Sinais escrita por Sirena


Capítulo 13
Praia e Suco de Laranja


Notas iniciais do capítulo

Obrigada heywtl, Peter, Isah Doll, fran_silva e Lord JH pelos comentários ♥



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Mathias

— Ok, uma informação importante. – Eric falou, tirando uma caixinha do bolso e sentando-se ao meu lado na calçada em frente sua casa. — Esse é metade do presente. Eu e a Sam rachamos o presente, então ela vai te dar a outra metade.

— Isso é diferente. – observei pegando a caixa e desmanchando o laço para poder abrir. — Berloque! Mas... Sem berloque?

— Os pingentes quem vai dar são a Sam. Como eu disse, rachamos o presente. Escolhemos de acordo seus gostos muito questionáveis.

— Como assim?

— Cheguei! – dei um pulo de susto quando a Samantha falou, colocando as mãos nos meus ombros.

— Menina, quer me matar de susto é, caralho? Da onde que você saiu?

— Quero. – ela riu e me mostrou a língua, se ajeitando do meu lado. — Feliz aniversário, seu chato! Aqui teu presente.

Um carro passou e eu ergui os olhos para confirmar que não era do pai do Eric. Estávamos esperando sentados em frente a casa dele. O pai dele nos levaria até a praia e viria nos buscar no final da tarde.

Abri a caixinha de presente que a Sam me entregou, ansioso para ver os berloques que tinham conseguido para mim. Além de uma boa quantia de separadores bonitinhos, além do pingente do escudo do Capitão América, tinha também Saturno, Terra, Lua, estrela, Sol... Cara, quanto eles tinham gastado pra me dar aquilo?

— Eu vou encaixar os pingentes direitinho depois. - prometi guardando os pingentes na caixinha e guardando no fundo da mochila junto com a caixa onde estava a pulseira para encaixá-los.

— Porra, a minha toalha! Eu esqueci! – Eric arregalou os olhos, se levantando. — Já volto!

— Vai lá. - murmurei para ninguém, já que ele já tinha entrado de novo.

— Então... Eu vou finalmente conhecer seu namoradinho de cabelo de flor? - Samantha comentou do meu lado, mexendo no cabelo.

— Sim. – engoli em seco, mexendo as mãos. — Será que eu consigo traduzir tudo que vocês dizem e tudo que ele disser? E se eu me distrair e ele se sentir de lado de novo? E se...

— Garoto, respira! Respira, não pira, só respira. – Samantha interrompeu segurando minha mão. — Relaxa, a gente vai ser legal com ele e do jeito que você é preocupado é mais fácil deixar a gente de lado do que deixar ele.

 Dei risada forçadamente, olhando de canto para Sam que tinha o cabelo preso num rabo de cavalo.

— Eric vai fazer comentários inconvenientes, ele sempre faz. Não gosto de traduzir isso. Ele fica chamando o Ícaro de mudinho e sei lá mais o que...

— Então chama a atenção dele.

Engoli em seco mexendo no meu colar de âmbar. Sam revirou os olhos.

— Mat, eu sei que pra você o Eric é tipo, o grande guardião da tua vida, que você morre de medo de ele te por pra fora da vida dele se falar algo que ele não goste, mas... Qual é? O cara te adora! Se você chamar a atenção dele, ele vai te ouvir, você sabe disso. Você é o melhor amigo dele, ele quer te ver felizão.

Suspirei, concordando com a cabeça embora sentisse minhas mãos tremendo um pouco sob as de Sam. Não sei explicar porque a opinião do Eric era tão importante, talvez por todas às vezes ele quase partiu pra cima de qualquer um que falasse algo pra mim. Ou talvez porque ele era o único que não se importava de fazer trabalhos em dupla ou em grupo comigo. “Trabalhos em grupo” quando ele estudava na minha escola sempre foram eu e ele e só. Agora, trabalhos em grupo na escola era apenas eu e... Sei lá, o vento?

Ele também não se importava em dividir o lanche comigo quando eu não tinha dinheiro para comprar porque roubavam. Ele sempre fez tudo para que eu me sentisse bem naquela escola de merda e quando eu soube que ele iria fazer a prova para entrar na técnica, tremi de medo. Torci para ele passar claro, mas, no fundo eu não queria isso. Naquela época, Eric se sentou para conversar comigo, fez questão de me confortar e de garantir que mesmo que mudasse de escola, sempre estaria fazendo o possível para me ajudar.

Eu só... Morria de medo de perder isso. Não conseguia fazer nem amizades virtuais, não era como se eu fosse ter muito se algum dia nossa amizade acabasse. Tinha medo de que algo que eu fizesse ou dissesse o afastasse. Queria poder dizer que era assim só com ele, mas honestamente, é com tudo na minha vida.

