Midnight Lovers escrita por Pandora Ventrue Black


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

"Saint Bernard" - Lincoln



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— Vó! — Selena acelera em direção a Celeste a abraça.

— Minha velha!

Os dois estavam mortos de saudades, mas o simples e quente abraço de Celeste era capaz de curá-los. Ela amava seus netos, afinal era os únicos que tinha. Via nos dois uma face angelical com um espírito guerreiro: verdadeiros bruxos.

— Boa tarde, Andrômeda!

— Olá, mãe, como vai?

— Finalmente chegaram… Celeste mal se sentou hoje! — Uma voz que quase parecia veludo percorre o ar.

Era Nykkia, a moça que cuidava de Celeste diariamente e a jovem governanta da Mansão Blackwaters. Seu sotaque puxado denunciavam a sua cidade natal: Nova Orleans, assim como Seth Nightingale. Nykkia também era uma bruxa, uma Prima, mexia com vodu e amuletos, as magias que deram origem aos diversos tipos de bruxas e bruxos do mundo sobrenatural. 

Sua pele negra ostenta colares e pulseiras de diversos tamanhos e cores. Com suas madeixas cacheadas presas em um rabo de cavalo, um vestido azul-escuro e um casaco de lã creme ela mais parecia uma adolescente alternativa, porém faria seu trigésimo aniversário em poucos meses.

Ela e Andrômeda eram ótimas amigas, apesar do quase dez anos de diferença de idade entre as duas. Se conheceram um pouco depois do nascimento dos gêmeos e desde então nunca se separaram.

— Celeste fez cookies e uma torta de nozes… — Ela fala com um largo sorriso no rosto — Está esfriando e temo que logo irá chover! Vamos, entrem!

Nykkia guia uma grande parte da família para dentro da mansão, deixando a garota para trás. Selena havia esquecido seu celular devido a brincadeira de Sebastian e não podia deixá-lo lá, sua amiga de sua antiga equipe de vôlei deveriam ligar ou mandar mensagem a qualquer momento.

Algo capta o olhar de Selena antes de que ela pudesse alcançar a maçaneta do carro. Uma garota estava correndo no tempo frio de Salém. Vestia-se com roupas esportivas escuras e tinha seu cabelo loiro (quase castanho) presos em um rabo de cavalo.

Lena sente seu coração acelerar levemente, como se ela estivesse fazendo algo proibido. Entretanto, tudo muda quando a estranha volta seu olhar para Selena. Seus olhos escuros analisam a bruxa de cima para baixo, fazendo-a corar violentamente. A loira a cumprimenta com a cabeça e retoma sua corrida, como se nada daquilo tivesse importância.

Linda…

Pare de ficar paquerando, Lena!

Quando vai parar de vigiar o meu pensamento, Bash.

 Nunquinha!

Privacidade significa alguma coisa para você, Sebastian?

Depende da pessoa…

Idiota!

Selena bufou enquanto abria a porta do carro. Seu telefone tocava e um único nome surgia na tela: Katherine Johnson, sua melhor amiga. Rapidamente a garota atende o celular, ansiava por aquela ligação. Ela e Katherine se conheceram a mais ou menos dois anos, quando Selena se tornou capitã do time de vôlei de sua antiga escola e, desde então, nunca se desgrudaram.

— Kathy!

— Lena! Como você está? Já chegou? Seu irmão está bem? E seus pais? Como foi a viagem?

A garota sorri, sua amiga sempre fora assim e era por isso que ela a amava.

— Acabamos de chegar e estamos todos bem… — Ela mente, sua mente ainda pensava no corvo — Apenas cansados da viagem.

— Que bom! Já conheceu sua futura namorada?

— Kathy, eu acabei de chegar na cidade!

— Lerda!

— Eu não entrei nem na casa!

Kathy bufa do outro lado da ligação e Selena tinha certeza de que sua amiga havia revirado os olhos.

— Amanhã vai ser o seu primeiro dia de aula! Faça amigos e conheça a sua namorada!

— Só porque você se apaixona em questão de segundos e adora trocar de namorado a cada semestre, não significa que eu farei a mesma coisa!

— Vamos, Lena… Sabe que sempre quis que arrumasse uma namorada! Eu quero…

— Um encontro duplo de casais?

— Poder conversar sobre o amor com alguém! — Kathy suspira, como um cachorro perdido.

— No nosso time tem pelo menos umas quatro garotas para você conversar sobre isso! — Lena resmunga enquanto caminha para dentro de casa — Eu não tenho culpa se na Atlantic High…

— Todo mundo era insuportável?

