Abrigo escrita por Manoo


Capítulo 4
Indignação


Notas iniciais do capítulo

Olá! Mais um capítulo aqui. ♥
Acho engraçado continuar postando aqui, pois não recebo nenhum comentário DAUHUADSHUDSHSD No Spirit as coisas estão mais animadas, mas o Nyah! realmente morreu. Infelizmente não consigo desapegar desse site zumbi. Então continuarei postando aqui.
Espero que gostem! (se alguém estiver lendo kkkkk)



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— Só vocês dois hoje? -Hawthorne perguntou, recebendo olhares irritados de Dazai e Chuuya- Oh, é mesmo, vocês dois ainda têm duas semanas de punição. Eu havia me esquecido disso, que tolice minha.

— Tá, tá, vai dar a tarefa logo ou não? -Chuuya reclamou, lançando um olhar feroz na direção do professor. Mal sabia ele que, do ponto de vista do homem, parecia mais com um chihuahua do que um animal selvagem.

O professor sorriu, satisfeito com a frustração do aluno. Voltou um olhar na direção de Dazai, que, como sempre, encarava o pátio através da janela. Suspirou, caminhando até sua mesa e voltando com duas folhas de papel em branco.

— Vocês dois deveriam aproveitar esse tempo juntos para se conhecerem melhor. -O homem disse, pousando duas folhas de papel sobre cada mesa-Pode não parecer, mas vocês dois são bem semelhantes. Dariam bons amigos.

Recebeu dois olhares de nojo.

— Credo.

— Tá louco?

— Bem, a teimosia é igual. -Ele disse, suspirando- Eu quero que vocês escrevam o que acham do outro nesse papel. Não precisam se segurar, já que só eu irei ler o que está escrito. Xinguem o outro à vontade.

Com isso, Nathaniel caminhou até sua mesa, sentando-se e começando a corrigir as provas de sua classe. Chuuya ergueu uma sobrancelha, julgando as táticas “educacionais” do professor. Não conseguia ver como xingar um ao outro iria ajudá-los a se aproximar.

Olhou para Dazai com curiosidade, esperando julgamento nos olhos castanhos.

...

O moreno escrevia na folha com entusiasmo, já tendo preenchido metade da folha. Sentindo o olhar do outro, ergueu a face um pouco, sorrindo debochado para o outro.

Se olhares matassem, Chuuya já estaria desovando Osamu em algum mato.

Começou a escrever em sua folha, quase rasgando o papel com a força que escrevia. Não tinha vergonha em dizer que havia xingado o garoto com todos os palavrões existentes, e quando não havia mais nenhuma forma de xingá-lo, inventou novas palavras feias. Kouyou não estaria nada orgulhosa, mas, como só o professor iria ler...

Continuou escrevendo até o espaço em branco acabar.

— Professor, poderia me dar outra folha? -Osamu perguntou, erguendo um de seus braços. Chuuya o encarou, furioso.

— Hah? O que é que você está escrevendo aí? -Esticou o pescoço, tentando ver o que estava escrito no papel, mas Dazai o cobriu com os braços, olhando para o ruivo com malícia.

— Hmm? Não é da sua conta, sim? -Cantarolou, puxando a folha para mais perto de si.

— Se você está falando de mim, então é da minha conta sim! Passa isso pra cá! -Tentou puxar a folha, mas, novamente, Osamu a afastou.

— Professor! -Cantarolou novamente, uma falsa expressão de inocência em seu rosto- O Chuuya está me provocando de novo.

— Foi você que começou, seu palerma!

— Palerma, eu? Professor, olha isso.

O professor sequer levantou os olhos das provas que corrigia, simplesmente os ignorando. Depois de duas semanas servindo como ‘carcereiro” dos dois, já estava acostumado às brigas e provocações que as duas crianças trocavam entre si.

Osamu sorriu, vitorioso, e Chuuya se irritou mais ainda.

.

— Por que não vai brincar com eles, Ryuu? -Kouyou sugeriu, escondendo sua preocupação com um sorriso amável. O garoto apenas bufou, desviando o olhar para seu colo.

Um pouco mais à frente de onde os dois estavam sentados, Atsushi e uma garota de cabelos rosa, Lucy, estavam sentados, rabiscando em um livro de colorir e conversando aos sussurros. Vez ou outra, olhavam na direção de Kouyou e Ryuunosuke, o garoto com curiosidade, a garota com irritação. Entretanto, sempre que notavam o olhar e o sorriso de Ozaki, desviavam o olhar rapidamente, expressões nervosas em seus rostos.

...Será que era uma mulher tão assustadora assim? Crianças normalmente gostavam dela. Será que aqueles dois apenas sentiam repulsa a qualquer adulto?

