Gaara's Pain de Minato Channel

— Não vamos ter uma pausa? — Tenten perguntou notando que o telão não havia abaixo como pensou que faria.

— Infelizmente não. Ainda precisam ver mais algumas coisas. — Shikamaru suspirou. Por que as coisas tinham que ser tão problemáticas? E ainda nem haviam chegado perto da história sobre os Uchihas ou sobre a motivação dos Akatsukis para caçarem os Jinchuurikis.

— Aaa eu tô com fomeeee. — reclamou a Mitashi que se afundou sobre os puff.

— Também estou Tenten. Mas precisamos aguentar e mostrar a força da nossa Chama da Juventude! — Gai disse para a aluna com chamas nos olhos e Tenten só pode suspirar.

— Vamos assistir logo Gai-sensei.

O quarto Kazekage estava numa sala de cirurgia, rodeados de ninjas médicos que olhavam e checavam os aparelhos de uma mulher deitada sobre a maca com as pernas abertas.

Um dos ninjas segurava alguma coisa sobre as mãos.

— Ele é tão pequeno...  — o médico notou — É prematuro?

Chiyo—baa encarava o pequeno bebê ruivo nas mãos do homem. A criança parecia muito frágil  de tão pequena que era.

— Essa criança deve ser cuidada com o máximo de cuidado.

— Sou eu ali? — Gaara perguntou olhando para os irmãos.

— É você sim, Gaara. — Kankuro foi quem respondeu — Tão pequeno e frágil quanto consigo me lembrar.

— Pareço fraco...

— É claro que parece. — Temari falou com um tom briguento que se usa quando vai brigar com uma criança — Você tinha acabado de nascer..

— É meio nostálgico ver a Temari falar desse jeito com o Gaara. —  Shikamaru mais velho disse para os dois ao seu lado — Antes ela tinha medo até de falar qualquer coisa que fosse contra ele.

— Claro que ela teria medo. Já viu como ele era nós exames Chunnin? — Ino o lembrou. Gaara era assustador, não importava o quanto tenha mudado, aquela época ainda era difícil de se lembrar sem temer o ninja que ele foi — Eu também escolheria ter amor ao meu próprio pescoço.

— Ino não seja assim. — Shikamaru brigou com a companheira e a loira abaixou a cabeça envergonhada — Você sabe o quanto isso foi doloroso para ela. Estamos falando do seu irmão caçula caso não se lembre.

— Eu sei Shika, desculpe se pareci rude. Mas você entendeu meu lado. — tentou se explicar — Gaara era realmente muito assustador e tudo mais. Não disse aquilo para ofender, sabe que gosto da companhia da Mari' e de conversar com nosso ruivinho, principalmente depois que ele passou a visitar Konoha constantemente para ver o nosso Ninja barulhento com as desculpas mais bobas que poderia dar e fazer.

O pequeno e prematuro Gaara é colocado ao lado de Karura que o abraça com ternura.

— Ele é... tão pequeno. —a voz de Karura estava cansada. Um dos médicos chegou perto de Rasa, que observava a esposa com carinho e preocupação, e sussurrou algo em seu ouvido.

— O batimento cardíaco da Senhora Karura está abaixando senhor...

Rasa arregala os olhos para o médico e o aparelho cardíaco faz um barulho incessante indicando que o coração de Karura parou. Rasa se apoia sobre o corpo da esposa e Chiyo tenta consolá—lo enquanto uma tempestade de areia passava do lado de fora.

— Sinto falta da mamãe... — Temari sussurrou de modo nostálgico e triste — Nosso pai mudou depois que ela morreu.

— Ele não mudou Tema. — Kankuro corrigiu a irmã com um negar de cabeça lento. Era um fato triste de lembrar, mas infelizmente para eles era a verdade. — Ele morreu junto da mamãe. O homem que vimos e que convivemos enquanto Gaara crescia e era treinado, era alguém totalmente diferente do pai amoroso que um dia ele foi com a gente.

