Malfoy. 

E para os dois, naquele momento, nada mais importava. A final que aconteceria daqui há  

alguns dias e a rivalidade dos times eram meros detalhes. Eles tinham certeza que o sentimento de recíproco e nada poderia deixá-los mais extasiados. 

Talvez aquilo não durasse. Ou talvez eles ficassem cada vez mais ligados e, quando Scorpius marcasse um gol no jogo da final, Rose deixasse a rivalidade um pouco de lado e comemorasse enquanto ele lhe mandava um beijo. Talvez, anos depois, após ambos se tornarem celebridades esportivas, Scorpius encontrasse uma forma discreta e simples de a pedir em casamento, o que certamente seria noticiado nos jornais esportivos poucos dias depois. Talvez eles discutissem por algo e terminassem o noivado, apenas para voltar semanas depois, após Scorpius fazer uma declaração imprevista em uma entrevista. Talvez eles discutissem para escolher os nomes dos filhos e, no final, acabassem homenageando algum jogador que ambos amavam. Talvez, quando Scorpius já tivesse velho demais para jogar, eles apresentariam um programa juntos, o qual seria líder de audiência. 

Entretanto, isso tudo dependeria do destino, ou melhor, da sorte deles. No amor ou no jogo? O amor certamente é um jogo e eles com certeza apostariam todas as fichas um no outro. 


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Notas finais do capítulo

Eu amo futebol, isso é um fato incontestável. E queria escrever uma fic com esse cenário, então a oportunidade perfeita pra isso não ficar só no papel (ou no Word, no caso rsrs) apareceu.

Enfim, espero que vocês tenham gostado! Aceito comentários como mimos rsrs.

Ah se quiserem me ver surtar por fanfics é afins me sigam no twitter: @Anna_ladie

É isso! Beijoooos



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