Minha Âncora escrita por CM Winchester


Capítulo 5
Capitulo 4




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Na segunda acordei sem animo. O final de semana tinha sido cheio de sonhos, uivos e olhos amarelos. O sótão estava cheio de desenhos assim. Era desesperador. Por um segundo cogitei contar aos meus pais pensando que assim conseguiria ajuda, mas lembrei que eles iriam me internar se soubessem.
Tomei um banho gelado para tentar acordar e vesti uma calça jeans, regata branca, camisa xadrez de vermelho e azul, jaqueta de couro azul e calcei meus coturnos cinza.
Peguei minha mochila e desci as escadas, fingi não notar a expressão de desgosto que mamãe fez quando me sentei a mesa. Ela odiava essas roupas. Queria que eu usasse vestidos, laços e renda. Mas não era o meu estilo. E como tudo na vida eles deixavam sabendo que quando eu começasse a trabalhar na empresa teria que vestir algo mais casual e discreto.
Me servi de café e peguei uma panqueca a colocando no prato a minha frente. Coloquei a calda de chocolate antes de comer.
— Esta atrasada. - Papai comentou olhando o relógio de pulso.
— Já sei. - Limpei a boca no guardanapo e o joguei em cima da mesa. - Vou ao shopping de tarde. Quero comprar uns livros e algumas coisas. Meu aniversario de 18 anos esta chegando.
— Avise o motorista. - Mamãe falou.
— Ok. Beijo.
O dia passou como qualquer outro. Evitei Isaac durante as aulas, fingi tedio enquanto debatíamos sobre alguns sonetos. E a tarde fui para o shopping. Me perdi na livraria olhando cada livro, decidindo qual pegar.
Sai da livraria já era de noite. Meu motorista estava estacionado há três quadras então comecei a caminhar, notei que tinha um homem que seguindo. Avancei o passo e ele fez o mesmo.
Mais a frente iluminado pela luz de um poste em frente uma loja reconheci Isaac, ele parecia estar esperando alguém.
— Desculpe a demora, mon amour. - Falei antes de passar os braços por seu pescoço e beija-lo.
Me afastei dele sorrindo e olhei para o lado vendo o homem atravessar a rua, respirei aliviada.
— Você é uma caixinha de surpresas hein? - Isaac murmurou.
O encarei de volta notando que ainda estávamos abraçados, fui me afastar, mas ele prendeu seus braços em minha cintura me mantendo presa ao seu corpo.
— Eu estava sendo seguida.
— Poderia ter avisado, eu daria um jeito no cara, mas... Gostei do beijo. - Sorriu cafajeste.
Revirei os olhos.
— Tudo bem ai? - Virei para um homem parado nos observando.
— Tudo sim, Chris. - Isaac respondeu ainda com os braços na minha cintura. - Essa é a garota de quem lhe falei.
— Ah sim, Natalie não é? - Estendeu a mão para mim que a apertei. - Sou Chris Argent. Você me parece familiar.
— Deve ser do jornal. - Revirei os olhos de novo enquanto empurrava Isaac para me soltar. - Minha família vive nos jornais. - Entortei a boca.
— É pode ser. - Franziu a testa me encarando.
— Senhorita Natalie? - Virei para meu motorista que tinha se aproximado. - Tudo bem ai?
— Sim. Esta tudo bem, Andre. - Ele foi rápido em pegar minhas sacolas.
— Vamos. Seus pais devem estar preocupados.
— Sim. Foi um prazer conhecer você senhor Argent. E obrigada Lahey.
— Sempre que precisar de ajuda, Wayland. - Sorriu.
Era a primeira vez que Isaac me chamava pelo meu sobrenome. Voltei para casa pensativa. Podia ter virado e enfrentado o homem. Era a coisa mais sensata a se fazer, não beijar Isaac.
Ok. Isaac beijava super bem, o melhor beijo ate agora. E tinha uma pegada forte, decidida. Era boa. Poderia dizer que beijei ele para me livrar do cara, mas... Estaria mentindo. Beijei ele por que queria. Meu corpo ansiava por isso.
Em casa encontrei Pernalonga saltitando pela casa, o agarrei no colo. Diferente de muitos coelhos, Pernalonga era manso e amava um colo e carinho. O deixei em sua casinha perto da porta da cozinha e me servi de um copo com agua. Nós tínhamos três cozinheiras, dois motoristas e quatro faxineiros para a casa toda. Fora o jardineiro e tudo mais que uma casa de pessoas ricas tinha.