— Perder alguém que ama não deve ser fácil... — Gaara disse com a voz neutra. Ele perdeu Yashamaru naquele dia e isso tinha o transtornado de um jeito que olhando agora nunca achou que fosse possível. Mesmo que fosse só um pouco, Gaara entendia os sentimentos de Rasa.

Uma fotografia de Karura sobre uma cômoda é mostrada.

O pequeno Gaara segurava uma lâmina e tentou perfurar suas pele, mas a areia não permitiu e o protegeu antes que se machucasse. Gaara olhou para a areia com um olhar decepcionado, triste por não ter conseguido se machucar.

— Não adianta... — disse tristemente e afastou a lâmina de seu braço— A areia entra no caminho.

— Gaara! — Temari pegou a mão do irmão preocupada, olhando com cuidado para ver se havia alguma ferida ou cicatriz na palma da mão. Vendo que não havia nada suspirou aliviada — Não faça mais isso! Nunca mais!

— Por que não? — perguntou confuso com a ação da irmã. Ele havia feito aquilo por que queria ver seu sangue escorrer para fora da ferida, como via acontecer com as outras crianças sempre que elas caíam no meio das brincadeiras — Eu fiz aquilo por que queria ver meu sangue...

— Por que eu me preocupo com você, Gaara.. — Temari o olhou repreensiva— E ouviu o que acabou de dizer? Isso não é normal para uma criança.

— Eu nunca fui tratado como uma criança, Temari. Sempre fui a Arma de Guerra de Suna.

— Isso vai mudar. — Kankuro se intrometeu colocando a mão no ombro de Temari para acalmar ela um pouco — Já mudou. Não sentimos mais medo de você como sentíamos antes.

Yashamaru entra na sala com um olhar triste e preocupado para Gaara.

— Yashamaru! — Gaara olhou para a cabeça enfaixada dele com curiosidade — Isso dói?

Yashamaru tocou o curativo em sua cabeça com delicadeza e então sorriu para o pequeno com carinho.

— Um pouco... Mas sara com o tempo.

Gaara olha para o retrato de sua mãe e então olhou para o tio com aquele olhar curioso que tinha.

— O que é a dor? — o ruivo olhou para sua própria mão e sorriu de modo triste outra vez naquela noite — Eu nunca me machuquei antes...

Yashamaru colocou a mão no queixo e tentou explicar para o pequeno Gaara o que era dor com as palavras que conseguiu reunir no momento.

— É agonizante e difícil... — sorriu envergonhado e coçou a cabeça — Eu não sei dizer direito, mas suponho que não seja algo muito bom de experimentar.

— Acho que entendo o que a dor é agora.

— Eu sei que já chamamos ele de monstro e tudo mais. Mas ver o que ele passou acaba mudando um pouco a nossa perspectiva, né Akamaru? — Kiba disse com pena e compreensão. Akamaru latiu e Kiba concordou com o que o filhote disse, depois disso todo aquele medo e receio pareceu ter diminuído.

— Essa uma lição importante para vocês. — Kurenai levantou um dedo e tratou de continuar — Não se deve julgar alguém apenas pelas suas ações, as vezes é necessário conhecer o seu passado também..

— Hai Sensei! — disseram os três.

Aquelas palavras vindas da boca da Yuhi acabaram acertando bem fundo em Konan. Ela sabia que todo o seu passado e todo o seu futuro seria mostrado, mas mesmo assim ainda era doloroso. Não queria reviver toda a história com Yahiko e sobre a armadilha que Danzou tramou para eles. Lembrar de Yahiko ainda era muito difícil para a Kunoichi de Amegakure, ainda conseguia ouvir o riso gostoso dele e ver o sorriso reconfortante que ele tinha. Ironicamente o garoto loiro de Konoha que deu um chega pra lá no Raikage o lembrava muito do ex companheiro e isso a assustava. Ao mesmo tempo em que sentia a necessidade de querer conhecê-lo mais um pouco, também tinha medo de se apegar se deixasse a si mesma o conhecer.

Gaara sorriu e apertou sua roupa onde o coração se localizava com um expressão chorosa e dolorida.

