A New Order escrita por TiiaMeddy


Capítulo 26
Breves Férias na Praia - Parte 02




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—Como vai aí, Keith?

 

Katherine falava com o irmão após os demais irem para suas barracas, tendo a breve visão de Kise entrando na de Oliver pelo canto do olho. Keith simplesmente se recusara a ir com eles, não conseguiria suportar um dia sequer de um tal “acampamento”, porém a ideia de praia não o desagradava. Esbanjando o dinheiro de sua família, estava deitado em uma cadeira na varanda de um resort havaiano, aquecendo-se com uma xícara de um novo chá que vinha bebendo a poucos dias.

 

—Bem melhor que vocês, eu espero. Alguém já tentou se matar?

—Olha, sim. Fizeram a “flecha assassina”. Foi uma boa ideia ter apresentado aquele filme para as duas, aparentemente adoraram. Mas ninguém acabou se ferindo.

—Uma pena.

—Aparentemente eles planejam um desempate. Fora isso, foi bastante tranquilo... e seu novo namorado? Já está acostumado aos presentes e viagens?

—Ele não é meu maldito namorado, Katherine. Como meu assistente, ele deve estar ao meu lado e permanecer apresentável.

—Namorado, assistente, dá na mesma. Enfim, estarei perto daquelas duas se houver um desempate para servir de testemunha e lhe mandar os vídeos. Tentarei dormir agora e você devia fazer o mesmo.

—Eu estava indo até você me ligar, está carente irmãzinha?

—Sim, mas eu já tenho um futuro alvo em mente. Mande um olá para o seu “assistente” por mim.

—Certo, certo... – Keith apenas ouve a ligação se encerrar, retornando para dentro do quarto onde via um rapaz pouco mais baixo que ele igualmente desfrutando de uma bebida quente. Ao ver o outro voltando, ele se assusta, pondo a xícara na mesa ao lado e indo até ele, atento a qualquer palavra.

—Sua irmã? – Os olhos por trás das lentes redondas, tão azuis quanto seus cabelos, o encaravam sentar-se em uma das camas do quarto, segurando a xícara que ele levava e pondo em uma das mesas.

—Sim. Parecem estar se divertindo lá. Como se dormir no chão fosse assim tão interessante.

—Bem, eu pessoalmente gosto. É bem bonito quando se está em um lugar sem a iluminação artificial das cidades, o céu fica maravilhoso.

—Hm... contanto que não me leve junto, eu não ligo que você vá, Aoi. Mas não se esqueça de seu trabalho.

—Claro que não, oras! Afinal, eu me ofereci para ser seu assistente. – Voltando para perto dele, Aoi o encara levar ao colo um notebook, retirando-o de seu alcance antes que fosse capaz de liga-lo.

—Hey, devolva!

—Chega de trabalho por hoje! Agora vá dormir. – Colocando o aparelho em um local seguro, ele cruza os braços, encarando-o irritado. – Não faço apenas os seus caprichos, meu trabalho é literalmente te manter vivo também! Vai acabar infartando de tanto estresse. Essa viagem não era para comemorar e relaxar?

—Eu já fiz isso...

—Um único brinde de dez minutos não conta, Keith. Mas é sério. Está tarde. Não quero ser obrigado a amarrá-lo na cama.

—Tsc... certo... – Ele revira-se adentrando as cobertas, vendo Aoi sorrir vitorioso enquanto ia para a cama do lado.

—Quer um beijinho de boa noite também? – Aoi ri com a reação de Keith, o britânico apenas bufando e se enfiando nas cobertas sem o dar uma resposta decente.


******

 

O colchão inflável que trouxera estranhamente se tornara bem mais confortável que o normal da noite pro dia, mais quente e agradável até mesmo que sua cama. Não pôde deixar de se aninhar mais ainda naquela estranha massa que estava ao seu lado, a preguiça e sono o impossibilitando de ter um lado racional naquele momento. Bem, era de fato estranho, não era apenas um amontoado de tecido. Ignoraria aquilo por hora. Ou tentaria, pois começou a se mover para cerca-lo. Isso o fez arregalar os olhos em choque.