Minha mãe, Eric, Sam, Ícaro... Para tudo eu tinha esse medo. Tinha tanto medo de ficar sozinho e de acabar sem ninguém, quanto tinha medo de interagir e me cercar com pessoas. Às duas ideias eram igualmente paralisantes aos seus próprios modos.

Sai de meus pensamentos quando um palio preto parou em frente a calçada e sorri para o pai do Eric, que nos olhou pela janela.

— Oi. – Sam sorriu pra ele, se levantando, uma bolsa de pano apoiada no ombro. — O Eric já tá descendo.

— Aquele garoto só se atrasa. – o senhor Souza reclamou. — Vou fazer a volta com o carro e aí vocês entram.

— Beleza. – sorri.

***

Apertei a campainha da casa do Ícaro ainda me sentindo ansioso. Tirei o celular do bolso e constatei que tinha várias mensagens de “feliz aniversário” para agradecer, a maioria enviada por parentes que eu nem me lembrava de ter.

Ergui os olhos quando o portão abriu.

“Feliz aniversário!” — Ícaro sinalizou antes de me abraçar com força e dar um beijo estalado na minha bochecha. – “Quer vir ver seu presente agora ou depois?”

“Depois, o pai do E-R-I-C é apressado.” — fiz careta e ele concordou com a cabeça. – “Não tá esquecendo nada?”

“Não. Vamos lá.”

“Tem certeza que quer ir?” — perguntei, ainda nervoso. – “Se você não se sentir confortável, tá tudo...” — antes que eu terminasse de falar, Ícaro pôs as mãos no meu rosto e me deu um beijo. Não um beijo. Um beijo. Daqueles que você não costuma dar a menos que esteja sozinho com a pessoa, ou no mínimo num canto bem discreto e mal-iluminado.

“Vamos.” — repetiu se afastando e agarrando minha mão.

— Ok. – murmurei sentindo meu rosto quente enquanto o seguia até o carro, o oxigênio ainda voltando pro meu cérebro.

Eric estava sentado no banco da frente e Sam estava atrás, perto da janela. Resolvi sentar no lugar do meio porque sabia que Ícaro gostava de ficar do lado da janela e imaginei que seria mais fácil se eu já tivesse que traduzir algo.

— Eu vou dormir. – Sam murmurou encostando a cabeça contra o vidro. — Eric, cala essa matraca que você chama de boca, gatinho.

— Eu odeio quando você me chama assim, docinho!

— Eu sei. – Sam deu risada, fechando os olhos e apertando minha mão. — Fala pra ele calar a boca, por favor, Mat.

— Eric, cala a boca! – falei alto.

O loiro se virou para mim e me mostrou a língua antes de se encostar no banco novamente.

Senti um aperto no joelho e olhei para o Ícaro.

“Cadê seu celular?”

Uni as sobrancelhas, confuso, enquanto entregava o aparelho desbloqueado. Ícaro encostou a cabeça no meu ombro enquanto passava pela minha lista de músicas distraidamente.

“Cadê seus fones de ouvido?”

Desconfiado e confuso, entreguei o fone branco para ele. Ícaro conectou no celular e colocou um lado do fone, me oferecendo o outro.

“Por que você quer colocar fone, garoto?”

Ele fez cara feia pra mim.

“Porque eu gosto de ficar de fone! É confortável! Larga de ser chato!”

Com esse argumento muito convincente, aceitei o lado do fone que ele me oferecia. Ícaro escolheu uma música e encostou a cabeça no meu ombro, segurando minha mão.

Surdo de Taubaté, pensei enquanto fazia carinho em seu cabelo.

***

— Que horas eu venho buscar vocês?

— Lá pelas cinco da tarde. – Eric respondeu. — Tchau, pai.

— Tchau! Feliz aniversário, Mat.

— Feliz aniversário... Digo, obrigado. – senti meu rosto ficar quente enquanto eu respondia.

O pai do Eric deu a volta no carro dando risada enquanto eu tentava reencontrar minha dignidade.

— Relaxa. – Eric falou, colocando a mão no meu ombro. — Todo mundo já pagou esse mico vez ou outra, cara! É normal!

— Tá legal. – murmurei, ainda sem jeito. — Vamos procurar um lugar pra ficar.

Caminhamos por uma calçada já cheia da areia que o vento soprava. Já dava para ver a praia quase vazia ali na esquina. Não estava muito cheia e, apesar do vento frio e forte, era um dia de sol quente.

Alugamos as cadeiras de praia com guarda-sol, logo em frente a um quiosque que oferecia boas opções para comer. Começando por batata frita. Batata frita é essencial.

Samantha tirou a blusa, mostrando a parte de cima do biquíni vermelho e se jogou numa das cadeiras enquanto prendia o cabelo.

“Quer alguma coisa?” – perguntei me sentando do lado do Ícaro. Ele olhou em volta e deu de ombros sem responder, pegando uma das batatas. – “Tudo bem?”

