Floriografia escrita por Fanfictioner


Capítulo 2
O fim (do começo), o resto do meio e um pedaço do fim (do meio)


Notas iniciais do capítulo

Adorando a repercussão do nosso Harry florista, e feliz que vocês estão gostando. Agradecimentos especiais à Camila e à Karou, porque nesse capítulo temos dois OC delas - A Phoebe Goldstein e a Jia Chang, respectivamente. Vocês são ótimas, meninas. Obrigada pelo empréstimo de OC ❤
Não sejam tímidos, vejo vocês nos comentários (e pelo twitter em @morgana_botelho)!



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O FIM (DO COMEÇO)

O pé que James Sirius, adormecido, enfiava contra sua costela àquela hora da manhã a fazia pensar que esta não era, nem de longe, a vida que a Ginny sonhadora de dezesseis anos tinha pensado para si, com todos aqueles planos mirabolantes de vida e carreira. Não era ruim, ela não trocaria seu filho por nada, mas às vezes havia o questionamento.

O verão estava chegando rápido, e o sol já estava aparente mesmo que ainda nem fosse seis horas. Ela desistiu de continuar na cama e se levantou em silêncio, na esperança de um banho revigorante e um café com calma, antes de acordar James Sirius para mais um dia de rotina.

As quintas-feiras eram dias com os quais ela tinha uma relação de amor e ódio. Ter a manhã livre e poder começar o dia com calma, dar atenção matinal à James e resolver suas questões era um privilégio de apenas dois dias na semana, excetuada sua folga.

No entanto, o plantão que ia das duas da tarde às dez da noite era sempre o mais pesado, e Ginny detestava voltar para casa sozinha à noite. Ela era grata pelo filho ser sempre compreensivo e nunca reclamar de precisar ficar com a babá até tarde naqueles dias, mas a culpa de mãe a atingia sempre que chegava em casa exausta e encontrava James já no décimo sono.

— Você sabia que faltam só… - ele contou os números na folha do enorme calendário de papel que Ginny deixava preso na porta da geladeira. - sessenta e um dias para eu ficar de férias?!

— É mesmo? Só isso? - Ginny fingiu surpresa, sorrindo enquanto servia o café da manhã dele. - E o que você quer fazer nas suas férias, Jay?

— Ver filme até tarde! 

— Ah é? E o que mais? - ela riu, pegando o boneco de brinquedo das mãos dele. - Anda, venha comer seu café. Deixe o Capitão Aamérica sentado aqui na mesa, vamos…

— Eu quero ver a tia Luna. Ela pode visitar a gente? - os olhos brilhando de expectativa.

— Nós podemos convidá-la, que tal? E aí vocês podem ir no parque enquanto eu estou no posto. E podem tomar sorvete…

— E ela pode me ajudar a plantar as flores que compramos com o tio Harry.

— Senhor Harry, James. Mas sim, vocês podem. - Ginny corrigiu sorrindo.

— Ele quem disse que eu podia chamá-lo de tio. Porque ele é o padrinho do Teddy, e o Teddy chama ele de tio, e que então eu podia também. 

James era astucioso, e gostava de exibir sua inteligência e bom humor, às vezes até mesmo tentando dobrar a mãe aos seus interesses. Na maior parte das vezes, Ginny cedia, mas apenas quando sabia que não havia problema em fazê-lo.

— Você precisa perguntar a Teddy se ele se importa, James. - ela advertiu. Teddy era um dos melhores amigos que James havia feito na escola. - Hoje eu ficarei fora até tarde, tudo bem?

— A sra. Bagshot vai ficar comigo? - ele perguntou, mexendo o canudo em seu copo de dinossauros.

— Com certeza. Você vai se comportar? - ele assentiu. - E vai fazer seu dever de casa? Então amanhã podemos ver um filme no cinema, depois da escola, que tal?

