Brick by brick escrita por WinnieCooper


Capítulo 4
As pessoas mais teimosas do mundo, fazem pequenos gestos de carinho um para o outro em meio as brigas




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Ele acordou sentindo-se culpado. Estava cansado de brigar com a mulher. Já tinham 40 anos, por quanto tempo ainda se comportariam como adolescentes que brigavam por simplesmente não aceitarem as desculpas um do outro?

Foi sorrateiramente até o quarto deles, aferiu a temperatura dela enquanto ela dormia. Constatou que estava sem febre.

Se encaminhou para a cozinha. Preparou a bebida preventiva para si, preparou outra e colocou na parte da cozinha que pertencia a ela. Lembrou que Hermione não havia comido nada no dia anterior.

Cortou várias frutas e fez uma salada, adoçou com um pouco de suco de laranja e colocou ao lado do “chá”. Foi para o sofá assistir seu seriado.

Hermione sorriu assim que entrou na cozinha. Se deliciou com o que Ron havia preparado a ela. Amava comer sua comida. Ele era infinitamente melhor que ela cozinhando. Levou sua bebida quente e sentou-se ao lado do marido no sofá. Fez uma barreira invisível entre eles.

Queria lhe agradecer por cuidar de si, mesmo a distância. Mas olhou para a TV e não acreditou no que estava vendo.

― Está assistindo Acasos e Descasos sem mim?!

Ele deu dê ombros e sorriu.

― Você me deixou dormindo na sala. Achei que estando separados, poderia assistir separado.

Ela negou com a cabeça o encarou.

― Essa era a série que a gente assistia junto! Eu nunca assisti nenhum episódio sem você.

― Lógico, você trabalha o tempo todo, nunca sobrava tempo para a gente assistir juntos.

Ela se ajeitou no sofá e reparou na cena que estava passando na tv. Não reconhecia quase nenhum personagem, estavam dialogando sobre algo que ela não se lembrava...

 ― Que episódio é esse?

― O penúltimo da segunda temporada! Ontem a noite assisti pelo menos dez, estava com insônia.

Hermione bufou o encarando.

― Isso é no mínimo falta de respeito.

― Está ainda no episódio que a gente parou na primeira temporada não é? – ele olhou rindo para ela.

― Me de o controle! Vou voltar para o episódio que parei!

Ela segurou o controle em mãos.

― Poderia assistir lá no quarto, ou do SEU escritório.

― A TV do quarto não é smart, e não estou a fim de ficar olhando para a tela de um computador. Além disso eu tenho direito a usar essa TV também. Se quiser você que vá assistir no escritório.

― Está bem, está bem, a gente reveza os horários da TV, mas eu vou ficar com o horário da manhã já que já estava assistindo.

Com um feitiço convocatório, pegou o controle da TV para si novamente.

― Pare de ser criança, Ronald!

Hermione levantou-se e postou-se de frente a TV com os braços esticados tampando parte da imagem.

― Olha quem está sendo criança agora.

― Não seja ridículo, Ron, para quê estipular horário? É só colocar a série e você começa a cochilar.

Ele riu e negou com a cabeça.

― Não cochilo nesse sofá desde o dia que passei a dormir nele.

― Vamos falar do que realmente importa? Eu tenho direito de assistir o seriado agora porque estou atrasada.

― Sim, vamos falar do seriado...

― Sim, o assunto é o seriado, não horários ou cochilos no sofá.

― Sobre o seriado. Sabe quem matou o Spencer?

Ela tampou seus ouvidos com dedo olhando brava pra ele.

― Para. Você não teria coragem de me dar um spoiler!

― ...Violet, porque eram trigêmeas, não gêmeas como pensávamos. Trigêmeas com nome de flor. Violet, Daisy e Petúnia. Trigêmeas!

Ela gritou nervosa. Pegou o controle da TV, lambeu e jogou de volta para ele. Ron saiu de perto do controle com nojo.

― Fique com a TV e o seriado todo para você!

― Hermione, isso não é brincadeira. Vírus aqui nesse controle! Pra quê esse monte de proteção que fez até agora? Cadê a desculpa de “estou cuidando de você” ?

― Fica me dando spoiler! – ela saiu da sala raivosa.

― Pandemia, Hermione! Crise na saúde, Hermione! – Ron berrava do sofá ainda com medo do controle remoto.

Ela fez um feitiço de levitar e mandou álcool e uma flanela para ele limpar o controle.

― Me arrependi!

Se trancou em seu escritório brava e cansada de brigar com ele. Resolveu voltar a escrita de seu livro. Estava escrevendo em segredo há alguns dias, era um romance de ficção, nunca havia escrito um romance, já que os outros livros que havia lançado eram sempre sobre leis. Ron não sabia da existência do livro, ninguém sabia. Era muito inspirado em si, em Ron, em seu relacionamento com ele, no amor que tinham um com o outro, no amor que tinham como família com os filhos.