“Quantas vezes vai me perguntar isso hoje?” — arqueou a sobrancelha, dando um sorrisinho e descendo os olhos demoradamente pelo meu corpo em seguida. - "Gostei da bermuda, ficou bonito."

Encolhi os ombros sem graça, sentindo meu rosto esquentar de novo. Ícaro riu apoiando o queixo na mão enquanto me olhava ainda com o sorriso de canto. Alguém devia proibi-lo de dar aquele sorriso, bagunçava demais a minha cabeça quando ele sorria assim.

— Mat, vem! Vamos pra água! – Eric chamou, terminando de passar o protetor. — Sam quer se bronzear um pouco.

— Já vou! – voltei minha atenção para o Ícaro. - “A gente vai pra água. Quer vir?”

“Ainda não.” — ele fez careta e passou a mão pelo cabelo. - "Depois eu vou."

Mordi os lábios, olhando dele para Sam. Merda.

Ícaro bufou me olhando antes de pegar o celular, observei ele digitar algo e entregar o aparelho pra Sam. A garota riu erguendo os olhos para mim.

— Mat, ele já disse que tá bem! Relaxa! – ela piscou. — Além do mais, nós podemos conversar de boa. Mensagem de celular. Não era como vocês faziam no começo?

Olhei para o Ícaro hesitante.

“Tem certeza?”

Ícaro bufou alto antes de me empurrar, me expulsando do cantinho sob o guarda-sol de forma impaciente. Dei risada e tirei a camisa, jogando-a sobre a mesa antes de sair correndo para alcançar o Eric que já tinha cansado de me esperar.

Dei um grito sentindo a areia quente e acabei indo praticamente aos pulos para a água, tentando deixar meus pés encostarem o mínimo possível no chão cheio de conchas quebradas que arranhavam minha pele e de areia que parecia queimar.

A água do mar estava fria e, depois da areia quente isso foi um alívio. Corri para perto do Eric e ele deu risada jogando água em mim. Era só chegar na praia que parecia que ele virava criança, querendo fazer guerra de água e pular onda.

— Cara, não! – pedi cobrindo o rosto, com medo do sal acertar meus olhos. — Qual é? Me deixa enxergar por dois minutos! – dei risada chutando a água em sua direção.

Eric riu e uma onda quase me derrubou porque eu não tava prestando atenção nisso. Felizmente ele segurou meu braço antes que eu caísse.

— Tu tem que prestar atenção, maluco! – Eric deu risada. — Com a tua sorte tu cai numa caravela-portuguesa e morre.

— Caravela-portuguesa mata? – perguntei, confuso.

— Eu não faço ideia, mas com a sua sorte mata. – ele deu de ombros. — O mudo ficou com medo de desmanchar na água foi?

Respirei fundo.

Observei as ondas que se quebravam antes de nos alcançarem um instante antes de me atrever a falar.

— Cara, tu pode, por favor, parar de chamar ele assim? Ele deu um puta berro no meu ouvido na primeira vez que a gente saiu, te garanto que ele não é mudo.

Eric me soltou e arqueou a sobrancelha, me analisando seriamente.

— Como é que é?

— E, tipo, não que tenha problema chamar uma pessoa surda de surda, mas tu chama de um jeito como se achasse isso um xingamento, então seria bem bacana se você parasse com isso também. Na verdade, seria bacana se você deixasse de ser babaca com ele num geral. – hesitei antes de emendar. — Por favor, não fica bravo comigo.

Eric arqueou ainda mais a sobrancelha.

— Pausa, tempo! Tá com medo de eu ficar bravo contigo? Garoto, quando foi que eu fiquei bravo com você? Ficar bravo com você faz tanto sentido quanto... Sei lá, ficar bravo com as ondas por tarem grandes demais. Eu hein... Mathias, eu te adoro, mas você é esquisito pra caralho!

Abri e fechei a boca, confuso enquanto Eric me olhava como se eu tivesse dito que vi uma manada de unicórnios saltitantes cor-de-rosa brincando com sereias no canto da praia.

— Esse... Não é o foco. – murmurei. — O foco é que você é um puta babaca quando fala do meu namorado e eu não faço ideia do porque disso e seria foda se você parasse.

Eric virou o rosto, olhando para as ondas que se quebravam antes de nos alcançarem e fitando o horizonte lá longe um instante antes de voltar a falar:

— Mat, tirando quando a gente foi na sorveteria, há quanto tempo a gente tá sem ver?

Uni as sobrancelhas sem entender a pergunta.

— Sei lá... Um mês, dois?

— Por aí. – ele concordou. — E qual foi o maior tempo que você ficou sem ver o Ícaro? Uma semana? Quanto tempo demorou pra ele te convencer a sair com os amigos dele? Quantas vezes ele teve que pedir? Porque eu tive que insistir por mais de um ano!

