Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 35
Fragile


Notas iniciais do capítulo

Aee voltei com mais um capítulo o/
Esse é o último que tinha trecho no celular. Agora só tem letra de música (e eu excluiria a metade se tivesse caderno onde escrevê-las. Não tenho mais caderno, como lida?)

Depois de uma semana, meus créditos do Nayh Club finalmente caíram *fogos*
E eu aproveitei e tomei vergonha na cara e pus uma foto da minha pessoa no avatar.

Enfim, sem mais enrolação
Enjoy (:



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Você acha que me vê

E tudo

que você me considera

Você pensa

que sou mais do que você

Você pensa que me vê

Você gosta do jeito

que sou forte

na sua frente

Mas eu sou frágil também

Eu sou frágil também

Fragile - Kerli

*-*-*-*-*

 

     Mamãe nos fez comer às 19h, para que estivéssemos atentos, dispostos e alimentados para nos vermos na tevê. Não era a minha primeira vez na telinha, mas era muito mais emocionante e eu estava dez vezes mais nervoso. Às 20h, estávamos todos os 7 encolhidos no sofá; nosso pai deixou o DVD prontinho para eu gravar o programa, e todo mundo vidrado na televisão.

     Anunciaram no começo do programa que naquela noite teríamos a estreia de uma banda de garotos (“NÓS”). Mas foi só quase no fim que apresentaram a canção chamada Durch den Monsun – eu já tinha começado a gravar – e nós quatro ajoelhamos no meio da sala quando o clipe começou a passar. Tom, Gustav, Georg e eu; abraçados de joelhos com os olhos fixos na televisão. Eu chorava. Talvez isso nunca mais aconteça. Mas o momento valeu.

     Quando acabou, levantamos do chão e começamos os quatro a gritar. Conseguimos! Chegamos lá! Pelo menos o primeiro passo... foi dado.

     Depois ignoramos a tevê e ficamos todos discorrendo sobre como seria daqui pra frente – tal qual fazíamos Gustav e eu no fim da tarde. Gustav, Mari e Georg foram para suas casas, já estava ficando tarde. Tom e eu também tínhamos que ir à escola no dia seguinte, mas estávamos elétricos demais para dormir. Mas mamãe nos fez ir para a cama, de qualquer jeito.

     Me lembro de como foi a nossa chegada na escola no ano passado. Fomos linchados. Esse ano, ontem, foi relativamente tranquilo.

     - Mas hoje o circo vai pegar fogo, Tom. Tô imaginando se a negada tava com a tevê ligada ontem à noite no Viva.

     - Né não! É hoje, Bill; é hoje que todo mundo vai calar a boca.

     - Preparemos os extintores. – falei antes de passarmos pelo portão.

     Nos primeiros quinze passos que demos escola adentro, parou-se o que estava sendo feito e todas as atenções se voltaram para nós. Pensei que iam sacar metralhadoras e começar a atirar na gente, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: no momento em que deslocamos o pé para dar o décimo sexto passo, saiu do lugar uma multidão em-lou-que-ci-da e caiu em cima da gente.

     Apesar de saber que tudo aquilo não passava de puro cinismo, não pude deixar de curtir a glória.

     Dar aula foi impossível. A escola inteira queria se aglomerar à nossa volta e saber de tudo e tirar foto e dar beijo e pedir autógrafo. Ah!... os primeiros reflexos da fama. Até os professores e os funcionários se renderam à confusão.

     Passamos a manhã dando entrevista aos curiosos, saindo em foto com os deslumbrados, recebendo beijos das meninas e escrevendo autógrafos aos já fanáticos. Em resumo, tivemos nosso dia de glória. Gordon veio nos buscar, como no ano passado, e encontrou certa dificuldade para entrar na escola devido ao povo que invadiu a rua gritando e segurando cartazes, que descobriu que nós estudamos aqui.

     Tom e eu quase não acreditávamos na loucura que uma única exibição de um clipe em rede nacional estava proporcionando. Mas ao entrar na escola na quarta-feira tivemos que aceitar. E crer que a negada não só nos engoliu como está nos bajulando horrores.

     Ao toque da segunda aula fomos chamados à diretoria. A diretora da escola andava de licença, e quem assumira o cargo em seu lugar fora a profª Sarah Frank. Foi ela que nos recebeu.

     - Bill Kaulitz... Tom Kaulitz...

     - Sim, Srta. Frank. Mandou nos chamar? – perguntei.

     - Mandei. Bom, sem nenhuma enrolação. Chamei-os para fazer um comunicado.

     Tom e eu engolimos em seco. Ela continuou:

     - Eu vi o clipe de vocês na tevê. Confesso que me impressionei. E é justamente por causa disso e pelo alvoroço que vocês têm causado ontem e hoje que lhes chamei para comunicar que vocês não podem continuar frequentando a escola.

     - Como é que é?! – Tom disse atônito.

     - Alunos não falam em outra coisa, professores não têm conseguido dar aula e os outros funcionários não têm paz para trabalhar. Não estou expulsando vocês; apenas sugerindo que abandonem. A rotina da escola essa semana foi completamente desfragmentada por conta do tumulto que vocês causaram e eu temo que isso se arraste por muito tempo.

