Entre Letras e Versos escrita por JosiAne


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Estranhamente ela está nervosa, ela diz a si mesma que é apenas um jantar e que ela não deveria criar muitas expectativas, sinceramente entrar em um novo relacionamento tão logo saiu de outro é dá um tiro no próprio pé.  Ela respira fundo e se dá uma última olhada no espelho, está satisfeita com a escolha, um vestido preto básico sem mangas que vai até um pouco acima dos joelhos e saltos de tiras também pretos. A maquiagem, ela teve que pedir ajuda a Faith o que foi bom, pois a amiga se ofereceu para lhe dar uma carona quando ela percebeu que iria se atrasar tudo por que uma mãe acabou tomando mais do que o esperado de seu tempo no final da aula.

 

Caramba. Seu coração parece que vai sair pela boca quando ela o vê. Ele está em jeans azul, camisa de botão branco e colete azul que beira o preto. O que há com ele e os coletes? Ela pensa rapidamente, mas logo seus pensamentos se voltam para a barba bem feita que dá um toque especial. Impossível não ficar encantada.

 

Magnifica. Essa é a palavra que Connor usa para descrever Sarah. Ela se aproxima com seu sorriso radiante e ele não consegue desviar o olhar de seu seus rosto, ele olha de seus olhos para seus lábios, o batom vermelho deixando-os ainda mais convidativos para beijar. Sua boca seca com o pensamento e ele pigarreia.

“Sarah.”

“Connor.”

O som de seu nome saindo por seus lábios é música para seus ouvidos.

“Desculpe o atraso, houve um percalço de último minuto no trabalho.” ele levanta a mão no ar demonstrando que não há problema, ela está aqui e isso é o que importa. Eles se sentam silenciosos a mesa.

“Então...”

“Como te...” eles dizem ao mesmo tempo fazendo-os rir e é o que eles precisam para quebrar a timidez do primeiro encontro.

Ele se considera um homem audacioso e direto, mas agora ele quer dizer tudo e nada, são tantas coisas que ele quer saber sobre ela, mas tem medo de perguntar e fazê-la recuar.

“Você primeiro.” Ele pega a carta de vinho.

“Como tem passado esses dias?” Ansiando para reencontrá-la.

“Muito bem, tem sido uma semana produtiva.” ele não está mentindo, sua inspiração voltou com força  e na velocidade que está escrevendo ele tem por garantido concluir o livro em um mês “E para você?” ele opta por permanecer na conversa fiada até que ambos estejam mais a vontade com a presença um do outro.

“Foram dias calmos então hoje no último dia de trabalho da semana tive que enfrentar uma mãe enlouquecida por causa de uma briga infantil que na segunda-feira as crianças nem lembrarão.”

 

Sarah dispara com o desabafo apertando os dedos e revirando os olhos, aquela mãe a deixou louca, principalmente quando ela percebeu que iria se atrasar para o jantar com Connor então quando ele pergunta de volta como foi sua semana ela não sabe se ele realmente quer sabe, mas ela não se importa apenas joga as palavras no ar e quando termina, finalmente prestando atenção nele, ele está com um leve puxão para cima da boca aberta e os olhos brilham em diversão.

“Desculpe. Você provavelmente perguntou apenas por educação.” pede constrangida. Ela precisa controlar o impulso de tagarelar.

“Sarah” seu nome soa tão sexy na voz dele “Eu não perguntaria se não quisesse saber.” seu tom gentil a faz relaxar.

“É claro, certo, ainda assim acredito que devo me apresentar corretamente.” estende a mão por cima da mesa “Sarah Reese, professora da educação infantil, atualmente lidero uma turminha de primeiro ano cheia de criatividade e energia .” apertando a mão dela ele diz de volta:

“Connor Rhodes, atualmente trabalho em casa fazendo consultoria.” ela sente que ele é vago sobre o trabalho, mas ela decide não se importar.

Essa pequena troca deixou o clima mais descontraído e eles entraram em um assunto atrás do outro. Ele  surpreendentemente falou sobre como era infeliz no negócio da família e por isso decidiu seguir seu sonho – que ele deixou de fora ser o de escritor – que apesar de não lhe proporcionar o luxo com o qual cresceu ele leva uma vida confortável e muito mais tranquila e feliz. Ela fala sobre o trabalho e que foi mais uma profissão que caiu de paraquedas, ela nunca se imaginou professora, mas a indecisão na escolha a levou até ali, foi graças uma amiga, que já estava seguindo o caminho e a incentivou dizendo que ela com sua paciência levaria jeito. Hoje ela não mudaria de profissão por nada.