Hesitei, tentando ver melhor o rosto dele. Acho que isso era uma coisa que eu preferia da Libras: sempre ver o rosto da pessoa. Ali, tudo que eu podia ver era que o Eric estava mordendo a bochecha.

— Tu tá com ciúme? – arquei a sobrancelha, chocado.

Eric deu de ombros, ainda sem me olhar.

— O que eu posso dizer? Tu é meu melhor amigo e desde que eu mudei de escola a gente se viu no máximo umas sete ou oito vezes, mesmo eu te chamando o tempo todo e mesmo você não fazendo porra nenhuma da vida. Parecia que tinha medo de ir me ver. De repente, tu começa a namorar e eu mal consigo falar contigo. Toda vez que tu aparece a gente só conversa amenidade porque parece que desaprendeu a falar comigo e isso me irrita. E isso me deixa sem abertura pra te contar coisas também.

— Tipo?

— Tipo que meus pais se divorciaram e minha mãe tá namorando uma professora de educação física.

— É o que? – gritei, sem saber se tinha ouvido direito. — Tem quanto tempo isso?

— Um mês já, cara. Minha mãe queria que você fosse jantar lá em casa pra conhecer ela. E sério, ela é legal pra caralho! – Eric riu voltando o olhar pra mim. — Ela vai lá em casa o tempo todo e é foda e manja de handebol de um jeito que humilha. E sim, eu ainda to meio chocado com minha mãe gostar de mulher, tipo... Não sabia, foi uma informação nova sobre ela. Achei bacana.

— Qual o nome dela?

— Lavínia. – Eric deu de ombros. — Meu pai tá meio puto, mas vida que segue. Você viu que ele não perguntou nada e nem entrou lá em casa? É porque eles tão brigando e ele não gosta da Lavi.

— Entendi. Mas... É... – cerrei os lábios. — Foi mal se eu pareci distante nesses tempos, mas não tem haver só com o Ícaro, sabe? Tem muita coisa rolando lá na escola. E, olha... Sinceramente, isso aí não é a melhor das explicações porque você não pareceu ir com a cara dele desde que me apresentou pra ele.

— Claro que não! Maluco ia de penetra em todo canto! Parecia sombra da Alexia! Sabe como é chato ir pra um canto esperando ter só teus amigos lá e brota um desconhecido no meio que fazia descaso toda vez que alguém tentava falar com ele?

— Não era porque ele queria. – bufei. — Tu ia curtir sair com um bando de alemães sem saber falar alemão e eles não sabendo falar português? Porque pra ele é a mesma coisa!

Eric suspirou cruzando os braços.

— Hum...

— O pai dele não gosta que ele fique muito tempo trancado em casa e obriga ele a sair com a Lexi quando ela sai. Acredite, ele não vai muito com a cara de vocês.

— E eu tenho que ser legal com ele sendo que ele não vai com a minha cara? Puta que pariu, Mathias!

— Eric... – fiz bico. — Qual é? É meu namorado, porra, custa tentar ser minimamente gentil com ele? Só minimamente? Não to falando que tem que tratar ele como um príncipe, mas... Sei lá, como um vizinho que não deixa a música alta, já ia bastar.

Ele virou a cara de novo e bufou alto antes de por as mãos nos meus ombros sorrindo.

— Tá, quer saber? É seu aniversário, o que você pede é lei. Se quer que eu trate ele melhor daqui pra frente, eu trato. – ele pareceu hesitar antes de acrescentar. — Fico feliz de tu ter conseguido me dizer isso.

Sorri. — Não fica bravo mesmo?

— Cara... Tu não tem que ter medo de mim, Mathias. Quando foi que eu te meti medo, cara? Quando foi que eu dei razão pra isso? – ele uniu as sobrancelhas me olhando, como se eu ter medo disso o tivesse verdadeiramente ofendido. — Sua amizade importa pra caralho pra mim, Mat. E eu faço o que for pra manter. Beleza?

— Beleza. – murmurei, sentindo meu rosto ficar quente.

— E o que tá acontecendo na escola? Tu disse que isso é parte do motivo de não tá tendo tempo pra falar comigo...

—... É meu aniversário. Não quero falar disso. – encolhi os ombros e Eric concordou com a cabeça após dar um longo suspiro.

— Ok. Vamos voltar pra lá. Sam já deve tá pedindo algo pra comer e eu to com fome.

Concordei com a cabeça, mas antes que desse um passo, Eric colocou o braço na minha frente, olhando na direção onde Samantha e Ícaro estavam. O olhei curioso. Ele deu um sorriso antes de gritar:

— Quem chegar por último é a mulher do sapo! – e saiu correndo.

Arregalei os olhos antes de correr também, o empurrando quando consegui passar por ele e dando risada.

Sério, Eric vira criança na praia.

E eu viro criança quando ele fica assim.