     - Tá pedindo pra gente parar de estudar? – indaguei, incrédulo.

     - Basicamente. Já comuniquei a mãe de vocês. A partir de amanhã, não precisam mais vir à escola.

     Nossos queixos caíram.

     - Ok. Tá certo então. E enquanto isso, o que a gente faz? – Tom quis saber.

     - Deixem os professores tentarem dar aula. Não voltem para as salas. Fiquem no pátio, em algum lugar que não dê muito na vista.

     - Tá, né. – falei – Então até a vista, Srta. Frank.

     - Passar bem.

     Deixamos a sala. Pasmamos. Não precisamos mais vir à escola? ÓTIMO! Então não havia mais nada a ser feito; tratamos de nos refugiar no Jardim da Frente e passamos o resto do tempo fabulando o futuro.

     No dia seguinte, pedi ao Tom que ligasse pra Mari e a chamasse para almoçar aqui em casa. Há tempo que eu queria falar com ela; já que pintou uma oportunidade, vamos aproveitá-la.

     O almoço em si foi tranquilo; contamos a ela as últimas novidades da escola, a insanidade do povão para com a gente, enfim. Depois jogamos um pouco de videogame. Cansamos, Tom foi tocar a sua guitarra; e a Mari me chamou num canto e disse que precisava falar comigo.

     - Bill, me diz uma coisa... – ela disse baixinho – por que você tá me evitando?

     - Eu, te evitando? De onde tirou isso?

     - Da tua cara desde a última vez em que você me beijou, há uma semana. Queria saber o que está havendo.

     - Você tá paranoiando, Mari. Eu estou igualzinho sempre estive.

     - Ah, não tá não. Você quer que eu desfie todas as tuas ações que me fizeram chegar a essa conclusão?

     Dei de ombros.

     - Então vamos lá – ela começou a contar nos dedos. – Razão número um: você nunca foi de falar comigo usando monossílabos, e ultimamente é o que tu mais faz. Dois: nunca precisei chamar a tua atenção pra algum assunto, mas se duvidar começa a tocar Durch den Monsun no rádio e tu não escuta. Três: eu passatempo preferido do momento é me passar recados por intermédio do Tom. Quatro: você não me cumprimenta mais. E por último, mas não menos importante, você parece que ignora o fato de que eu não to nem um pouco confortável por você ter me beijado e ainda saído correndo em seguida.

     - Então só o que você quer saber é o fatídico porquê de eu ter te beijado?

     - Também, mas nã...

     - Então eu te digo o porquê. Eu tinha te falado, na primeira vez em que te beijei, que tenho tendência a viciar em algo que eu gosto.

     - Sem teatro, vai.

     - Ok. Porque você sempre sabe quando eu to tentando camuflar algum fato. – suspirei. – Em duas semanas você vai embora e sabe-se lá quando volta, se volta e se nessa volta vamos nos encontrar aqui em Magdeburg. Eu só queria... por causa disso... te dar uma lembrança forte... deixar uma marca minha em você.

     - Tá... E com que finalidade você fez isso? Pra ser lembrado por mim pra sempre; então bom, senhor gênio, tenho uma má notícia pra você; foi uma batalha tão inútil quanto covarde. Bill, pelo amor de Deus. Inútil porque você sabe muito bem que é... o meu... o meu melhor amigo, é, e que de você eu não esqueceria nem que eu sofresse uma lavagem cerebral. E covarde, porque depois de fazer tudo isso ainda começa a me evitar como se tivéssemos brigado... O que se passa dentro da tua cabeça?

     - Por que não esquecemos isso por ora e lembramos só daqui a uns anos, quando formos contar pros amigos, imagina você mostrando uma foto nossa e dizendo que eu te beijei no dia...

     - Você tá super se divertindo com isso, né, Bill? E tá achando que eu vou entrar fácil no embalo... Mas dessa vez, sinto te avisar que não vai ser bem assim. Isso não está sendo divertido, eu não estou a fim de fingir por ora que nada aconteceu e não estou gostando nem um pouco do teu descaso com os meus sentimentos.

     - Co-como assim, Mari?

     - Como “como assim”, Bill? Você jura mesmo que acha que eu caí na risada depois que você me beijou e foi embora? Não. Eu não entendi nada, Bill. E eu fiquei com isso na cabeça.

     - Você... Teria um jeito de você me desculpar por isso? Sem maldade, não queria te ofender, foi mal mesmo... É que você sempre me parece tão forte.

     - Forte? Acho que ser forte está bem longe de ser um vegetal inanimado sem sentimentos. É isso o que te faz pensar que eu não daria a mínima por você... enfim...?

     - Sinceramente... é, é sim.

     - Por quê...?

     - Achei que você não ia se importar... Afinal você mesma já me disse que o que sente por mim está dentro dos limites da amizade... a menos que isso tenha mudado e você não tenha me comunicado; nesse caso, peço desculpas em dobro.

