Poção do Amor escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 6
Sequestro


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao fim :(. Foi muito legal escrever essa minissérie, espero muito que vocês tenham gostado. Obrigada a todos que acompanharam e comentaram na história, vocês são um amor! Nos vemos no próximo projeto! ♥



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Capítulo 5

por N.C Earnshaw

 

SASUKE BATEU O MARTELO com uma força desmedida, entortando o prego que tentava colocar na madeira. Ele xingou baixinho, sem desviar os olhos do “casal” ao longe. 

Enquanto Naruto e ele, acabavam-se para montar barracas e carregar caixas, Sakura e o intruso pregavam alguns enfeites no lugar em que ocorreria o festival, trocando sorrisos e afagos todo o tempo. 

O vilarejo em que eles estavam cumprindo a missão era pequeno, mas organizado e com moradores saudosos. Aparentemente, o festival era um evento que movia a economia do local, pois parecia que todos os habitantes estavam reunidos bem ali. O cheiro da comida sendo preparada tirava a atenção de Naruto, que fechava os olhos e lambia os lábios, ansioso para o trabalho acabar e poder comer até passar mal. 

— Teme! — Sasuke rosnou ao ser empurrado pelo loiro. Tinha entrado em um estado de estupor e Naruto tentava chamar sua atenção por vários minutos. Quando não obteve resposta, tomou medidas drásticas. 

O Uchiha se desequilibrou, entretanto, conseguiu se apoiar na viga de madeira. Quando se colocou de pé, socou o braço do Uzumaki com força, arrancando um grito estridente do mesmo. 

— Por que me socou? — inquiriu Naruto, acariciando o próprio braço. 

— Por que me empurrou? — rebateu Sasuke, sem paciência. 

O loiro revirou os olhos e apontou “discretamente” para Sakura e Satoru; ou o mais discreto que o Uzumaki conseguia ser. 

— O que vamos fazer sobre aqueles dois? — Naruto tampou a boca com uma das mãos, invadindo o espaço pessoal do outro com um ar conspirativo. 

O Uchiha somente ergueu uma sobrancelha. 

— Não tenho nada a ver com isso. — E voltou a pregar os pregos na madeira. 

O genin abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu pelos seus lábios. Seu rival estava mais esquisito que o normal naquele dia, e parecia querer descontar a raiva de todos os seus problemas naquele prego. 

— Como assim não tem nada a ver? — Naruto recuperou sua voz e não hesitou em chamar a atenção do Uchiha, puxando a gola da sua camisa. — A Sakura-chan é nossa companheira de time e está numa enrascada…

— Não é o que estou vendo — cortou Sasuke, dando um tapa na mão de Naruto e se afastando alguns passos. 

O Uzumaki seguiu seu olhar e cerrou os punhos ao ver Satoru erguendo Sakura pela cintura, para que ela pudesse pregar um enfeite no alto de uma barraca. 

— Ele está se aproveitando dela! — O rosto de Naruto ficou vermelho de raiva, e Sasuke percebeu que ele teve que usar todo seu autocontrole para não ir até lá arrancar Sakura das garras do chunnin. 

— Hum! — Sasuke tentou demonstrar que se encontrava desinteressado. No entanto, não conseguia tirar os olhos do sorriso que Sakura lançava para o intruso idiota. — A Sakura é grandinha e sabe bem o que quer. 

O Uchiha estranhou o silêncio de Naruto. Ele não era o tipo de cara que se conformava com facilidade. E se virou para fitá-lo.

— Ela não sabe o que está fazendo, teme. — O sussurro raivoso do loiro deixou-o alerta, e Sasuke procurou Sakura com os olhos. — Aquela droga de chá está deixando ela maluca. 

— Você não pode estar levando a sério essa história de poção do amor — debochou. — Essas coisas não existem. 

Naruto abriu a boca para retrucar, mas se calou ao sentir uma mão enrugada pousando em seu ombro. 

— As crianças de hoje em dia são tão céticas — reclamou a senhora. Ela tinha uma aparência frágil, de que quebraria com o sopro do vento, era baixa e enrugada como uma ameixa. Sasuke a achou que ela parecia uma avó, daquelas que reclamavam da magreza dos seus netos para empurrar comida e que possuía diversas histórias para contar. 

— Ohayo, vovó! — Naruto coçou a cabeça ao sentir o olhar intimidador que ela o lançava. 

— Ouvi o que estavam conversando — adicionou a senhora, ignorando o cumprimento. A bengala que levava nas mãos era o seu único apoio. — E o que ele falou é, de fato, verdade. A poção do amor existe. 