— Não está sangrando... Mas eu tenho sentido muita dor aqui.

Yashamaru encarou o pequeno Gaara e então cortou seu dedo com a lâmina fazendo o pequeno suspirar surpreso. Ele encarava o sangue que escorria da ferida aberta.

— Machucados físicos com certeza vão sangrar e podem parecer dolorosos, mas com o tempo a dor naturalmente desaparece. Se você usar remédios e outros medicamentos podem se curar mais rápido — estendeu o dedo machucado para Gaara observar com mais cuidado — Uma ferida no corpo e uma ferida no coração são um pouco diferentes.

Temari olhava para aquela cena agradecida. Agradecida por Yashamaru cuidar tão bem de Gaara e o ensinar lições como essa, quando a mesma sequer teve a coragem de dizer ou se aproximar para ensinar ao irmão com suas próprias palavras. Era agradecida, por que mesmo por pouco tempo Gaara teve alguém que o amava, alguém que cuidou de si como a criança frágil e necessitada de atenção que era.

Gaara ouvia o que o tio dizia com extrema atenção. Yashamaru abaixou a cabeça e sorriu continuando a explicação.

— As feridas no coração são mais complicadas. Não há nada mais difícil de sarar do que elas.

Gaara o olhou confuso.

— Feridas no coração?

— Não dá para colocar remédios, por exemplo. E, às vezes, elas nunca saram. — Gaara abaixou o olhar e ficou com uma expressão mais triste do que antes. Tocou em seu peito e apertou os lábios e olhou novamente para o tio — Só há uma cura para um coração ferido...

Os dois olharam para o retrato de Karura sobre a cômoda.

— É um pouco complicado... e você só pode receber de outra pessoa.

— E o que é?

Gaara o olhou com esperança e com confusão transbordando naqueles olhos verdes tão bonitos. Novamente é mostrado a foto de Karura e Yashamaru olhou para Gaara com um olhar carinhoso.

— Amor. — respondeu e fechou os olhos continuando com o sorriso.

— Amor?

— Sim.

— C-como eu consigo? — Gaara parecia muito querer aquela resposta.

— Você já tem ele Gaara.. — Naruto disse com um sorriso pequeno e um olhar sério, que surpreendeu a maior parte de seus amigos.

— Como? — o ruivo perguntou. Temari iria se intrometer e responder mas Kankuro a impediu com um aceno de cabeça, deixando que o Uzumaki respondesse essa.

— O amor que seus irmãos sentem por você é um exemplo.. — disse com um ar diferente do que costuma ter e muitos na sala perceberam que não deveriam interromper aquilo — Sua mãe está com você a todo momento, mesmo quando sente que não. Eu sinto isso também. — Naruto colocou a mão sobre seu peito e sorriu para Gaara — Sei que minha mãe está me observando do mesmo modo que a sua te protege a cada instante.

— Nunca vi o Naruto assim.. — Sasuke disse surpreso.

— Estamos vendo vários lados diferentes dele e sinto que não chegamos nem perto do resto. — Kakashi concordou e viu o Uchiha abaixar a cabeça chateado — Se quer que ele volte para cá e te desculpe, você tem que mostrar que está arrependido de ter dito aquilo sobre Gaara para ele.

— Eu sei... — suspirou — Eu só não sei como.

— Não tem isso de como Sasuke-kun. O Naruto-baka é simples e sincero. Só vai lá e diga que sente muito. — a rosada incentivou. Não gostava de ver os dois companheiros brigados, era estranho não ver eles se alfinetando a cada minuto — Se não fizer nada o idiota vai continuar do lado do Gaara até ver que algum de nós precisa dele.

— Pela primeira vez você disse algo inteligente Sakura.

Sakura corou com aquilo e balançou a cabeça de leve, sua Inner interior gritou dizendo que elas arrasaram e que se continuassem assim o Sasuke-kun logo seria delas.

— Você já o tem, Gaara-sama. — sorriu e Gaara o olhou surpreso. Yashamaru olhou de novo para o retrato da irmã.