Eles se divertem quando o assunto da conversa é Romeo, o gatinho tem os dois enrolados em sua pata.

Quando a hora se torna tardia e eles precisam voltar a vida real ela não consegue conter o sorriso quando ele se oferece para deixá-la em casa, ela tem toda a pretensão de  manter a conversa como quando ainda estavam no restaurante, mas ela nota que ele em alguns momentos franze o cenho, gesto que ela reconhece ser de confusão e quando eles chegam ao seu destino ele olha para fora do carro inclinando a cabeça medindo todo o prédio então vira pra ela, algo não está certo em seu olhar, ele parece espantado.

“Você não saberia me dizer quantas Sarah há nesse prédio, hum?”

“Hã?” ela lhe lança um olhar longo e confuso “Não faço a menor ideia, por quê?”

“Por que minha vizinha também se chama Sarah.”

Ela estica os lábios, suas palavras não fazendo sentindo.

“Quarto andar, apartamento quatro C.”

“Oh!” ela tem certeza que parece um peixe fora d’água agora, mas não pode se ajudar, está além de surpreendida “Apartamento quatro B.” e de repente ele está rindo, um sorriso genuíno e cheio de alegria que a contagia.

Ela não sabe o que pensar, é tudo tão surreal, claro que ela imaginou que ele morasse perto, Romeo não viria de tão longe, mas ele ser seu vizinho está além da imaginação. Uma verdadeira história de comédia e pra se tornar um romance só falta o beijo de boa noite.

Ele entra na garagem e eles saem do carro, ela ainda está divertida com toda a situação, eles voltam a dinâmica leve, a forma com que se entendem transcende a perfeição, mas há algo no fundo de sua mente pronto para sair a qualquer momento, o que acontece exatamente quando eles saem do elevador.

“Espera.” ela para e ele também, olhando-a assustando.

“O quê? Aconteceu alguma coisa.”

“Só um momento, eu estou... Ai meu Deus.” ela põe a mão na boca chocada “É você... e você não é um idoso com hábitos noturnos estranhos.”

“Hein!?” ele questiona confuso.

“Toda aquela música e eu achei que você tivesse sei lá...” ela ia dizer uns noventa anos quando ele a para.

“Ah, entendi.” ele cruza os braços meio rindo, meio sério “Você achou que eu fosse velho por que gosto de clássico?”

“Não é como se muitos jovens de hoje gostassem desse estilo.” se defende.

“Só por que é linda eu vou deixar passar.” retorna a andar como se não tivesse falado nada demais, melhor assim, pelo menos ele não vê o rubor em sua face.

“Velho.” ele bufa parecendo ofendido, mas ela sabe que ele não está realmente.

Ela está logo atrás dele quando ele para em frente a sua porta.

“Entregue sã e salva senhora.” faz uma reverência exagerada.

 

Ele gosta de ver e fazê-la sorrir, por isso não se contém toda vez que tem a chance de dizer algo engraçado. Ela está rindo e seu rosto com bochechas rosadas de alegria lhe tira o fôlego. Admirado, ele a encara até que ela para com o riso e o encara de volta, seus olhos se encontram e seu coração acelera com a expectativa do que poderia acontecer a seguir. Ele quer muito beijá-la, mas com a consciência de quem realmente ela é e que acabara de sair de um relacionamento, ele espera que ela dê o primeiro passo. Ele é paciente quanto a isso. Depois da noite fantástica que tivera com ela, ele sabe que não pode desperdiçar a chance, muito menos avançar o sinal.

“Boa noite, Sarah.” ele não resiste a tocá-la levemente o rosto, é apenas o sussurro de um toque com o indicador, mas que o deixa satisfeito.

“Boa noite, Connor.” como da primeira vez que se viram ela se aproxima e o dá um beijo rápido na bochecha. Ele sorrir encantado.

 

Quando ele fecha a porta do próprio apartamento está nas nuvens, o sorriso que insiste em permanecer, suas bochechas já estão doloridas. Ele conecta o smart  speaker e Stephan Moccio enche o ar, ele suspira. Essa noite ele está inspirado.