Não conseguia ver muito, apenas o decote de alguma roupa preta revelando um peitoral de pele escura, sentindo braços fortes retribuírem o abraço que ele ainda mantinha. Continuava mais confortável que em sua própria cama, mas o pânico o tomara por completo, e agindo por impulso, findou por acordar a pobre arma ao seu lado após gritar e empurrá-lo, totalmente esquecido de que ele o havia permitido adentrar sua tenda. Kise então pula pelo susto, olhando ao redor tentando procurar qualquer coisa que o tivesse assustado, não encontrando nada e o tranquilizando. Ou ao menos tentando.

 

—H-Hey, Orii! Aibo! Respire, o que houve?

—O-O que está fazendo aqui, Kise!?

—Eh? Eu te disse ontem a noite. Ririi me expulsou de nossa tenda e você me deixou dormir aqui.

—Deixei?

—Não lembra mesmo? Bem, você estava com bastante sono, acho que realmente deve ter pensado que foi um sonho... – Kise leva a mão ao queixo, pensativo. – Ah, mas isso podemos ignorar. O que importa agora é que você está bem. Vamos nos unir aos outros? – O sorriso gentil dele sempre o tranquilizava, querendo ou não, fazendo-o concordar e simplesmente acompanha-lo. Porém, em questão de segundos de sua saída daquela tenda, uma confusão se espalha no acampamento improvisado.

 

Ártemis e Katherine carregavam o par de idiotas de volta ao acampamento, um par de flechas improvisadas perfurando-as, fazendo o restante do grupo saber do que se tratava sua atividade anterior. Oliver nem ao menos estava mais chocado, vendo Erwin chamar uma ambulância antes que ele pudesse voltar para pegar o celular. Porém ele os vira sair ao lado de Kise, o dando um leve riso que aumentou seu nervosismo que ainda não sumira por completo.

 

—Não é o que parece! – Tsuki inicia, pressionando o braço para impedir um sangramento maior.

—Então o que foi, Tsuki? – Masamune se aproxima, quebrando a flecha enquanto Mason ia para a estrada junto a Ártemis e Illyia para guiar os paramédicos para o local. Illyia não tinha na verdade motivos para ir, apenas queria fugir do grupo.

—Bem...

—A gente foi atacada por índios. – Erin completa na maior cara de pau existente, Kath explodindo em risos. Mexendo os pés animadamente, ela parecia lidar razoavelmente bem com a maldita flecha perfurando o esquerdo, o sangue pingando dele e manchando a areia.

—Como vocês chegaram a esse ponto? – Oliver dessa vez.

—Tá, tá... a gente achou uma loja aqui perto que vendia material esportivo e lá tinham algumas flechas a venda, então pegamos mais uma para deixar mais difícil. Mas eu fui acertada por último, então eu ganhei! – A albina sorria vitoriosa, estufando o peito.

—Não vale, a sua flecha atingiu mais embaixo! Revanche!

—Não tem como a gente fazer revanche, sua flecha está quebrada.

—ESSA É A PREOCUPAÇÃO DE VOCÊS!? – Oliver e Ártemis, simultaneamente.

 

Ouvindo a voz da bruxa coelho, o grupo repara no retorno deles junto aos paramédicos, o pequeno grupo de especialistas tratando dos ferimentos de ambas. Não era nada grave, mas precisariam ficar quietas pelo resto do dia, o que causou um profundo descontentamento de ambas (e um leve tapa dado por seus parceiros). A maior parte do dia o restante do grupo apenas aproveitava o tempo que lhes restava na praia, porém com a chegada da tarde já desmontavam o acampamento feito por eles. Mais calmo, Oliver passou um dia bastante agradável ao lado de Kise, ignorando o par de idiotas e finalmente se dando um descanso. Erwin obviamente o provocaria mais tarde, mas isso seria um problema para o Oliver do futuro. E para o próprio Erwin do futuro também, o atual agora apenas sendo capaz de notar a felicidade genuína de seu professor.

