Passei o final de semana trocando mensagens com Isaac. Não estávamos juntos, mas era involuntário o sorriso que nascia em meu rosto quando chegava alguma mensagem dele.
— Esta apaixonada? - Mel perguntou no domingo de tarde.
Estávamos na cozinha comendo Petit gateau de chocolate com sorvete.
— Não.
— Olha a sua cara! Você mal falou do encontro, mas esta com os olhos brilhando e um sorriso idiota no rosto.
— O encontro foi bom. Jogamos boliche, comemos bobagens e conversamos bastante.
— E rolou beijo?
— Rolou alguns beijos. Ele é... Diferente.
— Diferente bom?
— Sim. E é divertido.
— E os seus pais?
— Conseguiram a ficha dele. Esta limpa. Não tem família, todos mortos. Só tem alguns amigos em Beacon Hills e Chris Argent com quem reside. Meu pai conseguiu a ficha do Argent. Família morta tambem. No começo não ficou muito feliz com as informações. E com o fato de eu ficar trocando mensagens com ele. Mas aceitou por que não há nada na ficha que diga que é uma pessoa perigosa. Joga lacrosse muito bem, não tinha notas muito boas, mas não era tão ruim. E já é maior de idade. 19 anos.
— Não acharam velho demais para você?
— Não. Ate por que meu pai conheceu a minha mãe ele tinha 18 anos e ela 16 anos. Então é quase a mesma coisa, só inverte o fato de eu ter dinheiro e ele não. Mas eu não me importo com isso.
— E vocês já conversaram sobre ter algo mais serio?
— Não. Nem sei como vou reagir quando chegar amanhã.
— Estarei de camarote assistindo. - Dei-lhe um tapa no braço e ela riu.
No outro dia acordei bem nervosa. Enquanto tomava banho minha cabeça criava mil coisas. Não sabia como reagir e como ele iria reagir. Não tive coragem de perguntar algo a ele.
Vesti uma calça jeans, regata roxa, calcei meu coturno cinza. Agarrei minha jaqueta de couro cinza e minha mochila. Desci as escadas correndo e sentei para tomar café. Uma empregada me serviu de suco de laranja enquanto pegava uma maça verde.
— Esta adiantada hoje. - Papai verificou o relógio do pulso.
Revirei os olhos.
— Falou com o seu irmão? - Mamãe perguntou.
— Sim.
— Ele vem para o seu aniversario?
Diferente do papai, mamãe sentia falta de Nate. Para nosso pai, foi um insulto Nate ter largado tudo para seguir carreira de cantor, mas mamãe entendeu o lado do meu irmão.
— Não sei. - Respondi. - Não perguntei sobre isso. - Levantei. - Nos vemos depois.
Assim que entrei no estacionamento da escola Mel estava me esperando.
— E ai tudo bem? - Sorriu animada.
— Tudo. Quanta animação para uma segunda-feira hein? - Ela riu. - Minha mãe perguntou se Nate vai aparecer pro meu aniversario. - Comentei abrindo o armário para pegar meu livro de biologia.
— E ele vem? - Observei sua expressão de quem esta indiferente a resposta.
Mas eu conheço Mel ao bastante para saber que ela esta louca para saber a resposta.
— Não perguntei para ele, mas como a agenda dele esta cheia para os dois próximos meses, duvido que virá. E é claro que ele vai preferir vir um dia que não tenha uma enorme festa.
— Cansado de viver de aparências. - Debochou fechando o armário com força.
Me pergunto quando isso vai passar?
— Quer conversar sobre isso?
— Já conversamos sobre isso. E não adianta. Não muda nada. Ele terminou comigo. Foi embora. Ponto. - Abriu os braços tentando mostrar que não guardava rancor.
Mas ela guardava sim.
— Ainda gosta dele?
— Você sabe a resposta. - Cruzou os braços.
— Nate é meu irmão e eu o acho um idiota por isso, você sabe. Um dia ele vai acordar e ver que perdeu a garota perfeita para ele.
— Isso foi muito idiota, Lie. Parece ate uma musica que você escreveu.
— É uma frase de uma musica que eu escrevi. - Empurrei seu ombro. - Mas é verdade.
— Não importa, assim que o ano letivo acabar vou para Inglaterra.
— Espero que não pense em nunca mais mandar noticias.
— É claro que não. Sempre seremos amigas, Lie. Não importa o tempo ou  distancia, nada vai nos separar. - Sorriu me abraçando. - Mas preciso correr atrás dos meus sonhos. E por mais que eu o odeie, ele tem razão. Precisava correr atrás dos sonhos dele.