Naruto estufou o peito confiante para o ruivo, dando mais poder as suas palavras de antes. O Sabaku mais novo sorriu para isso.

— Kaa—san..

— Eu acredito que minha irmã o amava muito. — o sorriso de Karura oarecia bem mais alegre na fotografia do que em momentos antes. Gaara havia notado aquilo — Em essência, o Shukaku é uma besta para ser usada em ataques ofensivos.

A cena mostra Gaara tentando se ferir e a areia age rapidamente para o proteger.

— Mas quando a areia age instintivamente para o protegê—lo... Esse é o amor de sua mãe. — a imagem continua ficando ainda mais no rosto bondoso e gentil de Karura — Acredito que a vontade de minha irmã tenha penetrado sua areia.

— Yashamaru sabia... — Kankuro disse surpreso — Mas por que ele tentou matar Gaara se sabia desse fato mesmo assim.

Se perguntou e estava com medo da resposta que teria e que muito provavelmente seria mostrado no vídeo.

— Você é uma pessoa especial minha, Gaara-sama! — Gaara encarou a ferida no dedo do tio e a colocou na boca para ajudar a parar o sangramento. Yashamaru encarou Gaara com um olhar difícil de decifrar — Consegue entender a minha dor?

A cena se afasta lentamente pela janela dando vista para o céu iluminando pela lua. Gaara aparece na frente de uma casa segurando um pequeno pacote de remédios, um garoto abre a porta e fica com o olhar assustado.

— Desculpa por mais cedo... deve ter dói — Gaara estendeu o pacote de remédios para o garoto com um sorriso tímido — Se estiver machucado, eu trouxe um pouco de remédio. Se quiser..

O olhar do garoto ganhou ódio e repulsa que uma criança daquela idade não deveria ter.

— Da o fora daqui... Seu monstro!

O garoto fechou a porta na cara do pequeno Gaara, que ficou com o olhar vazio enquanto apertava o pacote de remédios com força o suficiente para rasgar.

— Mas que garoto idiota! — Naruto exclamou irritado — Oē, Gaara se você souber quem ele é pode passar o nome que eu vou dar uma lição nesse fedelho.

— E eu ajudo. — Lee concordou para a surpresa dos seus companheiros de equipe, que sabiam o quanto Lee era pacifista e amigável com todos.

— Esse pirralho não consegue perceber a gentileza que você fez levando todos aqueles remédios... — Ino resmungou irritada e sua versão mais velha sorriu orgulhosa, sabendo bem o que ela faria — Aí Uzumaki me bota no meio também que quero meter porrada nesse idiota. Alguém mais quer vir junto? — perguntou e Sakura junto de Tenten se prontificaram. Hinata não disse que iria como as outras, mas seu olhar decido era o bastante para saberem que ela também não tinha gostado da atitude daquele garoto.

— Pode dizer quem é o garoto que eu o Akamaru damos uma bela lição nele. — Kiba se juntou ao pequeno grupo vingativo também. Akamaru rosnava irritado, concordando com oque o dono dizia.

Gaara olhou para aquela situação sem entender e então soltou um riso. Um riso divertido e gostoso de ouvir que deixou muitos na sala surpresos, principalmente Temari e Kankuro que nunca viram o irmão desse jeito.

— Nós dissemos algo engraçado, Gaara-san? — Lee perguntou para o Sabaku confuso que negou com a cabeça.

— Vocês de Konoha são realmente estranhos. — limpou uma lágrima no canto do olho e sorriu, fazendo Lee corar com aquela visão tão bonita vinda do ruivo.

— Fecha a boca se não entra mosca, Lee. — provocou o Uzumaki e Lee ficou todo sem jeito com aquela insinuação vindo do loiro — Se olhar demais ele vai notar...

— D-do q-que você está falando N-naruto-san!?

— Nada, nada. — sorriu de modo travesso e Lee ficou mais nervoso ainda.

Gaara andava sozinho por entre as casas de Suna até que olha para um homem parado sobre uma parede que o encarava.