Ártemis acabara se voluntariando para cuidar das duas idiotas que se auto mutilaram, conferindo se elas estavam quietas e bem, e também tentando usar magia para acelerar a regeneração de suas células. Ao menos possuía companhia, um Illyia entediado preferindo ficar no acampamento e conversar um pouco com a bruxa coelho. Em poucas horas já estavam no caminho de volta para Death City. O retorno foi bem mais tranquilo que a ida, visto que boa parte dos presentes estava esgotado e duas das presentes estavam feridas. Erwin virou o rosto para o banco de trás por um momento, vendo parte dos presentes cochilando encostados nos outros, Oliver e Kise inclusos, o albino com um sorriso bobo no rosto. Hito, ao seu lado, compartilhava de um sorriso semelhante, a caneta voando pelos papéis enquanto cumpria sua condição. Hito devia muito ao loiro, e Erwin sabia disso, agradando sua cabeça após ver que ele havia terminado por agora. O movimento do carro estava atrapalhando sua escrita.

Com isso, o moreno encosta-se em seu ombro, completamente em paz após tantos anos. Masamune estava ansioso para contar tal novidade a Maka, ver que o filho daqueles dois estava alcançando resultados sem forçar nada a Hito. Apenas o oferecendo as oportunidades que eram aceitas de bom grado pelo mais velho. Ambos tinham uma forte confiança um no outro, e Maka sabia melhor que ninguém que ele era a pessoa ideal para ajudar Hito a se tornar novamente o professor que um dia ele havia sido. Mas momentos de tensão a parte, Masamune guiava o veículo tranquilamente de volta à cidade da morte, e com a aparição das primeiras estrelas, finalmente estavam de volta em casa.


******

 

Rummu Karjäär, mesmo anos antes da ReBirth, já era um grande ponto turístico. Humanos vem e vão por anos, sem nem ao menos suspeitar que aquele lugar é na verdade um antro de bruxas. As mulheres centenárias já assumiram completamente muitas cidades no mundo, porém três em específico eram as que possuíam mais bruxas que humanos: Rummu, na Estônia; Pripyat, na Ucrânia; e Cluj Napoca, na Romênia, este último sendo um território neutro. Bruxas já vivem em Cluj a séculos em paz, sendo protegidas pelo governo local justamente por elas estarem infiltradas tão profundamente na política local que absolutamente qualquer mulher é protegida lá, seja bruxa ou não. Além disso, também há lendas sobre uma protetora misteriosa que vive nos arredores da cidade, ela afastando qualquer artesão ou arma que tivesse pensamentos violentos para com uma bruxa inocente (ou não).

Sobre Pripyat, toda e qualquer bruxa neutra sabia da existência de outras naquele local. Tendo apenas a negação da aceitação do acordo entre bruxas e Shibusen em comum, tanto as neutras como a ReBirth viviam em paz. O clássico caso de “se não os incomodar, não nos incomodarão”. Mas Rummu era diferente. Por mais que soubesse que aquele lugar estava cercado de bruxas, apenas uma quantidade mínima tinham conhecimento do laboratório da ReBirth nas ruínas da antiga prisão abaixo das águas. ReBirth crescia mais e mais, a ponto de que até mesmo o turismo daquela área era composto por membros que ocultavam sua real localização de turistas entusiastas de mergulhos.

Sendo a rainha absoluta daquela construção, Hyaci caminhava entre as celas após seu breve retorno a Pripyat, os dando instruções enquanto Ryuunei ainda permanecia incapacitada. A pequena água viva seguia logo atrás dela, a notificando dos avanços em sua ausência. Novas cobaias adquiridas do Djibuti, venenos em fases de teste, treinamento das novatas no local e o andamento de sua pesquisa preciosa: a criação de um kishin usuário de magia.