ฅ^•ﻌ•^ฅ

“Boa noite. Seria petulância minha querer que aceite tomar café da manhã comigo amanhã no Solar?

Connor.

Ps.: Não paro de pensar em nossa noite.”

ฅ^•ﻌ•^ฅ

“Eu adoraria tomar café da manhã com você, o Solar é meu café favorito. Amei nossa noite.

Sarah.

Ps.: Romeo está mal-humorado hoje, talvez ele não queira mais servir de garoto de recado.”

Ela achava divertida a troca de bilhetes, mas eles agora tem o número um do outro e mesmo que por meio de uma piada ela resolveu lembrá-lo disso.  Querendo dar espaço ela se ocupou o dia todo para não ligar ou mandar mensagem pra ele, agora, talvez, seja a hora de avançar para o próximo nível.

ฅ^•ﻌ•^ฅ

Eles levam o relacionamento a passos de bebê. Tomam café juntos na manhã de segunda-feira, como combinado. Na hora do almoço se falam brevemente e de repente se torna uma rotina, todos os dias eles se falam no horário do almoço e logo após ela chegar em casa. Toda vez depois que eles encerram a ligação a música flutua do apartamento dele para o dela. No domingo do primeiro final de semana após o primeiro encontro deles, eles tomam novamente café da manhã juntos. No final de semana seguinte ele a leva para almoçar em um restaurante próximo ao lago Michigan, eles passeiam pelo cais e há a sensação de conforto e segurança quando ele segura a sua mão e não solta até que estejam na porta de seu apartamento.

Ela é um pouco mais ousada e o beija. É lento e doce. Seu braço rodeia a cintura dela e ela se aproxima um pouco mais, as pontas dos dedos massageando a nunca dele, a outra mão apoiada no ombro. Seus corpos se tocam apenas o suficiente para ela sentir o calor que emana dele. Eles se separam, ele encosta a testa na dela e com os olhos ainda fechados ela ouve o sussurro.

“Linda.”

 

Ele é um conquistador. Eles vão ao cinema. Ao museu de história natural, ela descobre que ele ama ler tanto quanto ela. No quarto sábado após o primeiro encontro eles vão patinar, ela é desajeitada, mas ele é paciente ao ensiná-la e logo eles estão deslizando pela pista, as mãos sempre unidas.

É depois de seis semanas de encontros, conversas  e cafés da manhã no Solar que ela realmente se sente agitada. O jantar é na casa dele e ela sabe que é o passo inicial para avançar o nível de seu relacionamento. Ela passa o dia com um frio na barriga. Ela está preparada para esse momento, mas também está ansiosa, sabe que nem tudo é perfeito e que a primeira vez com uma pessoa diferente as vezes pode ser constrangedora e ocorrer desastres que podem marcar para a vida toda, mas ela quer que seja a primeira de muitas e nada pode dar errado.

“Oi.” ela está parada na porta, as mãos esfregando uma na outra, ansiosa.

“Oi.” ele a olha de cima baixo “Está linda.”

“Você também... digo, está lindo, é... é isso.” balbucia, ele está deslumbrante em um suéter degrade que vai do cinza ao preto e calça justa.

Ele está prestes a dizer algo quando Romeo aparece atrás dele.

“meaw.” se esfrega nas pernas dela.

Eles riam juntos ela abaixa para pegá-lo no colo. Quando Connor a puxa para dentro e ela passa por ele percebe o quanto seu cheiro é divino. Ela observa o apartamento nos mesmos moldes que o seu, mas muito mais masculino e o fato de ter menos móveis mostra que ele não tem intenção de permanecer ali por muito tempo, apenas um aparador, um sofá de dois lugares, uma mesa próxima a janela,  uma estante repleta de livros e um  smart speaker e um mesa redonda para quatro pessoas próxima a ilha que separa a sala da cozinha. O sofá é de cor clara e apenas três almofadas enquanto que o dela tem uma colcha de retalho colorida arrumada sobre ele e além das almofadas próprias mais três pequenas almofadas combinando com a colcha.

