Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 38
Solo Quédate en Silencio


Notas iniciais do capítulo

Não, ainda não é o último capítulo.
Vão ler, vá. Pensando se eu encho o vosso saco nas notas finais :B
Capítulo dedicado a: May_Mello e Alexa Marry pelos reviews que me matam de rir *-* e à dona Valéria, que começou a ler a fic (ok, ela não se atualiza tão cedo, mas enfim)
Enjoy (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/79627/chapter/38

Só fique em silêncio 5 minutos

Acaricia-me um momento, vem junto a mim

Te darei o ultimo beijo

O mais profundo

Guardarei meus sentimentos

E irei para longe de você

Me dá tua mão,

Me devolve o ar

Diz que me ama,

Que não é culpado

Pelo menos um momento

Me diz que isto não é certo

Solo quédate en Silencio - RBD

*-*-*-*-*

 

     - É adeus.

     Engoli em seco. Ela virou o rosto e murmurou:

     - Eu não vou chorar. Eu não quero chorar. Não é preciso.

     Ergui seu rosto novamente.

     - Você tem que ir?

     Ela balançou a cabeça afirmativamente.

     - Tenho. Bill... eu te amo... mas você tem seguir em frente.

     - Preciso?

     - Precisa. Isso tá sendo mais difícil pra mim do que pra você... Por favor não se prenda a mim. Você tem a banda... preocupe-se com Tom, Georg e Gustav. Eu vou ficar bem, e nunca vou te esquecer. Mas você precisa seguir em frente.

     - Ok. Vou tentar. – disse e abracei-a forte. – Não quero te perder... – beijei-a de novo. Pela primeira vez eu tremi. Me submeti. Estava frágil como um filhote de passarinho. Eu não queria, mas se era preciso... seria feito.

     - Eu te amo, Bill... – ela sussurrou.

     - Te amo, Mari.

     - Adeus. – ela se soltou de mim e saiu apressada do salão.

     Me segurei fixo onde estava para não ceder ao impulso de ir atrás. Respirei fundo a fim de evitar lágrimas e fui atrás de alguma coisa para beber.

     BILL OFF

     O que eu queria realmente não era dormir, mas sim escrever uma carta para D. Silvíe, uma para o Tom e outra para o Bill; cujo conteúdo desta última, depois do que houve esta noite, terá que ser completamente modificada em relação ao que eu tinha pensado inicialmente.

     Por fim, consegui escrever as duas primeiras cartas rápido, mas empaquei na do Bill. Era tanta coisa pra dizer e eu não sabia como... gastei várias folhas num rascunho e no fim desisti. Abri o papel da carta do Tom e escrevi isso como PS.

     Saí do apartamento de madrugada, bem antes de clarear. Dei uma última olhada no prédio que foi minha casa durante os dois últimos anos e saí andando sem olhar pra trás, primeiro pra me livrar das três malas que estava carregando.

     POV BILL

     A festa acabou e nós voltamos pra casa. Inútil dizer que eu não preguei o olho. Ela estava indo embora e sabe-se lá quando... SE e quando voltarei a vê-la. Rolei pela cama, insone, quando fui ver já eram 4 da manhã. Sem aguentar mais e sabendo que a Mari sairia entre 4h30 e 5h, levantei, me vesti e saí sem fazer barulho. Andei as poucas quadras até a rua onde ela mora e fiquei escondido na esquina. Não demorou dez minutos e ela saiu, e foi andando para o outro lado.

     Com muito cuidado, a segui de longe. Ela carregava três malas mais a mochila e usava a mesma roupa do dia em que nos conhecemos. Depois de andar um pouco, ela entrou numa igreja. Me perguntando o que ela ia fazer, esperei em silêncio e um minuto depois ela saiu, agora só com a mochila. Andou mais, e eu atrás. Chegamos ao parque. Estava fechado. Com movimentos rápidos e uma agilidade que eu não conhecia nela, Mari pulou o portão e se adentrou correndo no parque.