Seus contatos com as irmãs Volpe a ajudaram bastante. Yui ainda possuía manuscritos originais de quando era aprendiz de Medusa Gorgon, a servindo de norte quando iniciara, entre eles uma breve e inacabada pesquisa sobre os possuidores de alma dokeshi. Ela não foi a primeira e muito menos a última a pesquisa-los, porém parecia mais algo feito para gastar o tempo que a obra prima de sua vida, o sangue negro. Mesmo assim, fora perfeito para começar, usando-a de base para sua própria e criando dokeshis em seu laboratório. Ou ao menos tentando, a quantidade de sucessos sendo muito inferior à de fracassos.

E por mais que os alimentasse com almas humanas, ainda não ficava perfeito. Ainda não nascia um kishin, assim como Crona em seu começo.

Crona...

Naquele momento em sua vida, ela havia percebido onde havia errado. Precisava de uma arma. Precisava de um artesão usuário de magia e uma arma para ser devorada por ele, assim como Asura o fez. E felizmente não eram difíceis consegui-los, frequentemente encontrava duplas em missão durante suas viagens, embora não cooperassem. Precisava seriamente encontrar uma bruxa que pudesse usar alguma magia de controle mental, mas a única que conhecia capaz de tal façanha não aceitara se unir à ReBirth: Sayuri Nadasdy.

Com isso, dependia apenas de sua querida Kaiji, esperando que a jovem bruxa pudesse desenvolver um veneno de controle mental semelhante ao de Shaula, a oferecendo todo material necessário para sua protegida enquanto as demais se focavam na tortura de artesãos com a esperança de que se tornem dokeshi.

 

—As cobaias 22-M e 22-W seguem vivas, mas a 22-B continua negando a absorção de almas humanas. A 29-W já teve sua sanidade quebrada e as absorve sem pensar, mas a 29-M ainda não obteve sucesso na transformação em dokeshi. – Kaiji seguia logo atrás da morena de mechas loiras, a notificando detalhadamente o avanço dos artesãos e armas capturados.

—E com relação aos M e W número 17?

—A-Ah, esses dois... – Ambas seguem até duas celas distintas, uma ao lado da outra, possuindo um casal de loiros separados pela parede. – Continuam sendo os mais teimosos... nenhum avanço...

—Tsc, esses são os que mais desejo ver a evolução, visto que os tirei das mãos de Medusa. Dobre a frequência de “visitas”. E os afaste mais. A proximidade pode os estar fazendo recuperar a sanidade que ainda lhes resta, em especial a da arma.

—S-Sim, tudo o que desejar, Hyaci-sama... Ah! A senhora tem uma visita. Yui-san chegou pouco antes de seu retorno e deseja uma reunião.

—A mande para meu quarto, estarei esperando lá. Tanto ela como você mais tarde.

—S-Sim senhora!

 

Hyaci então segue seu rumo para seu quarto naquela antiga prisão, aguardando pela sua convidada, sorrindo pela organização estar agora na palma de sua mão. Se obtivesse sucesso nesta pesquisa, ela seria mais poderosa que Sayuri Nadasdy. Pouco depois, Hyaci adentra a sala com Yui, afastada poucos metros da raposa devido ao seu veneno. A morena agradece, chamando a jovem albina para seu lado e guiando Yui à uma mesa próxima, Kaiji as servindo uma bebida quente para ambas. Yui parecia não estar de bom humor, recusando a bebida da mais jovem.

 

—Poderia saber o motivo de sua visita, querida conhecida?

—Oliver está na Shibusen.

—Mas isso você já tinha me contado, Yui. Não se preocupe, sua irmã já se infiltrou em Death City, em breve quem sabe...

—Ele é parceiro daquela pirralha. Aquela que você quase matou, sabe?

—“Quase”? Ela sobreviveu? Nossa, ela é forte mesmo.

—E problema. Desde quando ela se infiltrou na Shibusen e o que quer?

—Não acho que aquela mulher está diretamente ligada. Se não, também estaria em Death City. Mas eu sei o que está pensando... teme que ele seja levado pela garota, certo?

—Também achei que gostaria de terminar o serviço. Ele possui uma alma grigori, é de seu interesse uma arma com uma alma rara, não?

—Não apenas ele... ambos artesã e arma poderiam ser interessantes. Kaiji, notifique Lyze. Ela acompanhará Alizon em Death City.


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