Selena sorri, sua amiga a conhecia tão bem.

— Pelo menos tente, ok?

— Pode deixar, Capitã! — A garota fala, alegre por lembrar da notícia.

— Então ficou sabendo?!

— Kathy, você publicou quatro fotos na sua rede social… É claro eu ia saber!

Na verdade Selena tinha planejado tudo isso. Katherine seria, seguindo a ordem natural das coisas, a capitã do time de vôlei, porém, Lena temia que a inveja de Agatha Kingston tomasse conta do julgamento da treinadora. Selena fez questão de aplicar um pequeno feitiço na quadra: nenhum pensamento invejoso seria permitido durante a cerimônia de nomeação.

— Lena, você não tem noção do quão feliz eu estou!

— Eu imagino… Tenho certeza que levará o time para o campeonato estadual e irão ganhar. 

— Obrigada, amiga… — Kathy fica em silêncio, parecia triste.

— Kathy, você está bem?

— Sim, sim… — Ela fala depois de fungar o nariz duas vezes — Apenas com saudades…

— Eu também… Mas nos veremos em breve, sinto isso! — Lena comenta adentrando na cozinha enorme da casa — Preciso ir, Kathy, depois te ligo. Combinado?

— Promete que não vai sumir?

— Prometo! — Ela fala se sentando na ilha de mármore branco — Até mais tarde, K.

— Até, L.

A ligação e encerrada e Selena finalmente pode focar o seus sentidos nas diversas guloseimas. O cheiro de chocolate e canela invade suas narinas, sua mente repassa todos os dias chuvosos na Mansão Blackwaters: chocolate quente, torta de maçã e canela e histórias sobre a linhagem Bishop contadas de forma dramática por Celeste.

Nostálgico.

Você realmente gosta daqui, não é Bash?

Culpado.

Não sei o por quê? Há muitos Caçadores por aqui…

Na verdade, há boatos de que eles se encontram em Salém. Boatos são fofocas carregadas pelo vento.

Mas são carregadas a anos, deve haver uma verdade por trás de todas essas fofocas.

E você está afim de descobrir?

De forma alguma, Bash, eu prezo pela minha vida!

Sebastian sorri e senta-se ao lado de sua irmã. Carregava consigo duas xícaras de chocolate quente de Nykkia, o melhor dos Estados Unidos.

— Obrigada — Ela fala provando daquele manjar dos deuses.

— Estava falando com Kathy?

— Você sabe que sim, pode ler meus pensamentos…

Ele sorri maliciosamente. Uma enorme vontade surge dentro de Selena de socar a bela face de seu irmão gêmeo. Sebastian sabia irritá-la, talvez esse fosse o seu Chamado.

— Quer dizer que acha que meu Chamado é ser o Insuportável da família?

— Você pode parar?

— Lena, você é um livro aberto, não tenho culpa!

— Eu te odeio, Bash!

— Eu também te amo, maninha, e…

Entretanto, Sebastian não ia ser capaz de terminar sua fala. Selena havia sido mais rápido do que a chatice de seu irmão. Como se fosse num piscar de olhos o chocolate quente dentro da xícara de Bash se revolta contra a cerâmica. Começa a borbulhar e explode, molhando o garoto com o líquido marrom, que, em sua camisa branca, mais parecia lama.

— Privacidade, por favor — Selena sibila.

— Agora você passou dos limites, mana! — Ele fala, extremamente irritado, mas com um largo sorriso no rosto. 

A garota engoliu em seco. Talvez esse fosse o maior erro que havia cometido nesse dia. Quando Sebastian sorri dessa forma significa que nada de bom pode acontecer.

— Acho que me deve desculpas…

— Bash… Eu… — Ela tentava falar enquanto se afastava de seu irmão.

— Não vai se desculpar? — Sebastian sibila. 

Selena se vê encurralada. Não havia para onde fugir. E quando a presa de Sebastian procurava desesperadamente uma saída, ele ataca a abraçando-a com força.

— Céus! Bash! — Ela gritava tentando escapar da roupa molhada de lama, ou melhor, chocolate quente — Mãe! Pai!

Seu irmão ria enquanto ela se debatia para se soltar. Agora os dois estavam sujos.

— Pare, Bash, que nojo! — Selena diz aceitando seu destino.

— Irmã, somos bruxos, cada ação tem sua reação — Ele fala finalmente se afastando e apreciando a sujeira que fizera.

— Achei que isso fosse física… — A garota reclama tentando se limpar, mas falhando miseravelmente.