Bem, Ryuunosuke não era nenhum adulto. E já sabia que o garotinho de Fukuzawa não sentia medo dele (algo raro!), apesar do incidente de semanas atrás. Então, não havia nada errado em ir brincar com ele, certo?

— Hein, Ryuu? -Insistiu, recebendo um olhar emburrado.

— Não enche. -Ele resmungou, cruzando os braços. -Eles me odeiam. Ele e aquela pirralha.

— Eu duvido que isso seja verdade- Kouyou disse, voltando o olhar na direção das duas crianças. Ambos estavam sorrindo, conversando sobre algo que duvidava que fosse conseguir ouvir mesmo se estivesse por perto- Aposto que os dois são boas crianças. E tenho certeza de que você e o Atsushi-kun conseguiriam ser bons amigos! O Chuuya até me disse que vocês dois já brincaram juntos...

— N-não brincamos! -Ele exclamou, indignado. Kouyou escondeu seu sorriso com a mão, achando adoráveis as bochechas coradas do garotinho. -Ele é tão inútil que não consegue nem montar um castelo de areia, então eu tive que ajudá-lo. E ele ainda o destruiu depois!

Kouyou riu, recebendo um olhar indignado de Akutagawa.

— Eu tenho certeza de que não foi proposital, Ryuu.

— Foi sim.

— Foi nada.

— Foi sim! -Ele insistiu, e Kouyou decidiu parar com suas provocações, percebendo que o garoto estava ficando frustrado demais. Desculpou-se, desistindo da discussão, e Ryuunosuke se acalmou um pouco.

Circulou-o com seu braço, puxando-o para perto e o abraçando de leve. O garoto ficou tenso, relaxando aos poucos e encostando sua cabeça contra o peito de Kouyou. Tinha uma expressão de cansaço e frustração, e a mulher entendia muito bem os sentimentos que a criança estava passando. Ao mesmo tempo que queria ir brincar com as duas crianças, sentia medo de ser rejeitado ou agredido por elas.

Se Kouyou pudesse, pegaria esses sentimentos, colocaria-os em uma caixa e os enviaria para o outro lado do mundo. Mas, como não conseguia fazer nem isso, a única coisa que podia fazer era consolar o garoto e tentar ajudá-lo a superar seus traumas.

Uma sombra caiu sobre os dois, e Kouyou ergueu a cabeça, arregalando os olhos.

— Tudo bem se eu me sentar com vocês? -Fukuzawa Yukichi perguntou, seu tom de voz calmo.

Assentiu, tentando esconder a surpresa. Estava tão preocupada com Akutagawa, que sequer notara a aproximação do homem.

Fukuzawa sentou-se ao lado de Ryuunosuke, que o fuzilou com o olhar. Se notou, o homem simplesmente escolheu ignorar o gesto, muito provavelmente já acostumado a crianças ariscas. Voltou seus olhos azuis na direção das outras duas crianças, sorrindo levemente ao ver que Atsushi não estava sozinho.

Desconfortável com o silêncio, e também curiosa em saber que tipo de homem Fukuzawa era (afinal, ouvira falar dele apenas através de Natsume-sensei e de Ougai), Kouyou começou a falar.

— Ele parece melhor desde a última vez que o vi. -Comentou, acariciando o braço de Ryuunosuke calmamente- Parece menos assustado.

Yukichi concordou, voltando o olhar para Kouyou.

— Ele está progredindo lentamente, mas, sim, está bem melhor.

— Ele veio do norte do país, não é mesmo? Eu lembro de o Natsume-sensei comentar sobre... - Começou, vendo a expressão do diretor se tornar uma menos amigável. A própria expressão de Kouyou se tornou uma menos alegre- Que horror. Eu não entendo como conseguiram fazer aquilo com aquele garotinho...

— Existe muita gente ruim nesse mundo. -Fukuzawa disse, encarando Atsushi com olhos tristes.

— Do que estão falando? -Ryuunosuke perguntou, olhando os dois adultos com curiosidade. Quando os dois olharam para ele, encolheu-se, encostando-se contra Kouyou.

— Não é nada, Ryuu. -O garoto lhe lançou um de seus famosos olhares de “acha que eu sou idiota”, mas Kouyou mudou de assunto, preferindo não expor à Ryuunosuke aquele tipo de história- Ei, Ryuu, por que você não convida o Atsushi-kun para ir lá no orfanato? Eu aposto que se vocês dois se conhecerem melhor, vão poder virar bons amigos!

— Não! -Ele protestou, franzindo as sobrancelhas. De repente, sua expressão mudou para uma tímida, abaixando o olhar- Só se o Dazai-san for também...

