Bloqueio criativo escrita por Aislyn


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura~



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Quando Izumi passou pela sala antes do café, os dois rapazes no sofá o ignoraram totalmente, sem permitir qualquer chance de aproximação, negando até mesmo um simples cumprimento. Voltar à sala acompanhado de outro personagem teve o efeito contrário. Foi como estar sob os holofotes. Mikaru encarou o recém-chegado com total desgosto, estalando a língua num claro sinal de desaprovação, enquanto o olhar de Takeo ficou fixo no autor e, mesmo que ele não dissesse nada, estava estampado TRAIDOR em sua testa.

 

— Meninos, esse é o Katsuya. Eu estava escreven-... – Takeo saiu de sala, dirigindo-se para a varanda e Mikaru se levantou do sofá a seguir, indo para o quarto – …-do sobre ele ontem… Ok, começamos bem.

 

— Acho que não causei uma primeira boa impressão. – Katsuya tentou sorrir, mas era visível que estava desconfortável diante da situação – Ahm… e agora?

 

— Dividir para conquistar? – Hayato sugeriu, incerto – Eu vou falar com Takeo, você parece entender melhor a situação do Mikaru. Até agora não tive nenhum avanço com ele.

 

— Não sei se é uma boa ideia… – mas acabou concordando, seguindo o mesmo caminho que o empresário fez.

 

Izumi lançou um olhar para a varanda, respirando fundo antes de ir até lá. Precisava se acertar com seu protagonista. Pedir desculpas pelo comentário do dia anterior e contar os planos para desenvolver a história a partir daquele ponto.

 

— Hoje o café ficou realmente bom. Que pena que você e o Mikaru não quiseram… – Hayato foi na direção do puff, pensando em sentar ao lado de Takeo, mas a poucos passos do móvel, o rapaz estendeu as pernas, ocupando todo o espaço livre e obrigando-o a ficar em pé – Ahm… estava pensando quantos autores ficam tentando imaginar com perfeição como seriam seus personagens se fossem reais, alguns até pagam para que um profissional os desenhe… e eu aqui me perguntando se não estou ficando louco por conseguir ver os meus…

 

— Alguns querendo ver e outros querendo se livrar o quanto antes… escreva qualquer coisa. Só finalize logo e eu posso ir embora.

 

— Se eu terminar o livro vocês vão embora? – Hayato questionou, curioso, mas sem ignorar o tom usado para o comentário. Takeo realmente estava chateado consigo.

 

— Não é por isso que estamos aqui? Então, escreva qualquer coisa e termine o livro. Depois que sairmos você pode editar tudo como quiser.

 

— Eu vou terminar, Takeo, mas não vou fazer de qualquer jeito. Quero fazer algo bom. Algo que tanto eu quanto vocês gostem. – abaixando-se à frente do personagem, Izumi tentou passar toda a seriedade que precisava para suas palavras – Me desculpe pelo que disse antes, sobre você não ser bom para a mocinha. Eu só quis devolver a brincadeira e acabei te magoando.

 

— Você disse a verdade.

 

— Certo… você quer um namorado na história, não é? – Hayato questionou após um suspiro, visto que suas desculpas foram ignoradas – E um emprego legal, que te dê liberdade pra fazer outras coisas que gosta.

 

— Hmm… algo assim seria bom. – Takeo encarou-o desconfiado, temendo o que viria a seguir – Não está pensando em me colocar com aquele novato, está?

 

— Não, não estou. Katsu é, até o momento, um coadjuvante. Ainda não tem um papel decisivo no enredo.

 

— Vai transformá-lo no seu protagonista… – as palavras sussurradas trouxeram uma nova visão de futuro para Takeo. Ele ia ser trocado, por isso o autor estava sendo agradável.

 

— O que? Não! Você é o principal. Não vou mudar isso. – cansado de ficar ajoelhado, Izumi voltou a se levantar, erguendo as pernas de Takeo e sentando no puff, com as pernas do rapaz sobre seu colo – Que tipo de pessoa te agradaria?

 

Takeo chegou a abrir os lábios, pronto para dizer o tipo de pessoa que gostava, mas percebeu que não tinha um ideal. Quando pensava no que mais gostava, vários rostos de personagens da obra passavam por sua mente.

 

— Qualquer um serve… – respondeu por fim. O que não era mentira.

 

Não foi assim que ele foi criado? Pra lidar bem com qualquer um, se interessar por quem quer que seja que se aproximasse? A pessoa sorriu em sua direção? Está valendo! Cumprimentou e iniciou uma conversa depois? Melhor ainda! Elogiou algo a seu respeito? Com certeza ia rolar um convite para beberem a sós depois.

 

— Eu sei que o tipo do Mikaru não te agrada. Então nada de caras engomadinhos e sérios, mas por que o Katsuya não? Ele é um rapaz educado, prestativo…

 

— Educado demais! Aquilo ali não deve conhecer nenhum palavrão. Totalmente sem sal. Que tipo de conversa se mantém com um cara desses? – Takeo completou, revirando os olhos.

 

— Um punk como você, então?

 

— Não sou punk! – mas até Takeo estava começando a duvidar depois de ouvir a afirmação tantos dias seguidos.

 

— Eu vou listar algumas características, como alto e baixo, loiro e moreno, e você vai dizer o que gosta mais, ok? Eu vou criar um novo personagem baseado nisso.

 

— Outro? – Takeo esfregou o rosto, contrariado, mas acabou concordando – Sua casa vai ficar cheia…

 

Pegando um caderno de anotações, Hayato fez um longo questionário, anotando tudo que era escolhido, além das expressões que obtinha com algumas opções mais ousadas. Foi um árduo e longo trabalho, mas podia-se dizer que havia ficado satisfeito.

 

Esperava que Takeo também ficasse satisfeito e que Katsuya estivesse tendo sorte no quarto. Contudo, precisou se segurar para não soltar um palavrão ou bater a porta do quarto quando voltou à sala, notando que sorte era algo que não faltava naquele rapaz, de forma alguma! Se tinha algo que ele tinha, essa coisa era sorte.

 

Takeo havia dito que não gostava de homens do tipo bom moço como Katsuya, mas pelo visto Mikaru aprovava o perfil.

 

Após repassar as informações tiradas de Takeo para o notebook, Izumi tratou de revisar a ficha dos outros dois, procurando o que os uniu. Katsuya mostrou conhecer bem seus personagens, mas ele devia ter escrito algo que causou aquele resultado.

 

Eles estavam se beijando!

 

E se conheciam há o quê? Duas ou três horas?

 

A ficha de Mikaru não continha nada a respeito sobre o tipo de pessoa que o atraía, fosse físico ou personalidade. Como Katsuya comentou, tinha muito a respeito de seu passado e o quanto ele se sentia explorado pela família. As informações de Katsuya, por sua vez, estavam em um post-it na tela do seu notebook, com poucas linhas escritas à mão, mas uma palavra saltou aos seus olhos.

 

Protetor.

 

Era isso. Mikaru já havia sofrido muito e Katsuya era do tipo que gostava de cuidar. Não ia deixá-lo sofrer mais, se pudesse evitar.

 

Mesmo sem notar, havia criado uma boa combinação.


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