Minha Âncora escrita por CM Winchester


Capítulo 15
Capitulo 14




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— Eu vou subir para tomar um banho. - Chris falou se afastando.
— Espera. - Isaac falou. - Você ainda tem o Bestiário?
— Sim, por que?
— Quero mostrar a Natalie. - Assentiu antes de sair da cozinha.
— O que é esse tal de bestiário? - Perguntei.
— É um tipo de diário com anotações dos seres sobrenaturais. Podemos achar algo sobre você.
— Contou a ele?
— Sim.
— Por que ele tem um bestiário?
— Ele era caçador.
— Caçador? Caçador de animais?
— De seres sobrenaturais.
— Você mora com um caçador que mata a sua espécie?
— As coisas mudaram. Nós já fomos inimigos. Mas... A filha dele ficou do nosso lado e ele seguiu o exemplo dela. Agora parou de caçar. Esta tudo bem.
— É estranho na verdade. - Assentiu.
Terminei o jantar e coloquei na mesa, Chris entrou na cozinha carregando um livro.
Ele me estendeu e eu peguei.
— Mas já procurei, não há nada sobre pessoas iguais a você.
— Obrigada mesmo assim. - Me sentei a mesa e abri o livro.
Olhei os desenhos e anotações. Deixei o livro de lado para jantar depois Isaac se prontificou para lavar a louça, mas Chris o liberou então fomos para o quarto. Deixei o bestiário em cima da cama e fui tomar banho. Vesti uma camiseta de Isaac e uma calcinha.
Deitei na cama ao lado de Isaac que beijou meu ombro, abri o Bestiário e voltei a lê-lo enquanto Isaac terminava um trabalho de literatura sobre alguns sonetos.
Realmente não tinha nada sobre mim naquele livro, mas ele era bem esclarecedor. Minha vida sempre foi resumida entre pessoas normais e eu. Então fui apresentada a um lobisomem e um caçador e agora descobri que existem varias espécies de coisas sobrenaturais pelo mundo.
Só parei de ler quando Isaac começou a beijar meu ombro e sua mão seguiu para a minha cintura puxando meu corpo para o dele.
Acordei com o meu celular tocando, estiquei a mão e o peguei no gaveteiro ao lado da cama.
— Oi. - Olhei para o lado encontrando vazio.
Isaac já devia ter acordado.
— Sua mãe me ligou perguntando se você estava na minha casa, falei a verdade fiz mal?
— Não. Sua mãe ia contar a verdade depois. - Levantei indo ate a janela afastando a cortina.
Tinha um sol bonito e vi Isaac e Chris no jardim.
— Esta na casa do Isaac ainda?
— Sim. - Voltei para a cama e sentei. - Sai de casa sexta de noite depois de ouvir todo aquele papo preconceituoso do papai.
— Estou orgulhosa de você. Vai voltar quando?
— Hoje a tarde. Para conversar do contrario vou sair permanentemente.
— Sabe que é bem-vinda aqui. Não importa como meus pais e os seus pais vão reagir pode ficar aqui o tempo que quiser.
— Eu sei obrigada. Mas talvez mamãe tenha convencido meu pai. Só volto se ele me deixar namorar o Isaac.
— Não esta sendo radical?
— Não era você que queria que eu lutasse pelo que eu queria?
— Sim, mas sobre outras coisas, não sobre garotos.
— Sim, mas... Eu realmente gosto dele.
— Isso eu já imaginava, você fez tudo isso por ele.
— E faria de novo. Mel, ele é... Perfeito.
— Não existe homem perfeito.
— Eu sei, mas ate seus defeitos são perfeitos.
— Por Deus, Lie. Você esta apaixonada mesmo.
— Sim.
— E como esta sendo ficar ai?
— Esta tudo ótimo. Ontem ficamos sozinhos o dia todo, mas o Chris chegou ontem de noite. Foi bem tranquilo. É como ficar ai só que sem empregados para fazer tudo e a noite eu tenho sexo gostoso.
— Eu entendi que você sente que pode ser você mesma. E de quebra ganha um leitinho antes de dormir.
— Isso mesmo. Você é muito idiota sabia?
— Sabia você faz questão de lembrar todo dia e isso me lembrou que estou há uma semana sem sexo.
— Nossa, que grande avanço. - Ela riu. - Mel, eu tenho que desligar. Falo com você de noite para contar o que aconteceu.
— Ok. - Ela desligou.
Levantei deixando o celular em cima da cama e fui para o banheiro, fiz minha higiene e voltei para o quarto.  Vesti o vestido branco que eu estava sexta de noite e calcei um chinelo. Desci as escadas e fui para a cozinha. Peguei uma maçã verde e sai para a rua.
— Poderia ter me acordado. - Comentei me aproximando deles. - Bom dia. Desculpem ter dormido ate essa hora.
— Não se preocupe. - Chris comentou sorrindo. - Isaac contou que você ajudou ele ontem.
— É... Toda a tentativa é valida, mesmo que não tenha obtido êxito. - Ele riu e Isaac sorriu. - Para dizer que não sou um caso perdido, sou ótima na cozinha.
