Black and White escrita por Baby Blackburn


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

OiOi!
Hoje eu vim trazer essa onezinha que eu tenho planejada a quase um ano e por sorte tive a oportunidade de lançar nesse projeto incrível que é o Novembro Hinny
Ela foi inspirada em Black and White, do Niall Horan: https://www.youtube.com/watch?v=gnvi8DrLJXI

Espero que gostem!



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Setembro de 2000

Harry olhava nervosamente para Ginny enquanto a mesma se deliciava com cada garfada do famoso macarrão do namorado. Suas mãos suavam e seu coração batia forte. Era hoje, era agora. Naquela noite ele faria o que estava planejando a meses. A pequena caixa em seu bolso parecia pesar uma tonelada e queimava a sua coxa como brasa.

Um ano após o fim da Segunda Guerra Bruxa, quando Ginny se sentou ao seu lado na frente de todos aqueles túmulos de conhecidos mortos pela crueldade da arte das trevas, quando Ginny pegou sua mão, deitou a cabeça em seu ombro e começou a cantarolar uma melodia calma, ele soube. Soube que seu coração sempre bateria por ela.

Então, ali estava ele. Um ano e muitos surtos depois. Ali estava Harry Potter, o menino que sobreviveu, o Escolhido, o Grande Salvador do mundo bruxo, com mais medo do que jamais poderia ter sentido na vida.

—Não vai comer? –A ruiva perguntou para o namorado. Seus cabelos, agora curtos, estavam molhados pelo recente banho e seus olhos confusos.  O prato que segundos atrás transbordava de massa agora estava vazio e o queixo pálido e cheio de sardas dela, sujo de molho vermelho. Harry riu e se inclinou para limpar. Ela sorriu e apontou para o prato com a cabeça. –Então, vai comer?

—Vá em frente. –Ele respondeu risonho. Os olhos castanhos dela brilharam de desejo enquanto ela puxava o prato dele em sua direção, logo começando a comer. –Gin...

—Hum, -interrompeu o chamado baixo dele, com a boca cheia de macarrão –você precisa escutar o que aconteceu no treino de hoje. Angelina estava com tud...

Harry apoiou o queixo nas mãos enquanto escutava e absorvia cada palavra que saia da boca de sua amada. Aquela não era a hora, talvez mais tarde.

*

As coisas definitivamente saíram do seu controle. Após uma longa e detalhada narrativa sobre o dia de treino e como sua performance havia sido louvável, que durou o resto do jantar e arrumação da cozinha, Ginny ficou sonolenta e o puxou para que fossem dormir. Enquanto ela escovava os dentes, ele guardou a caixinha no mesmo lugar de sempre com o coração pesado. Havia planejado uma noite romântica que havia ido por água abaixo.

—Você está bem? –A voz aveludada dela se fez presente no cômodo. –Parece meio chateado.

Harry a olhou e sentiu seu peito queimar de amor. Ele iria pedir agora, não importava o lugar e a circunstância. Levou a mão até a cômoda ao lado da cama na intenção de pegar a caixinha. Mas então a olhou de novo.  Seus olhos estavam quase se fechando de sono, com grandes bolsas pretas embaixo. O quarto não era aconchegante e ainda tinha todas as caixas que eles usaram para fazer a mudança. Não havia um jantar, roupas chiques, velas e rosas. Não havia nada. E Ginny merecia tudo. Soltou a maçaneta da cômoda e sorriu.

—Estou bem. –Respondeu enquanto acariciava o rosto cansado dela. –Só um dia longo no trabalho. Por que não vai deitando? Eu vou tomar um banho e já venho.

Quando Harry voltou ela estava dormindo. Se deitou ao seu lado com todo cuidado para não acordá-la. A luz da lua iluminava boa parte do quarto, deixando em evidencia o peito de Ginny subindo e descendo. Ele olhava para o teto enquanto acariciava os cabelos dela. Talvez não fosse a hora certa, talvez o universo estivesse tentando lhe avisar. Talvez eles não estivessem prontos.

