Vital Signs escrita por CDJ


Capítulo 12
Parte 3 - Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

A Parte 3 acontece na quinta temporada, logo depois que Lúcifer é solto da sua jaula.



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Terceira Pessoa


O demônio se jogou em cima dela e a atirou para dentro do carro, mas não antes que ela pudesse tirar a arma das costas e colocá-la no peito do demônio, puxando o gatilho. O grande estopim que se seguiu não foi maior do que a risada alta e fria da criatura. Ele riu e puxou a arma tacando-a para fora do carro e enquanto fazia isso, Liz se recuperava e assim que ele voltou as mãos para ela, esta reagiu e lhe deu um soco, obrigando-o a sair de cima dela e a sair do carro. O demônio gemeu e abaixou a cabeça, mas não demorou a voltá-la para cima, dessa vez com os olhos normais do humano que possuía. Liz já estava pronta para lhe dar outro soco, mas foi atirada longe sem ser tocada. Bateu as costas na calçada dura e se levantou rapidamente.

- Você esteve sumida por um tempo, Eve, andou vivendo uma vidinha normal. Tsc, tsc, estou extremamente decepcionado com você – e dizendo isso, atirou-a na parede de um depósito há vinte metros de distância.

Eve caiu no chão, desajeitada e desorientada, mas não tentou se levantar dessa vez. O demônio se aproximou e passou a unha por sua bochecha direita, deixando um grande arranhão que ia até o queixo.

- Qual é a de vocês, demônios? Porque essa obsessão em arranhar meu rosto? – perguntou ela sarcasticamente.

- Oh, você não gosta? Desculpe-me, vou tentar não fazer mais isso – e arranhou a bochecha esquerda – Opa, acho que é mais forte que eu.

- Vá se ferrar – sussurrou Liz, ofegante.

Ela chutou as canelas do demônio e subiu em cima dele, socando seu rosto continuamente. Parou para respirar após o quinto soco, mas foi jogada longe novamente. Dessa vez ele parecia extremamente irritado e arranhou profundamente todo o seu antebraço. Liz gritou de dor e seus olhos lacrimejaram. O demônio riu e estava pronto para arranhar toda a extensão do seu pescoço, quando a sombra de um homem muito alto encobriu os dois. O demônio se levantou e foi recebido com um soco na cara; o homem foi tacado na mesma parede, mas o demônio não esperou que ele se levantasse e já começou com atrocidades. Ele tirou uma garrafa do bolso e jogou o conteúdo no demônio, que se contorceu e esfumaçou, como se acabasse de se queimar. Liz assistia aquilo boquiaberta; como um líquido poderia machucar um demônio e uma bala de arma de fogo não? Logo a garrafa foi parar no chão, pois o demônio se estressou e socou-o no rosto.

Liz agiu rápido para não ser vista. Engatinhou silenciosamente até a garrafa, se levantou e chegou perto do demônio e antes que ele pudesse se virar, ela jogou todo o seu conteúdo em seu rosto. O demônio urrou de dor e Liz aproveitou para socá-lo. Ele caiu para o lado e o seu salvador, Sam Winchester, se levantou, murmurando algumas palavras estranhas em uma língua que ela pensou ser latim. O demônio se contorceu várias vezes até abrir a boca e uma fumaça preta horrenda sair de dentro dele. Depois disso, o corpo continuou imóvel. Sam se inclinou e colocou o indicador e o dedo médio no pescoço do homem, checando sua pulsação. Ele voltou a posição de antes, mas seu olhar dizia tudo: ele estava morto.

- Obrigado por isso – disse ele.

- Não há de quê – respondeu ela rouca.

Havia chegado a hora do bombástico encontro dos dois e Liz havia travado. Ela não conseguia mais abrir a boca para dizer coisa alguma e sua garganta não trabalhava mais, pois ela tinha até dificuldade para engolir saliva. Ela caminhou de costas para Sam até o carro e entrou no banco do motorista, completamente cansada e dolorida. Demônios! Como se pudesse odiá-los ainda mais. Sam se aproximou do carro e percebeu seu antebraço machucado, além da bochecha e das cicatrizes do olho esquerdo. Quem quer que ela fosse, ele achava que devia ser uma caçadora.