 “Fique a vontade, eu vou só...” ele para com a mão na nunca parecendo envergonhado “Nosso jantar não saiu bem como eu esperava e...” pondo as mãos no bolso ele olha para todo lugar menos para ela “Receio que vamos ter que esperar mais um pouco, tive que fazer o pedido em cima da hora.” ah! Ele parece genuinamente envergonhado, como se fosse a pior coisa que já lhe aconteceu na vida. Ela se aproxima e toca sua mão com gentileza.

“Ei, está tudo bem. Relaxa, vai dar tudo certo.” ele acena sem muita convicção e segura a mão dela entre as suas.

“Eu queria fazer algo diferente” beija suavemente os nós dos dedos “queria algo diferente do macarrão com queijo quase diário, mas a cozinha não é meu ponto forte, sinto muito.”

“Que tal arrumarmos a mesa enquanto a comida não chega.” toca com o polegar o vinco em sua testa, ele dá um sorriso fraco ainda parecendo chateado.

“Eu tenho um ótimo tinto para compensar.”

Ele serve aos dois e pega os utensílios para o jantar e enquanto juntos põe a mesa, saboreiam o vinho e a música lenta enche o apartamento ela lhe lança olhares e sorrisos suaves e cheios afeto. Ela quer que ele saiba que está tudo bem o jantar não ter dado certo, na verdade ela acha fofo a dedicação dele e é isso que ela diz.

“Eu não quero que seja fofo, quero que seja perfeito.”

“Já está sendo.” leva a mão em concha ao rosto dele “De verdade.” o beijo é casto e cheio de significados. Ela está se apaixonando e espera que ele sinta isso “Além do mais eu vou reservar na minha agenda um tempo para lhe ensinar algumas técnicas.” ela fala de brincadeira, mas ele parece estar considerando a ideia.

“Eu gostaria muito disso, posso aprender e ainda ter um tempo extra com você.” ele a enlaça pela cintura e está prestes a beijá-la quando a campainha toca.

No fim das contas o jantar sai perfeito e eles se divertem e aproveitam o momento para flertar e se tocar sem receios. Eles estão familiarizados e totalmente a vontade um com o outro e ela aproveita cada chance que tem para tocá-lo e não passa despercebido que ele faz o mesmo.

“Eu quero te pedir um favor.” eles estão enrolados juntos, ela descansando as costas em seu peito, suas mãos unidas em seu colo. Romeo deitado a seus pés no canto do sofá.

“Hmmm?” de olhos fechados ela ronrona.

“Meu corretor de imóveis tem algumas casas para mostrar e gostaria que fosse comigo. Sua opinião é muito importante nesse processo.”

Ela se afasta para sentar de frente para ele completamente maravilhada, ele já havia dito sobre os planos de mudar para uma casa e saber que ele aprecia a opinião dela é magnífico.

“Connor, tem certeza?”

“Absoluta.” Segura o rosto dela com uma mão “Eu quero que faça parte da minha vida Sarah, de todas as formas, além do mais essa é uma escolha que devo fazer e que depois não posso voltar atrás, confio em seu julgamento para me ajudar nessa nova empreitada da minha vida.” seus olhos são penetrantes e suas palavras profundas e sinceras sobrecarregam sua alma de afeto e desejo.

Sem mais palavras eles se beijam acalorados, suas mãos se tocando com urgência, lábios e língua explorando e reconhecendo os pontos sensíveis.

Ele é carinhoso e atencioso, o ato do amor entre eles é sublime, a entrega é total e toda sua ansiedade se transforma em fogo e paixão. O zumbindo do prazer que ela sente quando ele a leva chega a disparar por todo seu corpo, da ponta das orelhas ao dedinho do pé. Ela não quer nunca sair de seus braços.

 

No meio da madrugada ela levanta para ir até a cozinha beber água, o apartamento está silencioso, Romeo ressoando no sofá. Ela sorrir com a cena, ele está de barriga para cima, uma pata cobrindo os olhos.

Enquanto bebe a água ela nota a janela aberta e vai até ela para fechá-la, na mesa abaixo desta há um livro que lhe chama a atenção e quando ela o pega descobre um caderno com a capa em branco, por curiosidade ela o abre. Seus olhos não conseguem se afastar das letras formando palavras e frases e aos poucos ela percebe estas se tornarem uma história. A letra é de Connor e parece algo íntimo e errado para ela  estar lendo, mas suas palavras prendem a atenção. Ela fica tão hipnotizada que não percebe o tempo passar.