—Você foi a primeira pessoa que me enxergou além da fama. –Ele começou em voz baixa o discurso que havia preparado para aquele dia. Precisava tirá-lo do peito. –Foi a primeira a entender minha dor. Você me via por completo e eu aprendi a te enxergar. Em todas as suas cores e fases. Eu aprendi a amar você por inteiro, e prometo que vou fazê-lo pelo resto da minha vida. –Continuou sussurrando enquanto olhava para o nada. – Prometo te amar mesmo que você não me ame mais. –Fechou os olhos e sorriu de leve. –Por que eu não consigo mais viver sem sua bagunça organizada, sem seus monólogos sobre quadribol, sua comida horrível e seu perfume maravilhoso. Não posso dormir sem seu corpo ao meu lado, não posso sair em uma missão sem a certeza de que você vai estar aqui me esperando. –Respirou fundo com os olhos ainda fechados. –Nunca tive ninguém e agora tenho você, e quero que me tenha por completo. Que eu possa ser a pessoa para quem você corre. A pessoa que você confia. Quero ser seu marido, Ginny Weasley. Quero que se case comigo...

—Sim. –A voz rouca de Ginny respondeu, fazendo com que Harry saltasse do lugar. Ela levantou encarando o namorado, que tinha os olhos arregalados e respiração pesada. –Eu aceito.

—Você estava acordada?

—Sabe, quando você sussurra perto do ouvido de alguém em um quarto silencioso, não está realmente sussurrando. –Riu enquanto coçava os olhos para afastar o sono.

—Gin..

—Eu aceito Harry, quero ser sua esposa. –Respondeu séria, ainda que um leve sorriso teimasse em aparecer em seu rosto.

—Você aceita, ok...quer dizer, eu planejei algo mas...-se atrapalhou, com a cabeça confusa e o coração na garganta. Passou a mão pelos cabelos, nervoso e riu. –Você aceitou...

—Você tem uma aliança ou...

—Tenho. –Respondeu com um sorriso bobo, e /Ginny não cansaria nunca de compará-lo a um cachorro babão e fiel.

—E ela está entre nós? –Riu ao ver o rosto confuso do namorado, agora noivo, se iluminar.

Harry levantou apressado indo em direção a cômoda a procura da caixinha. Lá estava ela, como em todas as noites durante os últimos meses, no fundo da gaveta. Ele a pegou e andou em direção à cama, onde uma Ginny descabelada o esperava sentada de pernas cruzadas.  Ele sorriu e se ajoelhou na frente dela, o coração da ruiva pareceu parar e seu olhos começaram a transbordar.

—Ginevra Molly Weasley, aceita se casar comigo?

—Sim! –Ela pulou em seu colo e, embolado no chão banhados pela luz do luar, eles comemoraram.

Março de 2001

Os olhos verdes, apesar de cansados, liam atentamente a pilha de documentos à sua frente quando um grande pedaço de pergaminho tapou a sua visão.

—O que é isso? –perguntou confuso enquanto olhava para a ruiva a sua frente, sorridente e inquieta. Ela parecia brilhar, e Harry sorriu grande com isso.

—É a minha parte da lista de convidados. –Ela respondeu enquanto sentava no braço da poltrona em que Harry trabalhava.

Ele leu nome por nome com atenção e assentiu. Pegou a pena que usava anteriormente e rabiscou mais alguns nomes no final do pergaminho. Olhou novamente para a lista e, sorrindo orgulhoso, a devolveu para Ginny.

—Que isso? –Ela perguntou entortando os lábios.

—É a minha parte da lista.

—Harry Potter! –Ela exclamou enquanto se levantava e encarava perplexa os rabiscos borrados no final do pergaminho, que contrastavam com a sua letra caprichada. –Tem só quatro nomes aqui!

—Quatro? –questionou de cenho franzido, pegando a lista novamente. Releu suas rabiscos e riu enquanto batia na própria testa. –Que cabeça a minha! Esqueci de colocar o nome do capitão e sua esposa.

—Harry...

—Prontinho, seis pessoas.