     Ela custou um pouco a responder:

     - Não, Bill. E sim, você está desculpado. Mas vou te pedir pra que não se ache novamente no direito de fazer uma gracinha cujo resultado você desconhece. E saiba de uma coisa: a informação mais complexa que você sabe sobre mim é o meu nome completo.

     - O que quer dizer com isso?

     - Que você só acha que me conhece.

     - E o que isso tem a ver com o resto...?

     - Tem a ver que há mais coisas entre o céu e a Terra do que sonha sua vã filosofia.

     - E Shakespeare com isso?

- Cale a boca. Dependendo do teu merecimento, nem vale a pena tu ficar sabendo.

     - O que você tá insinuando?

     - Nada. Pra começo de conversa, se eu tivesse o que insinuar, não o faria.

     - Você adora brincar com a cabeça dos outros, não é?

     - Eu? Olha só quem tá falando. Não pense que é o único aqui que está num campo minado. Eu já me esquivei de algumas bombas, mas as piores estão pela frente.

     - Que papo é esse, Mari?

     Ela suspirou e disse com o olhar baixo:

     - Eu também tenho meu calcanhar-de-aquiles, Bill. Não é porque eu me mostro “forte” que sou invulnerável.

     Breve pausa. Mas eu não ia dar o braço a torcer.

     - Certo... – falei. – Então eu posso fazer uma coisinha?

     - Depende. O quê?

     - Sim ou não?

     - Não devo ter muita escolha, né... Então tá, vai. Mas olha lá o que tu vai fazer.

     - É que então... Agora que eu já sei o seu ponto fraco, seria muita burrice da minha parte não me aproveitar disso... – falei chegando mais perto dela.

     BILL OFF

     Bill passou a mão ao redor da minha cintura – cada vez mais perto – enquanto dizia:

     - Então eu vou fazer uma gracinha. E daí que você disse que não gosta? Eu sou cretino o bastante pra afirmar que você tá blefando.

     - E mais ainda por admitir isso. O que afinal você quer?

     - Ouvir de você de novo que se sente desconfortável me beijando. – rostos a um centímetro – Porque não é bem isso que eu sinto da sua parte, sabe? Então eu tô a fim de tirar a prova dos nove. Resista, se é que você consegue.

     - Ai, Bill...

     Meu protesto ensaiado saiu mais parecendo um gemido. Bill não me deixou mais falar nada, me beijou. Eu tinha tudo pra repelir – estava sóbria, atenta e alerta -, e mostrar pra ele que estava errado na teoria que acabara de dizer. Mas não. Eu me dei. Correspondi fácil. E fiz o beijo durar. Ao fim, falei:

     - Não pense que isso confirma sua hipótese infame. Eu já te disse que a informação mais complexa que você sabe a meu respeito é o meu nome completo? Ou não? De qualquer forma, não ouse abrir a boca.

     Saí andando, deixando-o a sós com seus botões.

     O que ele ficou pensando, pouco me importo. Eu só sei que passei o portão da casa dos Kaulitz com uma certeza: Bill não me quer simplesmente como amiguinha. E eu realmente sentia certo desconforto em ficar com ele, por pensar que ele estava só tirando uma com a minha cara; até agora, até eu perceber que o que eu sinto por ele tem o mínimo de reciprocidade. Eu podia me preocupar em me desesperar por isso, mas a sensação de ser amada de verdade pela primeira vez na vida não permitiu. Estou ciente de que não devo me iludir, e muito menos me apegar ao sentimento; mas por enquanto só o que eu quero é poder amá-lo em paz.

     Não somos amiguinhos de jardim de infância, somos desimpedidos e sabemos andar com as próprias pernas; logo, nada devia se colocar entre a gente. Mas trata-se de uma coisa muito maior do que todas as outras a barreira que praticamente nos proíbe de desocultar os desejos e sentimentos. Bill sempre foi uma pessoa inacessível para mim, e eu não existo. Já tem mais de dois anos que vivo em clandestinidade dimensional, e em questão de duas semanas eu vou desaparecer sem deixar rastro... enquanto ele tem toda uma bagagem de sucesso e sonhos realizados pela frente.

     Agora eu simplesmente não sei como eu fico: se feliz, pelo que estou sentindo; se triste, por saber que isso não vai (nem pode) durar muito; se esqueço por ora, já que depois Bill vai ter muita coisa mais importante com que se preocupar do que ficar lembrando de uma reles pseudo-intercambista que se apaixonou por ele; ou se me desespero, porque eu sei muito bem que não tenho nada de “reles” na opinião dele e que ele pode muito bem continuar lembrando de mim apesar de tudo o que aconteça.

     A última opção falou mais alto e eu desatei a chorar. E comecei a cogitar seriamente em contar tudo pra ele.


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Notas finais do capítulo

Notem: ela ficou tão feliz ao cair da ficha de que o Bill gosta dela que nem pensou nas consequências (pelo menos não com a neurose habitual).
Muitas emoções chegando, aguardem até sexta!

Gente
Quero todo mundo lendo LEARNING TO LOVE, da minha cunhada linda diva influência forever.
Link: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/96569/Learning_To_Love
Se vocês não lerem serão assombrados pela Sabine pelo resto da vida /vc /vc