- Você está bem? Quer ir ao hospital?

- Estou bem – respondeu ela com dificuldade – Obrigado pela ajuda, até mais.

Fez menção de fechar a porta e partir com lágrimas nos olhos, mas ele a impediu de fazê-lo, puxando a porta para si. Sam estava diferente; parecia mais velho e mais experiente, além de que seu cabelo estava maior. Apesar disso, ainda parecia ser o velho Sam, se preocupando com pessoas que nunca vira na vida. Ela teve vontade de abraçá-lo, mas não conseguiu mover nem um dedo e se obrigou a não fazê-lo.

- Não, você não está bem. O hospital é aqui perto, nós podemos ir. Você precisa fazer um curativo nesse antebraço.

- Não posso, - começou ela – meu namorado está me esperando e se eu me atrasar ele vai ficar decepcionado. Eu tenho que ir para casa, só isso. Obrigado pela sua ajuda, mas não. Vá embora, só vá embora, por favor.

Ela começara a chorar e estava empurrando-o porta afora, para que a deixasse em paz. Sam ficou confuso ao ouvir sua voz tão claramente agora, ele sabia que já a ouvia escutado em algum lugar antes, mas não se lembrava onde. Ele tentou olhar nos olhos dela, mas ela estava com o rosto virado.

- Vá agora, Sam – repetiu.

Sam ainda não havia percebido quem ela era, mas quem quer fosse, o conhecia e sabia seu nome. Ela parecia familiar de algum jeito, sua voz era quase inesquecível, mas ele não conseguia associar a lembrança e a pessoa. Liz o empurrou, se inclinou para pegar a arma de fogo da calçada e voltou, fechando a porta. Logo depois zarpou direto para Park City; ela não podia ficar nem mais um segundo na presença dele ou acabaria se revelando.

Assim que chegou na cidade, dirigiu rapidamente até o hospital. Por mais que tivesse tentado cobrir o antebraço com lenços higiênicos, nunca seria o bastante para fazer pressão. Ela desceu do carro com o sangue das bochechas já seco e uma cara abatida, tão abatida que teve que ir caminhando lentamente até o pronto socorro. Assim que entrou pela porta da frente, várias enfermeiras a socorreram e a levaram até um quarto. Depois que viram que ela estava segurando bem a barra, voltaram para a recepção. Só restou uma delas; o crachá no lado esquerdo do peito dizia que seu nome era Martha.

- O que aconteceu com você? – perguntou ela.

- Fui assaltada por um cara em Salt Lake City.

Ela arqueou as sobrancelhas, surpresa que alguém que queria apenas dinheiro havia feito um estrago não grande na garota. Martha continuou a observar os ferimentos de Liz, surpresa com sua profundidade. Especialmente a profundidade do arranhão do antebraço; o cara não devia mesmo ter gostado dela, porque quase havia aberto um buraco em seu braço.

- Você viu com o que ele te atacou? Era uma faca ou algo do tipo? Parecem ferimentos causados por unhas, mas se fossem, não poderiam ser tão profundos.

- Não me lembro exatamente – mentiu Liz – Ele pulou em cima de mim no carro e eu o chutei para fora, eu consegui me defender um pouco, mas ele me jogou contra a parede.

- Ele te jogou contra a parede? – horrorizou-se ela.

- Sim.

- E você bateu com a cabeça?

Liz apenas assentiu. A enfermeira puxou uma lanterna pequena e fina do bolso e acendeu nos olhos de Liz, checando se os sinais vitais ainda estavam bons. Estava tudo bem, pois ela ainda contraía e dilatava as pupilas. A enfermeira suspirou e se dirigiu até a gaveta de um criado ao lado da cama para pegar algodão e um remédio para limpar os ferimentos. 