Lembrou-se de Hugo e Rose, deviam estar no trem voltando para casa uma hora dessas. Resolveu ligar para Gina e perguntar se estava tudo bem mesmo as crianças ficarem com ela por um tempo. Sorte eles terem telefone em casa.

― Hermione, como está se sentindo? Uma loucura essa doença. Todos estamos trabalhando de casa. Menos o Harry porque o serviço dele é urgente, mas ele tem escala.

― Quanto a estar possivelmente com a doença, estou bem, é como estar com uma gripe comum. Sinto bastante dor no corpo, não sinto muita fome, meu nariz está congestionado então não estou sentindo cheiro e minha febre já passou. Estou bem. Liguei para saber se está mesmo tudo bem Hugo e Rose ficarem por aí durante esse tempo...

Gina sabia que a cunhada não estava em seu normal, queria entender se era por causa da doença ou se havia algo a mais.

― Já mandei uma carta ao meu excelentíssimo irmão agradecendo Hugo e Rose passar uns dias aqui. Porque irei enlouquecer Hermione. Você imagina o que passo com Albus e James? Acho que não, seus filhos são normais. Então com Hugo aqui ele distrai a Lily o que a impede de ficar implicando com o James que impede de implicar com Albus que se distrairá com Rose. Vai ser perfeito. Aliás. Essas aulas remotas nem começaram e já quero que acabem. Que ideia é essa da McGonagall jogar toda responsabilidade da educação em nós? Hogwarts não é uma escola barata.

Hermione sorriu diante do desabafo da cunhada, mas não ia deixar de dizer sua visão daquele momento todo que estavam começando a viver.

― Caso não saiba a responsabilidade da educação de uma criança é tanto dos pais, quanto da escola e a McGonagall na minha opinião, fez o certo no momento, precisamos de prevenção.

― Óbvio que acha isso. Minha questão é que não sei se minha casa vai sobreviver a rotina de estudo e adolescentes que se odeiam, mesmo que tenham frequentado o mesmo útero. Já disse que tem sorte por ter filhos normais?

Hermione negou com a cabeça imaginando se não seria mais fácil ter filhos briguentos a um marido briguento.

―Que bom que agradeceu seu excelentíssimo irmão, porque ele não me disse nada a respeito da carta de resposta que recebeu de vocês. Aliás, meu excelentíssimo marido está insuportável e quero arrancar a cabeça dele o tempo todo. Não sei se sobreviverei a essa quarentena em casa forçada. Não por causa do vírus em meu corpo, mas sim pelo o mal humor do seu irmão.

Gina começou a rir.

― Sabia que tinha algo a mais nesse telefonema. Me conte o que ele fez desta vez?

Gina sentiu-se uma adolescente louca para saber o que se passava na vida conjugal de sua cunhada.

― Ele não fez nada, quero dizer... – Hermione entreabriu um pouco a porta do escritório e espiou Ron na sala. Estava deitado dormindo todo desajeitado, o pescoço em uma posição completamente torta que poderia lhe causar torcicolo quando acordasse. Bichento estava em seu colo dormindo e sua mão estava pousada em cima do felino. - ...você sabe Gina, eu esqueci o evento da inauguração da loja em Hogsmeade.

― Ah, isso é verdade, até eu fiquei brava com você... Mas brigaram por causa disso?

― Sim, e isso desencadeou um monte de brigas sem sentido... Estou me sentindo péssima e ao mesmo tempo com raiva dele por não me perdoar.

Sua voz saiu melancólica, esperava alguma solução por parte da Gina e foi o que recebeu de uma maneira Gina de ser.

― Já sei como faz ele te perdoar... Comece a andar pela casa só de camiseta larga e calcinha... Diz que está em casa e quer se sentir mais a vontade. Ele vai te perdoar rapidinho.

Gina riu e Hermione negou com a cabeça achando o plano genial, se não fosse um pequeno problema.

― Seria perfeito, se eu não estivesse doente... Não posso passar a doença para ele só porque quero fazer as pazes.

― Então faça pequenos gestos, meu irmão pode ser insensível, mas percebe pequenos gestos...

Ficou conversando com Gina por mais tempo, era bom ter alguém com quem conversar que não brigasse o tempo todo, ao mesmo tempo estava com saudades de seu teimoso. Desligou o celular e voltou a olhar o sofá. Ron permanecia do mesmo jeito. Lembrou-se das palavras de Gina sobre pequenos gestos. Lavou suas mãos, colocou uma proteção em sua face com magia. Se aproximou dele. Com movimentos delicados ajudou ele a deitar-se de uma maneira mais confortável no sofá, por fim fez carinho no cabelo dele, passou seu polegar num vai e vem em sua testa. Saiu da sala em direção a cozinha pensando em comer alguma coisa para não piorar da doença.

No sofá, Ron sorria com os olhos fechados.

 


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Notas finais do capítulo

Aí ai esses dois e essa autora que gosta de um casal gato e rato.



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