— A Sakura não está sob o efeito de uma poção. — Sasuke se negava a acreditar naquela estupidez, por mais que, algumas horas antes, tivesse cogitado ser verdade. 

— Sakura é aquela garota ali? — A senhora apontou para um lugar umas barracas a frente. 

Os três passaram a observar Sakura de longe e pegaram o momento em que Satoru oferecia mais do seu chá. A Haruno negou, para o alívio dos genins. 

— Ela tomou da bebida antes? — inquiriu a velha com uma expressão pensativa, analisando o jeito apaixonado que Sakura se portava para com Satoru. 

— Hai! — assentiu Naruto. — Levou algumas horas para fazer efeito, mas depois disso a Sakura-chan começou a agir esquisito. Ela nem conhecia o Satoru antes dessa missão. 

Os dois se assustaram quando a senhora bateu a bengala no chão e deu uma risada espalhafatosa. 

— A garota certamente está sob o efeito dessa poção — garantiu a mulher, sorrindo. — Lembro-me bem quando fiz uma dessas para meu marido. Bons tempos. O garoto ali é esperto!

Os membros do time 7 arregalaram os olhos para ela. 

— Não é certo obrigar alguém a gostar de você! — exaltou-se Naruto. — Não é justo.

— Não existe justiça no amor ou na guerra, criança. — Ela deu tapinhas na bochecha de ambos e se afastou. — Como ninjas, deveriam saber disso. 

Ela sumiu em meio as pessoas e Naruto tentou segui-la, mas Sasuke segurou seu braço. 

— Temos que avisar ao marido dela que ele está sendo enganado! 

— E como faríamos isso, hã? Nem sabemos o nome dela e, muito menos, quem é o seu marido. — O loiro soltou um muxoxo. — Temos que focar em ajudar a Sakura. 

Naruto abriu um sorriso malicioso. 

— Agora acredita em mim? 

— Dobe… — rosnou o Uchiha, sentindo uma veia pulsar em sua testa. 

— O que vamos fazer? — inquiriu o Uzumaki, com um semblante pensativo, não dando importância para sua irritação. — Ah, já sei! Podemos...

— Já tenho um plano — interrompeu Sasuke. — O efeito da bebida já deve estar passando, então temos que evitar que a Sakura beba mais daquilo. 

Naruto abriu a boca para opinar, mas o Uchiha não permitiu. 

— Temos que dar um jeito de manter a Sakura afastada daquele cara e nos livrarmos do conteúdo da garrafa. 

— Eu fico com a Sa-... — Assim que o cérebro de Naruto registrou que algum dos dois ia passar um tempo de qualidade com a Haruno para evitar que ela se aproximasse de Satoru, ele agarrou a oportunidade.

— Nem pensar! — negou o Sasuke, torcendo o nariz. — Sakura acabaria com você, antes que abrisse a boca. 

Naruto soltou um muxoxo, sabendo que era verdade. Se levasse Sakura contra sua vontade, apanharia do vilarejo até Konoha, e nunca conseguiria convencê-la a segui-lo para algum lugar. 

— E por que você tem que ficar com a parte mais legal? — choramingou o loiro. 

Sasuke o lançou um olhar debochado. 

— Dobe, presta atenção. Você distrai o idiota enquanto pego a Sakura…

— Vai raptar a Sakura-chan? — gritou o Uzumaki. Uma mulher que passava com um bebê arregalou os olhos, ofendida, e apressou os passos para se afastar dos dois o mais rápido possível. 

— Dá pra calar essa boca! — Sasuke deu um pescotapa no loiro. Naruto tentou ir pra cima dele, mas o genin o impediu. — Não temos tempo pra brigar, a Sakura pode querer beber a droga do chá a qualquer minuto. 

Naruto se afastou, ainda zangado. 

— E onde eles estão? — O Uzumaki procurou, entretanto, não viu os cabelos rosas de Sakura a vista. 

— Atrás da barraca de tiro ao alvo — respondeu o Uchiha, sem titubear.

— Tá! — Naruto estranhou sua prontidão por alguns segundos, mas logo abriu um sorriso largo, quase rasgando suas bochechas. — Vamos salvar a Sakura-chan desse chunnin idiota e ela vai se apaixonar por mim…

— Não exagera, Naruto. — Uma gota apareceu na testa de Sasuke. 

— Tô certo! — bradou o loiro, sem dar atenção ao seu companheiro de time. Seu punho estava erguido no ar e seus olhos tinham um brilho determinado. — Vou criar a distração, então se prepare para pegar a Sakura. — E correu. 