— Cheguei primeiro! – gritei colocando as mãos nos ombros do Ícaro, com a respiração ofegante.

— Eu cheguei primeiro, larga de ser leso! – Eric bufou me beliscando antes de se jogar numa das cadeiras. — Tá fazendo o que, docinho?

Olhei para Samantha enquanto me sentava do lado do Ícaro. Ela fazia careta olhando a própria mão levantada e bufou.

— Tava tentando soletrar meu nome, mas é difícil.

Olhei para o Ícaro.

“Tá ensinando ela?”

“Ela pediu... E ela tem o mesmo problema que você.” — ele fez careta enquanto falava. – “Confunde T e F o tempo todo.”

Bufei revirando os olhos. – “Eu não confundo tanto assim mais.”

Ícaro deu de ombros e franziu os lábios antes de voltar a falar.

“Você vai traduzir o que eles falam?”

“Vou tentar.” — dei de ombros, desconfortável.

“Então senta na minha frente. Vai ser mais fácil de eu ver.”

Suspirei fazendo careta, mas concordei com a cabeça. Eu queria ficar sentado perto dele, mas a minha vontade de ficar deitando a cabeça no ombro do Ícaro não era tão importante quanto a necessidade dele de enxergar pra poder falar.

Arrastei minha cadeira pra perto da Samantha... Mas, antes dei um beijinho nele porque é meu aniversário e eu mereço beijos.

— Que foi? – Eric perguntou arqueando a sobrancelha.

— Mais fácil pra traduzir. – dei de ombros tentando falar e sinalizar ao mesmo tempo. Por que falar duas línguas ao mesmo tempo tinha que ser tão difícil? A Alexia e o Davi faziam parecer tão fácil!

— Certo. O que vocês vão querer pra comer? – Eric perguntou, após um rápido instante em silêncio.

— Eu pedi camarão e mais batatas fritas. – Samantha deu de ombros.

Franzi a testa. — O Ícaro não...

Ícaro balançou as mãos, chamando minha atenção.

“Eu to comendo bolacha. A S-A-M me deu.” — ele uniu as sobrancelhas antes de acrescentar. - "Ela trouxe um monte de coisa de comer. Porque a gente tá comprando?"

"Porque a gente é burro e faz parte da experiência." - dei de ombros e ele deu risada, cobrindo a boca com as mãos.

— Ok então. É... E algo pra beber, Sam? Você pediu?

— Eu não sabia o que vocês iam querer. – ela deu de ombros. — Então, não.

Suspirei olhando em volta, o lugar em que alugamos as cadeiras, vendia aperitivos e refrigerantes, o preço era meio salgado, mas era a praia. O preço sempre era salgado.

— Eu vou pegar um Sprite pra mim. – falei.

— Pega uma Coca pra mim. – Sam pediu, fazendo bico.

— Pra mim também. – Eric pediu pegando o celular entre as coisas da Samantha.

“Vai querer que eu pegue algo pra você, Ícaro?” — perguntei.

Ele franziu os lábios olhando em volta e mexendo no cabelo, as mechas roxas brilhando com a luz.

“Eu vou buscar.” — declarou por fim voltando a me olhar e se levantando. – “Me dá o dinheiro.”

“Tá tudo bem, eu posso ir.”

“Eu quero ir.” — Ícaro fez bico. - "Quero suco de laranja e tem tamanhos de copo diferente. Quero escolher."

Hesitei, olhando-o incerto. Imediatamente, a expressão manhosa dele se desfez, dando lugar aos ares desconfiados. Fazia um tempo que ele não me olhava assim, ver essa desconfiança nele de novo fez com que eu me encolhesse.

“Mathias, eu consigo comprar um refrigerante.” — ele bufou, me olhando com desdém.

“Eu sei. Aqui." - suspirei e ainda o encarei um instante antes de pegar o dinheiro com a Samantha e entregar. - “Um S-P-R-I-T-E e duas C-O-C-A-C-O-L-A-S”

“Ok, já volto.” - ele sorriu me dando um selinho rápido antes de sair.

— Ele que vai comprar? – Samantha perguntou, me olhando hesitante assim que o Ícaro saiu debaixo do guarda-sol, indo até à venda. — Tem certeza, Mat?

Encolhi os ombros. — Relaxa, Sam.

— É, eu já vi esse garoto no mercado, ele compra as coisas de boa, relaxa. - Eric deu de ombros, os olhos focados no celular.

— Tá fazendo o quê? – perguntei.

— Jogando Trívia. Estou me sentindo burro e esse jogo sempre faz eu me sentir inteligente.

— Justo. – murmurei, aproximando a cadeira para poder ver com ele. — É o Canadá.

— Eu sei, Mat! Larga de ser exibido! - ele bufou enquanto apertava na resposta certa. Dei risada. — E esse aqui qual é, gênio?