— Ora, eu não vejo problema! O que acha, Fukuzawa-san? -Olhou para o homem com um sorriso cúmplice, mas rapidamente fechou a cara ao ver a expressão do homem.

— Eu...Eu acho melhor não. -Ele disse, um pouco desconfortável em ter que negar o pedido da mulher e da criança- O Osamu ainda está se recuperando. Voltar à sua antiga casa tão cedo não irá lhe fazer bem. -Kouyou concordou, lembrando-se das informações que recebera de Natsume-sensei e de Hirotsu ao ser designada para ajudar Mori em sua tarefa como diretor. Viu a expressão de Ryuunosuke se fechar, apertando seu abraço para consolá-lo. – Além do mais, não acho que o Osamu vá ficar muito feliz em deixar o Atsushi ir sozinho. Eles são bem chegados um ao outro...

— Haha, são como dois irmãos, sim? -Kouyou riu, e Yukichi concordou com um sorrisinho no rosto.

— Que besteira...- Ryuunosuke resmungou, transbordando de ciúmes.

Kouyou desviou o olhar, escondendo seu sorriso com a mão para que o garotinho não notasse que o motivo da graça era ele mesmo. Fukuzawa olhou na direção dele, pensativo, e Ryuunosuke iniciou uma competição com o homem para ver quem piscava primeiro. Infelizmente, ele foi o derrotado.

— Ryuunosuke, certo? -Ele disse, finalmente, e Kouyou assentiu no lugar do garoto, que ainda estava emburrado. -Que tal se fizermos o contrário? Você visitar a nossa residência? O que acha?

Akutagawa o olhou com surpresa, seus olhinhos brilhando. Kouyou sentiu seu peito aquecer, feliz em ver aquela expressão rara no rosto do garotinho. Ryuunosuke permaneceu quieto, e Fukuzawa continuou.

— Hoje, a amiga de Atsushi vai ir brincar lá em casa. É uma ótima oportunidade para que vocês três possam se conhecer melhor- Akutagawa fez biquinho, pensativo, e Yukichi continuou- E o Osamu vai estar lá.

Não tinha nem o que dizer. O argumento de que o “ídolo” de Akutagawa estaria lá o havia vencido completamente. Agora, só faltava...

— Hm, Fukuzawa-san? -Chamou-lhe a atenção, continuando com calma- O Chuuya poderia ir também? Para ser sincera, eu estou um pouco desesperada com ele...Desde que se mudou para a escola, a única coisa que faz é se meter em problemas, e ele se recusa a sequer tentar fazer amigos! -Fukuzawa assentiu, incentivando a mulher a continuar falando- Eu sei que ele pode parecer agressivo, mas é um garoto muito bom. E ele se dá muito bem com crianças menores! O que eu estou querendo dizer é que...Eu estava pensando em tentar aproximar ele e o Dazai-kun. O que o senhor acha?

Os dois se encararam por um breve momento, Kouyou tentando adivinhar o que se passava na mente daquele homem de expressão intimidante. Por fim, Fukuzawa assentiu.

— Creio que é uma boa ideia. -Disse, voltando o olhar para Atsushi e Lucy, cuidando-os à distância- Osamu também está passando por dificuldades. Um amigo lhe faria bem.

Kouyou suspirou, escondendo a parte inferior de seu rosto com a manga do quimono. Ryuunosuke, ao seu lado, bufou. Yukichi continuou quieto, inexpressivo. Provavelmente era o trio mais aleatório de que Ozaki já fizera parte.

Naquele momento, Osamu e Chuuya entraram no pátio, caminhando na direção do trio. Nakahara parecia prestes a esganar o outro, e Dazai o encarava como se fosse um pedaço de bosta. Bem, pelo menos era engraçado observar os dois, Kouyou pensou.

— E aí, Ane-san* -Chuuya cumprimentou, aproximando-se do trio. Bagunçou os cabelos de Akutagawa, que guinchou indignado- Pirralho.

— Imbecil.

— Chega! -Kouyou repreendeu-os, sentindo uma dor de cabeça se formar- Chuuya, cumprimente o Fukuzawa-san.

O ruivo encarou o homem com estranhamento, as sobrancelhas franzidas. Olhou-o de cima a baixo, como se analisasse se tal pessoa realmente merecia uma saudação. Como é possível que uma criança seja tão mal educada?

— Oi... -Murmurou, por fim.

Fukuzawa cumprimentou-o com um aceno de cabeça, curvando-se um pouco. Chuuya desviou o olhar, um pouco desconfortável com toda a educação do homem. Não estava acostumado a ser respeitado por adultos (com exceção de Kouyou, obviamente).

