Orgulhosos escrita por Bear91


Capítulo 6
Capítulo 5




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Deixou escapar um sorriso ao se espreguiçar, ainda se sentindo um pouco sonolenta. A visão dos raios de sol adentrando a quarto, graças a Samantha que havia acabado de abrir as cortinas, fez com que ela se sentisse estranhamente bem. Aquela sensação lhe pareceu estranha, algo que ela não sentia há muito tempo.

O duelo contra Kaiba havia lhe feito sentir-se viva novamente e mesmo que soubesse que provavelmente aquela sensação não fosse durar muito, e os fantasmas do passado logo voltassem para assombrá-la, ela queria apenas aproveitá-la o máximo que pudesse.

— Você parecer estar de bom humor hoje. — Samantha comentou, enquanto depositava uma bandeja no colo de Mai.

— É verdade, eu estou me sentindo muito bem. — ela respondeu ainda sorridente, levando a mão a uma xícara de café.

— E ao que se deve todo esse bom humor? Se me permite perguntar.

— Claro que permito, Samantha. Na verdade, eu gostaria de gritar para o mundo inteiro o que aconteceu ontem. Só de imaginar o quanto isso irritaria o Kaiba o meu humor só melhora.

— Eu não entendo… O que isso tem a ver com o Sr. Kaiba? — perguntou confusa.

— Ontem eu e o Kaiba duelamos. — contou, em seguida tomou um gole do café. — E adivinha só quem ganhou o duelo!? Você precisava ver a cara dele quando percebeu que foi derrotado, ele parecia tão furioso que eu pensei que fosse partir para cima de mim. — disse em meio às gargalhadas que não conseguia conter ao lembrar da cena.

— Sério? Você realmente venceu o Sr. Kaiba? — ela indagou surpresa.

— Claro, Samantha! E não deveria parecer assim tão surpresa, você pode até não saber disso, mas a verdade é que eu sou uma grande duelista. — ela declarou empolgada, mas em seguida ela se arrependeu das palavras que usara. — Quero dizer, eu costumava ser antigamente, agora as coisas se tornaram um pouco complicadas…

Ela sentiu a empolgação que sentia desaparecer e surgir em seu lugar uma enorme angústia.

“Uma grande duelista? Que piada.” pensou ela, recordando-se dos seus últimos duelos. Não exista nada de que ela devesse se orgulhar, havia causado tanta dor a seus amigos e a outras pessoas inocentes. Ela sabia que perdera o direito de se considerar uma duelista digna, contudo, Mai não queria pensar naquilo. Mesmo que fosse uma atitude covarde, ela queria se agarrar um pouco mais a breve sensação de bem-estar que sentia por sua vitória.

— Está tudo bem? De repente você me parece um pouco triste.

— Não é nada. — ela assentiu, forçando um sorriso. — Como eu poderia estar triste depois da vitória de ontem? Foi tão satisfatório ensinar uma lição àquele bastardo, é uma pena que isso não vá acabar por aqui.

— Eu não entendo, o que você quer dizer?

— É que o Kaiba não vai aceitar essa derrota tão facilmente, ele deve estar furioso por ser derrotado. Não deve demorar muito até ele aparecer exigindo uma revanche.

— E isso é algo ruim?

— Não exatamente, eu já o venci uma vez e posso vencer outra. Eu fico empolgada só de imaginar a cara dele ao ser derrotado novamente por mim.

— É bom te ver mais disposta, essa vitória parece ter lhe feito muito bem. Só tente não provocar tanto o Sr. Kaiba, eu temo o que pode acontecer se você o levar ao limite.

— Não há o que se preocupar, Samantha. Eu sei bem como lidar com aquele bastardo, ele não me intimida, ainda mais depois da vitória de ontem.

**********

Ele atirou com violência a pasta de documentos, já impaciente por ser incapaz de se concentrar. Após mais de dez tentativas, ele percebeu que não iria ser capaz de analisar aqueles papeis, sua cabeça não estava ali no seu escritório, era inútil tentar fazer qualquer outra coisa num dia como aquele. A sua consciência o atormentava incessantemente, lhe levando de volta ao momento em que fora derrotado por Mai.

Kaiba sentia o seu sangue ferver ao lembrar-se dela, de suas palavras, da expressão que tinha ao afirmar que ele havia perdido e principalmente por saber que ela não estava errada.