Ginny detestava fazer aquilo, mas quanto mais corrida sua vida profissional ficava, atrapalhando conciliar a atenção que queria dar ao filho pequeno, mais ela se via barganhando afetos e formas de compensar a ausência. Depois da morte de sua mãe, menos de um ano atrás, Ginny tinha ficado ainda mais obcecada em ser uma mãe presente na vida de James Sirius, mesmo que isso significasse exaustão e solidão.

— Depende… Teddy pode ir? E eu vou poder tomar refrigerante com a pipoca? - perguntou James, esperto e com um sorriso travesso.

Ela deu uma gargalhada gostosa, levantando-se para organizar o almoço que James levaria para a escola. Ela não era exatamente à favor de refrigerantes para crianças, mas às vezes era mais liberal e concedia o benefício ao filho.

— Vamos pensar nessas possibilidade, espertinho. Agora termine logo de comer e vá escovar os dentes, que estamos atrasados.

***

O RESTO DO MEIO (DO MEIO)

— … e aí, você não vai acreditar, tio! - Teddy fez uma pausa dramática, correndo a frente de Harry na calçada e se virando para olhá-lo, cheio de expectativa. 

— O que aconteceu? - ele perguntou, sorrindo.

— Eu acabei a lição primeiro que a Toire, e a professora Minerva me deu três estrelas douradas para o mural! 

Harry caiu na risada. Victorie Weasley era a primogênita de Gui, o irmão mais velho de Ron, e desde os primórdios da vida escolar, no jardim de infância, Teddy e Victorie eram duas crianças opostas que viviam numa competição saudável - embora às vezes nem tanto - sobre absolutamente qualquer coisa.

Victorie tinha herdado os cabelos louros demais e os traços franceses delicados da mãe, enquanto Teddy tinha pais e familiares liberais demais, que o tinham deixado aplicar tonalizante turquesa nos cabelos no último verão - e assim permanecera até então. Duas crianças enérgicas e com as quais Harry amava absolutamente exercer a função de tio.

E havia, mais recentemente, James. O filho de Ginny, que acabara por se tornar um dos melhores amigos de Teddy, até próximo de Victorie, e que sempre estava por perto. Outra adição maravilhosa em suas funções de tio brincalhão, já que os outros sobrinhos de Ron ainda eram muito pequenos.

— James! - comentou Teddy surpreso ao deixar a mochila na entrada da floricultura. - O que tá fazendo aqui?

Harry teria repreendido o afilhado pela grosseria de largar a mochila no chão e de falar alto demais, mas era sexta-feira de tarde, e ele decidiu que o menino merecia um desconto.

— Esperando minha mãe. - ele indicou o posto de saúde do outro lado da rua. - E olhando flores para plantar com minha tia Luna, no verão.

Teddy já tinha vindo para a floricultura inúmeras vezes após a aula, quando acontecia de Harry ir buscá-lo na escola, e era cotidiano que James passasse algum tempo de sua espera diária por Ginny ali, olhando as plantas e conversando com Hermione ou Harry. No entanto, em todos aqueles meses, nunca havia acontecido, até então, o coincidente encontro dos dois amigos ali.

— Quer comer algo, Ja- Olha só quem está aqui também! - Hermione comentou, vindo dos fundos da loja, onde mantinham o depósito, os banheiros e a copa. - Minha floricultura virou uma creche!

As crianças riram do tom de Hermione, mas ela deu um abraço em cada um antes de oferecer biscoitos de chocolate que ela comprara naquele dia mais cedo. Harry assumiu a responsabilidade de sentar com os meninos na copa enquanto lanchavam, e Hermione cuidou da recepção da loja por algum tempo.

— Teddy estava me contando do mural de pontos de vocês, James… você está indo bem?

— Mais ou menos. Eu sempre ganho estrelas na aula de ciências, e na educação física.

— E na faula fe fartes. - interrompeu Teddy, coma boca cheia, espalhando farelos de biscoito pela mesa e fazendo James rir.