— Inglaterra.

— Ok.

Continuei lendo as perguntas e tentando dar as respostas mais rápido do que Eric clicar nelas, até que ele estava praguejando baixinho e rindo. Jogar Trívia era sempre uma mini competição.

Ergui os olhos instantes depois, ouvindo o som das unhas de Samantha tamborilando sobre a mesa de plástico.

— Sam...

— É só que ele tá demorando, né? - ela encolheu os ombros. — Não sei, Mat. Duvido que a atendente saiba Libras.

Abri e fechei a boca antes de fazer careta e olhar sobre o ombro.

Ok, eu não devia duvidar das capacidades do meu namorado de comprar algo sozinho, mas... É. Ícaro não era bom em leitura labial, nem oralizado e a Sam tinha um ponto. Além de que... Não tinha fila.

Mordi os lábios, nervoso.

Metade do meu cérebro estava falando "pare com isso, quando foi a última vez que você viu o Ícaro não conseguir algo? Larga de ser idiota!" Mas, a outra metade estava realmente em dúvida se ele conseguia e por mais que eu tentasse me convencer de que não havia razão pra isso... A metade sensata do meu cérebro tava perdendo. A dúvida tinha sido plantada na minha mente.

— Tá, eu vou lá ver, ok? - suspirei.

— Faz isso não. - Eric resmungou do meu lado ao mesmo tempo em que Samantha falava:

— Ok!

Suspirei me levantando e caminhando para o pequeno quiosque.

Ícaro estava sentado num banco, balançando as pernas com vários refris na frente dele.

“Quer mais alguma coisa?” — perguntou arqueando a sobrancelha para mim.

“Não, você tava demorando. Vim ver o que foi.” — expliquei, sentindo meu rosto ficar quente com o jeito que ele me olhava, como se não acreditasse numa só palavra.

“O suco é feito na hora.” — deu de ombros. - "Agora que você já sabe porque eu to demorando, pode ir."

Grosso.

Revirei os olhos sentando no banco ao seu lado tentando não me encolher com seu olhar.

"S-A-M ficou com medo de você não conseguir comprar."

"E você veio ver se eu consigo?"

"Ícaro..."

Ele revirou os olhos, suspirei apertando seu ombro atraindo seu olhar de volta, mas antes que eu pudesse falar algo a atendente loira se voltou para nós com um copo de suco na mão.

— Aqui, rapaz. - ela sorriu e pegou uma bandeja em seguida. — Pode levar aqui, vai ser mais fácil.

Tentei não revirar os olhos. Ela falava alto. Alto nível "estou gritando de propósito porque assim talvez ele entenda melhor." Porque as pessoas gostam de falar alto com surdos?

Bom... Pelo menos ela foi simpática, pensei observando-a colocar os refrigerantes e o copo de suco na bandeja antes de entregar para o Ícaro que sorriu colocando o dinheiro sobre o balcão.

Ele pegou a bandeja com as bebidas fazendo um aceno pra moça antes de se virar para voltar para mesa. Me mantive perto dele enquanto andava, me sentindo realmente mal por ter duvidado quando ele desenrolou tudo tão bem.

Apertei seu braço e fiz o sinal de desculpa, mas, mais uma vez Ícaro revirou os olhos enquanto sentava perto da Sam.

— Ele conseguiu? – ela me perguntou.

— Numa boa. - dei de ombros. — Nem precisava que eu tivesse ido lá, sério.

— Eu disse. – Eric riu, ainda jogando Trívia. — Tá ligado que graças a duvidar disso, você provavelmente vai ficar sem uma puta transa de aniversário?

Senti meu rosto ficar quente.

— Eu to ligado. – garanti.

— Tu tem que me ouvir mais, cara.

— Acho que não. – fiz careta. — Isso aí foi só o negócio do relógio quebrado que acerta duas vezes por dia.

Eric deu risada.

Ergui os olhos e vi que o Ícaro estava me encarando enquanto bebia seu suco.

 — Samantha, eu sinto o cheiro de D.R. - Eric declarou se levantando. — É nessa hora que os amigos dão o fora.

Sam hesitou e me olhou um instante, os lábios formando a palavra "desculpe" enquanto se levantava e ia com o Eric dar um mergulho.

Suspirei me afundando na cadeira. Ícaro não se mexeu, apenas apoiou a mão no queixo e continuou me encarando, ainda focado em tomar o suco de laranja.

"Por que eles foram?" - perguntou após um longo momento.

"Acharam melhor dar privacidade pro caso da gente começar a brigar." - respondi e hesitei antes de perguntar, meu coração acelerando e minhas mãos suando. - "Você vai brigar comigo por ter ido lá?"

Ele não respondeu, me encarou por mais um instante antes de se levantar dando a volta na mesa e arrastando a cadeira pro meu lado, a expressão séria. Engoli em seco.