Ele agiu como se o duelo já estivesse ganho, negligenciou uma batalha que ainda não chegara ao fim. Havia a subestimado, deixou que o desprezo que sentia por ela o cegasse. Mesmo após ter o baralho de Mai em suas mãos, ainda assim não deu atenção ao potencial dele. Deixou de invocar mais monstros poderosos, simplesmente por considerar que seriam esforços desnecessários. Cometeu erros injustificáveis, dignos de um principiante e tudo por presunção.

A verdade era que tinha se enganado a respeito dela, ainda que odiasse admitir havia a julgado mal. E por causa desse estúpido erro o seu orgulho estava novamente manchado, dessa vez por uma pessoa que ele considerava muito inferior a ele.

Estava furioso consigo mesmo e com Mai Valentine. Desde o último duelo contra Yugi ele não tinha passado por algo assim, mas diferente de ser derrotado pelo Rei dos Jogos, sentia que aquela situação era inadmissível. Uma coisa era ser derrotado por Yugi Muto, alguém que havia feito por merecer seu respeito, e outra bem diferente era perder para Mai.

— Maldita! — ele exclamou com irritação — Como pude deixar que ela me humilhasse daquela forma? Eu não posso deixar as coisas desse modo, preciso reverter essa situação ridícula.

Seto não tinha dúvidas sobre o que deveria ser feito para aliviar a vergonha daquela derrota tão detestável, ele precisava duelar novamente contra Mai. E desta vez iria certificar-se de realmente esmagá-la, para apagar de sua memória todo o constrangimento que ele havia trago a si mesmo ao se permitir ser de vencido por ela.

*********

Mai estava sozinha no quarto, já fazia um bom tempo desde que Samantha havia se despedido dela. Começava a sentir-se sonolenta e imaginou que já deveria ser tarde da noite.

Havia cartas espalhadas por toda a cama, ela estava checando animadamente cada uma delas, com a intenção de conferir se realmente não faltava nada em seu precioso baralho. Ela queria ter feito isso quando teve seu deck de volta, mas graças ao duelo com Kaiba não teve tempo.

Ela sorriu contente, ao pegar a última carta, por fim confirmando que não faltava nada. Sentiu-se aliviada, havia passado tanto tempo longe do seu próprio baralho e temia não conseguir recuperá-lo intacto.

Enquanto juntava as cartas que estavam espalhadas, ela ouviu de repente a porta do quarto ser aberta. Logo concluiu que era Samantha e apenas continuou a recolher as cartas. No entanto, ao ouvir passos ecoando na sua direção, ela finalmente deixou as cartas e levantou a cabeça para encontrar a pessoa que estava ali, surpreendeu-se ao encontrar Kaiba em sua frente.

Seto tinha um olhar mais gélido que o habitual e trajava um terno azul-marinho. Não havia nem se dado o trabalho de se trocar, assim que chegou da KaibaKorp logo pegou os discos de duelos e dirigiu-se para o quarto de Mai, ele foi incapaz de conter a ansiedade de finalmente colocar um fim na questão que tanto lhe atormentava.

Ainda surpresa com a inesperada aparição de Kaiba, Mai não conseguiu ignorar o quão atraente ele parecia naquele visual. A cor do terno combinava perfeitamente com os azuis e frios olhos de Seto. Mesmo que ele fosse um grande imbecil, ela tinha que admitir que ele tinha uma beleza que não poderia ser facilmente ignorada.

— Sabia que é falta de educação entrar sem bater? Isso foi muito rude, eu poderia estar me trocando…

— Essa é a minha mansão, então posso me comportar como bem entender. — respondeu seco, a encarando com um olhar indiferente.

— Mas o que você quer comigo a essa hora? — ela questionou confusa, mas logo compreendeu o que ele estava fazendo ali, ao perceber que Seto tinha um disco de duelo no seu braço e segurava outro na mão livre. — Já veio atrás de uma revanche? Eu não imaginei que seria tão cedo, você é realmente obcecado. — completou, revirando os olhos em desgosto.

— É isso mesmo, Valentine. Eu exijo um novo duelo!

— E se eu não quiser? Já está tarde e eu já estou tão cansada, não sei se me sinto disposta o suficiente para duelar. — disse, fingindo um bocejo, apenas para irritá-lo.