— Não fale de boca cheia, Cabeção. - repreendeu Harry, revirando os olhos. Ele não sabia ser o padrinho super responsável. - Ei, ciências e educação física são muito legais. Sabia que eu entrei no time da escola com onze anos?

— No time de lacrosse? Caramba! Mas alunos do sexto ano não podem jogar no time! 

— Tio Harry foi o mais novo artilheiro do time! Ele foi o melhor da equipe muitos anos, e chegou a ser o capitão, né tio?! - Teddy exclamou, orgulhoso.

Harry se limitou a sorrir um pouco, e continuou ouvindo a conversa animada dos dois em explicá-lo sobre as estrelas douradas que ganhavam com acertos e méritos em sala. O aluno com mais estrelas no fim do termo ganhava algo, e até então Victoire tinha ganho um boneco quebra-nozes, no fim do termo que antecedeu o Natal do ano anterior, e Phoebe Goldstein fora a mais laureada no final do segundo termo, ganhando uma caixa de chocolates caseiros.

— Estou muito ansioso para ganhar o terceiro termo! Esse ano só as meninas ganharam, e a Toire está bem atrás de mim dessa vez. 

— Alguma coisa me diz que não é só sobre ganhar as estrelas, Teddy, mas mantê-las no mural. - disse Harry com um tom de advertência que fez Teddy sorrir contrangido. - E ficar de castigo toda semana, perdendo as estrelas que ganha não me parece um jeito muito sábio, hum?

— Mas é que a gente tem muita energia, tio Harry. - explicou James, arrancando uma gargalhada de Harry. - Você sabia que a gente vai fazer uma peça de dia dos pais?

— Ah, é? Não sabia… isso você não me contou, malandrinho. - ele afrouxou a gravata do uniforme de Teddy enquanto recolhia os copos de achocolatado e o pote de biscoitos.

Então Teddy e James começaram a se atropelar para falar, cada um mais desesperado para contar como estavam sendo as preparações e ensaios que o terceiro ano vinha planejando para as apresentações de dia dos pais, no último dia de aula.

Havia algo sobre uma peça teatral, com uma dança no meio - “não tio, não é um musical. É uma peça com dança” Teddy tinha sido enfático - e havia uma música final que toda a escola apresentaria, se Harry tinha entendido bem.

— E vocês vão fazer audições para os papéis, ou o quê? 

Já fazia um tempo que Harry tinha saído da escola, mas ele se lembrava de existirem audições para os papéis, para ser justa a escolha. Mas talvez isso fosse apenas a partir da escola secundária, não?

— Não, tio. Professora Minerva quem escolhe. Giovanni Zabini vai ser o principal, e a Jia Chang vai narrar, porque ela lê muito bem.

Harry se remexeu à menção da menina, porque era a filha de sua ex-namorada da época de escola, e ele achava curioso alguém que estudara com ele ter um filho da idade de Teddy. Se bem que havia Ginny, da idade dele e com James, e ele não estranhava aquilo.

— E você, James, vai ser o quê?

— Vou dançar com todo mundo. E falo a frase final. - ele sorriu orgulhoso.

— Isso é muito legal! Está animado? Seu pai vai gostar de ver você apresentar.

— Ah, não. - comentou ele com indiferença. - Meu pai não vai me ver.

No segundo em que ouviu a resposta, Harry se arrependeu de ter perguntado algo, porque crianças eram muito sinceras, e às vezes não mediam a gravidade das coisas que diziam. Tudo que não queria era que James dissesse algo constrangedor ou expositório sobre a mãe ou o pai, que aparentemente não estavam em bons termos.

— Como assim? Por que não?

— Teddy. - Harry advertiu.

— O quê? - Teddy ignorou o padrinho solenemente. - Vai ser dia dos pais! O meu pai vai me ver, seu pai não gosta de você?

Harry não sabia aonde enfiar a cara, de tamanha vergonha, e agradeceu ter que lavar a louça.

