A confissão do anjo escrita por Sirukyps


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Pera que meu canon não vai terminar em tragédia.

A primeira parte da fanfic foi literalmente tirada do vídeo oficial
Quem quiser conferir a confissão mais linda de 2020, clica

https://www.youtube.com/watch?v=0G6ePkEwFbM



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Escutando a morte bater a porta, Castiel compreendia o motivo para o Capitão Gancho ter tanto medo do Crocodilo tic tac. Correndo contra o tempo, estavam em situação semelhante. Se, ao menos, também tivessem um navio para fugir. Todavia, a única madeira local consistia numa rudimentar porta que, em questão de minutos, cederia.

A mão recém-cortada ardia.

Isto não importava, pois logo estaria curado...

Reparando o loiro sem esperança, ali no centro da pequena sala, suspirou entristecido. Gostaria que seus poderes de cura os tirassem dali. Ou, pelo menos, o tirasse. Sem dúvida, mais uma vez, tinha certeza que faria qualquer coisa para não perder Dean Winchester.

Outra batida.

Outra.

Aquela maldita porta não iria aguentar.

O desespero era imensurável. 

— Vamos todos morrer, Cass. Todos nós. E eu não vou impedir. E ela vai te matar e depois me matar. Ela vai passar por aquela porta. - Perdido nos próprios pensamentos, o anjo nem conseguia processar as pessimistas palavras. Desesperado, caçava alguma alternativa. Deveria existir. Afinal, sempre existia. - Sinto muito.

E como sempre, Dean se martirizava por não ter salvo o dia.

Não importava quantas vezes ganhasse, o Winchester mais velho mergulhava nos pequenos fracassos, esperando se afogar, pois não se achava digno de continuar existindo.

De certo modo, depois da longa convivência, o anjo compreendia que aquele homem amava tanto cada pequena coisa, que dedicava a vida para preservá-las. Afinal, perder uma parte de si, dói. Por mais insignificante que fosse um dedo, até mesmo o mindinho, quando cortado, ele jamais retornaria ao lugar e faria bastante falta. 

Outra batida.

E, por um minuto, Castiel jurava que era seu coração quem corria o risco de um infarto, pois Dean não era apenas alguns de seus dedos. Depois de tantos anos, arriscava amar tanto aquele homem que ele seria algo semelhante à sua graça. Por isto, por mais que quisesse puxar a orelha daquele pessimista por quem tanto tinha carinho, agora, o foco era salvá-lo. Tirá-lo dali.

Olhando em volta, o azul se iluminava, relembrando o antigo pacto:

— Espera, há algo... – Explicava, embora nem houvesse terminado de juntar as peças para o louco plano. - Ela tem medo de uma coisa. Há algo forte o bastante para pará-la. Quando o Jack estava morrendo, eu fiz um pacto para salvá-lo.

— Você o quê?

Outra batida.

— O preço era minha vida. Quando experimentasse um momento de verdadeira felicidade, o Vazio seria convocado e demoraria uma eternidade.

— Por que está me dizendo isto agora?

Outra maldita batida.

— Sempre me perguntei, desde que assumi esse fardo, aquela maldição, eu me perguntei o que poderia ser, o que - Fitando o confuso verde daquele rosto que havia passado noites admirando, - como minha verdadeira felicidade poderia parecer. Nunca encontrei uma resposta. Porque a única coisa que eu quero, é algo que eu sei que não posso ter. Mas acho que sei... Acho que sei agora. A felicidade não está em ter. É apenas ser. É apenas dizer isto.

— Do que você está falando, cara?

— Eu sei como você se vê, Dean. Você se vê da mesma maneira que nossos inimigos o veem. Você é destrutivo, está com raiva e está quebrado. Você é... Você é o "instrumento contundente do papai". E você pensa que ódio e raiva, isto é... isto é o que te move. Isso é quem você é. Não é. E todo mundo que conhece você vê. – Mais próximo, o anjo não continha o choro repleto em carinho e admiração. - Tudo o que você já fez, o bem e o mal, você fez por amor. Você criou seu irmão mais novo por amor, você lutou por todo esse mundo por amor, é isso que você é. Você é o homem mais atencioso da Terra. Você é o ser humano mais amoroso e altruísta que já conheci. Você sabe, desde que nos conhecemos, desde que tirei você do inferno, saber que você me mudou. Porque você se importou, eu me importei. Eu me importava com você, me importava com Sam, me importava com Jack. Mas eu me preocupei com o mundo inteiro por causa de você. – Tentando sorrir enquanto o fitava, confessava. - Você me mudou, Dean.

— Por que isso soa como um adeus?