— Tō—sama — disse e continuou a andar de cabeça baixa.

Rasa aparece olhando a paisagem de Suna por uma uma janela enquanto falava com alguém.

— Amanhã iremos testa-lo. — disse com a voz seria — Depois que a vila for evacuada presione—o.

Temari e Kankuro se entreolharam preocupados. O que o seu pai queria fazer dessa vez? Por que queria testar seu irmão? E para que?

Seja lá o que isso pudesse significar sentiam que não era algo bom e que muito provavelmente os fariam derramar lágrimas de novo.

Yashamaru encarava Rasa com um olhar sério e neutro, escutando as palavras de seu líder com atenção.

— Conte a ele sobre sua mãe e o irrite emocionalmente — Rasa se virou para encarar Yashamaru — Se ele não for á loucura, não vou matá—lo

— Contar sobre minha irmã? — Yashamaru estava sem reação e receoso com essa ideia surreal — Tem certeza disso?

— Eu sei que ele ama e respeita Karura do fundo de seu coração — a imagem muda para aquele porta retrato sobre a cômoda de Yashamaru — Se isso for tirado dele e ele conseguir segurar a raiva.. então, só assim ele será um bom Jinchuuriki!

— Ele.. — Tsunade cobriu a boca surpresa por tal estupidez dita pelo quarto Kazekage — Ele não fará o que estou pensando, fará? — olhou para Jiraya com medo da resposta.

— Infelizmente parece que vai, Hime. — o sábio dos sapos abaixou a cabeça e apertou os punhos com força — Até onde a ambição consegue ir? Usar uma criança a esse ponto? Estamos decadentes...

Gaara começou a sentir uma dor em peito. Já sentia esse aperto desde que a conversa entre Rasa e seu tio estava sendo mostrada, mas ver a sua imagem sentada no telhado de uma das casas de Suna estava fazendo aquilo piorar de um modo horrível. Era como se alguém estivesse em posse de seu coração e o apertasse com força, esmagando-o aos poucos. Tentou controlar aquilo para poder ver o resto da memória, então se recompôs e escondeu qualquer sinal do aperto que sentia. Não queria que Temari, Kankuro, Naruto e até mesmo Lee se preocupassem sem motivos com ele.

A cena passou lentamente, mostrando os edifícios de Suna e a bonita lua cheia que estava naquela noite até focar em um olho flutuante. Resultado de algum jutsu especial.

Gaara apertava a sua camisa com força, como se quisesse tirar a dor que sentia de lá. Kunais foram apontadas para suas costas, mas a areia o protegeu como sempre. Gaara encarou o Shinobi com surpresa e depois ficou com raiva.

— O quê? Por que eu? — perguntou irritado e sua areia se moveu para o ninja o esmagando — Por que só eu!?

Gaara andou em direção ao ninja com cuidado se perguntando quem era e por que de o ter atacado. O pequeno Sabaku retirou a venda que cobria o rosto de seu assassino, ele arregalou os olhos e seu corpo começou a tremer.

— Como esperado, Gaara-sama. — Yashamaru disse com o rosto ensanguentado.

— Yashamaru! — Gaara pensou e apertou o seu peito com mais força. Gaara gritou. Gritou de um modo tão angustiante que muitos na sala fecharam os olhos. Era um grito ensurdecedor que doía o peito apenas em escutar.

Gaara não estava nada bem. Se afastou dos irmãos sem que eles notassem e mordeu os lábios com força. Fincando as unhas em sua palma. Seu próprio grito estava ressoando em seus ouvidos e isso estava o levando a loucura. Por que seu peito estava apertado? Por que sua própria voz ressoava em sua cabeça insistentemente? Por que? Por que?

Por que Yashamaru disse todas aquelas coisas? Ele não o amava? Gaara pensou, e apertou mais a palma da mão fazendo as suas unhas marcarem a pele sensível da sua mão. Era sua culpa? O que tinha feito de errado para Yashamaru o odiar?; Seus pensamentos pararam um pouco e então voltaram com mais força. Ah, claro eu tirei a vida de minha mãe..., pensou novamente com um olhar sofrido e vazio. Ela poderia estar viva se não fosse por mim.

