Centauros escrita por KaguraWay, HarunooMalika


Capítulo 3
A Ligação


Notas iniciais do capítulo

Olá nossos queridos leitores!

Estamos de volta do Terceiro Capítulo dessa história original
do Universo da Ficção e Fantasia com Seres Mitológicos.

Aproveitem



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Uruha *POV*


 

— Ligação?_ Sinto, verdadeiramente meu peito apertar de uma forma surreal.

De novo isso? 

— Inacreditável._ Ouço um resmungo e então Kazuo está ao meu lado, um pouquinho mais a frente, afastando o moreno de mim, e a cara que ele faz ao ser afastado é de um desagrado tão grande que eu fico surpreso. Pior ainda, acredito que minha careta tenha sido igual._ Por que, realmente, veio? Como chegou aqui? _ Kazuo coloca as mãos na cintura e eu me sinto confortável com alguém do mesmo tamanho que eu ao meu lado. 

— O que está dizendo? Vim por causa da ligação, cheguei aqui por causa da minha ligação com meu filhote._ O moreno parece estar confuso, mas eu estou tão magoado que acabei ignorando isso. 

— Oh, claro, e presumo que Uruha seria seu companheiro?_ É inevitável não me colocar atrás de Kazuo. Por que mesmo depois de tanto tempo e tantas vezes, ainda dói, ainda não sei lidar com isso. 

— Sim! Mas é claro que sim, não viu a nossa conexão se formando?_ O moreno parece estar perdendo a paciência. 

— Não, e sugiro que pare a palhaçada, além de ser uma coisa séria é pessoal._ O moreno faz uma cara de incrédulo e me olha de uma forma . . . Como se pedisse ajuda, e eu realmente abro a boca para o ajudar, falar que sim, ele está certo. . . Mas eu sei que é impossível ele estar certo, então me abraço e abaixo a cabeça. 

— Mas o que. . . Está acontecendo aqui?!_ Vejo seu rabo se agitar e ele bate a pata dianteira no chão. _ Eu realmente moro longe, é mais que dias de viagem . . ._ O moreno volta a falar. E com a voz maravilhosa quase me convence. 

— Sugiro que volte logo então._ Kazuo pega no meu pulso e começa a me puxar, andando para fora do pomar. 

Fico tão em choque que não faço nada de primeira, simplesmente acompanho Kazuo, mas então mordo o lábio e olho para trás. O moreno está com uma cara nada boa e com os braços cruzados, com uma postura rígida porém confusa. 

Ele me olha de volta e então a confusão sai de sua expressão, arregalo os olhos acompanhando ele vir em uma marcha irritada até parar em frente a Kazuo de novo, nos fazendo parar de andar, é então que noto a linguagem corporal do moreno, ele está ameaçador. 

— Mas o que você. . .?_ 

— Largue-o! _ A voz sai como uma ordem, forte e incontestável, como se fosse um rei. _ Solte-o agora!_ E então ele avança no meu amigo, não para bater ou machucá-lo, simplesmente para afastá-lo.

Mas acho que não sai muito como ele esperava já que enquanto recua Kazuo me empurra para trás, me deixando ainda fora do alcance do moreno. 

— Está louco?!_ Ofego me afastando mais ainda dos dois por precaução, não me afasto muito só uns dois passos. Kazuo mantém a postura mas sei que está com dificuldade, um cara de porte maior que o seu avançando em você não parece ser bom. 

— Mandei soltá-lo agora! Não me faça força-lo._ E avançou de novo, com mais determinação, empinando as duas dianteiras e as brandindo no ar com vontade na direção do meu amigo, que se afasta uns bons passos do moreno que, quando coloca as duas patas no chão de novo pisa forte, levantando poeira com os cascos. 

Meus Deuses, o que tá acontecendo?! 

Meu coração dispara com a reação do moreno. Isso nunca tinha acontecido, nunca mesmo, quando o cara percebia que sabíamos que era uma brincadeira ele sempre partia para a ofensa e ia embora. 

Nunca ninguém insistiu. Pior, ameaçou Kazuo! 

— Quem você acha que é?!_ Kazuo também é de porte médio, mas mesmo assim ele avança no moreno socando as duas patas dianteiras no chão. 