Ginny pegou a lista em suas mãos e sentou outra vez no braço da poltrona. Harry a olhava confuso, sabia que ela queria falar algo e não sabia por onde começar.

—Não quer convidar mais ninguém? –perguntou em voz baixa, passando uma das mãos pela nuca do noivo. Harry deitou em seu ombro, aproveitando o carinho, e olhou para a lista mais uma vez.

—Hum...não, todo mundo que conhecemos está ai. –Respondeu de olhos fechados e voz mansa. –Temos o mesmo círculo de amizades.

—Eu sei, mas...-Suspirou e passou a acariciar o topo de sua cabeça. –Não quer convidar ninguém de fora desse círculo?

Potter abriu os olhos, finalmente entendendo.

—Não acho que eles virão, Gin. –Respondeu se afastando e passando a mão pelo rosto, por baixo dos óculos redondos.

—Eles não, mas talvez Duda sim. –Ginny começou de mansinho, enquanto se levantava. –Ele pode ter mudado após ter saído da bolha de influência dos pais. Conhecemos alguém assim.

—Não vamos convidar o Malfoy, se é isso que está tentando fazer. –Respondeu rápido.

—Não tente desviar do assunto, Harry James Potter!

Ele se calou, ponderando. Fazia mais de quatro anos desde a última vez que havia falado com o primo, nem ao menos sabia onde acha-lo.

—Tenho certeza que o ministério pode te ajudar a achá-lo caso resolva convidá-lo. –Ela disse como se pudesse ler seus pensamentos. Suspirando, pegou uma de suas mãos com carinho e sorriu para ele. –Pense com carinho, vocês dois são adultos agora. –Se virou e foi em direção à porta, mas antes que pudesse sair por completo girou o corpo na direção do noite. –E Harry, querido?

—Sim?

—Tira a porcaria da toalha molhada da cama antes que eu arranque suas mãos de forma trouxa!

—Sim senhora, capitã. –Se levantou de prontidão, passando pela noiva que deixou um tapinha em sua bunda.

—Bom garoto!

Mais tarde naquele dia, quando voltou de sua caminhada pelo bairro, não encontrou Harry em casa. Mas na cômoda, ao lado da cama deles, havia um bilhete sobre a lista de convidados.

“Gin, tive que sair. Chamado urgente no ministério, não me espere acordada.

Pensei no que você disse, vou atrás de alguém que possa me ajudar.

Te amo, H.”

Deixou o bilhete de lado e pegou o pergaminho extenso. Harry havia adicionado algo lá no final. Duda Dursley e família.

Junho de 2001

O Lago Grimmauld número 12 vinha sendo o lar de Harry e Ginny desde o fim da guerra. O fato é que a casa nunca havia parecido um lar. Com suas rotinas corridas e viagens extensas, não lhes sobrava tempo para mudar nada do que os incomodava ali. Com os convites enviados e data do casamento marcada, o seu lar que não se parecia um lar vinha os incomodando intensamente.

Nas últimas semanas, Harry e Ginny trabalharam dura para retirar o quadro da mãe de Sirius e a tapeçaria Black. Contaram com a ajuda de todos os especialistas do ministério para a retirada de tudo o que um dia foi da família Black da residência. Agora que o pior já estava feito, as coisas pareciam mais complicadas.

Haviam caixas em todos os cômodos, latas de tinta espalhadas pela sala e tapetes enrolados em todos os cantos possíveis. Ginny sabia que assim que se casassem ela voltaria para a rotina cansativa e inusitada de treinos para a copa e Harry sairia em alguma missão que o deixariam longe por meses. Por isso, e por total influência de Hermione, ela decidiu que eles organizariam toda a casa com as próprias mãos. O que significava nada de mágica.

—Não acho que quero viver em uma casa onde uma parede é pintada com a tinta com nome ‘Acácia’. –Harry disse fazendo cara feia para uma das três tintas que Ginny testou na parede. –Eu nem sei o que é uma acácia!

—Não é sobre o nome, é sobre a cor. –Ela respondeu enquanto olhava atentamente as três opções. Seu rosto estava sério e a postura reta, como se ela estivesse prestes a tomar a decisão as sua vida. –Ela passa a impressão de ser a cor que uma família usaria em sua casa.