— Acho que gosta, não sei. Ele só não vai me ver. - ele deu de ombros. - Ele nunca foi.

Não fazia muito o perfil de Harry julgar as pessoas sem conhecê-las, mas naquele momento ele tinha certeza de que nunca tinha ouvido de  um homem tão estúpido quanto o que Ginny tinha escolhido para ser o pai de seu filho. Ela já tinha deixado claro que não costumava ter muita ajuda com James, em geral, e agora a criança confessava que o pai sequer o tinha ido ver nas apresentações de escola.

Como uma mulher fenomenalmente inteligente, amigável e atraente como Ginny ficava com uma pessoa como ele?

— Você não tem pai? - perguntou Teddy.

Definitivamente Harry precisava conversar com Tonks e Remus, os pais de Teddy, sobre ensiná-lo sutileza e um pouco de decoro. Estava mortificado de constrangimento, e agradecia ser uma conversa entre as crianças, e que Ginny não estivesse presente.

— Claro que tenho! Todo mundo tem pai. - respondeu, revirando os olhos com impaciência. - Eu só não conheço ele. Mamãe disse que ele mora em outra cidade, e que algum dia eu posso conhecer ele, se quiser.

Hermione entrou na copa logo em seguida, avisando Ginny tinha chegado para buscar James. Harry cumprimentou a amiga, embora com a cabeça meio nas nuvens, pensando sobre o que James havia comentado. Ginny mencionou a ida ao cinema, e lamentou a Teddy que ele não pudesse ir, mas o garoto não pareceu lá muito desanimado, porque ele adorava passar os finais de semana na casa do padrinho e sempre se empolgava diante da perspectiva de poder passar horas no videogame de Harry.

— Bom final de semana para vocês, então. - disse Ginny com um sorriso doce, embora cansado. - Nós vamos aproveitar o nosso!

Harry sorriu e deu um aceno de despedida, trocando um toque com James. Hermione o encarou com as sobrancelhas levantadas, claramente curiosa pelo que se passava na cabeça dele. Quando Teddy conseguiu afanar o celular do padrinho para jogar na internet, Harry pode conversar com calma com Hermione, enquanto recolhiam as plantas dos mostruários na calçada.

— Mãe solo então. Isso explica alguma coisa. - comentou Hermione, enquanto ouvia.

— Que tipo de cara merda vai embora da vida da mãe do filho dele? - ele perguntou, mais irritadiço do que devia sobre uma questão que não lhe dizia respeito. - Tá, tá… eu sei que tipo de cara. A maioria dos caras, no caso. - acrescentou sob o olhar presunçoso de Hermione.

— O lado positivo - ela continuou algum tempo depois. - é que significa que Ginny está solteira.

Harry soltou um risinho pelo nariz, incrédulo que aquele fosse o ponto de Hermione na conversa. A amiga soltou uma gargalhada.

— Não. Só significa que o pai do James é um bosta, e que ela está separada dele.

— E nesse caso, isso quer dizer a mesma coisa. - Hermione piscou, saindo assobiando para dentro da loja, com um sorriso tão maldoso que chegava a ser irritante. Ela passou a ignorar Harry e dispensar todas as atenções à criança de cabelos turquesa sentada sobre o balcão da floricultura, apertando-o exageradamente - E o meu baby Teddy, já escolheu o sabor de pizza que quer jantar? 

— Eca! Sai, tia, eu vou perder meu jogo, assim!

***

UM PEDAÇO DO FIM (DO MEIO)

— Eu pago todas as suas rodadas de chopp na sexta-feira se você acertar a fofoca que eu tenho para você! - Hermione comentou no segundo em que entrou na floricultura na segunda feira.

Harry revirou os olhos e apenas riu, porque devia ser algo muito importante. Hermione era pragmática e organizada, e ela nunca chegava antes do horário habitual na loja. E, no caso, faltavam vinte minutos para seu horário habitual, e a terceira caneca de café matinal dela havia sido substituída por um café de loja de conveniência, o que fazia tudo ainda mais alarmantemente curioso.