— Você entendeu o que eu quis dizer e…

— Parem com isso, queridos… — A voz de reprovação de Andrômeda ecoa pela cozinha.

Pelo cenho franzido e os braços cruzados sobre o peito, dava para perceber que ela estava estressada. Andrômeda amava seus filhos, mas eles sempre estava arrumando confusão.

— Foi ela quem começou! — Bash exclama — Derramou chocolate quente em mim e eu apenas retribui o favor!

— Ele estava lendo a minha mente, mãe! Bash se recusa a me dar um pouco de privacidade!

— Silêncio! Os dois já para cima! — Ela alerta se aproximando dos gêmeos — Se limpem e organizem as suas coisas.

— Mas mãe…

— Nem mais um piu, Sebastian! — Andrômeda fala interrompendo a lamentação de seu filho — Os dois para cima! 

Os gêmeos obedecem em silêncio, cada um pegando suas malas e subindo as escadas. Selena estava furiosa, assim como seu irmão.

— Piu! — Bash exclama.

Ele adorava irritar as pessoas, esse era seu talento nato!

Um estalo pode ser escutado, mas Selena não consegue ver o instrumento que produziu o som. A única coisa que ela podia ver era seu irmão dando um pulo e massageando sua bunda. Sem sombra de dúvida era Andrômeda e sua forma exótica de disciplinar seu filhos.

— Porque adora irritar a nossa mãe?

Sebastian resmungou um palavrão e se encaminha para o lado direito do andar de cima. Selena o segue, já que os quartos dos dois estava na ala leste da Mansão Blackwaters. Um quarto com uma Lua entalhada na porta e o outro, logo na frente, com um Sol: o de Selena e o de Sebastian.

 

 ⇻♡⇺

 

Depois de um longo e quente banho, Selena sai do chuveiro renovada, nem parecia que estava tinha acabado de chegar de dois dias de viagem. Ao parar no espelho ela observa a própria face, estava avermelhada por conta do banho, quase da cor de seus longos fios cor de fogo.

Seus olhos verdes pareciam menos cansados, mesmo após a briga com Bash e o corvo no para-brisa. Porém, o que ela não contava era que um pontinho preto no espelho se movia rapidamente, aumentando de tamanho em frações de segundo. Ela estava tão relaxada que não notou um corvo acelerando em sua direção, passando pela janela aberta e atingindo o espelho do banheiro com uma velocidade absurda, estilhaçando o espelho.

Um grito fino e estridente escapa de sua boca e a garota deu um pulo para trás. Seu coração batia tão rápido que parecia querer escapar de seu peito. Ela encarava o espelho pasma, tremendo ao ver o pescoço torto e quebrado do animal junto com diversos cacos de vidros ao redor.

Um corvo morto podia ser uma coincidência, agora dois?

Sem dúvida era um sinal.

— Lena! — Uma voz rouca percorre o quarto e chega ao banheiro.

Era Sebastian.

— Mas que merda é essa? — Ele exclamou se aproximando de sua irmã com cuidado para não se machucar com os estilhaços de espelhos no chão — Lena, você está be…

Outro estalo.

E mais um.

Novamente outro estalo.

Isso podia ser tudo, menos uma coincidência.

Mais três corvos se chocam com a parente em um baque surdo, caindo na pia logo em seguida, meio vivos e meio mortos. Lena tremia dentro do abraço se seu irmão. Sebastian mal consegui respirar, a cena havia tirado a vida de seu corpo. Ele estava pálido, forçando o próprio corpo contra o corpo frio como gelo de sua irmã.

— Meninos? — Seth indaga, ainda longe de toda a confusão.

Bash….

Você consegue ver?

Não quero abrir os olhos.

É melhor que não abra, maninha…

Irmão, o que há?

1692.

Como assim?

Lena tenta se mexer, soltar-se do abraço de seu irmão, mas Sebastian fazia questão de mantê-la de costas e com a sua visão tampada pelo seu braço. Selena não merecia ver aquilo.

1692, Lena, pense!

O corpo de Lena enrijece e esfria mais do que de um cadáver. Ela sabia muito bem o que aquela data significava. Ela não ia precisar ver a explosão de sangue de pássaro na parede branca do banheiro para saber do que se tratava , muito menos os corpos pequenos se debatendo.

A Inquisição de Salém… Bash, você acha que…

É ela… Se não for ela, eu não sei o que está acontecendo aqui, Lena.

Isso era um sinal.

Um alerta de que Salém estaria prestes a mudar.


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Notas finais do capítulo

Comentem: ideias, sugestões, elogios; estou sempre aberta para novos aprendizados.



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