Juntou toda a sua força e volto a olhar para a tela. Onde o pior momento de sua vida passava. Para todos verem a aberração e a falha que era. Pensou novamente, apertando mais a mão que estava sobre seu peito.

— Por quê? Por quê? — Gaara perguntou num choro dolorido enquanto encarava o rosto ensanguentado do tio com pesar — Por quê você... Yashamaru?

— Gaara... você... — Temari sentiu o mesmo aperto que o irmão sentia tomar o seu corpo. Por que o irmão precisou passar por isso? Ele era apenas uma criança! Uma criança maravilhada com o mundo que vivia e que continha sempre uma esperança infantil no olhar! Sentiu lágrimas se formarem de novo e dessa vez mordeu os lábios. Não! Ela tinha que aguentar, não poderia chorar com cada cena que aparecesse. Ela não podia...

Se ajoelhou sobre o corpo do tio enquanto tremia. O Daisan no Me - terceiro olho- de Rasa observava tido com completa atenção.

— Foi uma ordem. — disse sem esboçar emoção. Gaara limpou suas lágrimas e o encarou — Recebi ordens para matá—lo.

Gaara arregalou os olhos sem acreditar naquilo. O doce e gentil Yashamaru realmente tentou o matar? Por quê? Porque ele tentaria o matar?

— Ordens do seu pai... O Kazekage.

Hinata pôs a mão na boca horrorizada. Um pai dando ordens de assassinar o próprio filho? Que tipo de ser humano era esse? Por que fazer isso com uma criança tão doce como Gaara se mostrava?

Kurenai vendo a situação da aluna a puxou para um abraço reconfortante e disse para ela se acalmar.

— Como ele pôde mandar matar o próprio filho, Kurenai-sensei? Como? — a pequena Hyuuga perguntou horrorizada.

— Infelizmente há Shinobis assim Hina. — Kurenai acariciou os cabelos macios da garota para confortá-la — Não há muito o que fazer quanto a isso. É horrível, eu sei. Também acho isso, mas essa é a realidade para nós...

— Não quero aceitar essa realidade... — disse num fio de voz e Kurenai sorriu tristemente.

— Eu sei que não quer...

Gaara arregalou os olhos e mais lágrimas desceram de seu rosto.

— Otō—sama? — questionou num sussurro. Pôs as mãos sobre a boca enjoado com toda a situação e com o cheiro de sangue e vomitou com tosses doloridas e suspiros — Por que o Tō—sama me mataria? Por quê?

Yashamaru olhava para o sobrinho sem demostrar emoção.

— Gaara-sama, antes de você nascer... O Shukaku da areia foi colocado em você e você estava sendo cuidado com cautela por causa desse experimento. — a cena foi mostrando o estrago que a areia de Gaara fez com o sangue de Yashamaru — Mas você não conseguia controlar esse poder... Isso fez você se tornar uma ameaça para a vila. Antes que acontecessem mais tragédias..

Kankuro abaixou a cabeça com raiva crescendo em seu corpo. Yashamaru estava certo, Gaara era perigoso por não conseguir controlar o poder do Shukaku, mas isso não os davam direito de acabar com a vida dele! Ele era apenas uma criança e deveriam dar apenas mais tempo a ele do que o submeter a esse experimento sem lógica!

— Então você não teve escolha a não ser seguir as ordens do meu pai, Yashamaru? — sua voz mostrava o desespero e a dor que sentia junto da pontinha de esperança que nasceu.

— Não, isso não é verdade. — disse e o sorriso esperançoso de Gaara sumiu — É verdade, foram ordens do Kazekage. Mas eu poderia ter recusado se quisesse. — Gaara voltou a chorar com aquelas palavras do tio — Gaara-sama.. No fundo, tenho certeza que eu o odiava. Você... que roubou a vida da minha irmã mais velha ao nascer. — Yashamaru virou o rosto para olhar bem no fundo dos olhos verdes de Gaara — Você era o legado dela. Então eu tentei desesperadamente te amar, mas não consegui. Minha irmã nunca quis você, Ela foi sacrificada pela vila e morreu o amaldiçoando-o.