— Nem pense em recusar, eu não sairei daqui enquanto nós não duelarmos. — ele anunciou com severidade, cada vez mais impaciente.

— Está bem, farei esse esforço por você. No entanto, eu tenho uma condição para aceitar esse duelo.

Ela viu naquele duelo uma oportunidade para se livrar das ameaças de Kaiba, então sem hesitar ela resolveu se ariscar.

— Qual?

— Eu duelarei com a condição de que nós façamos uma aposta.

— Aposta? E quais seriam os termos dessa aposta?

— Se eu ganhar você terá que me deixar ir embora daqui e jamais me ameaçar novamente, ou citar qualquer uma das coisas que você sabe a respeito do meu passado. — ela explicou, dessa vez com uma expressão séria.

— Entendo… então é isso que você quer. — ele disse parecendo pensativo. — Mas se eu vencer, o que eu ganho com isso?

Mai parou para pensar por alguns segundos, sem saber que resposta dar. Ela não tinha nada para oferecer naquele momento, mas como estava confiante que venceria resolveu não se preocupar.

— Bom, eu farei o que você quiser. Não me importo com o que escolha, não é como se você fosse ganhar.

— Você está bem confiante, não é? — ele questionou, a encarando com desprezo e por fim concordou com os termos. — Eu não gostei dessa aposta, não há nada que eu queira de você, mas eu aceitarei seus termos.

Seto foi até ela e lhe entregou o disco de duelo e então caminhou até o outro lado do quarto, para que houvesse espaço o suficiente para que os hologramas se materializassem. Mai então juntou as suas cartas, que estavam todas espalhadas na cama e embaralhou seu deck, em seguida encaixou o disco de duelo em seu braço e depositou o baralho no aparelho.

— Está preparado para ser derrotado novamente por mim, Kaiba? — perguntou ela num tom de deboche.

Seto a olhou fixamente por alguns segundos, espantado com o quão confiante Mai parecia estar, por fim ele deu um leve sorriso, parecendo achar graça nas palavras dela.

— Você está confiante demais, Valentine. Não pense que cometerei o mesmo erro duas vezes, eu não serei derrotado por você mais uma vez.

— Espera, então quer dizer que as últimas vezes que você foi derrotado pelo Yugi foram completamente planejadas? — perguntou, tentando novamente o atingir.

— Chega de conversa, vamos começar logo esse duelo. — a reposta foi seca.

— Claro, como quiser. Bem… como você foi o perdedor da última partida, deixarei que comece. — ela afirmou sorrindo, enquanto lhe lançava uma piscadela.

Ele a fuzilou com o olhar, já se sentindo impaciente com as tentativas dela de o provocar, que para a infelicidade dele estavam funcionando.

— Duelo! — os dois disseram ao mesmo tempo, em seguida ambos sacaram cinco cartas e o duelo finalmente teve o seu início.

— Primeiro, eu ativo a carta Graceful Charity, que me permite sacar três novas cartas, com a condição de descartar duas. — ele sorriu a ver as novas cartas que havia sacado. — Eu invoco o Giant Germ em modo defesa, então…

— Qual é a desse monstro ridículo? — questionou ela, o interrompendo. — Ele parece fraco demais para os seus padrões.

— Eu coloco uma carta virada para baixo e encerro o meu turno. — ele continuo, ignorando completamente as palavras de Mai.

— Minha vez! — anunciou ela, sacando uma nova carta. — Vou começar invocando a Amazoness Swords Woman em modo de ataque e agora eu te ajudarei a se livrar desse monstro tão lamentável. Vá Amazoness Swords Woman, destrua o monstro do Kaiba. — o monstro foi destruído, porém, logo o disco de duelo fez um barulho e os pontos de vida de Mai diminuíram e ela não conseguiu compreender o que acontecera. — O quê? Como eu perdi quinhentos pontos de vida?

Seto sorriu.

— É simples, foi graças a habilidade especial do meu monstro. Quando o Giant Germ é destruído por batalha e enviado para o cemitério ele causa quinhentos pontos de dano no oponente, além disso, eu posso invocar quantas cópias dele forem possíveis, direito do meu deck para o campo em modo de ataque. — ele explicou, invocando um novo monstro no campo, que era idêntico ao que acabara de ser destruído.