     Esperei alguns segundos e fiz o mesmo. Não demorei muito a adivinhar aonde ela estava indo: o único lugar onde se pode sumir sem ser visto é onde tem uns pinheiros de tronco baixo que parece uma floresta densa, atrás do coreto. Fui até lá. Não foi difícil achar onde ela caminhava olhando por baixo. Adentrei-me por entre os pinheiros cautelosamente e fui atrás.

     Nunca tinha ido para lá antes. Descobri que além dos ditos pinheiros há umas rochas altas planas, e foi sentada numa dessas que achei a Mari.

     - Mari! – chamei quando saí do meio das árvores. Ela se assustou.

     - Puta que pariu; Bill, o que tu tá fazendo aqui?!

     - Não consegui dormir. E eu vim atrás de você.

     - Você é insano. Eu vou vaporizar daqui a qualquer momento...

     - Eu preciso de você. Eu preciso ficar com você, eu não v...

     - Cala a boca! Isso aqui tem que acontecer. Você sempre soube que um dia eu iria embora, não importa o meio...

     - Eu só queria estar perto de você.

     - Pra quê?! Você não ia estar sentado na poltrona ao lado se eu estivesse indo embora num avião quando este decolasse! Não tem sentido você fazer isso!

     - Mas é diferente.

     - Tanto faz.

     Silêncio. Ventava. Depois de um minuto, perguntei:

     - Voltaremos a nos ver?

     - Eu voltarei. Te conheço pelo Tokio Hotel, lembra? Estarei com você e te verei sempre. Mas você...

     - Chegaremos ao Brasil? Ah, tá.

     - Muito mais longe! E se algum dia vocês forem pra lá, tenha certeza de que eu vou no show. Eu estarei lá, Bill, não importa onde seja. Mas eu vou te pedir de novo, não se prenda a mim, viva a sua vida... Você tem coisa muito importante pra fazer do que ficar sofrendo por minha causa...

     - Mas eu preciso de você! Me dê pelo menos alguma coisa pra eu lembrar de você...

     - É melhor não, Bill. Por favor, me entenda. Nós precisamos seguir em frente e ficar com lembranças não vai ser bom.

     - E como a gente fica? Como fica tudo o que a gente viveu junto?

     - E como EU fico? Eu tenho que ir embora, eu não pertenço a esse lugar, a esse tempo!...

     - Eu queria que você ficasse.

     - Mas eu não posso. Eu não posso. Nós temos o nosso canto em algum lugar nesse mundo... E o meu caminho começa na minha casa... no meu tempo, no meu país.

     - Maria...

     - Eu tenho que ir, mas vou sentir a sua falta. Você não tem noção do quanto.

     Ouvimos um apito. Ela tirou um controle branco de um bolso da mochila e disse:

     - Dois minutos.

     - O que é isso?

     - O aparelho que me trouxe até aqui e que vai me levar de volta. Vulgo “máquina do tempo”.

     - É esse trocinho?

     - É.

     - Quebra isso e fica aqui comigo.

     - Bill, por favor! Eu tenho uma vida fora dessa redoma onde eu vivo clandestina! Eu não pertenço a esse lugar! – ela disse começando a chorar.

     - Eu te amo.

     - O mundo é seu, Bill Kaulitz. Não deixe que uma ilusão do passado te impeça de tê-lo. Faça isso por mim.

     Beijei-a rápida e profundamente.

     - Obrigada por me ensinar pra que serve o amor e por me mostrar o que é ser amada... Graças a você eu sei o que significa a frase “eu te amo”. E isso é tudo o que eu posso dizer. – Mari se soltou de mim e pegou a bolsa – eu te amo, Bill Kaulitz.

     - Eu te amo, Maria Eurídice... – ela começou a sumir quando comecei a dizer o seu nome - ... Garcia Albuquerque Duarte.

     Ela se fora. Maria agora era lenda. E eu, um pobre impotente sozinho apaixonado, sem conseguir fazer nada.

     BILL OFF

     Abri os olhos e me vi na mesma esquina onde estava quando acionei o controle e apareci na Alemanha. A cabeça latejando. Olhei no celular. Dezenove de outubro de 2009. Estou de volta. Mas não consigo sair do lugar. Caí sentada no asfalto e desatei a chorar. E chorei até não aguentar mais.