- Eu nunca te vi por aqui, da onde você é?

- Estou morando aqui há dois meses com Eric Reagan – explicou ela – Ele é meu namorado.

- Ah, sim, o Eric. Ele costumava sair com a minha filha. Na verdade, ele costumava sair com quase todas as garotas dessa cidade até o acidente de seus pais. Depois ele não teve tempo para nada e nunca mais o vi com uma garota, a não ser você agora.

- Então, o Eric era esse tipo de cara? Pegador?

- Sim, sim! Quantas garotas aqueles braços já não abraçaram! E muitas delas choraram por ele quando ele as deixava. É incrível vê-lo se acalmar e ter uma vida amorosa com mais responsabilidade. Nunca cheguei a pensar que ele iria morar com alguma garota, para te contar a verdade. Ele parecia simplesmente... indomável. Bem, acho que todo mundo tem solução – riu ela.

- Pois é! – comentou Liz, sem graça.

- E o que você estava fazendo em Salt Lake City, querida?

- A mãe de um amigo morreu e eu estava indo visitá-lo, mas deixei meu celular em casa e não sabia o número do meu amigo. Por isso parei para ligar de um telefone público para casa e perguntar o número do meu amigo, para ligar para ele e perguntar seu endereço. É uma grande confusão que me rendeu mais confusão ainda.

- Ah, sim. E você conseguiu falar com seu amigo?

- Consegui! E eu já estava indo para a casa dele quando esse ladrão apareceu.

- E como você conseguiu escapar?

- Um cara que estava passando por perto foi me ajudar, graças a Deus. Se não fosse por ele, eu já estaria morta – disse ela, tendo noção de que suas palavras eram extremamente verdadeiras e perigosas.

Se não fosse por Sam, Liz seria morta por aquele demônio. Ou talvez não, talvez pudesse acontecer como da última vez com aquele grande clarão e o demônio desaparecendo do nada. Mas era apenas uma probabilidade, se Sam não tivesse aparecido as coisas teriam ficado muito feias, já que ela não tinha mais seus poderes.

Seus poderes tinham desaparecido desde que ela havia voltado a vida; ela até tentou quebrar alguma coisa quando Eric estava trabalhando, mas foi sem sucesso. Não importava o quanto ela se esforçasse ou quão nervosa ficasse, seus poderes não estavam mais lá. Ela não se sentiu exatamente exultante, pois eles eram bons contra demônios, mas agradeceu por poder ter uma vida normal sem ter que se preocupar em ficar brava com Eric e explodir seus pulmões ou seu cérebro.

- Ah, querida, que horror! E depois você veio direto para cá?

- Sim. Eu queria ficar mais perto Eric caso algo acontecesse comigo. Não acho que vou voltar para Salt Lake City hoje, vou deixar para visitar meu amigo amanhã. Foi um choque muito grande.

- Sim, sim, claro. Você não deveria nem dirigir; não sei como chegou aqui sem ter um acidente de carro! Quer usar o telefone do hospital para ligar para Eric? Você disse que esqueceu o celular.

- Sim, eu quero, se não for problema.

- Claro que não! – disse ela, sorrindo, e lhe ofereceu o telefone no mesmo criado – Pode ligar.

Liz discou mais uma vez os números de casa e pediu a Eric para vir buscá-la no hospital. Eric ficou preocupado e saiu correndo, temendo que algo grave pudesse ter acontecido, mas se convenceu a se acalmar, pois ela havia falado no telefone com ele. Nada de tão terrível poderia ter acontecido se ela conseguira discar o número e falar com ele. Pensando assim, dirigiu mais calmo até o hospital e estacionou o carro ao lado do dela. Não pode evitar correr pelo pronto socorro e ir até o quarto que uma das recepcionistas havia indicado e não hesitou em girar a maçaneta para abrir a porta.