Os olhos de Gaara ficaram vazios e sem vida.

— Isso... ISSO É MENTIRA! — Temari gritou com todo o ar que pode reunir em seus pulmões. Gaara arregalou os olhos para a explosão da irmã e sentiu ela o olhar com carinho enquanto tinha os olhos marejados de novo — Isso é mentira Gaara. Mamãe o amava antes mesmo de você nascer. Eu lembro...

Kankuro colocou as mãos no ombro da irmã mais velha. Era o mínimo que poderia fazer para acalma-la e ajuda-la a continuar.

— Mamãe todo dia acariciava sua barriga com aquele sorriso amoroso, que só ela em toda Sunagakure tinha. Ela dizia que mal esperava para ver o garotinho dela e toda vez que você chutava pegava na minha mão e colocava no local em que você tinha chutado com a maior alegria que uma mãe poderia ter. — a voz de Temari falhou e a loira sentia que não tinha forças para continuar.

Shikamaru vendo a situação dela resolveu tomar a frente e ficar no lugar de Kankuro. Sussurrou no ouvido dela dizendo que a Kunoichi irritante e problemática que conhecia não se daria por vencido daquele jeito, Temari sorriu divertida para o Nara e inspirou fundo para continuar.

— Mamãe te amava sim, Gaara. E ela prometeu que não importava o que acontecesse ela iria te proteger. — colocou a mão sobre o peito e olhou diretamente nos olhos do irmão — Eu VI ela dizer isso quando você ainda estava na sua barriga. Yashamaru também te amava. Se tinha alguém para odiar esse alguém era nosso pai.

Gaara caiu de joelhos e segurou sua cabeça com força. Yashamaru o amava? Então não era sua culpa ele sempre sofrer pela morte de sua mãe? Não era sua culpa por ter nascido e a tirado dele?

Agarrou sua roupa e respirou com força para se acalmar. Para não desabar ali mesmo. Naruto vendo aquilo se aproximou do amigo e o puxou para um abraço apertado, não deixando brechas para ele sair.

— Ela te amava.. — sussurrou e Gaara deixou as lágrimas rolarem ao finalmente sentir o calor reconfortante dele contra si — Sua mãe te amava e não tem problema você chorar...

Lee se aproximou dos dois sem ter a mínima ideia do que fazer. Mas queria muito ajudar o ruivo de algum modo. Então fez ele olhar em seus olhos e sorriu compreensivo.

— Mesmo que ela não esteja mais aqui, nós estamos Gaara-san. E você pode sempre contar com a gente. Você pode sempre chamar por nós. — Lee trocou olhares compreensivos com Naruto — Eu e o Naruto-san vamos vir correndo, certo?

— Claro que vamos. — confirmou.

Gaara afundou seu rosto na roupa de Naruto e gritou. O grito sendo mais angustiante que o que sua versão da memória deu. Muitos dos adultos não aguentaram a onda de sentimentos e fecharam os olhos numa tentativa de abafar o som. Gaara gritou de novo dessa vez sem abafar na roupa de dormir de Naruto. As garotas deixaram lágrimas escorrerem por entre suas bochechas. Aquilo era doloroso e angustiante demais para ouvir, suas mentes sensíveis não aguentavam mais daquilo sem desabar junto.

Sasuke, o viajante do futuro, achou melhor levar Gaara para outra sala para que ele pudesse tirar tudo o que sentia de seu peito. Trocou um rápido olhar com Ino e Shikamaru e estralou os dedos fazendo uma porta aparecer.

— Lee, Naruto. — chamou os dois que apenas acenaram sem tirar a atenção de Gaara — Levem o Gaara para aquela sala, para ele poder se acalmar. Muitos aqui estão desconfortáveis com seus gritos. Quando ele estiver melhor vocês podem trazer para podermos ver o resto da memória.