Sasuke o seguiu em uma passada mais lenta com um mau pressentimento. Não tinha ideia do que Naruto ia aprontar, mas tinha certeza de que não seria algo discreto. 

O Uchiha avistou Naruto iniciar uma briga com o senhor carrancudo da barraca de churrasco. O loiro cuspiu a carne que tinha pedido e gritou, para quem quisesse ouvir, que tinha gosto de bunda. 

Como o Uzumaki sabia como era o gosto de bunda? Sasuke não fazia ideia, mas aproveitou a comoção das pessoas se aproximando, para chegar perto de Sakura. 

Ele se escondeu atrás de uns caixotes que estavam ao lado da barraca de tiro ao alvo, e percebeu quando Satoru franziu o cenho, preocupado, ao avistar Naruto na confusão. Assim que ele garantiu a Sakura que resolveria o problema, afastou-se da menina. E foi quando Sasuke deu o bote. 

       ༺    ༻

A casa na árvore foi o único lugar que Sasuke conseguiu pensar em levar Sakura. A madeira velha rangia com suas passadas bruscas e o lugar era distante o bastante para não darem atenção a qualquer comoção que ocorresse ali. 

Ele andava de um lado para o outro, fuzilando sua companheira de time com os olhos, mesmo que ela não pudesse ver por causa da venda cobrindo sua visão. 

Estava irado. Para sua irritação, pegar a garota desprevenida foi muito fácil. Ela não teve qualquer instinto de se proteger, e até o seu grito de socorro saiu com atraso. Se Sasuke fosse um inimigo, Sakura já estaria morta naquele instante. E nem ele, Naruto ou Kakashi, conseguiriam salvá-la.

A imagem do corpo dela sem vida o assombrou por alguns segundos, e trouxe lembranças de quando não era forte ou rápido o bastante para salvar suas pessoas queridas. 

Ele rangeu os dentes e cerrou os punhos, tentando ignorar os olhos verdes, porém opacos e sem vida. A pele, antes corada, pálida como um… Sasuke rosnou alto, fazendo o corpo de Sakura se contrair. 

Buscando fugir da sua própria mente, foi em direção a Haruno e tirou a venda dos seus olhos, assim como o pedaço de pano que ele tinha colocado em sua boca, para mantê-la calada enquanto passavam pelos telhados do vilarejo. A menina arregalou os olhos ao dar de cara com o rosto de Sasuke tão próximo a si. Tinha reconhecido o chakra do seu companheiro de time, e se encontrava estranhando a situação. Céus. Por que Sasuke Uchiha a sequestraria? 

Sakura observou o garoto voltar a andar de um lado para o outro. Seu rosto se encontrava com uma careta assustadora, e a Haruno teve medo que algo ruim tivesse acontecido. Sasuke não agiria de forma tão drástica se não fosse importante.

— Sasuke-kun — chamou. — O que aconteceu? Por que estamos aqui? Naruto e o Kakashi-sensei estão bem? O Satoru…

Sasuke rosnou ao ouvir o nome do chunnin.

— Sakura. Pare de ser irritante. 

A Haruno não se deixou afetar pela rispidez. 

— Aconteceu alguma coisa com o Satoru? — A genin percebeu que sua pergunta mexeu de alguma forma com os nervos de Sasuke. 

— Não, Sakura. Não aconteceu nada com seu precioso Satoru — resmungou o Uchiha. 

— Então, porque… 

Sakura se assustou ao perceber Sasuke próximo a si novamente. Nos dias normais, era sempre ela que se aproximava primeiro.

— Você está sob o efeito de uma poção. 

A menina franziu o cenho, confusa.

— Poção? Que poção? 

A Haruno observou a expressão do seu companheiro de time mudar, ele aparentava ter comido alguma coisa que não gostou. Parecia que estava sendo torturado.

— Aquela droga de chá que o in-... Satoru te deu, é uma espécie de poção do amor.

Sakura segurou a risada incrédula que quero escapar dos seus lábios. 

— E o que ela faz? — Sasuke bufou diante de sua pergunta estúpida. — O que essa poção fez comigo? — insistiu. 

— Fez você se apaixonar por ele. — O Uchiha tentou engolir o bolo em sua garganta e ignorar a leve angústia que queria tomar conta do seu corpo. 

A boca de Sakura se abriu num “O”. 

— E resolveu me sequestrar? 

Sasuke se manteve em silêncio, e passou a fitar o lado de fora pela pequena janela da casa. 

