A Pedra que Carrego escrita por DathomirGirl


Capítulo 6
Compromisso de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Descansando um pouco da trama de Darth Maul e o Mestre Sifo Dyas em Kamino, nesse capítulo curtinho conhecemos um novo personagem vivendo suas próprias batalhas bem longe dali.
Boa leitura e que a Força esteja com você!



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Enquanto isso, no planeta Dathomir...




 

Era um dia abafado, eu estava descansando de um longo período de treinamento enquanto, surpreendentemente, meu irmão persistia em prosseguir seu treino. Ele para por um instante e volta seu olhar para mim:

— O que foi?

— Nada. Só estou surpreso com sua perseverança hoje. 
 

Feral sempre foi frágil, nunca aguentou muito tempo de esforço mas nunca foi preguiçoso. Meu irmãozinho sempre precisou de mim para se defender, sua natureza franzina e amável nunca lhe concedeu muita vantagem sobre os outros que tentavam e ainda tentam passar por cima dele. Desde que me entendo por gente, sua segurança tem sido minha prioridade. As Irmãs da Noite são muito cruéis e nos subjugam como seus servos mas enquanto eu viver, ninguém jamais prejudicará Feral, jamais.

— Você é quem não aguentou o tranco hoje!

— É, pode ser... Tenho me sentido cansado esses últimos dias. Só tome cuidado para não exigir muito de si mesmo.

— Não sou mais uma criança Savage, posso cuidar de mim mesmo.

 Eu gostaria que fosse diferente, mas não, você não pode... 
 

De tempos em tempos, as Bruxas mandam uma recrutadora em nosso vilarejo, para escolher dentre nós, novos guerreiros para si. Elas provam nossas capacidades e esses desafios são sempre brutais. Feral nunca avançou neles e sei que nunca avançará, ele é muito bondoso e prefere estar abaixo dos outros do que pisar em suas cabeças, não machucaria uma flor. A cada desafio desses, assim que Feral é eliminado deixo-me derrotar também, pois se eu for levado pelas Bruxas, nunca mais veria meu irmão e nunca mais poderia o proteger. Há alguns dias atrás, chegou uma Irmã da Noite até nosso vilarejo, uma recrutadora
 

"- Seja bem vinda Irmã, em que podemos servi-la?

— Preciso de um guerreiro forte que seja resistente para se submeter a um ritual de Mãe Talzin. - O treinador, Irmão Viscus, ao ouvi-la, com pesar chama seus homens que estavam praticando o manuseio de lanças, para próximo da Bruxa

— Sim, minha senhora. Homens! Em formação! - Obedientemente, eles param o que estavam fazendo para se posicionar frente a recrutadora. Savage Opress, aproxima-se a contragosto, acompanhado de seu irmão, Feral.

— Para o que nos querem dessa vez? - Pergunta o irmão mais novo temeroso.

— Eu não sei. Fique perto de mim, não vou deixar que toquem em você. - A promessa era arriscada, um traço de insubordinação poderia lhe custar a vida.
 

Viscus toma a palavra:

— Escutem com atenção! A pedido da própria Mãe, um de vocês será escolhido para um novo ritual. - Era visível a aflição nos rostos daqueles guerreiros. Todos sabiam que isso significava se tornar uma cobaia para os horríveis experimentos daquelas Bruxas. Elas testavam os limites de seus corpos ao resistirem à magia, criavam verdadeiros monstros. Os rumores dizem que nenhum deles durou muito tempo. Feral busca os olhos do irmão ao seu lado, como quem pergunta "o que vamos fazer?"
 

A recrutadora caminha por entre eles. Analiza cada um, quando algum deles lhe era de agrado, tocava-lhe o ombro. Ela agora estava vindo na direção de Feral e a primeira saída que Savage encontra foi tossir. Sim, tossir. No mesmo instante a recrutadora tem sua atenção voltada para o dono da tosse, não gostou disso, estava pronta para penaliza-lo mas quando vê que se encaixava no perfil que procurava, muda de ideia.

— Você. - Ela o escolhe para o grupo que seria provado. - E você também.
 

Sua segunda fala atingiu Savage como uma foice, ela havia escolhido a última pessoa que poderia ser indicada para isso, o menor de todos, o de menos destaque, ela havia escolhido Feral. Caminhando novamente para o lado de Viscus, a frente do grupo, ela conclui a primeira parte de sua seleção.

— Os que não foram escolhidos serão dispensados, os restantes, dirijam-se para a arena!