Harry olhou a noiva como se ela estivesse doida.

—Ela passa a impressão de estar suja.

—O que você acha, Mione? –perguntou para a cunhada, ignorando a expressão indignada de Harry.

—É uma cor linda, a melhor das três. –Sorriu para a ruiva, que parecia radiante com a escolha.

—O quê? Não! –Falou alto, tentando ser ouvido. –Amarelo dália é a única escolha possível.

—Amor, Hermione concordou. –Respondeu enquanto deixava o beijinho em seus lábios e se preparava para pegar a tinta escolhida.

—Ela nem mora aqui. –Tentou argumentar, mas já era tarde demais.

*

Mais tarde naquele dia, com a parede da sala inacabada e mais caixas espalhadas por toda a casa, Harry se preparava para dormir quando Ginny saiu do banho. O sorriso cansado mas feliz da mesma murchou ao notar a carranca que o noivo trazia no rosto.

—Algum problema, amor?

—Nenhum. –Respondeu ácido. Caminhou até o pequeno e improvisado armário para se vestir quando parou e voltou o olhar zombeteiro para a noiva. –Que cueca eu devo vestir, a preta ou a azul? –perguntou com um falso sorriso. Ginny abriu a boca para responder com confusão quando foi interrompida. –Ah, não, espera! Chame a Hermione e peça ajuda nessa decisão.

—Harry? Mas que merda?

—E o que você acha do meu pijama? Dormir com ele ou sem? –Voltou a perguntar enquanto segurava o pijama nas mãos e mantinha a expressão irónica no rosto. –Não tome essa decisão antes de consultar sua mãe.

—H...

—E sobre meu cabelo? Devo cortá-lo ou deixar crescer? –Continuou, sem deixar com que Ginny pudesse ao menos falar. –Decisão importante, chame suas cunhadas.

—Harry! –Ginny exclamou irritada e confusa, agarrando o braço do noivo, o fazendo parar. -Do que você está falando?

—Não tem sido assim as tomadas de decisão por aqui? –perguntou com o olhar baixo e se soltando das mãos de Ginny. –As louças que vamos comprar? Sua mãe e você decidem. A cor de parede? Você e Hermione decidem. Quais os melhores móveis? Você e suas cunhadas. –Falou aumentando o tom de voz. Suspirou quando notou. Não. Ele não seria o tipo de marido que levanta a voz toda vez que se chateia com algo. Eles conversariam sem gritar, como sempre tinha sido. –Me desculpe, mas ultimamente parece que você vai morar com todo mundo aqui, menos comigo.

—Harry, amor. –Falou baixo, suspirando, a culpa batendo em sua porta. –Eu não achei que você gostaria de participar dessas chatices...

—Chatices? –riu incrédulo, virou de costas e começou a arrumar a cama.

—Não, não foi isso que eu...

—Ginny, eu nunca tive uma casa para chamar de minha. Não realmente. –Fala lentamente, tentando manter a calma. –Nunca tive que decidir nada. Essa é a nossa casa, o nosso lar. Eu quero decidir as coisas ao seu lado. Nós vamos morar aqui, não eles.

—Podemos achar outra cor que te agrade. –Tentou, mas Harry continuou virado, prestes a se deitar. Ele parou por um segundo e balançou a cabeça. Deitou e se ajeitou.

—Não é sobre a cor, Gin.

Naquela noite, com a parede inacabada e caixas espalhadas em todos os lugares, Harry e Ginny dormiram brigados pela primeira vez em seis anos.

*

Harry acordou sozinho naquela manhã, com o lado da noiva gelado. Confuso e ainda chateado com a discussão não resolvida da noite anterior, ele levantou coçando os olhos por de baixo dos óculos enquanto descia as escadas. No final dos degraus, parada na entrada da sala, Ginny se encontrava inquieta e animada.

—Bom dia. –Disse alegremente, com o cabelo bagunçado e braços cruzados atrás do corpo.

—Bom...dia? –respondeu confuso com a animação da noiva.