Ícaro respirou fundo se sentando do meu lado e estalando os dedos da mão antes de falar:

"Não quero brigar." - imediatamente senti meus ombros relaxarem. - "Mas, quero que seja sincero com o que eu vou perguntar." - pensei cedo demais, a tensão já voltou.

Concordei com a cabeça, tentando não engolir em seco.

"Você foi lá porque eu realmente tava demorando ou foi porque achou que eu não conseguia comprar os refrigerantes sozinho?"

Hesitei.

Era uma daquelas perguntas que tinham a resposta certa e a resposta errada e infelizmente se eu desse a resposta certa estaria mentindo. Suspirei encolhendo os ombros.

"Um pouco dos dois."

Esperei pelo pior. Que ele começasse a agitar os braços fazendo sinais furiosos e me olhando com raiva, mas, ao invés disso, ele continuou me olhando e o silêncio dele era quase mais assustador do que a raiva.

"Não parece o tipo de coisa que você ia pensar." - observou, unindo as sobrancelhas. - "A gente namora já tem três meses, você já devia saber que eu consigo fazer as coisas sozinho."

Hesitei. - "Eu sei, eu sei, desculpa. E eu sei que você consegue, é só que... A S-A-M falou sobre a atendente não saber Libras e eu fiquei confuso e..."

"Praticamente nenhum ouvinte sabe Libras. Isso nunca me impediu." - Ícaro observou, me interrompendo ainda com a mesma seriedade no olhar. Engoli em seco, virando o rosto e ele logo puxou meu queixo. - "Eu não to brigando. To tentando entender de onde isso veio. Não esperava isso de você."

Ai.

Respirei fundo, tentando acalmar meu fluxo de pensamentos e me explicar.

"Acho que às vezes fico confuso, sem saber como você consegue fazer certas coisas e acabo achando que não consegue... Foi isso. Desculpa mesmo, se você diz que consegue, eu devia acreditar.”

“Devia.” - Ícaro concordou. - "Se eu peço pra fazer algo, é porque eu sei que consigo."

“Eu sei. Desculpa, não vai se repetir.” - suspirei colocando meu cabelo atrás da orelha. - "Pensei mal."

"Você pensou péssimo." - ele corrigiu, revirando os olhos.

"Tá muito bravo, né?"

Ícaro hesitou antes de virar o rosto um instante, o pé encostando no meu por baixo da mesa. Ele suspirou pressionando as mãos contra os olhos antes de voltar a me observar seriamente.

"To mais triste que bravo. Sei que muita gente me acha incapaz de um monte de coisa, sei que acham que não sei ler ou que não posso sair sozinho ou que não consigo fazer as coisas sozinho..." - ele encolheu os ombros. - "Mas, outras pessoas acharem isso é uma coisa. A S-A-M achar isso é uma coisa, eu não conheço ela. Você achar isso é outra. E eu não preciso de ninguém dizendo que eu sou incapaz de algo. Com certeza não preciso do meu namorado achando isso.”

Concordei com a cabeça, sentindo minha garganta apertar e cruzei os braços, tentando esconder minhas mãos trêmulas. Onde eu tava com a cabeça quando fui lá?

Respirei fundo duas vezes, a sensação ruim da culpa crescendo. Não é que eu realmente tenha literalmente pensado que ele não conseguia, eu só... Fiquei na dúvida. O que, na prática provavelmente é o mesmo! Por que eu duvidei? 

"Mas..." - Ícaro hesitou antes de continuar. - "Mas, eu to tentando ser racional. Tipo... Namoramos há três meses e saímos por um mês antes disso, então isso dá o que? Uns cento e vinte dias, mais ou menos? Em cento e dezenove dias você nunca duvidou de eu ser capaz, eu seria meio idiota se te condenasse eternamente pelo único dia que você ficou em dúvida. Eu to bravo, claro, mas... Racionalmente falando eu sei que a sociedade pinta esse quadro de que quem é deficiente é incapaz e precisa de ajuda para tudo e eu conheci sua mãe, então eu devia esperar por algo assim... Ok, eu não devia falar da sua mãe assim, desculpa, mas tipo... Só to dizendo que eu sei que não vai acontecer de novo."

"Você sabe?" - arquei a sobrancelha e ele deu de ombros.

"Quando eu chamo sua atenção você se esforça pra não se repetir. Então, eu sei. Me deixa triste e irritado você ter pensado assim, mas eu te conheço o bastante pra saber que foi só ignorância e que não vai acontecer de novo." — suspirou abaixando a cabeça e mexendo os ombros.

"Me perdoa mesmo." - pedi. - "Eu não queria... Eu não devia ter pensado assim. Devia só ter dito pra S-A-M que você conseguia."

"Só porque é seu aniversário." - Ícaro deu um riso debochado antes de encolher os ombros. - "Brincadeira. Eu desculpo sim... Mas, só dessa vez."