 

— Savage, me desculpa.

— Pelo que?

— Ela iria me escolher, apenas eu, não você. 

— Não tem como sabermos. Apenas se defenda lá dentro, tente fugir dos outros o máximo que puder. 
 Os desafios começam, primeiramente sem armas, testando suas capacidades de combate corpo a corpo. Feral manteve-se perto de seu irmão mais velho, como o havia ordenado. Na segunda parte lhes foram providas armas e o desafio se tornou mais difícil. Em um dado momento, os irmãos foram separados, Savage estava ocupado e Feral enfrentava seu próprio oponente. 

— Savage! -  O irmão mais novo exclama quando é desarmado. O mais velho no mesmo instante golpeia seu oponente, lhe dando uma brecha de distração para fugir e ir acudir seu irmão.

Savage toma a frente do irmão caído no chão e assume uma luta acirrada com um Zabrak bem maior que ele. Ao se levantar, Feral tenta de alguma forma o ajudar mas é logo atingido na testa pelo cabo da lança, que lhe faz cair novamente. Savage tenta ao máximo manter aquele brutamontes longe do irmão até que é ferido no abdômen. O desafio em seguida é dado por encerrado e felizmente os dois irmãos não prosseguiram para a próxima fase. Feral tem de segurar Savage cambaleante e se assusta com o tanto de sangue a escorrer daquele ferimento e sentia-se diretamente responsável por aquilo ter acontecido."


 

Desde aquele recrutamento, Feral tem treinado rigorosamente, se sentiu culpado por mim e quer se preparar para as próximas vezes e isso me preocupa...
 

— O sol está quase se pondo, vamos para casa, Feral.

— Vamos, estou faminto!
 

Seguimos para o vilarejo, à medida que escurecia, lanternas eram acesas nos comércios e nas casas. Chegamos a um pequeno estabelecimento, um que à primeira vista não teria muito a oferecer mas prepara a melhor carne de Rancor que se poderia provar.

— Quem é vivo sempre aparece!

— Viemos pelo cheiro Arkadash.

— Irmão Ark!

— Olha só para você, se tornou mesmo um homem, Feral! - os dois se abraçam - Tenho certeza de que se tornará logo um grande guerreiro!

— Não incentive Ark...

— Não dê ouvidos ao seu irmão, Feral! Esse rabugento vai tentar te segurar no ninho o máximo que ele puder, siga o seu próprio caminho! 

— Chega de encher a cabeça dele com suas besteiras Ark, estamos com fome aqui...

— Está bem estraga prazeres, mas então, que eu me lembre sempre foi bife de Rancor para os dois, estou certo?

— Os maiores que tiver! - Responde Feral antes que eu pudesse abrir a boca.
 

Aquela carne tinha sabor de nostalgia e ver Feral tão feliz em saboreá-la podendo reencontrar nosso grande amigo que fez parte de sua infância e tanto nos ajudou, isso confortava minhas preocupações. Ele é tudo o que tenho, nosso clã foi totalmente dizimado e não sobrou ninguém exceto nós dois. Talvez Arkadash esteja certo, não posso protegê-lo para sempre e um dia Feral terá de trilhar o próprio caminho.

Fingir que esse dia nunca chegaria e que tudo permaneceria como está apenas posterga minha necessidade de encarar a verdade de que ele precisa enfrentar o mundo por si mesmo.
 

Nos despedimos depois da refeição e rumamos para casa, a noite já havia caído e amanhã seria um outro dia cansativo.

— Savage?

— Hm? 

— Você se lembra da mamãe?

— Bom, não muito, por que?

— Como ela era? - Não penso em minha mãe há tanto tempo... Passei a evitar esses pensamentos depois de uma certa idade para abandonar o passado, visto que tudo o que me restou estava bem aqui, no presente. Isso certamente me fez mais forte e determinado.

— Ela se parecia com você.

— Jura?!

— Sim. Mesmo jeito calmo, mesmo olhar. Ela tinha uma voz doce e sempre te acalmava quando era bebê e começava a chorar, eu não conseguia fazer isso. Acho que você seria o bebezinho dela até hoje se ela estivesse aqui hahaha

— Ei! 

— Ela lhe amou muito, pode ter certeza... 
 

Feral fica feliz de ouvir isso. Gostaria que ela pudesse ver em quem ele se tornou, certamente ficaria orgulhosa. Acho que ficou pensando nisso até adormecer, enquanto eu continuei encarando o teto por um bom tempo.


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