Amai Kisu / Doce beijo escrita por Kagura May


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/796195/chapter/1

A bancada da cozinha possuí todos os ingredientes para os bombons do White Day. Esse ano é o primeiro em que Yugi Amane decidi entregar doces caseiros para a data, o que se amaldiçoa por sua escolha. Nos White Day's passados, entregou os doces a partir do que recebeu, dando apenas exclusividade em doces específicos e mais caros ao seu irmão mais novo, Tsukasa, mas, por ideia das suas amigas, todos do grupo combinam de entregar os doces a todos. Por quê? Simplesmente elas queriam receber chocolates maiores que não acabam na primeira mordida.

Um suspiro Amane deu com seu livro de receita em mãos. Por que escolheu justo bombons caseiros? E para piorar, foi levado a tentação ao notar a forma de coelhos de chocolate que decidiu comprar sendo os especiais para Tsukasa. Provavelmente, se não fosse por ele, nem teria tido essa ideia para começo de conversa. O deveria culpar mentalmente? Nem mesmo conseguiu, pois só de imaginá-lo saboreando o chocolate fez seu rosto aquecer junto com o peito.

 

— Vamos começar — anunciou para si mesmo, arregaçando as mangas e vestindo seu avental.

 

O chocolate branco foi picado com facilidade se tornando uma desculpa para enganar sua ansiedade que não o permite se concentrar. A imagem do mais novo degustando com um enorme sorriso insiste em manter-se.

O livro foi olhado buscando o próximo passo, que no momento é derreter o chocolate, seu maior desafio do momento.

A panela com água foi posta no fogão, junto com a tigela grande com os chocolates que foi posta por cima.

 

— Como vou saber a temperatura do chocolate? — reclamou amargurado com a possibilidade de dar errado. Tirou apenas esse dia para fazê-los escondidos já que Tsukasa está exercendo as atividades do clube e não pretende comprar mais ingredientes caso dê muito errado. E comprar um termômetro apenas para o momento está fora dos seus planos.

 

Após o chocolate derreter, Amane presta total atenção, decidido a acertar o momento certo de desligar o fogo. Deveria arriscar a deixá-lo mais? Foi a dúvida que ocorreu a cada segundo que passou.

Outro suspiro soltou. Desligou o fogo e levou a tigela para o pano que deixou em cima da bancada. Continuou a mexer, dessa vez menos esperançoso. O que seu chocolate caseiro vai ter de tão interessante? Nunca o fez e provavelmente não está tão cremoso quanto gostaria. Foi idiota em imaginar que poderá ser o melhor chocolate que Tsukasa possa comer. Se iludiu demais.

Com uma colher, separou os chocolates nas formas de coelhos e nas formas redondas, sendo a única diferença as formas de coelho que foram colocadas na metade. Amane se recorda bem do dia em que Tsukasa comentou gostar dos chocolates com castanhas e o comprou justamente para isso. Talvez isso dará um gosto mais especial que deseja? Conseguirá consertar seu erro com o chocolate disfarçando com as castanhas?

Se essa é sua única escolha para salvar ao menos o de Tsukasa, o fará!

Com todos prontos, os colocou no congelador torcendo, ou melhor, rezando para que dê tudo certo.

Pulou ao ouvir a porta ser aberta e a movimentação na entrada. O que houve? Por que está aqui tão cedo?

 

— Cheguei — anunciou Tsukasa ao entrar na cozinha, fazendo um arrepio forte percorrer o corpo do mais velho — Que cheiro é esse, Amane?

 

O mais novo colocou a bolsa na cadeira da mesa de jantar e se direcionou para a cozinha notando que seu irmão estará por lá.

 

— Ah, doces caseiros. É pro White Day?

 

As pernas começam a tremer acompanhada das mãos que suam frio. Era pra ser uma surpresa onde seria entregada em uma bonita caixa no final dia, já que até a data, Tsukasa o encontrará na geladeira mesmo que tentasse esconder. Como pode falhar? Tinha total certeza até minutos atrás de que seu irmão chegaria às cinco horas da tarde. Droga. Droga. Droga! Por que seus planos dão errado mesmo quando busca prever as situações possíveis?

 

— Amane? — o som da revista sendo pega pode ser ouvido, fazendo-o engolir em seco — Ah, bombons caseiros. Vai fazer um pra mim?

— E-eu...

