Recomeços escrita por Sophia Snape


Capítulo 8
Into my arms


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora, mas esse capítulo custou. Ufa! Obrigada novamente a minha beta suprema, Daniela Teixeira, e obrigada também a tod@s os membros do grupo Severo Snape Fanfictions pelo carinho, pelos comentários, pela força. Vocês são incríveis!

Agora sobre este capítulo: atenção a uma das cenas porque pode significar muitas coisas no futuro.

Espero que gostem! ♥



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I don't believe in an interventionist god
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if he felt he had to direct you
Then direct you into my arms

Nick Cave

O mês de setembro passou numa velocidade assustadora. O clima de verão foi se dissipando no ar para dar espaço ao clima mais ameno do outono. A vila foi ficando vazia de turistas aos poucos, e era possível ver cada vez mais os estudantes da universidade em Marselha que costumavam visitar nos finais de semana.

Mas essas mudanças mal foram notadas pelos dois bruxos que trabalhavam incansavelmente na pequena botica na quarta rua à esquerda. Desde o dia em que firmaram o contrato, a conversa estranha foi deixada de lado num acordo tácito e silencioso. Hermione voltara no dia seguinte para assumir seu novo cargo oficial de assistente, e tudo se desenrolou de uma maneira muito natural que deixou ambos completamente surpresos – não que eles fossem admitir isso, claro.

Na verdade, Severo estava chocado com o quão fácil estava sendo. Simplesmente não era possível. Que ela era completamente irritante e obstinada, ela era. E quanto mais liberdade ele dava, mais ousada ela ficava com dicas aqui, e inovações ali, e ideias novas. Mas o pior de tudo é que estava funcionando. Estava dando certo. O caroço mais difícil para o Severo engolir era que Hermione Granger era, de fato, muito competente. A ponto dele deixá-la usar um caldeirão caríssimo no dia anterior.

Desde que ela se tornou oficialmente uma empregada da Botica, Severo a proibiu terminantemente de tocar no caldeirão de titânio. Ele deu toda uma palestra sobre o quão raro era caldeirão feito daquela maneira, o quão caro havia sido, de como isso alterava o tempo da poção, etc. Hermione ouviu tudo dividida entre a sede pelo conhecimento e a exasperação, já que nada daquilo era uma novidade para ela. Mesmo assim, ela esperou pacientemente e ouviu todas as instruções antes de se concentrar no trabalho. Isso surpreendeu novamente o mestre de poções, e é claro que novamente ele odiou. Severo não gostava de surpresas, e tudo o que irritante Hermione fucking Granger fazia era surpreendê-lo. Seja positiva ou negativamente. E ele detestava das duas maneiras. Era muito fora da sua zona de conforto para lidar.

Severo passara a vida inteira desempenhando papeis: ele foi o deslocado na sonserina, o aluno odiado, o filho não desejado, o comensal, o professor frio, o diretor. Em algum momento todos esses papeis se misturaram na sua cabeça e ele sequer sabia quem era. Agora, ele estava exausto.

Olhando para as colinas a sua frente, da janela da sua pequena sala de estar, Severo suspirou. O relógio em cima do balcão indicava que ele já estava atrasado. Lançando um accio não verbal para as chaves do carro, Severo olhou para a paisagem mais uma vez antes de enfrentar o dia. Não faria sentido ficar adiando o inevitável, e ele nunca fora um covarde para se esquivar de situações difíceis. Não, ele tinha que enfrentar. Só que desta vez era diferente.

Porque ele não tinha que enfrentar o que ele não era. O que ele não queria. O que era feio e obscuro.

Ele tinha que enfrentar a própria vida, o medo de olhar para o sorriso brilhante dela e não derreter com a sua luz. O medo de não ser forte o suficiente para manter erguidas as paredes do seu coração e se proteger do quão doce e familiar ela parecia. De ceder ao jeito determinado e irritante e adorável dela.

Ele simplesmente tinha medo de não resistir.

...

— Granger, os novos contratos da Hospital de Bruxelas chegaram. Deixei na mesa para você dar uma olhada.

— Tudo bem, assim que a poção entrar em cozimento dou uma olhada.