O homem poupou a criança do desconforto, voltando o olhar para as outras três crianças, que se aproximavam. Dazai estava de mãos dadas com Atsushi, e Lucy estava agarrada ao braço do amigo, encarando o quarteto (principalmente Ryuunosuke) com hostilidade.

Yukichi sorriu, erguendo-se do banco e se agachando em frente às crianças menores. Atsushi encarou-o com surpresa, mas não se encolheu, o que já era um grande progresso. Lucy, no entanto, escondeu-se atrás do amigo, desconfiada.

— Olá, crianças. -Cumprimentou-os, afagando de leve os cabelos brancos de Atsushi- Estão prontos para ir?

Atsushi assentiu, silencioso. Osamu concordou, ignorando a existência do outro grupo, que os observavam discretamente. Lucy continuou quieta, tentando decidir se o diretor era amigo ou inimigo.

Fukuzawa ergueu-se, pegando as mochilas de Atsushi e Lucy. Voltou a atenção para Kouyou, que também se ergueu.

— Vamos indo, então. -Disse, oferecendo sua mão para Atsushi, que a apertou de leve- A que horas eu devo levar os garotos de volta?

— Hm? Oh, de jeito nenhum, Fukuzawa-san! -Kouyou disse, rindo- O senhor já irá levá-los agora. Deixe que eu os busco mais tarde.

Chuuya e Osamu encararam os dois adultos, tentando entender o diálogo que se seguia.

— Eles têm alguma alergia? Algum remédio que precisam tomar?

— Não, nada. Está tudo bem se eu os buscar às 19 horas? Uma das outras crianças tem horário marcado no dentista hoje, então eu fiquei de levá-la...

— Sem problemas.

Hm? Hm? Como assim?

Os dois garotos trocaram olhares, desconfiados.

— Certo!

Kouyou exclamou, juntando as palmas das mãos. Abraçou Ryuunosuke com força, dando um beijo molhado em sua bochecha. O garoto se afastou rapidamente, vermelho de vergonha e de raiva. Chuuya achou graça da situação, até que ele teve de passar pelo mesmo. Ser tratado igual um bebê na frente de outras crianças era humilhante.

— Vocês dois se comportem, viu. Não causem problemas para o Fukuzawa-san. E nada de brigar com as outras crianças!

Como assim, porra?!

Dazai lançou um olhar desesperado na direção de seu responsável, implorando por uma explicação.

Kouyou e Yukichi trocaram olhares, achando graça da situação.

— Chuuya e Ryuunosuke irão passar a tarde lá em casa. -Disse, lançando um olhar na direção das duas crianças. Chuuya estava de olhos arregalados e queixo caído, e Ryuunosuke alternava entre olhar para Dazai com expectativa e olhar para Atsushi e Lucy com hostilidade. -Por isso, façam o seu melhor para recebê-los bem, sim?

— O quê?! – Todas as crianças, com exceção de Akutagawa e Atsushi, exclamaram, indignadas.

Kouyou e Yukichi apenas suspiraram, ignorando os protestos infantis.


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Notas finais do capítulo

Neste capítulo, não tivemos a presença das outras crianças, mas juro que no próximo elas voltam! Vai ser engraçado ver as crianças da "ADA" interagindo com as da PM.
Aliás, aqui está uma listinha das idades dos personagens, caso alguém esteja confuso:

Fukuzawa e Mori- uns 30 anos (Fukuzawa aparenta ser mais velho por causa do stress KKKKKKKK);
Kouyou- uns 26-28 (No universo canon de BSD, ela é uns 4 anos mais velha que o Chuuya, se não me engano. Mas, nesta fic, quis fazer ela como uma figura materna para o nosso ruivinho, por isso a fiz mais velha);
Kunikida- 17 anos;
Ranpo- 13 anos;
Yosano- 13 anos;
Dazai- 13 anos;
Chuuya- 13 anos;
Akutagawa- 8 anos;
Atsushi- 6 anos;
Junichirou- 6 anos;
Naomi- 5 anos;
Kenji- 5 anos;
Kirako- 5 anos.

A Gin foi mencionada no último capítulo, mas não sei se ela vai aparecer na fic. Talvez, só talvez, bem mais frente (depois do time-skip. SIMMMM, vai ter time-skip kkkkkkk). Queria dar um jeito de incluir as outras crianças da PM também...Talvez nos próximos capítulos? Quem sabe.
Bem, espero que tenham gostado do capítulo. Eu, pessoalmente, achei meio apressado. Mas talvez seja só impressão minha.
Até a próxima!



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