—Eu pensei no que você disse e acabei notando que a casa não estava com a nossa cara, então eu fiz algo. –Ela contou dando leves pulinhos, algo inacreditável vindo dela, puxando o noivo para a sala. Na parede pintada com a cor de nome estranho, haviam cerca de vinte balões cheios de tinta. –Tcharan!

—O que? -Harry olhou confuso para a parede e o chão cheio de jornais e plásticos.

—Eu vi isso em um programa que você me mostrou na tevelisão...

—Televisão. –Corrigiu risonho, o bom humor voltando para seu corpo.

—...e achei que seria divertido.

—O que seria divertido?

—Jogar dados nos balões. –Ela respondeu enquanto dava cinco dardos para o noivo. –Eles estão cheios de diversas tintas, o homem da loja disse que elas combinam e que podem parecer a alguma coisa láctea.

Harry olhou incrédulo para Ginny, um sorriso tomando conta do seu rosto. Os dois começaram a jogar dardos e as cores começaram a tomar conta da parede da sala. No fim do dia, quando decidiram largar a regra do ‘sem magia’, e tinham metade das caixas vazias e boa parte dos móveis montados, a família de Ginny chegou, se chocando com a parede.

—É diferente. –A Sra. Weasley comentou, incerta.

—O que aconteceu com a cor que escolhemos? –Hermione perguntou.

—Essas cores são mais a nossa cara. Minha e do Harry. –Ela respondeu sorrindo para o noivo que estava do outro lado da sala. –Essa é a nossa casa, tem que ter a nossa cara.

Outubro de 2001

Harry achou que ter ganho a Segunda Guerra Bruxa o teria deixado imune de qualquer frio na barriga, seja ele bom ou ruim. Era sábado e, apesar da brisa fria típica de outubro, o sol brilhava tímida e lindamente no céu d’A Toca. Ginny havia acordado cedo e sumira para o quarto da senhora Weasley junto com as cunhadas para se arrumar. Harry ajudava com a grande tenda e toda e qualquer decoração para o tempo passar.

Faltando menos de duas horas para o sol de pôr, o exato horário que se tornaria o marido de alguém, quando finalmente sentou para tomar uma xicara de café. Com a roupa que usaria e a mente em outro lugar, só notou que tinha companhia quando a sombra de quatro pessoas escureceram o local da cozinha onde estava sentado.

—Boa...tarde? –falou inseguro enquanto largava a xícara. Seus músculos endureceram, na mesma postura que adotava antes de uma missão importante com os aurores. –Posso ajudar em alguma coisa?

—Temos algo para você, Harryzinho. –George se pronunciou, com um sorriso largo e malicioso no rosto sardento.

Harry sorriu aliviado relaxando a postura, tomou o último gole do café antes de se voltar para George, Hermione, Fleur e Angelina.

—O que é? –perguntou animado.

—Temos uma tradição nessa família. –George disse risonho. –Todos que se casaram com um Weasley até hoje, usaram. E você vai usar também.

Fleur sorriu graciosamente ao ponto que Harry riu encabulado, passando a mão pelo pescoço que começará a ficar vermelho.

—Me pegaram. –Ele riu, prestes a se levantar.

—Não era brincadeira, Harry. –Hermione respondeu, o impedindo de sair do lugar.

—Nunca vi ninguém usando nada, e tiveram vários casamentos nos últimos anos.

—Você viu. –Hermione disse. –Em mim.

—E em mim. –Fleur completou.

—Até em mim. –Angelina completou.

A mente de Potter trabalhou rapidamente, tentando lembrar dos casamento anteriores e o que as três mulheres tinham em comum.

—Não. –Levantou rapidamente, negando com a cabeça, incrédulo. –Não. Não e Não! Isso não é uma festa qualquer, é meu casamento. –Se virou para George. –Com a SUA irmã.

—Não podemos irr contrra a trradiçoum. –Fleur deu de ombros.

—Mas...mas, sua mãe já levou para Ginny. Ela quem vai usar!