— Pode levar para casa se quiser, eles são um pouco mais complexos que os outros que você leu. Eles querem lotes muito maiores, e um tempo de entrega menor.

— Eles vão pagar quanto a mais por isso?

— Ofereceram vinte por cento dos valores normais que a Botica cobra.

Hermione franziu a testa enquanto picava a pele de ararambóia. – Acho que você pode exigir quarenta por cento. Imagino que eles estejam exigindo um lote reposição para doenças respiratórias bruxas? São poções muito caras e delicadas, vão exigir um tempo de trabalho maior. Além disso, teremos que aumentar os pedidos com os fornecedores de embalagens. Com vinte por cento a mais você vai ter pouco lucro e quase não vai cobrir os gastos.

Severo concordou, tentando não parecer tão impressionado. – Certo. 

— De qualquer forma, vou dar uma olhada. De repente seria interessante submeter os seus contratos a um bom advogado a partir de agora.

— E por quê eu faria isso? – ele a olhou como se ela fosse insana.

Hermione suspirou, impaciente. – Porque é o que os advogados fazem.

Severo a dispensou com a mão, dando atenção a papelada a sua frente. – Você faz isso muito bem.

O comentário foi despretensioso, mas Hermione ficou completamente estática. Isso tinha sido um elogio? Não poderia ser.

— Bem, eu– ela tentou falar, mas o choque a impediu. Ele sequer se dera conta do que havia dito, e continuou a mexer na papelada com aquela ruga entre a testa que a deixava completamente fascinada. Ele parecia tão carrancudo como sempre, mas para um olhar mais atento era possível perceber que havia um contentamento nele, uma tranquilidade que só é possível existir em uma vida que é feliz.

— Além do mais – ele continuou enquanto assinava uma série de papeis, como se aquela pequena frase de cinco palavras não tivesse abalado completamente a vida de Hermione. Como eu sou patética, ela pensou – Não quero envolver uma outra pessoa nos negócios. Você e Minerva já são mais que— ele a olhou, sugestivo – suficientes.

— Você decide. – ela finalmente conseguiu responder, voltando o olhar para a poção a sua frente, mas já era tarde demais.

Tudo aconteceu muito rápido. Naquele pequeno momento de distração Hermione esquecera de lançar um feitiço de êxtase na poção e jogara o último ingrediente. Antes que ela sequer conseguisse pegar a varinha Severo se lançara sobre ela antes de caírem em um baque surdo no chão de madeira. O caldeirão explodiu num estrondo, mas Severo fora rápido o suficiente para criar um escudo de proteção e impedir que o líquido os atingisse.

Olhando para trás, Hermione se perguntaria exatamente o que aconteceu. Ela tentaria entender o que fizera de errado, quanto tempo demorou até que percebesse o deslize, e quanto tempo ele levara para entender que o caldeirão explodiria e chegasse até ela. Parecia impossível até para os bruxos. Estava muito além de uma reação normal, mas então... Não havia nada de normal ou mediano sobre Severo Snape. O bruxo era poderoso dos pés à cabeça e Hermione pode sentir cada extensão do corpo daquele homem no seu.

— Eu–

— Você está bem? Se machucou? – seus olhos dispararam sobre os dela, preocupados.

Hermione piscou, surpresa, e ofegou com a intensidade do seu olhar. As mãos dele estavam espalmadas nas costas e na nuca dela, de forma que ela mal sentia o chão de pedra mesmo estando praticamente estendida sobre ele.

— Sim, estou bem. – ela finalmente conseguiu gaguejar de volta – E você?

— Nenhum dano feito. – Severo se esforçou para responder, mas sua voz estava rouca. A quanto tempo ele não ficava tão próximo de um outro ser humano? Não, a quanto tempo ele não ficava tão perto de uma mulher? A quanto tempo ele não segurava uma em seus braços? A quanto tempo ele não sentia uma pele em contato com a sua?

Nos últimos anos apenas o perfume da mulher misteriosa que o salvara invadia os seus pensamentos, e agora... ela parecia exatamente o que era: uma lembrança distante, intangível. Enquanto que a mulher em seus braços estava ali, existindo em carne e osso, presença. E que presença...