“Sarah?” ela se assusta e fecha o caderno rapidamente. Ele a está encarando, mas sua expressão não diz nada.

“Eu... Hã... Me desculpe, eu não queria bisbilhotar.”

Sorrindo fraco ele chega até ela, ajeita o caderno sob o livro novamente e pega em sua mão a puxando para o quarto.

“Tudo bem, são apenas alguns rabiscos, tentativas de extravasar a ansiedade de vez em quando.” ela acena distraída demais para notar o nervosismo em sua voz.

Eles voltam a deitar, ele a abraçando por trás, o corpo dele cobrindo quase por completo o dela. Ele é quente e convidativo e ela espera o sono voltar, mas sua mente ainda está no caderno sobre a mesa.

 

“Sarah, preciso te confessar uma coisa.” um tempo depois ele fala em seu ouvido, seu corpo fica rígido automaticamente.

Ele ainda está inseguro sobre contar a ela, mas se quer  que o namoro deles  dê certo ele precisa começar confiando a ela seu maior segredo.

“Eu menti sobre o caderno.”

“Oh...” ela relaxa e acena para ele continuar.

“Aquele é o manuscrito de um livro que concluí há dois dias.”

“Eu sei.” Ele se espanta com suas palavras e levanta o troco se apoiando em seu cotovelo, ela se vira e fica de frente pra ele.

“Sabe?”

“Eu reconheceria aquele estilo de escrita em qualquer lugar Cole Reynolds.” sua boca se abre e fecha, sem palavras “Não foi difícil descobrir, bastou eu ler alguns parágrafos e tudo se encaixou. A música tocada em momentos estranhos, as iniciais dos nomes, mas principalmente o estilo único de escrita.”

“Não está chateada por ter escondido de você.”

“Seus segredos são seus segredos Connor e tenho certeza que irá compartilhar quando estiver pronto assim como está fazendo agora.”

Jesus, ela é perfeita, boa demais para ele. Suas palavras enchem seu coração de esperança de que juntos eles vão longe.

“Além do mais, por que eu ficaria chateada se agora eu tenho meu próprio escritor. Todinho só para mim.”

Ele já ama essa mulher e para demonstrar, a beija, um beijo acalorado e cheio de significados.

ฅ^•ﻌ•^ฅ

“Lindo Connor.” O sorriso que ela lhe lança é caloroso “Amei... Amei... Amei...” deixa o manuscrito na mesinha de cabeceira e se arrasta até ele no final da cama “Obrigada por me deixar ler antes de enviar para o editor.” senta no colo dele e beija-lhe a ponta do nariz.

“Realmente?” ele questiona inseguro.

Por impulso ele pediu que ela lesse antes que fosse enviado ao editor. Ela passou os últimos quatro dias incomunicável, ele não teve nenhuma pista do que ela estava achando. Quando ela finalmente apareceu ele estava ansioso para o que ela tinha a dizer.

Assim que abriu a porta ela se jogou em seus braços e quase que com desespero o levou para o quarto. Ele esqueceu, momentaneamente do livro. Quando já saciados e suados, ainda nua ela saiu do quarto voltando segundos depois com o manuscrito em mãos. Olhando-o seriamente ela sentou recostando-se na cabeceira da cama e fazendo seu estômago despencar ao dizer que ainda faltava um capítulo para encerrar a leitura. Foram minutos agonizantes, ela estava lendo com compenetração, vez ou outra fazendo uma careta, seus lábios enrugando rapidamente, mas ela logo tratava de por a máscara séria de volta ao rosto. Por fim ela olhou para ele seriamente. Em sua mente ela odiou. Então ela abriu aquele lindo sorriso e elogios saíram de seus lábios.

Ele ainda está cético, desejando por mais elogios.

“Oh! Estou tão apaixonada por Mason e a pequena Aurora. E Violet, que mulher sensacional.” ela o beija languidamente, quando se separa ela continua “A sensibilidade com que trabalhou a força feminina é... Incrível. Eu amei isso. A história é apaixonante e o toque de mistério é intrigante. Me deixou vidrada.”

Eles se beijam novamente e ele a deita encaixando-se entre suas pernas, satisfeito por tê-la agrado a história.