—Mas é claro. –George riu. –Aquela é cara e rara, mas fizemos uma para você.

Nesse momento, Harry notou que o cunhado mantinha as mãos atrás do corpo e quando as tirou de lá, trouxe junto uma coroa azulada.

Harry olhou para os quatro que tentavam inutilmente não rir e, derrotado, pegou a maldita coroa saindo da sala.

*

Harry suava frio enquanto tentava ficar parado no altar. Conseguia sentir o peso da coroa estúpida que George o havia obrigado a usar. Suas mãos tremiam enquanto via todos os convidados se acomodarem, buscando um rosto específico no meio de todos aqueles conhecidos.

Ele levou o olhar até a janela do antigo quarto de Ginny quando a luz apagou. Ela estava vindo. Antes mesmo que pudesse se recompor e limpar as mãos suadas na calça, Hermione aparecer na entrada da tenda fazendo sinal para a orquestra.

Então a música começou, e as coisas passaram a acontecer em câmera lenta.

Yeah, I see us in black and white
Crystal clear on a star lit night
In all your gorgeous colors
I promise that I'll love you for the rest of my life

Ginny estava deslumbrante. O vestido branco adornado de pequenas pedras a fazia brilhar mais que o normal. A tiara antiga da tia Muriel (a verdadeira tradição dos Weasley) estava entrelaçada em seus cabelos cor de fogo. Seu sorriso era enorme e seus olhos brilhavam de alegria.

Ela andava graciosamente, cumprimentando e distribuindo gracejos para todos os convidados. Harry a olhava apaixonado e, sem que notasse, lágrimas começaram a encher seus olhos. Sua vida estava começando, realmente começando. O olhar dos noivos finalmente se encontrou, na metade do caminho para o altar. Ela sorriu e ela franziu o cenho.” Que droga é essa?”, perguntou com sem emitir som. “George”, respondeu da mesma maneira.

Ela sorriu e ele chorou.

See you standing in your dress
Swear in front of all our friends
There'll never be another
I promise that I'll love you for the rest of my life

No dia 23 de Outubro de 2001 Harry e Ginny juraram na frente de todos que se amariam e respeitariam pelo resto de suas vidas. Que muito mais que apenas marido e mulher, seriam parceiros, iguais, amigos. Quando a juíza de paz ergueu sua varinha junto aos noivos e filetes dourados os envolveram, Ginny achou que poderia explodir de alegria. Naquele dia 23 de Outubro, eles se tornaram o Sr. e Sra. Potter.

*

O começo da festa servia para brindes, fotos e entediar os noivos. Fazia quase uma hora que os dois se encontravam parados no fundo do quintal recebendo os convidados que gostariam de parabeniza-los. Harry abraçava a cintura de sua esposa enquanto ria de uma de suas piadas sujas quando avistou o último convidado da fila para os comprimentos. Era uma figura alta e larga, tão parecido com a sua lembrança de infância, mas tão diferente de alguma maneira.

Duda Dursley vinha gingando desengonçado e envergonhado na direção dos noivos. Ginny soube quem ele era pela postura que seu marido adquiriu quando ele se postou na frente dos dois.

—Oi...-cumprimentou de longe, com a voz falha.

—Oi. –Harry respondeu no mesmo tom. Ginny intercalava o olhar entre os dois, se sentindo desconfortável naquele meio.

—Oi, Ginny Weasley. –Estendeu a mão para homem a sua frente, tentando melhorar o clima. –Na verdade agora é Potter. –Riu, sendo acompanhada por Duda, enquanto apontava animada para a aliança dourada e seu dedo. –Ainda é muito recente.

—Foi uma cerimônia linda, - disse após alguns segundos em silêncio, sobre o olhar intenso de Harry –realmente muito emocionante. Parabéns.

—Obrigada. –Ginny sorriu, abraçando o marido para que o mesmo voltasse a realidade.

—Fico feliz que tenha vindo, eu não esperava.

—Eu tentei trazer eles mas...-coçou a nuca envergonhado enquanto encarava os olhos verdes do primo.

—O convite não se estendia a eles, mas achei que gostaria de trazer alguém consigo.