O olhar de Severo inevitavelmente deslizou dos olhos dela até o nariz perfeito e arrebitado, pontilhado por sardas aqui e ali. Depois, seus olhos se voltaram para a boca dela, os lábios vermelhos e absolutamente... beijáveis. Ele se assustou com o rumo dos seus pensamentos e se desvencilhou bruscamente dela, rompendo completamente o contato que haviam compartilhado a pouco.

Hermione mal teve tempo de processar o que havia acontecido até sentir a mão dele puxando-a pelo braço.

— O que você estava pensando, Granger? Aliás, no que você não estava pensando?

Os olhos de Hermione se encheram de lágrimas, certa de que ela estragou tudo. De que era justamente o motivo pelo qual o Severo estivera esperando desde o começo para demiti-la.

— Sinto muito! – ela piscou para impedir as lágrimas de caírem – Não sei o que aconteceu. Devo ter me distraído e–

— Distraído? E você é o quê? Um aluno idiota do terceiro ano? Não podemos nos dar ao luxo de distrações, garota!

— Isso nunca aconteceu antes, eu juro-

— Você arruinou completamente um caldeirão extremamente raro. E caro. Você está aqui para acrescentar, e não causar mais prejuízos. – a voz dele era cortante.

— Mas eu nunca– Hermione sentiu o lábio tremer, mas se manteve firme. Ela não desabaria na frente dele.

— Isso sem falar no que poderia ter acontecido se eu não tivesse agido rápido o suficiente. Poderia ter explodido a loja inteira! O que aliás foi pura sorte. Toda a botica poderia estar arruinada! Isso sem falar na vila, nas investigações que inevitavelmente viriam, e em toda a dor de cabeça que eu enfrentaria pela sua incompetência!

— Eu sinto muito! – ela estourou, soluçando – O que você quer que eu diga? Me demita! Não é isso que você está esperando para fazer desde o primeiro momento em que coloquei os pés nessa vila idiota?!

Era tudo demais. Tudo muito intenso. Ela se sentia humilhada. Se sentia como uma aluna novamente, sendo repreendida pelo professor na frente de toda a turma. A sensação de deslocamento, de não pertencimento, de se sentir excluída, não querida, não amada, veio à tona como uma enxurrada. Esse sentimento de insegurança que ela conseguira enterrar bem no fundo de sua mente, com o restante dos seus traumas, veio com força total, e ela não aguentou.

— Talvez eu devesse mesmo! Até hoje não entendo o que está fazendo aqui, qual o seu plano, quais são as suas intenções. A sua vida é tão patética que você precisa se esconder numa vila com o professor que odeia? Não sabia que era tão masoquista, Granger.

— Eu não– ela se segurou antes que falasse demais, mas as palavras dele vieram como um tapa para ela. Odiar? Ele não fazia ideia... – Quer saber? Você está certo. Não tem nenhuma razão lógica para eu estar aqui. Eu tentei, mas você simplesmente NÃO-CEDE! É impossível trabalhar com você, Snape. Você nem tenta. E eu cansei. Cansei de ser tratada assim.

— E como você queria ser tratada, Granger? – ele se aproximou dela, furioso.

— Eu não sei, Snape, como um ser humano, talvez? Com o MÍNIMO de cordialidade? Com o MÍNIMO de educação? Eu fiz parte do seu passado, sim! Mas e daí? Você também fez parte do meu e nem por isso eu estou fugindo!

— Ah, não? – ele sorriu com escárnio, cruzando os braços sob o peito – Não está fugindo, Granger? E o que está fazendo aqui? Onde estão seus amigos? Seu marido? Seus pais?

— Não fale dos meus pais! Você não sabe nada sobre isso!

— Talvez eu saiba uma coisa ou duas. Talvez eu saiba que você os obliviou e, ao que tudo indica, eles não aceitaram muito bem ter toda uma vida apagada pela PRÓPRIA FILHA.

— Cale a boca! – Hermione gritou, completamente histérica – Você não sabe, não entende! Eu não tive escolha! Era o único jeito! E eu nem sei por que estou aqui, me explicando para você! E quer saber? Parabéns! Você conseguiu. Eu me demito!

— Ótimo!

— Era exatamente o que você queria, não é?