Dei risada achando fofo o jeito que ele se explicou parecendo envergonhado ou com medo de eu não ter entendido a brincadeira. Senti meus ombros relaxarem um pouco.

Ícaro pressionou as mãos contra os olhos, respirando fundo.

"A gente conversa melhor sobre isso lá em casa, ok?" - perguntou, me olhando fazendo bico. - "Essa conversa não acabou ainda. Só quero deixar claro que é melhor não acontecer de novo."

"Ok. Não vai." - garanti.

"Promete?"

"Prometo."

Ícaro suspirou aliviado antes de passar os braços em volta do meu pescoço aproximando o rosto como se fosse me beijar...

E ele me beijou, mas, ao contrário do que eu pensei, seus lábios desviaram para o meu pescoço. Suspirei baixinho sentindo ele deixar beijos suaves ali seguidos por um chupão um tanto forte demais, antes de se afastar sorrindo de lado.

Revirei os olhos.

"Você é muito engraçado, né? Quando nada pode acontecer fica super atirado, mas quando a gente tá sozinho foge igual o diabo foge da cruz."

Ícaro arregalou os olhos antes de rir envergonhado, parecendo surpreso. - "Quando a gente fica sozinho, eu fico com vergonha. Quando tem gente, eu fico tipo 'ah, nada vai acontecer mesmo, tudo bem eu provocar um pouco', mas aí a gente fica sozinho e eu fico tipo... Em pânico!" 

Dei risada porque ele fez uma expressão muito caricata quando disse "pânico".

"Por que isso?"

"Não sei." - deu de ombros. - "Mas, é assim. Quando tem gente perto eu só consigo pensar em como seria bom se a gente tivesse sozinho, mas aí a gente fica sozinho e eu travo e eu fico com muita vergonha e só consigo pensar 'nossa, tá quente hoje né?' Eu sou uma desgraça." - Ícaro riu, parecendo envergonhado e se encolhendo no lugar. - "Aí eu fico super ansioso e tento inventar algo pra me acalmar."

"Tipo aquela prova chata que você fez lá em casa?" - franzi a testa. - "Normalmente você só me faz fazer prova quando a gente tá em vídeo-chamada."

"Eu tava morrendo por dentro naquele dia!" - ele arregalou os olhos, rindo de nervoso. - "E você não ajudou! Ficou me olhando como se... E eu só conseguia pensar 'por favor, alguém me mata!' Não é que eu não queira ficar sozinho com você, sabe? É só que quando eu fico, eu fico sem jeito."

Dei risada concordando com a cabeça e apoiando o cotovelo na mesa.

"Não sabia que eu te deixava tão nervoso." - comentei e ele bufou.

"Tá brincando, né? Eu fico o tempo todo pensando se não to sendo muito frio ou muito grudento e se você percebe que eu to brincando quando implico e se tá me achando chato e..." - ele parou, respirando fundo. - "Mas, alguém tem que pelo menos parecer ser o controlado, né? Imagina nós dois surtando ao mesmo tempo? Não ia dar certo. Então, eu disfarço."

 bom saber que eu não sou o único ansioso demais aqui." — comentei, um pouco relaxado tanto por saber disso quanto pela mudança de assunto.

"Qual é? Você já sabia! Tipo... Eu saí no meio de um encontro porque tava ansioso demais e surtei! Eu podia só ter te puxado pro canto e falado, mas não, eu tava tão ansioso que fui embora." - ele bufou e meu sorriso sumiu, Ícaro fez careta percebendo. - "Desculpa trazer isso de volta. Foi sem querer."

"Tudo bem."

Senti seu pé encostar no meu de novo por de baixo da mesa e ele suspirou pegando o copo de suco e olhando em volta.

"Eles bem podiam voltar né? Quero ir pra água agora."

"Logo eles voltam." - dei de ombros. - "Mas, ei... Eu te deixei dormir na minha cama quando você foi lá em casa. Espero o mesmo tratamento hoje quando for dormir na sua casa."

"Vai sonhando!"

Arquei a sobrancelha contendo um sorriso. - "Vai sonhando você."

Ícaro franziu a testa e riu parecendo surpreso com minha resposta enquanto erguia as mãos, mas antes que ele pudesse dizer algo, deitei o rosto no seu ombro apertando sua cintura um instante. Ele riu baixinho começando a mexer no meu cabelo.

Respirei fundo tentando manter meus pensamentos em paz enquanto a culpa parecia continuar mordendo meus neurônios.

Não era o melhor aniversário do mundo. Mas, era bom.


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Notas finais do capítulo

Eric: a
Eu: mas, é um neném incompreendido, eu te odeio mas eu te amo, viu, fofo?
Sim, eu gosto de personagens questionáveis, é a vidaaaaa

Mathias... Nada a declarar.



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