E eu? Eu tô bem longe, o que esses loucos estão fazendo?!

— Quem você pensa que é?!_ O moreno, Aoi, me parece cada vez mais bravo e ameaçador. _ O que te dá direito de me afastar dele assim?! Eu não o que está se passando na cabeça de vocês, ou o que está acontecendo aqui, mas eu não vou deixar que leve-o para longe de mim. Entendeu?!_ 

Arregalo os olhos e olho para Kazuo, isso realmente nunca aconteceu. Ele devolve o olhar confuso e irritado. Quando olho para o moreno não consigo evitar de sorrir. 

Meus Deuses ele é lindo com raiva.

E não é só isso que quase me faz ter um treco, é a leve esperança brotando em algum lugar, a felicidade sem explicação que vem só de vê-lo procurar uma briga por mim. 

Eu realmente não sei o que está acontecendo. 

— Quem é você afinal?!_ Kazuo cruza os braços e Aoi cruza os seus também. 

— Meu nome é Aoi! E eu vim aqui levar meu companheiro e meu filhote para casa!_ Ele fala impaciente e com raiva. 

— Quer mesmo que eu acredite nisso? Sabe quem é ele?_ Aponta para mim e eu olho para o moreno abraçando meu tronco. A minha fama ficou tão grande que as pessoas até sabem meu nome, os boatos passaram de cidades a cidades e acho que o reino todo sabe, tenho uma alcunha bem legal. . ._ Uruha o infértil. _ Olho para o chão, como eu disse, uma alcunha legal, como um apresentador de um circo de aberrações apresentando sua mais nova celebridade. Isso dói. _ Deve ter ouvido falar dele._ 

Suspiro. Fecho os olhos e respiro fundo, abro os olhos e depois olho para os dois. 

Tá OK, sei que foi por raiva, mas Kazuo ter falado aquilo de forma tão debochada e fria me magoou.

— Bom. . . Eu vou para minha casa, tchau. . . _ Murmuro e balanço a mão enquanto saio andando a passadas rápidas. 

Num trote manso eu vou na direção de um lago que tem no final do morrinho da minha casa, esse córrego corre a nossa vila e depois some na mata.

Minha casa sempre foi afastada do aglomerado da vila, foi a única casa vaga que achei e que batia com minha situação financeira. Nota-se, eu não tenho e nunca tive dinheiro.

Não sei onde estão meus pais, só me lembro da parte da minha vida em que acordei no meio de uma estrada com sangue no meu cabelo e cabeça latejando. Segui a estrada e cheguei aqui nessa vila, estou aqui desde então.

Chego perto do córrego e dobro as patas até estar com a parte equina deitada no chão, curvo a coluna e mergulho as duas mãos no córrego, as lavo rapidamente, e depois faço uma concha enchendo de água e levo minhas mãos a boca. 

Faço isso algumas, muitas, vezes me acalmando e saciando. Respiro fundo e me levanto, volto a subir a estradinha do morrinho e vou para casa, entro e deito no monte de feno. 

Suspiro calmamente fechando os olhos e me aconchegando na parede precária para tirar pelo menos um cochilo, ou então só para relaxar. 

Só para fechar os olhos. . .

.:.:.:.:.:.

— Uruha! Acorde, vamos, seu preguiçoso, acorde rápido!_ Abro os olhos confuso e pisco rápido me assustando com alguém balançando meus ombros. 

— O que foi?_ Resmungo me espreguiçando e bocejando, sendo puxado para ficar de pé. _ Que horas são? Por que está me puxando?_ Murmurei irritado com Kazuo que não disse nada e só me puxou para fora de casa. 

— Tem médicos vindo para cá! _ O olho confuso enquanto ele aperta o passo me puxando para o aglomerado da vila. _ Eles querem te levar para estudar a infertilidade. _ Fala me guiando pelas casinhas.

. . .

. . .

. . .

— Hun?!_ O olho assustado já desperto mas ainda desorientado.

— Kouyou, tem que fugir, eles querem te abrir para ver como é seu sistema reprodutor, vão te matar, tem que fugir rápido!_ Me puxou com força até o começo da trilha de saída da vila. 