— Quer saber? Sim! Sua presença aqui me incomoda profundamente. Você perturbou toda a minha paz, Granger, e eu quis sim que você fosse embora. Torcia todos os dias para que você errasse, ou desistisse, e simplesmente me deixasse em paz.

Hermione riu, seca. – Então é o seu dia de sorte: estou indo! Vou dar duas semanas de aviso porque ainda sou uma pessoa responsável e você nunca mais vai precisar olhar para mim, Severo Snape. Nunca mais!

— Nunca mais? É uma promessa, Granger? Eu espero que seja.

— Você é um idiota completo. Eu não sei como-

— Como o quê?

Hermione suspirou, sentindo que toda a energia gasta na briga estava começando a exigir seu preço. Ela mal se mantinha sob os próprios pés. – Esquece. Não é importante.

Severo assentiu, resistindo ao impulso de invadir a mente dela. Ela ainda escondia alguma coisa importante, e ele queria mais do que tudo descobrir. Mesmo que agora não importasse. Não mais. – Eu vou limpar isso e-

— Deixa. Pode encerrar o dia hoje. – Severo sequer olhou para ela enquanto a dispensava, se concentrando apenas em pegar a varinha para começar a limpar o laboratório. Ele executou vários feitiços de proteção e limpeza no automático, mas toda a sua atenção estava nela se movendo ao redor do laboratório para ir embora. Que droga ele tinha feito?

Seus pensamentos foram interrompidos, no entanto, ao observar algumas gotas de sangue no chão. Rapidamente ele olhou para si mesmo em busca de algum ferimento, mas não havia nada. – Estranho. – ele murmurou, se perguntando como a Hermione poderia ter se ferido durante a explosão. Mas antes que ele pudesse pensar mais a respeito um grito de dor o atingiu.

— Granger? – Severo correu até ela – O que aconteceu? Você se feriu?

— A minha mão. Merda! Dói muito! – Hermione soluçou, se odiando por chorar na frente dele não uma, mas duas vezes no mesmo dia.

— O que aconteceu?

Ele se agachou na frente dela, pegando a mão machucada com cuidado. O toque que tinha toda a intenção de ser puramente clínico, mas Severo foi totalmente surpreendido. No momento em que as suas peles se tocaram todo o seu corpo tremeu, como se a terra inteira tivesse entrado em colapso e ele pudesse sentir o tremor subindo das solas dos pés e atingir todas as suas terminações nervosas. Foi a sensação mais estranha que Severo já havia sentido em toda a sua vida, porque não ruim. Era só... diferente. Diferente de tudo e qualquer coisa que ele pudesse ter experimentado.

Bruscamente seu olhar buscou o dela porque ele precisava saber se tinha, finalmente, ficado louco, ou se ela também sentira. – O que- Severo tentou perguntar, notando que pela expressão chocada em seu rosto ela também se sentira da mesma maneira. Mas antes que qualquer coisa pudesse ser dita uma outra onda de dor a atingiu e Severo se forçou a enterrar o momento estranho bem no fundo da sua mente para examinar depois. Era assim que sua mente brilhante funcionava, era assim que ele conseguiu ficar vivo depois de servir a dois mestres por toda uma guerra: compactando. Emoções. Desejos. Dores. E até medo. Cada emoção ficava separada para que ele não cometesse nenhum erro, nenhum deslize.

Voltando a atenção para a queimadura, seu olhar era compenetrado e analítico, atencioso, como se não tivessem brigado a menos de dois minutos, e como se toda a sua existência não tivesse sido completamente abalada. – Você chegou a ter contato com a poção? Eu te machuquei de alguma maneira quando caímos?

— Não – Hermione mordeu o lábio inferior, sentindo as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto – foi o feitiço. Merda! Isso dói!

— Vem, vamos olhar essa ferida com clama. – Severo sussurrou.

— Eu não quero a sua ajuda!

— Você está chorando no chão da minha loja, Granger, não acho que tenha muita escolha.

Ela retrucou, fugindo do toque dele. – Eu estou bem!

— Deuses – ele rogou por paciência – Granger, vou te dar duas opções: ou você caminha como uma pessoa sensata até o laboratório para que eu possa olhar o que aconteceu com a sua mão ou eu te levo a força. Sua escolha.

