Skyfall escrita por Ailish


Capítulo 1
Skyfall | day 29 soumate


Notas iniciais do capítulo

Essa fic não tem um diferencial, mas é minha favorita, por motivos de BNHA 285/286. Essas capítulos do mangá acabaram comigo, ainda mais envolvendo a redenção do Bakugou.

Não sei o que ela vai significar para você, mas significa alguma coisa (pelo menos pra mim, né), diz coisas que penso dentro do cânon. Meu coração sempre sofre com o Katsuki e o Shouto, porque os dois sempre conseguem se machucar quando estão junto. Eu me emociono, porque o Shouto sempre está presente nesses momentos estressantes e decisivos na vida do Katsuki.

Ah, se alguém quer saber que símbolo é o das almas gêmeas deles, é o simbolo celta próprio das almas gêmeas. Vou deixar a imagem aqui para quem quiser saber?

https://i.pinimg.com/originals/0f/c1/a8/0fc1a8c390ad361b9d066a8f33e71843.jpg

P.S: acabei de ler coisas do 289 (sofrendo no silêncio).

(See the end of the work for more notes.)



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— Preciso conversar com você. — Todoroki sentiu a alma despedaçar diantes dos olhos opacos, que um dia brilharam o mais intenso vermelho. — Posso entrar?

Não era a primeira vez que agia com egoísmo, sempre foi impulsivo em relação a Bakugou. No início, acreditou que era reflexo da amizade turbulenta e da admiração que compactuava pelas atitudes expressivas. Entretanto, os sentimentos se transformaram em águas cristalinas, assim que observou — no meio do peito — a marca das almas gêmeas.

Shouto também possuía o mesmo símbolo impresso na pele, no mesmo local.

Ele descobriu durante a luta contra Shigaraki e All for One, quando dominou o equilíbrio das duas peculiaridades, para resgatar Katsuki e os demais. Foi desesperado, quase bobo, mas foi o melhor que conseguiu fazer dentro da turbulência emocional que havia lhe tirado de combate.

As garras perfuraram o herói e ele próprio, a dor foi visceral. E mesmo que os ferimentos não fossem seus e já estivessem cicatrizados, ainda sentia o abdômen rasgar no silêncio da noite. Machucava como a lembrança da cicatriz sobre o olho esquerdo, que coçava nos dias de chuva, levando-o até o inferno de seu passado.

Viver as dores de Bakugou e as suas, era cruel.

Todoroki estava hesitante, os olhos heterocromáticos fixos no homem que arrancou tudo de si. Após a perda dos poderes, o loiro deixou a U.A., deixando-o apenas com noites mal dormidas e travesseiros úmidos de choro.

— Entre. — Ele deu espaço para o bicolor entrar, fechando a porta em seguida.— Não sei o que você tem a dizer, já que não somos mais uma dupla, pavê.

A voz soou com sarcasmo, mas Shouto observou a tristeza por trás de cada palavra, a cada tom grave que oscilou na voz de Katsuki.

— Vamos para o meu quarto, antes que a velha bruxa comece te bajular por salvar minha vida.

O bicolor abriu e fechou a boca, mas nenhuma palavra saiu, apenas assentiu e trocou os sapatos no genkan. Acompanhou o garoto pela casa, sem desviar a visão dos ombros e dos cabelos loiros, pensando no quanto aquela imagem fazia falta nos corredores da academia.

Bakugou entrou no quarto e sentou-se na cama, deixando a “tarefa” de fechar a porta para Todoroki.

— Se você disser que vai usar suas chamas agora, te jogo pela janela. — riu sem humor e cruzou os braços sobre o peito, impaciente com a falta de reação do bicolor. Ou apenas curioso com a inesperada visita.

— Não. — consertou-se. — Quero dizer, eu sei o que você está passando, pois também sinto seus sentimentos, Bakugou.

O coração de Shouto rodopiou, pressionado sobre os olhos rubros, que arrancavam uma fina camada de sua pele, ao invés de simpatizar por aquelas palavras. Ele não julgava, conhecia muito bem sua alma gêmea, que em outro momento o ameaçaria com toques explosivos, mas hoje estava acuado atrás de ações frágeis e calculadas.