— Eles querem fazer o que?!_ Travo meus cascos no chão e ele me olha sério e triste ao mesmo tempo, só agora notando que é noite, porque tenho dificuldade de vê-lo direito. 

— Escute bem, okay?_ Ele olha para algo atrás de mim e logo o moreno de antes para ao meu lado com as feições sérias.

— O-o que ele tá fazendo aqui?_ Murmuro chateado. 

— Conversei com ele, Kouyou, tem que confiar em mim, certo? Confia em mim?_ Confirmo com a cabeça afobado pelo desespero dele. _ Ótimo, conversei com ele, ele vai te tirar daqui, OK? Vai te levar para longe. _ Arregalo os olhos.

— Mas. . . Para onde vou? A minha casa. . . Minha casa é aqui, eu não tenho nada, Kazuo, não posso!_ Recuo instintivamente. Eu não posso fugir para outra vila, e ficar nas ruas, eu tenho uma casa aqui, tenho conforto. . .

— Não temos tempo, Kouyou!_ Ele me agarra pelos braços. _ Escutou o que eu disse? Médicos estão vindo, e você tem que confiar em mim, vai dar tudo certo, OK? Confia em mim._ E então ele me abraça apertado e beija minha testa. _ Ele está levando comida e água para somente alguns dias, mas tem dinheiro então não se preocupe com isso, OK?_ Perdido e confuso eu só aceno afirmativamente. _ Okay, então. . . Corre Uru, um dia a gente se encontra por aí._ Ele sai da minha frente e eu olho para a estrada de chão que está subindo um morro. 

— Kazuo. . ._ O olho assustado mas ele só empurra-me levemente. 

— Vou torcer por você, vai!_ Sinto um arrepio quando minha mão é pega e olho para o moreno, ele me olha sério mas sorri levemente, firmo minha mão na dele depois de vasculhar seus olhos.

E isso parece tão certo que mal percebo quando ele me puxa e começamos a andar, olho para trás e vejo Kazuo nos olhando, aceno para ele e sinto o moreno me puxar mais forte e então começamos um galope lento. 

Volto a olhar para frente e depois para o moreno, suspiro e mordo o lábio, subimos o morro rápido e depois disso consigo ver outros poucos morros que a estrada corta, até que fique plana e sumia no horizonte. 

Respiro fundo sem conseguir sentir-me apreensivo. Não sei por que, mas acho que é a presença de alguém aqui comigo, ou a ficha simplesmente não caiu.  Eu não sei, mas estou bem confortável.

Eu confio no moreno, é como se o conhecesse a anos, sinto que poderia vendar meus olhos e me deixar ser guiado por ele em um ninho de aranhas. 

Mordo o lábio. 

Continuamos trotando rapidamente, o vento fresco da noite batendo no meu cabelo, o cheirinho da relva molhada, a Lua brilhante, os grilos e cigarras. . . Tudo isso me acalma. . . Ou acalmava até eu perceber que meu trote manso passou para apressado, quase um galope.

Olho para o moreno e ele está trotando normalmente, mordo o lábio, ele é maior que eu, é claro que ele está trotando normalmente e eu nessa velocidade, ele é atlético e alto, em boa forma e eu não. 

Eu não deveria ter parado de treinar, meus Deuses! Um ano sem exercícios físicos apropriados me fazem um sedentário?! Não né?

Minha respiração pesada e rápida, meu coração batendo forte, minhas pernas tremem. . . A quanto tempo estamos correndo? Não é a muito tempo, é? 

Olho para trás, para ver o quanto já corremos, e do nada uma pedra surge do chão e eu tropeço. Simplesmente quase caio de cara no chão, seguro firme a mão do moreno tentando ter alguma base ou apoio, e ele firma a mão.

Me recomponho envergonhado e olho para o lado fingindo que nada aconteceu. Aproveito que paramos de correr um pouco para colocar as mãos na cintura e respirar acelerado, sentindo os pulmões queimarem. Só quero um pouco de ar.

Tiro o suor da minha nuca e testa, olhando para a Lua com o coração acelerado.

— Deuses! Me desculpe, não tinha percebido._ O moreno de aproxima com uma cara preocupada e eu o olho confuso. _ Não deveria ter corrido tanto, não pode fazer tanto esforço, e nem era para estar acordado, deveria ir dormir, descansar e beber um pouco de água. _ Ele desanda a falar e para na minha frente com um recipiente com água. _ Beba, acho que temos como acampar aqui._ Olha em volta determinado e eu sorrio pegando a garrafa de barro.