— Você não ousaria! Eu denunciaria você por assédio e- Severo Snape, me coloca no chão!

Ele a ignorou enquanto a carregava de volta para o laboratório, totalmente alheio aos xingamentos. – Você não me deu escolha.

— Eu poderia facilmente dar conta de um ferimento por feitiço, Snape.

— Você curvada sobre a própria mão e soluçando no chão da botica me fez perceber o contrário. – ele murmurou enquanto a colocava com cuidado sobre o balcão. – Estenda o braço para a frente.

Hermione cedeu contra a vontade, e o movimento brusco arrancou um gemido estrangulado de dor.

— Com cuidado, Granger. – ele disse pausadamente, como se ela fosse uma criança malcriada – Você quase piorou a ferida.

Hermione observou a contragosto enquanto ele se movimentava pela sala em busca dos materiais certos. Alguns ela reconheceu, como a bile de tatu e o pó de espinha de peixe-leão; outros a deixaram intrigada, mas ela estava com exausta e com muita dor para pensar em qualquer coisa.

Delicadamente ele subiu a manga da blusa dela, expondo mais da pele do braço. Com muito cuidado ele limpou a ferida com um feitiço, e depois manualmente.

— Vai doer um pouco. – ele avisou – Agora, o que aconteceu? Não entendo. Que feitiço você lançou?

— Foi involuntário. – ela murmurou, sabendo que não adiantaria mentir. – Quando vi que o caldeirão iria te atingir, digo, a nós dois – corrigiu rapidamente – simplesmente lancei o escudo. Fiquei muito boa com eles durante a guerra. – Isso, pelo menos, não era uma mentira.

— E por que a sua mão direita está assim? Você chegou a pegar a varinha?

—  Mal encostei nela, não deu tempo. Mas acho que foi um choque entre os dois feitiços: o involuntário e o que eu pretendia lançar.

Severo ponderou por um momento, depois completou.

—  Você lançou um feitiço extremamente complexo e sem varinha?

—  Sim, bem, eu não queria que a botica explodisse.

Hermione cerrou os dentes para conter a dor, mas era tão forte que ela se sentiu zonza.

—  Estamos quase lá. – ele murmurou, e de alguma maneira ela começou a se sentir mais relaxada.

—  É o bálsamo para queimaduras? Com mel, azeite e calêndula?

Severo a olhou de relance, surpreso. – Sim. Já usou antes?

Hermione assentiu, tentando não pensar na dor. – Durante o tempo que passamos na floresta. Foi necessário.

—  Você não foi atenciosa o suficiente. – disse depois de um tempo – Poderia ter sido pior. – ele resmungou.

—  E você não precisava ter sido tão- Ah! – seu rosto se contorceu de dor, e ela praguejou pelo menos três palavrões.

Severo teve que segurar para que o lampejo de um sorriso não aparecesse. Jamais poderia imaginar que ela teria uma boca tão suja.

— Influência do Sr. Weasley, presumo.

Hermione respirou fundo à medida que a pressão na mão aliviava, e abriu um dos olhos para ver se a expressão dele era a típica sonserina ou apenas um comentário divertido.

— Bem, sim.

— Agora vou usar o feitiço de cicatrização. Você sabe que vai doer, então pode apertar o meu braço se precisar.

Se ela não estivesse sofrendo tanto teria se espantado com a abertura dele. – Tudo bem.

— No três, ok? 1, 2 e Altum Sanitatem!

Hermione oscilou entre a extrema dor e o alívio profundo. A cada lançamento do feitiço o sofrimento ficava mais distante para dar lugar a uma sensação de frescor agradável, mas junto com essa sensação ela se sentia mais fraca. Seus olhos foram fechando contra a sua vontade, e seus sentidos ficavam mais distantes até que ela não conseguiu se controlar e cedeu à inconsciência. Mas não sem antes perceber que ela estava no único lugar que ela mais desejava estar e pela terceira vez em poucas semanas.

Nos braços de Severo Snape.

...


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Notas finais do capítulo

E agora? Será que o Severo volta atrás na decisão de demiti-la?

*Into my Arms é uma música lindíssima do Nick Cave. Aliás, estou pensando em montar uma playlist de Recomeços no Spotify. O que acham?



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