Devia ser uma fofoca boa, e Harry detestava admitir, mas ele era completamente curioso pelas fofocas cheias de detalhes que, de alguma forma, Hermione era capaz de conseguir.

— Você saiu com McLaggen e teve um final de semana luxurioso e cheio de safadezas em um resort cinco estrelas em Brighton, e por isso não apareceu para almoçar lá em casa. 

Hermione mostrou o dedo do meio para ele enquanto pendurava o casaco na entrada para a copa. 

— Peça desculpas para sua mãe, eu estive ocupada, e eca! Tive náusea só de me imaginar com McLaggen num resort luxurioso. - ela retrucou, revirando os olhos.

— Então você pensa em McLaggen em um resort luxurioso? - ele provocou, rindo enquanto pegava o borrifador de água para molhar as plantas. - Ron vai ter o coração partido novamente, Mione?

Ela enrubesceu, e Harry sorriu ao vê-la arrumar os cabelos cacheados volumosos atrás da orelha, constrangida.

— Eu não tenho ideia do que você está falando, Harry Potter. E aliás, você perdeu seus chopes de graça. A fofoca é sobre a Ginny. - ela cantarolou, ligando o computador.

Seria mentira se Harry dissesse que seu coração não tinha saltado gostosamente em seu peito, ou que suas entranhas não tinham se remexido, como um animal curioso, voltando-se na direção de Hermione e suas fofocas.

— Ah, é? - fingiu desinteresse. - Achei que fosse amiga dela, e não agente dupla.

— Mas eu sou amiga dela. O que isso tem a ver?

— Ah, sei lá. Pensei que sororidade, feminismo ou essas coisas assim impedissem vocês de saírem fofocando umas sobre as outras. - ele deu de ombros, sabendo que estava provocando Hermione.

— E o que mais o macho quer me ensinar sobre o feminismo, eim? - ela rebateu, franzindo as sobrancelhas. Harry riu, confessando que tinha feito pela provocação. - Eu devia deixar você sem informações, sabia, Potter? Estou tentando ser seu Cupido, aqui, com licença?

— Desembucha logo, Cupido.

Ele estava morrendo de curiosidade pela fofoca, mas conhecia Hermione bem o bastante para saber que, quanto mais demonstrasse interesse, mais ela demoraria a lhe contar.

— Ginny está solteiríssima! - ela confessou, sorrindo de orelha a orelha. - E mais! Nunca foi nem casada com o pai do James.

— É sério? - ele exclamou, surpreso e incapaz de conter o ímpeto curioso. Hermione caiu no riso. - Fala sério, Mione! Como você soube disso?

Pela meia hora seguinte, Hermione contou riquezas de detalhes sobre como tinha acompanhado Ginny e James na tarde de domingo à pequena biblioteca de Godric’s Hollow, para ajudá-los a fazer o cadastro para empréstimo de livros no local, já que James estava desenvolvendo gosto pela leitura - ou Ginny esperava fazê-lo desenvolver.

Em meio aos documentos necessários, a ficha de cadastro perguntava o estado civil de Ginny, que prontamente tinha respondido solteira - não divorciada, nem casada. Solteira. Aquela informação tinha levado a uma conversa ‘inocente’ de Hermione, que se estendeu por toda a tarde em um café, jogando papo fora enquanto James brincava no parquinho do outro lado da rua com um colega de escola.

— E aí ela comentou que nunca tinha tido nada com o pai de James. Que era solteira, e que tinha sido assim desde que James nascera, com um único namoro com um rapaz chamado Dean, anos atrás, quando James tinha uns três anos, mas que não durou mais que seis meses. - Hermione finalizou, divertindo-se com a concentração de Harry em suas palavras. - O caminho está livre, Don Juan.