Ela só não sabia que os sonhos dele não incluíam ela. Não vou defender meu irmão, mas ele gostava de Mel, na verdade acho que ainda gosta. Por que sempre pergunta dela. Só nunca contei nada a ela por que isso criaria esperanças. E esperanças por mais boa que seja, as vezes pode machucar.
Nate só não queria perder tempo sendo massacrado pelos negócios do nosso pai se podia viver a vida da musica. Ele abriu mão de Mel, para ser livre. Acredito que tenha sido uma escolha difícil. Mas não posso dizer isso por ele. Já não é mais um menino, fez a burrada. Vai ter que correr atrás se quiser recuperar o tempo perdido.
Eu só não sabia quando meu irmão iria cair na real.
Virei para o armário e o fechei. Estava pronta para seguir para a aula quando parei ao ver Isaac caminhando com o time da escola, ele sorriu ao me ver e se aproximou beijando meus lábios.
— Nos vemos na aula. - Sorriu indo ate o seu armário.
Lancei um olhar para Mel que estava rindo.
— Eu vivi para ver isso. - Debochou.
Todos estavam olhando então arrumei a mochila nas costas e segui para a aula.
Na aula de artes Isaac sentou ao meu lado enquanto sorria. Parecia que o jogo virou. Agora eu era a tímida. Não sabia como lidar com esse Isaac.
Gostava de rotina, gostava de coisas planejadas e gostava ainda mais de controlar a situação. Mas Isaac me deixava meio sem rumo.
— Como foi o final de semana? - Sussurrou enquanto fingia desenhar um quadro que estava a nossa frente.
— Já conversamos sobre isso.
— Mas não contou como foi a visita da sua amiga.
— O normal de sempre. Muita loucura e gordice.
— Gordice?
— Se não fossem os exercícios estaríamos obesas de tanta porcaria que comemos.
E no meu caso o metabolismo avançado. Me curava mais rápido. Não engordava. Só que o açúcar consumido me dava muita energia por isso praticava exercícios. Precisava tirar a energia do corpo do contrario entraria em curto. Ou explodiria algo dentro de casa.
— É loira natural?
— Sim, mas já pintei o cabelo de vermelho uma vez.
— Vermelho?
— Queria ser ruiva. Idiota da minha parte eu sei.
— Deve ter ficado diferente.
— Sim e eu detonei meu cabelo. Demorou meses para ele retornar ao que era antes. Meus pais enlouqueceram. Acho que foi a coisa mais louca que já fiz na vida. - Riu baixinho tentando não chamar atenção para nós.
— É uma caixinha de surpresas. - Sorri.
Isaac era leve. Estar com ele me fazia relaxar. Me sentir leve, livre. Era como se eu pudesse ser eu mesma com ele, sem julgamentos.
E isso era perfeito!
Na hora do almoço sentei com Mel e Isaac veio sentar com nós.
— Só aviso uma coisa, casal. Não vou segurar vela, então se comportem. - Mel ameaçou balançando um garfo na nossa frente. - Então Lie me disse que jogava lacrosse. Pode me dizer como diabos se joga isso?
Eles entraram em uma conversa sobre lacrosse e passaram para futebol americano. Mel sempre gostou de jogos e foi isso que atraiu Nate. Era a primeira garota que ele conhecia que gostava de jogos de qualquer tipo. Eles jogavam junto, jogavam ate vídeo game juntos.
Se eu tinha ciúme? Não. Eles estavam felizes e eu estava feliz por eles. Enquanto eles se divertiam, eu me focava em desenhar ou fotografar. Ou em treinar para controlar meus poderes. Nada vem fácil.
— Você não sabe jogar? - Isaac perguntou me observando.
— Baseball que era o esporte preferido do meu pai. Não que ele fosse bom jogador.
— Tio Tim fazia parte dos nerds da escola. - Mel debochou e eu assenti sorrindo.
— Sim, minha mãe era líder de torcida. Clichê ambulante.
— E nós?
— Não somos um clichê.
— A dama e o vagabundo é um clássico.
— Idiota. - Riu e Mel acompanhou.
Ela suspirou antes de levantar e agarrar sua bandeja.
— Nos vemos depois. E... Eu gostei dele. Esta aprovado Lahey. - Deu um tapinha no ombro dele e saiu caminhando.
— Ela é sempre assim?
— Louca?
— Espontânea?
— Sim. Foi isso que atraiu a atenção de Nate.
— Seu irmão e ela?
— Namoraram, ele foi o primeiro dela. Mas... Ele terminou e foi embora. Largou tudo casa, família e namorada para viver seu sonho. Não o julgo. Só lamento quando ele ver o que perdeu. - Assentiu.
Por que mais cedo ou mais tarde ele vai cair na real e ver que perdeu uma garota incrível.