ฅ^•ﻌ•^ฅ

Ela está passando a mão pelo nome impresso na capa simples do manuscrito, Cole Reynolds, parece tão errado ver este nome estranho estampando a capa da obra do homem maravilhoso e talentoso que se encontra neste momento preparando o café da manhã para ela e com quem ela tem compartilhando momentos incríveis, bem como a Romeo que está deitado na cadeira da mesa.

“Já pensou em assinar o próprio nome?” ela questiona com cautela.

Ele para os movimentos de cortar o pão para as torradas e olha para ela.

“No início foi estranho e até pensei na possibilidade antes de lançar o terceiro livro, mas depois apenas pareceu confortável” volta a se dedicar ao preparo do café da manhã “é bom poder andar pela rua sem ser assediado, Cole Reynolds ficou conhecido e é de certa forma alvo de muitos curiosos, ser um Rhodes já atrai demais a atenção para adicionar mais esse fardo a lista”

Ela balança a cabeça compreensiva e agora curiosa sobre o nome de escolha dele.

“Cole Reynolds” ela sussurra para si mesma como se dizer o nome fosse saciar sua curiosidade.

“Era o nome de minha avó materna, sabe.” ela desvia o olhar para ele e ele está olhando de volta, um sorriso suave enfeitando seu rosto “Reynolds, quero dizer, era esse o nome de solteira de minha avó, minha mãe logicamente nunca levou o nome, mas achei que fosse a melhor forma de homenagear ela, a pessoa que me apresentou ao mundo dos romances.”

“Isso é muito lindo” limpando a garganta ela continua “ela ficaria orgulhosa de quem se tornou.”

“Eu espero que sim, porque, Sarah” ele está  a olhá-la com o semblante triste “eu já tive meus momentos de idiota na vida, não, eu já fui um idiota, uma adolescente burro e idiota.”

Ela fica chocada com as palavras ofensivas que ele usa contra si mesmo.

“Connor...”

“É verdade e eu não me orgulho disso, mas também não tenho vergonha de admitir.” ele morde nervosamente o lábio e ela fica apreensiva com o que vai ouvir “Cole era meu melhor amigo, tínhamos quinze anos quando em uma brincadeira estúpida ele sofreu um acidente fatal.”

Segurando com força o manuscrito ela tenta não demostrar ter sido afetada pela confissão, ela quer que ele continue e isso pode não acontecer se perceber sua reação estarrecida.

“Era uma competição sem sentido sobre quem era mais corajoso e eu o desafiei a pular na piscina quase congelada no meio do inverno, ele não conseguiu nadar e sair da água antes que sucumbisse ao frio e tivesse morte por hipotermia. Éramos apenas dois garotos desafiando os próprios limites, mas por muito tempo não pude deixar de pensar que se não o tivesse desafiado, aquilo não teria acontecido.”

Sabendo que ele não quer e não precisa de palavras de conforto, porque ela sente que ele já está em paz consigo mesmo, ela vai até ele e apenas o abraça.

“Ele sabia do meu sonho e apesar das brincadeiras dizia que um dia eu seria um grande escritor, segundo ele apenas por que ele sabia que eu poderia ser o que quisesse.” ele sorrir e ela fica satisfeita em saber que ele é capaz transformar a tristeza pela perda do amigo  em sorrisos pelas lembranças boas.

ฅ^•ﻌ•^ฅ

21 meses depois

Sarah é rápida ao entrar em casa, o clima lá fora está piorando e ela só pensava em chegar logo  para aconchegar-se embaixo das cobertas quentinhas. Shadow – porque depois de um tempo ela acabou acostumando-se a chamá-lo pelo nome dado a ele por Connor – e Connor não estão a vista, não fosse pelo som suave da música que vem do andar de cima, ela diria que não havia ninguém em casa.

Esfregando por cima do casaco a pequena bolinha de pelos que encontrou na saída da escola após o último dia de aula no semestre,  ela segue até o estúdio, como esperado ele está concentrado no manuscrito de seu novo livro, Shadow deitado confortavelmente na cadeira abaixo da janela fechada.

“Marido” ela ama o som dessa palavra.

“Ei.” ele olha de lado, um sorriso cansado, mas satisfeito estampando seu rosto barbado, as últimas semanas tem sido corridas e ele mais relaxado com a aparência, para ela, ainda permanece bonito, mas não nega que prefere quando ele apara os pelos ao invés de quando parece um homem das cavernas.