— Por isso que o Naruto arranjou aquela briga — sussurrou ela para si mesma, juntando as peças. — Ele atraiu a atenção do Satoru-kun para o Sasuke-kun me tirar de perto dele. 

— Hai. — A voz do genin soou entediada. Ele enfiou as mãos no bolso, sem querer conversar, mas não conseguindo resistir a responder aos seus monólogos. 

— Me leve de volta — pediu Sakura, tentando se livrar do tecido que amarrava suas mãos. 

Ele negou. 

— Você precisa ficar longe dele até que se livre do efeito. 

— Não! — gritou Sakura esperneando. — Eu quero o Satoru-kun! 

Sasuke deu as costas para ela, segurando-se para não gritar de volta. Suas mãos tinham um leve tremor, e a vontade de socar a cara do chunnin idiota apenas aumentava com os pedidos da sua companheira de time. 

Por estar virado na direção oposta à Sakura, o garoto não percebeu o momento que a garota tirou a kunai de sua bolsinha de armas e conseguiu cortar o tecido, livrando-se das amarras. Ele somente se deu conta quando ouviu passos correndo em direção a porta, e agarrou o corpo dela sem pensar duas vezes. 

Sakura esperneou em seus braços, e Sasuke teve que segurá-la contra si mesmo, para que não conseguisse fugir. Por um breve segundo, ela o pegou de guarda baixa e se impulsionou, levando-os ao chão. 

O Uchiha sentiu suas costas latejando, mas não deu atenção a dor. Buscava controlar a Haruno antes de pensar em si mesmo. 

— Shhh, pare de se mexer, Sakura — ordenou. — É para o seu próprio bem.

Sasuke admirou a energia da genin. Por mais de uma hora, ela tentou sair do colo dele para correr em busca de Satoru, sem sucesso. Aquela droga de poção tinha mexido com sua cabeça. 

Um tempo depois, o ninja estranhou sua calmaria repentina e ergueu a cabeça para fitar seu rosto. Os olhos se encontravam fechados e os suspiros, que ele tanto adorava, já tinham iniciado. Após tanto esforço físico, Sakura acabou pegando no sono. 

Sasuke decidiu não largá-la, tinha receio que se desse alguma brecha, ela fugiria. Arrumou então o corpo dela sobre o seu, aproveitando a paz que havia se instalado, e enfiou o nariz em meio aos cabelos rosa, buscando sentir mais do cheiro de morango. 

O Uchiha não percebeu que pegou no sono, até sentir um chute fraco nas suas costelas. 

Ele entreabriu os olhos e deu de cara com duas pessoas o encarando. Primeiro, identificou Sakura, ainda em seus braços. 

O semblante do segundo indivíduo o irritou. Kakashi Hatake, mesmo com a máscara cobrindo metade do seu rosto, tinha uma expressão risonha. 

— Vamos lá, garotos, acabou a brincadeira. — O jounin ajudou Sakura a se erguer, mas deixou que Sasuke se levantasse sozinho. 

Os estudantes seguiram o sensei com as bochechas coradas. Sasuke mal conseguia encarar Sakura de volta. 

— Ela te pegou de jeito, hum? — indagou Kakashi, arqueando uma única sobrancelha; que não se encontrava coberta pela máscara. 

— O que? Não aconteceu nada! — negou o Uchiha, desviando os olhos. 

— Então a história da poção do amor é mentira? 

— Como você… 

— Naruto. — A resposta foi o bastante para Sasuke. 

“O idiota deu com a língua nos dentes”, pensou. 

— Sabe que ela apenas fez isso pra chamar sua atenção, não é? 

— Hun? — Sasuke se virou para o sensei tão rápido que seu pescoço soltou um estalo. 

— Poções do amor não existem, Sasuke. — Ele pegou o seu livrinho laranja e deixou um estudante embasbacado para trás. 

Com Sakura agarrada em seu braço, Sasuke passou pela porta do hotel não sabendo o que sentir. Tentou ficar bravo com a garota por ter fingido, mas o único sentimento que tomava conta dele, era alívio. 

༺    ༻

O Uchiha entrou no quarto, procurando por Naruto. Ele estava atrasado para o jantar, assim como Satoru, e o sensei o incubiu de chamá-los. Assim que seus olhos se ajustaram a pouca luz, no canto, observando Satoru tagarelar, estava o Uzumaki com uma expressão sonhadora. 

A cena pareceu muito familiar, e Sasuke franziu o cenho, sem se mover. Ao ver Naruto levando a garrafa de chá aos lábios, ele deu um passo para trás e saiu dali. 

“Não existe poção do amor, hum?”.


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