Stay here escrita por Ailish


Capítulo 1
Stay here | day 28 alt timeline


Notas iniciais do capítulo

Essa fic foi uma das primeiras que fiz. E queria algo numa pegada militar, amores de outras vidas e tal.
Espero que gostem, apesar que distorções no tempo nunca são de fato coisas muito felizes.

Aqui algumas músicas que eu escutei, mas elas são bem tristes e reflexivas:
Harry Styles - Sign of the times
https://www.youtube.com/watch?v=qN4ooNx77u0
Coldplay - The scientist
https://www.youtube.com/watch?v=RB-RcX5DS5A

P.S: Poxa, fiquei muito triste colocando essas músicas aqui!!



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Não importava quantas vezes voltasse no tempo, os olhos rubros e impassíveis sempre caiam sobre ele, como se já fossem conhecidos de outras vidas. 

O primeiro encontro sempre era o mais difícil, a troca de olhares deixava rastros de calor sobre as bochechas e as mãos tornavam-se inquietas com o desejo de tocá-lo mais uma vez. Shouto conhecia todos os pedaços do corpo de Bakugou, da pinta que ele tinha nas costas até a fina cicatriz sobre um dos joelhos.

A combustão era imediata, tão aniquiladora quanto os campos minados do Vietnã. 

Ele tentou voltar várias vezes, em diversas patentes, outros pelotões, mas os encontros sempre se repetiam; cada vez mais intensos e destrutivos. Houve anos que ele não se alistou, mentiu sobre sua saúde, fingiu-se de louco, deixou de comer para não ser aprovado nas avaliações físicas.

Machucava mais estar longe, preso do outro lado de uma tela grossa de vidro e de imagens em preto e branco. Os olhos incompatíveis corriam pelos jornais, pelas listas de soldados mortos pela guerra, na esperança que fosse diferente das outras vezes. 

O nome de Katsuki nunca desapareceu dos noticiários.  

Shouto saiu de casa e correu pela rua, tropeçando nos próprios cadarços, nos sentimentos que vertiam de dentro para fora. Ninguém compreendia a dor que carregava a cada ano, sentia-se cada vez mais fundo dentro da cova que estava enterrado.

As lágrimas apenas rolavam dos olhos, agarrado a estúpida bandeira de seu país. O memorial esculpido em pedra negra jamais traria ao mundo a imagem de Bakugou e tudo que ele significou nas várias vidas de Shouto.

Nas noites de banho frio, ele costumava invadir a baía do meio ruivo, sem se importar com os mísseis que clareavam o horizonte como relâmpagos de uma tempestade. Os beijos corriam como a água por seu corpo, os olhos escarlates desejavam-no por completo, como se aquela fosse a última vez.

Sempre era.  

Nas vigílias, Shouto observava a fumaça do Malboro transparecer a luz fria da lua, emoldurando o maxilar e o nariz fino de Katsuki. Dois estranhos que estavam sendo consumidos pelo fogo do tempo, desfazendo-se em cinzas antes mesmo que pudessem compartilhar o toque.

Ele lembrou-se do maço de cigarros que foi oferecido, e mesmo que não fumasse, aceitou. A imagem do loiro inclinando-se e compartilhando o fogo através do cigarro que pendia dos lábios jamais saiu de sua memória.

Flutuar sobre aquelas lembranças era o suficiente para que fosse recarregado e tivesse coragem de reviver o looping eterno de perder Bakugou. A dor nunca apagaria o brilho de tê-lo nos braços, de saborear o gosto de menta de seus beijos, e de todo o universo de sensações que só ele poderia enraizar em cada poro de pele. 

Na última tentativa, Shouto não fez nada, apenas deixou-se levar pelo fluxo do destino.

Bakugou abriu a porta da barraca e a luz brilhou sobre os olhos de Shouto, aquilo foi o suficiente para que o coração errasse as batidas dentro do peito. A imagem do loiro acomodando-se na cama ao lado foi absorvida em câmera lenta, preparando-se para a despedida que aconteceria mais tarde, nos campos arenosos e solitários daquele local.

O bicolor aninhou-se, recolhendo todos os fragmentos de sua mente quebrada, aglomerando todas as forças para encará-lo, mesmo que fossem apenas dois estranhos. 

— Algum problema? — Os olhos vermelhos cruzaram a imagem frágil de Shouto, o fogo crescendo entre eles. 

Sempre era assim.

— Você acreditaria que nos conhecemos de outras vidas? — As lágrimas escorreram pela face e gotejou na fronha do travesseiro. Ele observou todos os músculos de Katsuki enrijecerem e um sorriso incrédulo emoldurar sobre a boca. Foi como levar um tiro à queima roupa, morrer a sangue frio.   

— Eu nem sei quem é você.

O loiro deitou-se na cama e girou de um lado para outro, até acomodar-se de frente para o bicolor. Ele não conseguia ignorar as lágrimas que umedeciam cada vez mais as roupas de cama e a respiração que se tornavam descompassada e desesperadora.

— Você pode me beijar?

As palavras sumiram da boca de Katsuki, não havia coragem para revidar qualquer coisa que aquele homem dissesse, pois ele estava se desfazendo diante de seus olhos. Aquela foi uma das imagens mais tristes de toda a sua vida e algo de sua natureza o movimentou até a cama do outro. 

Shouto segurou a mão e acariciou os calos das palmas, apreciou todas as texturas antes de acoplá-la na curva de sua bochecha. A sensação era quente e confortável, ele pensou que poderia morrer dentro daquele toque que foi se transformando em algo profundo e íntimo entre eles. 

O polegar de Bakugou fez algumas carícias perto das têmporas, analisando com cuidado os olhos de Todoroki, surpreso com as distintas cores de sua íris. Não demorou muito para familiarizar-se com o homem que tremia sobre sua palma.  

Tão necessário quanto oxigênio, os lábios se tocaram, o choro foi silenciado pela língua que circulava quente em sua boca. O bicolor agarrou a camisa branca trazendo-o mais para si, o calor do outro corpo sendo absorvida pelas pontas de seus dedos.

Katsuki era quente e intenso, mas não mais forte do que o pequeno projétil que acertou seu comboio.

Shouto observou a neve de cinzas que caiu do céu, identificando o ataque de alguns quilômetros de distância. Mas desta vez, ele não rebobinou a fita para o início. 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês gostem dos meus dramas amoroso Todobaku ♥ Eles são lindos, não importa o universo que rode com eles!!



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