“Pode acrescentar mais um capítulo aí, porque nossa família vai aumentar.” sorrir com malícia.

Ele arregala os olhos de um jeito quase cômico.

“Sarah, não me diga que está?” e gesticula simulando uma barriga de grávida.

“Deus não.” ela ri de nervoso com a ideia, filhos ainda fora de seus planos, e se aproxima mais “Eu estava falando desse carinha aqui, oh.” retira o filhote de pelos negros e olhos azuis de dentro do casaco.

“meaw”  o som que o pequeno faz é rouco, mas alto o suficiente para chamar a atenção de Shadow que ela tem certeza estava apenas ignorando os dois, esperando que ela fosse até ele.

Com o gemido habitual Shadow pula da cadeira e se aproxima rodeando suas pernas, Connor pega o bichano no colo e com cuidado o aproxima do novo amiguinho.

“Olha só quem a mamãe trouxe Shadow.” Connor passa devagar a mão no filhote fazendo Shadow se eriçar e o pequenino se encolher nos braços de Sarah.

“Parece que temos um ciumento aqui.” Sarah diz expondo o filhote e o aproximando de Shadow.

O gato mais velho cheira o outro e assustando a ambos pula de seu colo e sai rapidamente do cômodo. Sarah está desolada e preocupada.

“Será que vamos ter que arrumar outro lar pra ele?”

Connor encolhe os ombros, sabendo que Shadow sempre foi independente e nunca tendo ligado muito pra ele, mas com Sarah a história já era diferente e ele mostrou um lado que Connor não conhecia.

“Ele só precisa se acostumar, mas vamos ficar atentos e se não houver mudança não teremos outra saída.” acaricia o braço dela e lhe beija a bochecha “Agora vem cá” senta-se acomodando-a em seu colo “me fala mais desse carinha e também precisamos pensar em um nome.”

“Oh! Eu estava pensando em Oreon.”

“Oreon, gostei.” ela fica satisfeita com a aprovação dele e começa a narrar como o encontrou encolhido entre os arbustos da Alamanda amarela que ornamenta a entrada da escola.

“Dei um pouco de leite pra ele na escola, mas ele precisa de algo mais sustentável e apropriado para a idade e eu queria ter comprado algo no caminho até aqui, mas...”

“Nem precisa terminar, vou agora mesmo providenciar isso, enquanto isso...” pega o manuscrito que deixara de lado “terminei, pronta para mais uma história?”

O coração dela dispara imediatamente, todos esses meses e ele tem feito segredo sobre o novo livro, ela não teve nem uma única pista sobre o que ele estava escrevendo, ele até mesmo escondia-o dela e sempre que ela o achava ele a pegava no flagra antes que pudesse ver algo mais que a capa em branco e ele escondia em um novo lugar. E agora ali está, bem a sua frente esperando que ela vire a primeira página.

Ele a faz levantar e fazendo o mesmo pega Oreon de seus braços “É todo seu esposa.”

Ela nem espera que ele saia para virar a página e começar a leitura.

 

Os dias seguintes ela divide o tempo entre aproveitar a companhia de Connor, cuidar de Oreon e Shadow que aos poucos tem se aproximado do novo irmão e ler o romance que a faz sorrir a cada nova página. Ela nem acredita que ele fez isso, seu romance ainda é curto considerando tantos outros por aí, mas ele fez. As palavras utilizadas por ele são sutis, mas ao mesmo tempo ela percebe a paixão que ele sente, é como se ela tivesse vivendo tudo de novo, mas mais intenso, por que claro, ele fez alguns acréscimos para deixar a história mais chamativa. Ela chega ao final do último parágrafo suspirando e finalmente conhecendo o título.

Entre Letras e Versos


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Notas finais do capítulo

Preciso dizer, amei escrever essa pequena história, tudo tão leve, tão gostoso, espero que tenham gostado dela tanto quanto eu, que tenham sentido ao ler o que eu senti ao escrever.

Me digam, por favor, o que acharam, ou vou pensar que não gostaram, e se não gostaram também me digam, digam o que e onde devo melhorar, podem ter certeza que levo em consideração e procuro sempre ser melhor.

Beijos e até a próxima.



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