Liz estava sentada na única cama do quarto e quem tratava dela era Martha, mãe de uma das suas antigas namoradas. Antes que pudesse chegar perto e se desesperar, ele percebeu os cortes no rosto e no antebraço de Liz. Em sua testa se formou um vinco e ele passou a morder o lábio inferior ao se aproximar.

- Meu amor, o que aconteceu? – perguntou ele, já perto o bastante para observar que ela levara vários pontos no antebraço e Martha estava começando a limpar os arranhões nas bochechas.

- Um cara tentou me roubar, não foi nada.

Martha terminou de limpar uma de suas bochechas com algodão e um remédio alaranjado, mas parou, preparando-se para começar com a outra. Eric puxou o rosto de Liz gentilmente antes que Martha voltasse a limpar a bochecha e beijou seus lábios, com medo de que isso pudesse fazê-la sofrer. A reação foi exatamente o contrário; a garota correspondeu ao seu beijo e até levantou o braço livre para acariciar o rosto dele.

- Você me preocupou. Achei que algo terrível tivesse acontecido.

- Pior do que dezoito pontos no antebraço e arranhões nas bochechas? Além da pancada na cabeça por ter sido jogada contra a parede e o terror que essa menina passou? Isso é terrível, Eric – comentou Martha, estridente.

Eric riu e encarou-a.

- Achei que fosse algo terrível como um acidente de carro, Martha. Não seria a primeira vez que leva alguém que amo, não é?

Martha se retorceu e pareceu desconfortável, mas logo que terminou de limpar a outra bochecha, deixou-os sozinhos para que pudessem ter um pouco de privacidade. Logo, Liz poderia ir para casa descansar e levaria consigo alguns analgésicos fornecidos pelas enfermeiras. Mas até lá, ela e Eric teriam uma boa conversa.

- Então, você me ama? – perguntou ela, como se o amor fosse realmente uma grande coisa, não algo que acontecesse todo dia a qualquer minuto.

- Sim, eu te amo. Acho que te amo desde a primeira vez que te vi.

Liz sorriu – ou tentou, suas bochechas estavam muito doloridas – e puxou-o para beijá-lo. Alguns segundos depois, ela se mexia para que ele pudesse se sentar ao seu lado. Eles continuaram se beijando sentados, até deitarem e desgrudarem os lábios. Não era justo, Liz pensava, não era justo ela mentir para alguém que a amava. Ele precisava saber da verdade, mas não de toda ela. Se ela pudesse pelo menos contar o que acontecera, tudo ficaria melhor e ela se sentiria bem menos culpada.

- Desculpe-me por te preocupar desse jeito. O ladrão não me deixou agir, eu fiquei sem ter como bater nele. Se tivesse tido chance, ele teria que fazer mais plásticas no nariz do que o Michael Jackson.

Eric riu e mexeu em uma das mechas de seu cabelo castanho escuro. Quando ele a conhecera, seu cabelo era preto, mas a tintura já estava saindo, apesar de o corte continuar o mesmo. Ela parecia tão rebelde e sexy e inocente, tudo ao mesmo tempo, na primeira vez que ele a viu. Se ela ao menos pudesse saber o que ele sentia tudo ficaria bem mais fácil.

- Por falar nisso, como você escapou?

- Um cara que estava passando me ajudou.

- Ah, jura? Que bom que ainda existem pessoas prestativas em algum lugar do mundo.

Liz sorriu e assentiu, mas logo seu sorriso desapareceu. A quem ela queria enganar? Essa história já estava sendo repetida pela segunda vez e quanto mais fosse repetida, mais verdadeira ela se tornaria. Uma mentira contada mil vezes é uma meia verdade e Liz não podia deixar aquilo se tornar uma meia verdade. Não era justo com Eric, pensava ela. Momentos depois do silêncio, ela decidiu lhe contar a verdade, ou pelo menos a meia verdade.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me mesmo pela demora. Ano super cheio, confuso e estressante. Agora já estou de férias. Terminei de escrever a Parte 3, mas ainda falta muito post pela frente. Se alguém ainda se importar em ler, continue de olho *-*



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