— Não faz diferença, ele continua sendo um monstro fraco. — ele disse sem humor, não muito feliz pelos pontos perdidos.

— Mas isso não é tudo, o monstro que você atacou estava infectado e ao destruí-lo você ativou a minha armadilha. Prepare-se para ter seu deck destruído, revelar armadilha: Crush Card Virus!

— O que essa porcaria faz? — ela perguntou entediada, não se impressionando com a carta de imediato, então lembrou-se do Reino dos Duelistas. — Espera… eu me lembro dessa carta, você a usou contra o Pegasus.

— Se você se lembra dela, então já deve saber o que te espera. Quando um monstro infectado pelo Crush Card Virus é destruído todos os monstros que oponente controla, que têm 1500 ou mais de ataque, são destruídos e isso inclui as cartas na sua mão e baralho.

— Não pode ser, todos os meus monstros mais fortes… — Mai se lamentou, ao observar sua Amazoness desaparecendo do campo.

Sua situação havia se tornado complexa, todo o seu baralho foi arruinado por aquela armadilha. Agora os únicos monstros que haviam restado no seu baralho, por terem apenas 1300 pontos de ataque, eram as três cópias da Harpie  Lady.  

— O que foi, Valentine? Será que não restou nenhum monstro no seu baralho? — ele zombou.

— Seu bastardo! Não pense que esse duelo já está acabado, você ainda está longe de me derrotar. Eu tenho todas as cartas que preciso para te vencer. — apesar das palavras ela se sentia insegura, o seu campo estava completamente desprotegido, então fez a única coisa que podia. — Eu ativo a carta mágica Monster Reborn e invoco especialmente do meu cemitério o Harpie's Pet Dragon em modo de ataque, e termino a minha jogada.

— Então é a minha vez. — sacou uma nova carta. — Eu invoco Vorse Raider em modo de ataque, agora é hora de acabar com esse seu dragão. Vá Vorse Raider, destrua aquele monstro insignificante.

— Mas o seu monstro é mais fraco, o que você está planejando?

— Ativar mágica rápida: Shrink! Essa carta corta pela metade o ataque do monstro alvo, ou seja, agora meu Vorse Raider pode facilmente destruí-lo. — o monstro de Mai foi destruído, causando a ela um dano de 900 pontos de vida. — E seguida eu ataco com o Giant Germ e encerro o meu turno.

Os pontos dela caíram para apenas 1600, enquanto Seto ainda estava com seus intocados. Ele não escondia a satisfação que sentia, tinha um sorriso convencido. Ela, por outro lado, começava a desesperar-se.

— Minha vez, sacar! — ela puxou mais uma carta, que acabou por ser algo que lhe auxiliaria. — Você perguntou se eu ainda tinha monstros no meu baralho, aqui está a resposta. Apareça, Harpie Lady! — ela afirmou, sentindo-se novamente esperançosa. — E isso não é tudo, eu darei a minha harpia alguns equipamentos. Primeiro ativo Cyber Shield, que aumenta o ataque dela em 500 pontos, segundo Rose Whip, que acrescenta 300 pontos de ataque, e para terminar eu ativo a Aero Nail, que dará mais 300 pontos. — por fim o ataque da Harpie Lady, graças aos equipamentos, subiu para 2400.

— Quanto trabalho só para fortalecer um monstro tão fraco…

— Você ainda se atreve a chamar a minha harpia de fraca? Apenas observe o que ela vai fazer com você. Harpie Lady, acabe com o Giant Germ! — o monstro foi destruído, fazendo com que Kaiba perdesse 1400 pontos de vida. — Viu o que ela pode fazer?

— Não esqueça do efeito do meu monstro, já que você o mandou para o cemitério irá perder mais 500 pontos de vida. — ele disse com indiferença, não se intimidando com o ataque de Mai. — Agora é minha vez! — disse sacando uma carta. — Eu invoco o Spear Dragon em modo de defesa, passo o Vorse Raider também para defesa e termino minha jogada.

— Resolveu passar para a defensiva? Então eu continuarei a atacar, vá Harpie Lady, ataque o Vorse Raider.

— Minha vez! — disse puxando uma nova carta, que era justamente o que ele precisava naquele momento. — Primeiro eu ativo a carta mágica White Dragon Ritual, ofereço um monstro da minha mão como sacrifício, então invoco o Paladin of White Dragon em modo de ataque. