The Vision and the Scarlet Witch Show escrita por Vanilla Sky


Capítulo 3
Ato I – Parte 3 – Wanda


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores e leitoras! Espero que estejam todos muito bem ♥
Peço muitas desculpas pela ausência, mas escrever essa história estava um pouco difícil. Eu tinha metade do capítulo pronto, mas sempre achava que estava ruim e tinha medo de continuar. Mas, com o apoio dos melhores leitores do mundo, resolvi tomar coragem e terminá-lo para seguir escrevendo ♥ tenho grandes planos para essa história!
Estão gostando de WandaVision? Eu particularmente estou amando! E, mesmo tendo algumas relações com o plot dessa fic (eu planejo escrevê-la desde setembro de 2019, mais ou menos), fico feliz de saber que a maioria das coisas é diferente. Lembrando que as minhas fics são spoiler free, mas a seção de comentários não é, então, fiquem à vontade para comentar sobre a série e os capítulos, suas teorias, o que acharam das revelações de ontem, enfim! ♥
Sem mais delongas, desejo uma ótima leitura ;)



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— Trouxe seu café. Sem leite e sem açúcar. 

Wanda sorriu enquanto pegava o copo de cor opaca da mão de Visão, seu corpo apoiado sobre o parapeito de uma janela. O primeiro gole de café aqueceu o peito da moça naquela tarde fria no interior da França, e ela observava a neve cobrir a paisagem até onde a vista alcançava. 

— Obrigada, querido. – Ela disse em um sussurro e beijou a bochecha metálica do sintozóide, sentindo a pele fria por baixo do disfarce humano. Ele sorriu e posicionou-se ao lado dela, porém, ao invés de olhar a paisagem, Visão virou o rosto e encarou com carinho uma Wanda bebericando seu café. 

— Ouch. – Exclamou ela, a expressão descontente indicando que algo estava incomodando. – Queimei a língua! 

Visão acariciou seus cabelos recém-pintados de ruivo, uma necessidade para se manter escondida. 

— Desculpe, acho que eu esqueci de avisar que estava quente... 

— Não se preocupe. – Disse Wanda, sorrindo um pouco sem jeito. – Eu estava assoprando, mas acho que me empolguei e bebi um pouco demais. – Com cuidado, ela estendeu o copo para o lado, a abertura destinada a tomar o líquido virada para Visão. – Quer provar? 

Ele estranhou um pouco o gesto, já que Wanda dificilmente dividia seu café com outras pessoas. Contudo, aceitou o convite, segurando o copo e levando-o em direção aos lábios sintéticos. Suas papilas gustativas robóticas eram capazes de identificar o sabor extremamente amargo, fazendo-o apertar os olhos quando sentiu o líquido descer por sua língua em direção ao restante de seu sistema corporal. Quando fora criado, não precisava comer ou beber água, porém, caso fizesse, essas proteínas seriam meramente digeridas e absorvidas pelos músculos artificiais. 

Wanda riu. Mas não foi uma risada cínica, e, sim, algo mais próximo de uma gargalhada feliz, contagiando Visão a rir junto. Para ela, era muito engraçado ver a reação das pessoas tomando café a primeira vez, especialmente tão amargo quanto ela gostava. A única pessoa na Base dos Vingadores que entendia suas preferências era Natasha, com quem frequentemente saía para tomar um café extra forte.  

Dentro da própria Base, Visão costumava fazer café para alegrar Wanda em momentos difíceis, deixando uma xícara com um bilhete explicando a matemática por trás da quantidade de cafeína e água quente utilizada, ao qual Wanda frequentemente lhe respondia com outro bilhete dizendo: 

 

“Bela tentativa. Mas você ainda não acertou o ponto do meu café.” 

 

Devolvendo o copo para Wanda, ele exibiu um novo sorriso, o qual a moça estava identificando como o sorriso de novas descobertas. Assoprando o líquido, Wanda piscou para Visão antes de dizer: 

— Acho que posso dizer que você não apreciou o meu café? Da próxima vez, vamos tentar com açúcar e leite. Será mais gentil com seus lábios e... 

As bochechas claras de Wanda apresentaram um aspecto ruborizado quando ela percebeu que Visão ainda não havia deixado de encará-la, com amor estampado em seus dois olhos, azuis límpidos como o céu da manhã. Mais tarde, esses mesmos olhos tão inocentes estariam observando o sorriso travesso de Wanda sob os lençóis de linho brancos do hotel, um dos momentos que ela mais aproveitava ao lado dele, antes de sua partida no dia seguinte pela manhã. Evitando pensar nisso, perguntou com a voz baixa: 

— O que foi? 

— Nada. – Ele ajeitou as costas, mantendo somente um braço apoiado no parapeito. – Só estou admirando você. E pensando em tudo que posso e não posso sentir. 

— Como assim? 

— Eu nunca vou saber o que é queimar a língua, pois, apesar de ter funções humanas, tomar café quente e queimar a língua não está explícito no protocolo do meu fabricante. 

Visão sorriu, sem jeito, o sorriso torto que Wanda mais adorava na face da terra. Dando um passo a frente, ele pegou uma mecha de seu cabelo e enrolou-a nos dedos, para, enfim, dizer: 

Mas existem tantas coisas que eu quero experimentar, como fiz com seu café. Coisas as quais só irão fazer sentido com você ao meu lado. 

Wanda jogou o copo de café no lixo enquanto empurrava seu carrinho para frente no supermercado, olhando as marcas mais fajutas de salgadinhos gordurosos para comprar, uma maneira de manter a mente o mais distraída possível. As palavras de seu amado ainda estavam bem presentes, marcadas em seu cérebro, e ela deixou escapar baixinho: 

— É, Vizh, obrigada por isso.  

Não que fosse culpa dele, já que ninguém jamais imaginou que ele um dia iria encontrar a morte daquele jeito tão horrendo. Mas, de certa forma, era culpa dela, pois era ela quem precisou matá-lo, e agora não conseguia enterrar o passado. Esquecer. Mas como esquecer de Visão se ninguém mais o relembrava? Às vezes, sentia-se como a única pessoa do mundo que convivera o suficientemente com ele para lembrá-lo tão bem. Talvez ela realmente fosse.  

Depois de pagar seu lanche noturno, Wanda seguiu com algumas sacolas em uma mão e as revistas acomodadas no braço oposto em direção ao ponto de ônibus, não precisando esperar muito tempo sozinha para um transporte aparecer, que curiosamente a levaria para a residência dos Barton. Era curioso, já que, mesmo frequentes, os ônibus não passavam tão rápido assim. Ela buscou o dinheiro da passagem no bolso e adentrou o coletivo praticamente vazio. 

A jovem moça procurou um lugar à janela, em que pudesse colocar o grande pacote com as revistas e as compras no mercado no banco ao lado enquanto fitava a vista através do vidro. O caminho até a casa em que residia era bastante bucólico, com lindas árvores e uma vegetação rica que ela gostava de observar na calada da noite. Porém, naquele dia, o pacote deixado pela mulher misteriosa era tentador; então, com cuidado, ela usou a ponta das unhas compridas para rasgá-lo e puxar o primeiro exemplar de uma série a qual supôs ser de histórias em quadrinhos: 

 

AS FANTÁSTICAS AVENTURAS DO VISÃO E DA FEITICEIRA ESCARLATE 

 

Ela arregalou os olhos em surpresa ao ver o nome de seu amado sobre a capa do quadrinho, juntamente com um desenho logo abaixo de dois super-heróis com a roupa bastante arcaica. Uma lembrava a vidente sokoviana que Wanda avistou algumas vezes em sua terra natal durante a infância, enquanto o outro vestia uma roupa verde e a capa amarela com gola que destoava completamente da roupa, contudo, que parecia um pouco estilosa. Wanda correu os dedos pela lombada da capa, percebendo dois detalhes: o personagem com nome “Visão” possuía a pele avermelhada e uma joia muito similar à joia do infinito em sua testa.  

Subitamente, as páginas começaram a se mexer sozinhas, e ela se viu em um ônibus completamente parado e inusitadamente vazio. A meia dúzia de gatos pingados presentes antes, inclusive o motorista, haviam desaparecido. Somente as folhas se moviam freneticamente para frente, quase como se buscasse mostrar toda a história para Wanda de uma vez só. Ela se levantou, assustada, e jogou a revista no chão para tentar pará-la, sem sucesso.  

Confusa e sem saber o que fazer, Wanda correu em direção à porta traseira do veículo e usou seus poderes para abri-la, com uma aura escarlate escapando de seus dedos quando utilizou a mesma fonte para impulsionar seu corpo para cima e flutuar no ar. Quando olhou para baixo, percebeu que não havia nenhum carro ou pedestre pelas ruas, somente o ônibus parado sob um poste de iluminação pública. Receosa, ela desceu ao chão e caminhou lentamente sobre o asfalto até ouvir um barulho diferente. 

Um sussurro, baixo como uma canção de ninar: 

 

Venha me buscar. 

 

— Vizh? – Ela gritou. – Visão, é você? 

Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Wanda. Ela não imaginava que teria de lidar com o luto praticamente pela terceira vez em um só dia. Já havia lidado com isso mais vezes, contudo, pelo tempo decorrido, achou que já teria melhorado, ao menos um pouco. Caminhou lentamente em direção à voz, adentrando a densa floresta e somente vendo troncos de árvore ao redor dela. 

A voz voltou a sussurrar em seu ouvido, um pouco mais alta e acompanhada de ruído desta vez, um barulho incessante de chiado nos ouvidos sensíveis de Wanda. Ela, então, começou a correr por entre as árvores, as folhas quebrando sob seus pés e os galhos quase envolvendo seu corpo ao tempo que se mexia. Os arbustos se enrolaram e puxaram suas canelas, com a figura feminina quase caindo, mas usando de seus poderes para se equilibrar e afastar os obstáculos.  

Até que, finalmente, ela alcançou uma clareira. 

Estava muito escuro, e a moça precisava utilizar as esferas cor escarlate em seus pulsos para iluminar o ambiente, contudo, logo conseguiu ver algo tomar forma diante de seus olhos. Era retangular e com espaço suficiente para uma pessoa atravessar, da mesma maneira que uma... 

... Porta? 

Wanda acostumou a visão à escuridão e piscou algumas vezes antes de se aproximar. Era, de verdade, uma porta, feita de madeira maciça e com dois desenhos de hexágonos grandes entalhados em sua extensão. Com cuidado, ela pegou a maçaneta à esquerda e abriu devagar. 

Quando Wanda olhou para frente, na soleira da porta no meio do nada, o ar faltou em seus pulmões ao perceber uma presença que, apesar de se encontrar de costas para ela, era naturalmente reconhecível, fosse pela porção de pele avermelhada atrás de sua cabeça ou pela longa capa dourada descendo pelas suas costas. Ela esticou uma das mãos, trêmula, quando sua boca se movimentou para chamar, baixinho: 

— Visão? 

A figura se virou para ela e sorriu. O sorriso mais doce e sereno que poderia imaginar, o qual preencheu seu coração com toda a saudade que havia sentido naqueles quase dois meses desde que voltara do estalo. Visão usava suas roupas tradicionais de super-herói, da vestimenta corporal até as botas, enquanto a joia da mente brilhava de maneira fraca e pulsava como os batimentos de um coração tranquilo. Wanda sorriu. Sorriu e riu até quase gargalhar como uma criança; a felicidade havia tomado conta de si quando finalmente conseguiu encontrá-lo, depois de tantos dias e semanas em que se arrastava na solidão.  

Visão permaneceu parado enquanto a encarava e mantinha o sorriso fixo em sua face, sereno como sempre fora. Juntamente disso, a entidade em sua testa trazia aconchego para Wanda, lembranças dos momentos felizes ao lado dele após escapar da balsa em que era mantida presa. Ela espichou o corpo em direção a ele, desejando correr em direção aos seus braços, até que uma voz a puxou da mesma maneira que uma mão gigante pegando-a através das roupas: 

— Moça, ponto final. 

Wanda de repente se viu novamente no ônibus, sem passageiros, mas com o motorista avisando que ela havia chegar aonde queria. Assustada, piscou algumas vezes para perceber que aquilo era, sim, real; suas mãos ainda tremiam e o primeiro volume da história em quadrinhos estava no chão. Mas como era possível, se ela estava com o amor de sua vida há pouco menos de trinta segundos?  

Por fim, ela nada disse, somente assentiu com a cabeça no mesmo momento em que se abaixou para pegar a revista no chão, para depois apanhar o restante das suas sacolas e sair pela porta traseira do ônibus, a mesma que usara para sair naquela espécie de sonho. 

Ela repetidamente sonhava com Visão. Sonhos muito realistas nos quais ele morria, a deixava, ficava irritado por ela tê-lo matado. Sonhos que pareciam pesadelos. E nenhum dele trouxera as mesmas sensações que tivera com aquela miragem, seja lá o que significasse. Wanda sentiu a presença de Visão no mesmo lugar que ela, como se a esperasse por muito tempo. Com certeza não era um sonho. 

O ônibus se afastou vagarosamente e Wanda caminhou a passos lentos para a casa de campo dos Bartons, de vez em quando fitando a floresta que parecia clamar por ela. Porém, já estava tarde, Clint e Laura poderiam ficar preocupados, e ela estava com muitas coisas na mão para adentrar a floresta e procurar por uma porta no meio de uma possível clareira.  

Quando Wanda finalmente chegou em casa, não anunciou sua chegada, mas, de alguma forma, todos sabiam do seu regresso. Da televisão na sala, um noticiário trazia a seguinte manchete, alto o suficiente para Wanda escutar da soleira da porta: 

 

SETE ANOS DO TRATADO DE SOKOVIA: ONDE ESTÃO OS HERÓIS MAIS PROCURADOS DO MUNDO NESTE MOMENTO? 

 

Laura Barton foi delicada o suficiente para desligar a televisão enquanto ouvia o salto das botas de Wanda lentamente baterem na escada de madeira enquanto ela subia em direção ao segundo andar da residência. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, pessoal! Sei que estou ausente há três meses, mas planejo continuar com essa fic e colocar todas as minhas ideias em prática. Espero contar com a companhia de vocês nos próximos capítulos também ♥
Aceito sempre críticas e sugestões ao meu trabalho, ok?
Um beijão bem carinhoso em cada um de vocês e muito obrigada por lerem!



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