— Não se preocupe, eu estou meio fora de forma. . _ Ele nega com a cabeça e se aproxima ao ponto de colocar as mãos grandes e quentes na minha cintura. Sinto um arrepio subir junto com rubor nas bochechas e o olho desconcertado. 

— Eu deveria ter prestado atenção, você não pode fazer exercícios assim, e é totalmente compreensível que esteja fora de forma, é normal._ Ele beija minha testa e eu me sinto corar mais ainda, e sem saber o que fazer com as mãos eu simplesmente as firmo na garrafa de barro. _ Vou arrumar um lugar para dormirmos._ Ele sorri e sai andando para fora da estrada. 

Okay. . . Isso foi estranho. Muito estranho. 

Pisco confuso e olho para o horizonte escuro e friozinho. Cruzo os braços e começo uma caminhada lenta na direção do moreno, que está rondando uma árvore grande a um tempo. 

Vou andando até minha pata afundar em um buraco escondido por mato, no mesmo segundo que afunda meu coração acelera pelo susto e eu pulo para o lado assustado, e então ouço um chiadinho raivoso a minha frente e os matos se movem.

Deuses isso pode ser uma cobra!? Empino as patas da frente entrando em desespero, a coisa continua se mexendo entre o mato, chegando mais perto de mim, me fazendo pular e levantar desesperadamente as patas sempre que elas tocam no chão. 

E então um puxão no meu braço e eu dou uns bons passos para longe do buraco e da coisa que para de se mexer, mas eu ainda consigo ver os olhos vermelhos me encarando do chão. 

— Calma, OK? O que foi isso?_ Ele olha para o bicho e depois olha para mim confuso. _ O que houve? Tem medo de coelhos?_ O olho tentando fazer meus olhos arregalados voltarem ao normal, mas não consigo.

— Não pode ser um coelho! Esse bicho me atacou! _ Acuso apontando para o monstrinho. 

— Não sabia que coelhos eram violentos._ Fala e eu vou concordar com ele mas paro ao perceber seu tom de voz. 

— Tá debochando de mim? _ Coloco as mãos na cintura incrédulo ao notar o sorriso bonito agora direcionado ao coelho. 

— Bem. . . Nunca tinha visto ninguém com medo de coelhos. . . Desculpe?_ Encolhe os ombros e sorri aberto me olhando como uma criança. Ergo uma sobrancelha.

— Eu não tenho medo de coelhos!_ Bato o casco no chão e volto a andar dando uma volta enorme no coelho e evitando o buraco. 

— Não foi o que pareceu, nem o que eu vi._ Veio alegremente para me encher o saco.

— Então abra os olhos!_ Cruzo os braços vendo ele se colocar ao meu lado. 

— Tem realmente medo de coelhos?_ 

— Já disse que não! Eu tava só andando, e aí, quase cai num buraco, na mesma hora o coelho saiu do meio do mato!_ O olho de rabo de olho. _ E ele 'tava rosnando pra mim! Eu não sabia o que era._ Me defendo. 

— Sei. . . _ Sorri mais ainda. _ Mas não passou pela sua cabeça que era uma toca de coelho e que talvez você tenha assustado uma mãe e seus filhos?_ O olho e viro a cabeça para o outro lado.

— Claro que já pensei nisso! Mas eu não queria, não foi culpa minha!_ 

— Não tô falando que foi. . ._ Dá de ombros e me guia até as raízes da árvore grande. _ Não tem bichos aí, deita e descansa, amanhã a gente continua a caminhada. _ Ele sorri e eu não resisto ao retribuir o sorriso, me deito no meio das raízes e o olho.

— Não vai dormir?_ Pergunto.

— Não. . . Agora não._ Sorri e eu confirmo. 

Okay então.


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Notas finais do capítulo

''''Meu nome é Aoi! E eu vim aqui levar meu companheiro e meu filhote para casa."''
Talvez o Uruha não seja infértil?


Um Parceria de MalikaHarunoo , Kagura Way e Elisha_Sky



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