— Se você veio demonstrar sua pena, pode ir embora! — Katsuki ergueu-se com rapidez, e segurou o bicolor pela gola da camiseta, esmagando-o contra a parede. — Você já fez o que tinha que fazer, me salvou e eu sou grato por isso. — Além da íris, os branco dos olhos e o alto das bochechas estavam vermelhas.

Raiva, sofrimento, fracasso, redenção… Bakugou estava quebrado, mas era Todoroki quem se despedaçava contra os tijolos atrás de si.

— Não é pena. — O olhar correu pelo loiro e terminou no próprio peito, preso a queimação da marca. Da mesma forma que a coragem veio, desapareceu como água correndo por um ralo.

Os dedos suavizaram o perto, apenas preso ao tecido, ao toque reconfortante do algodão contra as mãos macias. Os calos estavam desaparecendo pela falta de treinamento e explosões, Bakugou nunca desejou tanto possuir mãos ásperas e úmidas por sua peculiaridade.

Ele chorou ao imaginar o poder fluindo por suas veias, por lutar contra Shouto de novo, com ou sem chamas. Toda a maldade que destinou a Midoriya retornou para a fonte, ele sentiu na pele o que era ser nada, onde queria ser tudo.

Todoroki demorou a compreender que também estava chorando, ele não sabia se era apenas reflexo dos sentimentos de Bakugou, ou se apenas queria chorar junto de sua outra metade. Sem saber como prosseguir, segurou a mão que tremia abaixo de seu nariz e levou para dentro de sua camisa.

— O que você está fazendo? — O loiro falou tão baixo, que o bicolor teve que se esforçar para entender o que havia sido dito, mesmo que estivesse lutando para assimilar os próprios atos naquele momento de eloquência.

Ele também não sabia o que estava fazendo, mas precisava mostrar a dor que carregava no peito, provar que não era pena, e sim, algo muito maior, mais digno de sua atenção.

O ar escapou suplicante, enquanto erguia a mão de Bakugou na linha do umbigo. As digitais deixaram trilhas de fogo pelo corpo e queimaram de um jeito diferente do que estava acostumado, era prazeroso e urgente. Aquelas chamas não doeram, ele ansiou por mais e mais do calor que o deixou em combustão.

Shouto espiou entre os cílios o outro rosto empalidecer, ao mesmo tempo que conectava as peças de um engenhoso quebra-cabeças. Porém, foi pego de surpresa quando a mão espalmou em seu peito, percorrendo com cuidado a imagem de dois corações invertidos de tons de ouro.

— Eu não entendia o porquê de desejar tanto a sua amizade, de prestar tanta atenção nas coisas que você fazia ou sentia. Grato pelo destino nos colocar sempre no caminho um do outro. Sempre fomos uma dupla, não é mesmo? — Ele desabou, empurrando com mais força a palma contra o coração, imaginando se ele sentia as batidas aceleradas dentro do peito. — Eu via você quieto e me tornava tagarela, apenas para chamar a sua atenção. Me divertia com seu raro bom humor, ainda mais quando ria de uma ilusão com a minha cara. Maboroki-kun, lembra? — Shouto deixou as mãos caírem ao lado do corpo e encarou Katsuki, que permaneceu com o contato. — Até que você caiu do céu como um anjo e quando fui fazer os primeiros-socorros, vi a marca e tudo fez sentido, todos os meus sentimentos sempre estiveram ligados a vocês. Sempre foi você, Bakugou.

O loiro vacilou um, dois passos, até que deixou o corpo descansar sobre o outro. Todoroki sentiu as lágrimas umedecer o ombro, sentiu as próprias escorrer pelas bochechas. Ele acolheu Bakugou, juntou todos os pedacinhos no aconchego de seu abraço.

Faria da dor um lugar seguro para sua alma gêmea descansar, até que tudo estivesse bem. E as explosões voltassem a colorir o céu da noite de tons alaranjados.


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Notas finais do capítulo

Amanhã último dia do desafio e eu to... emotiva.



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