—Não achei uma boa ideia, já que ela não sabe sobre....bom, sobre...você sabe.

—Sei...

—Gostei da...-apontou para a estúpida coroa azul que Harry havia sido obrigado a usar na festa.

—É uma tradição, -respondeu rapidamente, corando, enquanto limpava a garganta –no mundo bruxo.

—É maneira.

—É, é sim.

—Enfim...

—Enfim.

Ginny, que assistia àquela estranha interação se forçando a não gargalhar, resolveu que era hora de pôr um fim naquilo.

—Bom, a festa está só começando. Ainda vamos ter um show muito especial do The Weird Sisters, então fique à vontade.

—Na verdade, eu vim parabenizar vocês e me despedir. –Respondeu envergonhado e, mesmo que fosse quase imperceptível, a expressão de Harry caiu. –Tenho uma viagem a trabalho ainda hoje.

—Oh, tudo bem. Obrigada por ter vindo mesmo assim.

—Foi bom te ver, Harry. –Estendeu a mão com um sorriso caloroso no rosto.

—Foi bom ver você também, Duda.

Dursley estava se virando para sair da tenda quando voltou com um sorriso no rosto. Caminhou para próximo dos noivos mais uma vez e estendeu um cartão para o primo.

—Me liga quando quiser usufruir do seu presente de casamento.

—Meu...presente? –perguntou confuso.

—É um adulto agora, Potter. –Sorriu dando palmadinhas no ombro do primo. –Não precisa mais jogar videogame escondido, tem o seu próprio.

Com um sorriso no rosto, Harry viu Duda se afastar sabendo que talvez ele nunca mais saísse da sua vida.

*

Uma coisa que todos devem saber sobre bruxos e suas festas é que cansaço é uma palavra inexistente em seu vocabulário. Já passava das três da manhã, The Weird Sister se preparava para sua última música e, tirando algumas crianças que dormiam como anjos deitados em cadeiras desconfortáveis, ninguém parecia estar próximo de deixar a festa.

Ginny havia dado um jeito em seu vestido para que ele não arrastasse no chão e seus pés estavam descalços. A maquiagem não estava mais tão intacta e os cabelos antes presos estavam caindo em uma bagunçada e ruiva cascata em suas costas. Harry havia perdido o paletó, a coroa e, isso vai provar o ponto sobre bruxos saberem festejar, seu cinto. Os cabelos estavam afastados da testa pela gravata de Ron presa em sua cabeça.

—Essa última vai para Harry e Ginny, um casal para se inspirar. – A voz de Myron Wagtail se fez presente, arrancando uma salva de palmas de todos os presentes. –Que vocês encontrem ainda mais felicidade, Com vocês, nossa nova composição, Just the way you are.

—A gente deveria fugir daqui. –Harry sugeriu após puxar a esposa para a pista, afim de dançar a última música da sua banda favorita. –Sabe, dar um cano em todos e ir pra nossa casa.

—Mamãe ficaria doida se saíssemos antes dos convidados. –Ela riu olhando nos olhos verdes que tanto amava. –Vamos nessa.

E de maneira discreta, ou era o que os dois bêbados destrambelhados pensavam, os noivos saíram aos tropeços e risadas com a Sra. Weasley correndo atrás deles aos berros. Embalados pelo som da música que tanto os representava, Harry e Ginny Potter aparataram em direção ao seu futuro.


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Notas finais do capítulo

E ai? Comentem o que acharam!
Se é novo por aqui meu perfil tem mais uma fanfic Hinny que acho que vocês gostaram. Se estão a procura de indicações, o twitter do projeto tem um mês inteiro de histórias sobre o casal. Segue lá: @HinnyNovember!

*Um recado para os meus leitores das histórias ao lado*
Eu ainda vou atualizar elas esse ano, só preciso de mais tempo por que agora as coisas ficaram realmente complicadas na minha vida. Obrigada pela compreensão! Amo vocês!

Espero que tenham gostado. Não se esqueçam de comentar, favoritar e recomendar pra algum amigo!

Love Always, BB.



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