A piscadinha que Hermione deu a ele merecia uma resposta, afinal Harry sabia que ela estava escondendo coisas sobre seu final de semana misterioso. Nem ela nem Ron tinham aparecido para o tradicional almoço de domingo na casa dos Potter, os dois tinham deixado ele e Draco sozinhos na última cerveja no sábado de noite, e aquele sorrisinho animado certamente se referia a mais do que apenas fofocas sobre Ginny Prewett - por melhores que fossem essas fofocas.

Clientes chegaram na floricultura, no entanto, e Harry se limitou a dizer que aquele assunto iria continuar depois, e Hermione respondera que não, rindo e indo para os depósitos. Harry passou o resto do dia avoado, pensando nas informações sobre o estado civil de Ginny com que tinha sido presenteado, e sua segunda-feira parecia feliz e leve demais para ser verdade.

No almoço, Ginny tagarelou um bom bocado sobre os eventos agitados de seu final de semana como mãe de menino, dividindo-se em cinema, deveres de casa e bibliotecas, e tudo que Harry conseguia pensar era em como a boca dela ficava bonita quando sorria daquele tanto.

A junção das informações de que: a) o pai de James não era presente na vida dele, e b) Ginny era solteira, e sempre tinha sido desde o nascimento do filho, tinham dado um novo sentido ao coração piegas e excessivamente emocionado de Harry, que era romântico ao ponto de ter dado à sua floricultura o nome de Valentine’s - mesmo sob os protestos de Hermione.

— Decidi o que vou fazer. - ele comentou no fim da tarde, enquanto ajudava Colin a colocar caixas de flores na garupa da bicicleta para ele ir entregar.

— O quê? - perguntou Hermione, sem tirar os olhos do computador. - Draco, se você despedaçar outro galho dessa tuia eu vou cobrir de você de porrada. - acrescentou em tom de ameaça, fazendo Draco tirar a mão imediatamente da planta em que tinha ficado torcendo os galhos sem notar.

— Vou dar flores para Ginny.

— Ah, então você finalmente vai clamar seu título de amante? - implicou Draco, mesmo já atualizado das fofocas sobre o estado civil de Ginny.

— Por que mesmo nós somos seus amigos? - rebateu Hermione. - Acho uma ótima ideia, Harry. O que você vai escolher? Quer que eu faça um buquê de rosas?

— Não! Rosas não, calma, Mione. - ele respondeu depressa.

— Buquê de rosas soa desesperado demais. É tipo gritar “eu te amo” no meio da rua. - Draco acrescentou. - Eu só dei rosas à Astoria quando a pedi em namoro. Melhor algo mais… amigável.

— Vou mandar crisântemos. E azaleias brancas. - explicou Harry. - Significam romance, quando juntas.

Draco pareceu concordar, e ajudou Harry a tirar os ramalhetes das flores mencionadas de dentro dos baldes de água e então a montar o buquê.

— Como se ela fosse saber esses significados de um dicionário de flores idiota, do século XIX, que vocês leram no ensino médio! Vocês são tão emocionados. - ela comentou revirando os olhos. - Não me surpreenderia Ginny achar que vocês dois são gays, sabia?

Draco riu, abraçando Harry com afetação e sapecando um beijo irônico na bochecha dele, que gargalhou, entrando na brincadeira.

— Por que você acharia que somos gays, Mione? De onde ela tirou isso, amor? - debochou Draco, falseando a voz e fingindo fazer um cafuné em Harry.

Os três riram, envolvidos na piada interna, enrolando o buquê que Harry preparava para Colin entregar em anônimo na casa de Ginny ainda naquela tarde, e nenhum deles pareceu notar a própria Ginny saindo do posto de saúde, do outro lado da rua, com o jaleco em uma mão e a outra segurando o pulso de James, observando atentamente a cena que se desenrolava na floricultura Valentine’s.


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Notas finais do capítulo

Old que realmente existem esses dicionários de códigos de flores do século XIX e eram usados para flertar e passar mensagens secretas... quem assistiu Enola Holmes e viu um pouquinho disso?



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