 

O que dizer nesse momento? "Fiz uns especiais para ti"? Sem contar que ainda não estão prontos para ser entregues e nem revelados. O que deverá fazer? Como expulsá-lo da cozinha sem parecer suspeito? E ainda, terá que fazê-lo não escutar os barulhos da cozinha.

De repente, dois braços o envolve junto com as fungadas no pescoço que conseguem o tirar todos os sentidos. Por que tem que ser justo o seu irmão mais novo a fazê-lo enlouquecer? E para piorar, Tsukasa sempre manteve a intimidade de quando eram pequenos. Para onde fugir dos seus sentimentos nada fraternais sendo que o deseja?

Lábios pode ser sentido em sua nuca fazendo um calafrio passar por todo o corpo de Amane. Ele não pode permitir. Não pode deixá-lo continuar ou perderá todos os seus sentidos.

 

— Tsukasa!?

— Eu, eu — o respondeu com certa melodia.

 

Amane quer pedir para ser solto. Ele sabe o quanto é errado o que estão fazendo, principalmente seus sentimentos, mas por que não consegue se impor? O mais novo conseguiu tanto poder assim?

Sua mente gira amargamente entre a culpa. Não só por seus desejos impuros. Também por não tê-lo parado antes de chegar ao ponto onde estão, quase se agarrando como um casal recém casados, só que apenas nos abraços e caricias intimas.

 

— E eu? Não vou ganhar chocolate esse ano? — o mais novo repetiu como uma criança mimada tentando convencer a mãe ou o pai dos seus desejos.

 

As mãos foram passadas por dentro da camiseta, acompanhado do seu avental que foi solto.

O calor das mãos deslizando diretamente em seu peitoral.

A mordida na orelha.

A respiração quente sendo escutada e sentida.

A mão direita que foi para os cabelos.

 

— Vou?

 

Não...

Não!

 

— Vai! Agora me solta!

 

O pulso de Tsukasa foi puxado com certa dificuldade tentando o impedir de continuar com seus atos.

Finalmente, o caçula o soltou, mas algo nele o avisa que não foi a melhor atitude.

Amane se vira em desespero notando a distância que agora mantém. O que ele fez? Por que está estragando ainda mais sua surpresa? Era pro Tsukasa estar sorrindo, animado e agradecido pelo presente.

 

— Você me odeia tanto assim?

 

A surpresa veio a tona como uma maré o atingindo. Os olhos que tanto ama está a brilhar e não é em um bom sentido.

O que fez?

Por que é tão idiota e covarde?

 

— Tsukasa, eu-

— Por que só a Nene que recebe sua atenção? Por que você nota tanto ela? Eu... Eu também quero atenção! Quero coisas feitas por você! Você não entende!?

 

A voz ecoou em sua mente junto com a frustração que foi expressada. É possível que seja uma declaração? Ele está com ciúmes? Se Amane seguisse seus desejos, Tsukasa o aceitaria? Nada compreende, apenas as duvidas que estão insistindo em ficar na sua mente.

A distância diminuiu drasticamente com a aproximação do outro que veio de encontro aos lábios de Amane, roubando seu primeiro beijo.

Pode sentir a amargura e frustração de seu irmão, mas nada mais importa, só quer recebê-los sem fraquejar.

Pode ser um sonho.

Pode acordar com o despertador tocando.

E quem liga? Só quer ver o sorriso do seu bem mais precioso.

A língua invadiu o interior de sua boca o atrapalhando mais pela dificuldade em acompanhar os gestos, só que nada disso foi o suficiente para tirar o quanto Amane está se derretendo, transbordando em emoções.

Para o seu azar, o fio que restou após o afastamento, sumiu. Permanecendo somente os olhos se encarando em um puro desejo.

 

— Não vai dizer nada? — questionou o mais novo, mas o que Amane deveria dizer? Seu rosto por si já denúncia qualquer fala que poderia lhe dizer — Seu rosto tá vermelho de novo — riu se aproximando novamente com os olhos entre abertos — Mas eu gosto.

 

Outro beijo foi dado sendo mais calmo que o anterior. Talvez conseguiu acalmar os sentimentos negativos do mais novo?

 

— Eu estava fazendo seu chocolate, mas era pra ser uma surpresa — o respondeu em meio ao afastamento dos lábios, quase automático e sem pensar.

 

Um bufo de risos foi solto por Tsukasa que o fez notar o que acaba de dizer.

Ele é tão idiota? Pelo menos, conseguiu comunicar uma parte do que estava preso em sua garganta pedindo pra sair.

 

— Agora não importa mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amai Kisu / Doce beijo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.