— Porque é. Eu te amo. - Respondeu em lágrimas, embora o sorriso de alívio lhe trouxesse indescritível felicidade e paz. Tocando-lhe o ombro para empurrá-lo, enquanto o negro vazio tomava forma em sua frente, Dean o segurou semelhante ao modo como ele havia o segurado para tirá-lo do inferno e o beijou.

E aqueles lábios... 

Por mais que aquilo fosse tudo que Castiel houvesse desejado durante toda sua existência desde a Criação, meneando a cabeça em negativo,  desesperado, precisava afastar o amado, antes que o vazio... 

Estranhamente, confetes explodiam do teto como uma das antigas brincadeiras de Gabriel.

Ainda trêmulo e amedrontado, por todas as referências Metraton tivesse implantado em sua mente, ele não conseguia compreender o motivo para o Winchester mais velho sorrir. Se bem que, mediante os olhos tão marejados quanto os seus, aquela radiante expressão, seria resquícios de um bonito sol ou apenas o mais belo e aconchegante sorriso?  

— Porra, 10 anos! - Comentava uma conhecida voz, vinda da direção onde estava o negro buraco, dando leves palmas em tom de bronca.

Virando-se para conferir se realmente era o arcanjo Gabriel, por que o vazio libertava seus amigos?

Destrancada, a porta se abriu.

Fitando os dois com certo orgulho, a morte desdenhava:

— Realmente, achei que precisaria enviar o seu namorado pro inferno, Castiel.  

— Até que enfim. - Comentava Sam logo atrás, enquanto o gracioso e adorável Jack era apenas sorriso. 

— O que está acontecendo? - Dando um passo para trás quando finalmente foi solto, enxugava as lágrimas com o dorso das mãos. Estava feliz por reencontrar os velhos amigos, como também, pela morte não querer exterminá-los, pelo repentino e maravilhoso beijo, mas precisava de uma explicação.

Antes que o anjo pudesse fugir, o loiro tateava os bolsos, encontrando uma pequena caixa. Balançando a altura dos olhos, ajoelhou-se, como manda a tradição.

Recolhendo a mão molhada de sangue, por alguns segundos, até achou romântico a maneira como aquele pedido seria selado semelhante a um pacto.

Típico a vida de um caçador. 

Especialmente, para aquele bobo que, por mais que negasse, sempre quis uma família. Sempre quis alguém que se importasse. Alguém para compartilhar suas músicas favoritas. Alguém que compreendesse sua tristeza e não se importasse com suas fraquezas. E, de todas as criaturas do universo, tinha certeza que aquele alguém não poderia ser outro além daquele anjo que não sabia tocar harpa, mas tinha decorado sua marca de cerveja favorita.

Todavia, temendo magoá-lo, como sempre fazia com todos por quem tinha carinho, temia dar o primeiro passo e perder aquela criatura angelical.

Se bem que, algumas vezes, já tinha o perdido e, definitivamente, sentia-se sem chão quando não tinha o seu anjo ao lado. Quando não podia escutar aquela voz sempre tão calma que o motivava a continuar.

 Estranhamente, por mais que construísse muros para distanciar a todos, com cuidado e carinho, Castiel havia conquistado um eterno lugar no frio coração daquele malfeitor que, agora, nem em um milhão de anos conseguiria agradecer pelo plano do irmão que, cansado do seu constante reclamar, tinha bolado tudo para trazê-los até ali.

Abrindo a caixa, revelava um anel prateado. Escolhia a prata por ser um metal forte contra várias criaturas sobrenaturais. Como também, pois a prata estava associada a transparência e limpidez, representando a fidelidade, pureza e a consciência tranquila, algo que Dean sentia agora que seus sentimentos haviam sido ditos e eram recíprocos.

— Eu também te amo, Castiel. – Confessava, e apreciando mais uma vez aquela esplêndida criatura emocionada por quem trocaria todas as tortas do mundo, - Por isto, quer ser um Winchester?

— Dean... - Extremamente sem graça, ele jurava que o loiro só poderia ter enlouquecido. Todavia, vendo todos os rostos ansiosos, demônios, anjos e outras criaturas que já fizeram parte da vida dos dois, ele tinha certeza que não conseguiria esperar outra década. Assim, sorrindo doce, devolveu a pergunta - E eu não já sou?

Aparecendo na pequena sala, puxado pela orelha por Beckie, Chucky pediu desculpas e os parabenizou. Assim, todos passaram a noite comemorando aquele acontecimento memorável.

E não demorou até que os dois se casassem e fossem felizes para sempre fazendo o que eles mais gostavam: salvar pessoas, caçar coisas e levar pra frente o negócio da família.

Afinal, supernatural é uma história sobre amor e família.


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Notas finais do capítulo

Amanhã é o final.

Nem acredito e só espero que meu anjo volte pra tirar o mozão do álcool.



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