     Ignoro quanto tempo levei para secar o estoque, só sei que levantei do lugar rezando pra não encontrar ninguém em casa. E chegando lá, não havia ninguém mesmo. Andei pela casa para re-reconhecer o território e parei no meu quarto. Sentei na cama e abri a mochila. Tire algumas coisas de dentro. A jaqueta que Bill me deu “de aniversário no Natal”, o scarpan que ganhei da D. Silvíe, o single que Tom me deu e a pulseira folheada com o nome do Bill gravado. Foi tudo o que eu trouxe da minha viagem no tempo.

     Então eu peguei o controle e fiquei-o encarando. O que isso me causou... Ideias malignas começaram a surgir na minha cabeça: de voltar e dizer para o Bill que não caísse por mim; de voltar e corrigir o que eu mexi; de voltar e fazer tudo diferente; de voltar e... Larguei as ideias. Nada fazia sentido. Deixe o passado, você já o alterou demais. E já é uma coisa boa eu ter voltado e encontrado tudo normal.

     Mas... tem o futuro, o futuro ainda não aconteceu... O futuro pode ser alterado, e eu vou ter que devolver essa coisa mesmo!... Peguei o controle novamente, programei para as coordenadas de origem, me armei com a cara e a coragem e apertei de novo o fatídico botão vermelho.

     Apareci num legar desconhecido, mas que me soava confortável e seguro. Meio hesitante, chamei a mim mesma:

     - Maria?

     Sem resposta. Tentei mais alto:

     - Maria Eurídice?

     - Quem tá aqui? Quem tá me chamando? – uma voz muito parecida com a minha disse de dentro da casa.

     - Sou eu... quer dizer... você. Ah, sei lá. Vim te devolver a geringoncinha.

     - Ah. – “eu” apareci no corredor. – E aí, como foi?

     Abri a boca para falar, mas não saiu coisa alguma. Em vez disso, eu comecei a tremer, e os olhos novamente lacrimejaram.

     - Deu... – consegui dizer – deu tudo errado!... Eu sou um desastre... Eu... eu alterei tudo...

     - Você interrompeu o Backer?

     Fiz que sim com a cabeça.

     - Fez amizade com os gêmeos?

     Repeti o gesto.

     - Falou o que não devia na festa da escola, passou o Natal na casa deles, namorou com o Tom de mentirinha?

     Respondi “sim às três perguntas.

     - Foi às duas gravadoras com eles? Georg te pediu em casamento? Você ficou com ele depois da primeira vez em que o Bill te beijou?

     - Fui, pediu, fiquei; mas como é que você sabe de tudo isso?!

     - Você não fez nada errado.

     - Hã?!

     - Você fez exatamente o que era pra ser feito. Eu te mandei não alterar as coisas... pra alterar a ordem das coisas. Pra ver se tudo mudava, pra eu não passar o que você está passando tudo de novo...

     - Então... tudo o que houve enquanto eu estive lá são fatos que estão na História?

     - Basicamente.

     Fiquei sem ação. Apenas depois de alguns minutos ela disse:

     - Eles estão aí.

     - “Eles” quem?

     - Tokio Hotel. Estão no Brasil.

     - E você... e você vai ficar aí parada? Não vai atrás do Bill, falar com ele? Você não pode ter tanto sangue de barata! Eu não sou assim! Se você é realmente eu, e sabe como ele ficou quando você foi embora, e se realmente o amou como eu amo e sabe do que eu estou falando, me deixe viver os próximos onze anos vazios da minha vida com a certeza de que eu voltarei a vê-lo! De que poderei um dia dá-lo uma explicação decente a meu respeito e mostrar a minha verdadeira cara...

     - Eu não posso fazer isso, você sabe...

     - Você pode sim! Senão eu vou alterar a História de outro jeito... chego de volta à minha casa e nos mato!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música? Um clássico, né? *-* Eu ia colocar Gotta Go My Own Way (é, a do HSM.), mas troquei na última hora, essa tem bem mais a ver hn'
Se a epígrafe saiu desformatada de novo, desistamos. Já tô bem estressada por hoje sem precisar que o nyah ajude .-.
Enfim. Até semana que vem. :*