— Isso eu já vi. Cozinha muito bem.
— Sim, mas eu queria comer comida japonesa e o Isaac não quis.
— Quem quer comer peixe cru?
— Você é lobisomem, pode comer qualquer carne crua.
— Poder eu posso, mas não quero. Sou civilizado. - Ele sorriu abertamente me fazendo revirar os olhos.
Passamos o dia muito bem, eles trabalharam no jardim enquanto eu assistia ou dava a minha opinião em algo. Fiz o almoço e organizei a cozinha. Não senti falta do luxo, dos empregados. De nada. Me senti feliz com eles. Como sempre quis que minha vida fosse, como um domingo tinha que ser.
A família reunida em um almoço de domingo, com conversas leves e risadas. Mesmo cozinhando e limpando podia fazer aquilo sempre. Realmente me sentia bem em viver assim.
A tarde me despedi de Chris antes de Isaac me levar para casa, Grace a abriu a porta e nós entramos.
— Onde eles estão Grace? - Perguntei.
— No escritório, Natalie.
— Ok. Obrigada. - Entreguei minha mochila para ela e subi as escadas.
Isaac me seguiu em silencio, andei pelo corredor ate a porta do escritório e a abri. Encontrei meu pai sentado atrás da mesa e minha mãe sentada no sofá lendo um livro. Ela sorriu antes de levantar e vir me abraçar.
— Você esta bem? - Perguntou e eu assenti. - Que bom. Pegou roupas na Mel.
— Sim. - Lancei um olhar para meu pai que estava nos observando.
— Sentem-se. - Apontou para as duas poltronas a frente da sua mesa.
Me sentei e Isaac sentou na outra. Mamãe ficou em pé perto da mesa nos encarando. Pelo jeito se manteria fora da discussão.
— Quando Nate foi embora você seguiu os passos impostos por nós. Tudo que você queria, você tinha e quando não conseguiu algo você se rebelou. - Lançou um olhar para Isaac depois voltou a me encarar. - Eu já estava esperando isso há muito tempo. É muita pressão em cima de você, pressão do seu irmão, da sua melhor amiga. Todos querendo que você vire uma rebelde.
— A única pressão que recebo é de você que deseja que siga todos os seus passos. Por Deus, pai. Eu quero trabalhar na empresa. Eu realmente quero. As pessoas tem que entender isso e parar de achar que eu sou uma marionete dos outros. Eu quero trabalhar na empresa, mas tambem quero viver a minha vida. Ir a festas, namorar quem eu quiser. Por muito tempo tentei fazer as coisas certas por que não queria decepciona-los como Nate decepcionou. Só que você não pode controlar a minha vida, resolver com quem ando, onde trabalho e o principal com quem namoro. Já sou maior de idade.
— Se manda-la embora nesse exato momento você não tem como se virar. - Resmungou.
Mamãe entortou a boca e Isaac pressionou os lábios. Ambos indignados com a discussão.
— Eu não sou uma bonequinha de porcelana. Sei cozinhar muito bem. E posso fazer serviços domésticos. Vou tentar uma bolsa na faculdade e ser fotografa. Posso fazer o que quiser. Todas as profissões são boas. Não importa qual cargo seja ou qual salario seja. Tudo é honesto!
Ele ficou me encarando depois sorriu.
— Você cresceu. - Murmurou me deixando confusa. - Sempre quis que você assumisse meu lugar, mas meu maior medo era como você iria se impor quanto a isso. Sempre foi uma garota determinada e inteligente, mas nunca lutou pelas coisas que queria. Sim, Nate me decepcionou. Decepcionou por que foi cantar em uma banda em outro continente abandonando tudo para trás. Mas você não. Você lutou por um garoto que gostava. Se mostrou disposta a trabalhar em qualquer coisa desde que tenha a vida que sonhou. Mas em nenhum momento você pensou em ir embora.
— Não estou entendendo nada. - Lancei um olhar para a mamãe que sorriu. - Isso foi algum teste?
— Gosto de testar meus filhos. Colocamos no limite para saber como reagem.
— Você aceita meu namoro com o Isaac?
— Aparentemente você o ama. A ficha dele é limpa. Eu só posso dizer que aceito, mas você não precisa disso. - Lançou um olhar a Isaac que tinha os olhos arregalados. - Gostei de você garoto, é corajoso. Gosto de homens assim. Determinados. Se minha filha o escolheu é por que tem grandes qualidades. E quero explorar isso na minha empresa.
— O que? - Isaac perguntou perplexo.
Eu estava perplexa tambem.
Em nenhum momento esperava que isso acontecesse. Um teste. Meu pai estava testando minhas reações. Se ele era maluco? Completamente.


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