Na minha opinião era desnecessário tudo aquilo. Admito que gostava da mordomia, mas podia arrumar meu quarto sem problema.
Meu celular apitou, o peguei enquanto seguia para a mesa de jantar. Meus  pais estavam discutindo sobre algumas reformas que mamãe queria fazer na casa.
"Nós poderíamos sair na sexta. Isaac."
"Como conseguiu meu numero?"
"Sua amiga foi muito gentil em passar seu numero para mim quando pedi."
"Imagino que tenha sido."
"Então vamos sair na sexta?"
"E onde vai me levar?"
"Surpresa!"
Lancei um olhar para a mesa e cocei a sobrancelha.
— Tudo bem? - Mamãe perguntou me observando por cima da taça de agua que estava bebendo.
— Um garoto me convidou para sair na sexta. - Ela sorriu animada.
— É mesmo? E como ele é? É bonito? Esta no time?
As vezes ela parecia uma adolescente. Meu pai lançou a ela um olhar incrédulo.
— Ele é lindo, esta no time. Mas o mais importante para vocês é: Ele é rico? E a reposta é não.
— Dinheiro não é tudo.
— É sim, quando ele pode estar de olho na sua herança. - Papai retrucou.
— Eles vão só sair, Tim.
— Sim, é assim que começa. Encontros, beijos, sexo. E pronto.
— Deus. - Murmurei revirando os olhos.
Sempre que um garoto me chamava para sair tínhamos a mesma discussão. Eu acabava sempre saindo com os garotos, mesmo que meus pais não aprovassem. Mas eles sabiam que eu não ficaria com qualquer um. Só que Isaac era diferente.
Cada vez que eu estava perto dele queria sua companhia para sempre, a calma que ele trazia. Os olhos azuis pareciam ver minha alma.
— É só um encontro. - Mamãe rebateu. - Você quer ir? Onde ele vai te levar?
— É surpresa. E... Acho que sim. Quero ir. - Ela sorriu animada.
— Ótimo. - Lançou um olhar para meu pai. - Quando te conheci achou que eu queria casar com você por interesse?
— Não, que você daria o golpe da barriga. - Retrucou levando uns beliscões da minha mãe.
Ambos riram. Eu sabia que papai correu muito atrás da mamãe para conseguir conquista-la.
"Esta demorando a me responder, por que quer me castigar?"
"Castigo é uma boa ideia, mas não. Sou uma moça de família. Sempre aviso meus pais antes de sair com um cara."
"Que eu me lembre você tem uma cicatriz que é facilmente reconhecida."
"Idiota!"
"Vai recusar meu convite?"
"Devia. Mas não. Eu aceito sair com você no sábado. Espero não me arrepender."
"Não vai. Boa noite Mon amour."
Era um idiota mesmo. E nunca esqueceria o apelido idiota.
Grande burrada!
***
— Você vai sair com ele? - Mel perguntou enquanto caminhávamos para a primeira aula do dia.
— Sim, ele me convidou. Aceitei.
— E onde ele vai leva-la?
— Perguntei e ele respondeu que é surpresa. E lembre-se que foi você que passou meu numero para ele.
— Eu sai para correr e quando voltei o encontrei parado em frente o portão de casa me esperando. Disse que ia te convidar para sair, apesar de passar o numero não tinha tanta firmeza. Mas... Pelo jeito era verdade.
— Você não devia correr de noite.
— Sei me cuidar, e você sabe que vai dois seguranças comigo. - Revirou os olhos. - Bem desnessario. Nenhum gatinho chega perto com dois brutamontes ao lado.
— Não devia reclamar já que tem mais liberdade que eu.
— Verdade. Mas estou criando teias de aranha, nem sei qual foi a ultima vez que estive com alguém.
— Mel sempre há a opção do vestiário. - Ela riu me dando um tapinha no braço.
— Nunca vai esquecer?
— Claro que não. Nem se eu arrancar os olhos não vou esquecer, eu os lavei depois do pequeno incidente e continuo com aquilo na memoria. - Gargalhou.
Eu tive o azar de entrar no vestiário para trocar de roupa e encontrar com Mel e meu irmão transando. Sorte a deles que foi eu. Mas... Foi algo bem bizarro de ver.
— Bem na hora errada. - Entortei a boca, mas acabei rindo.


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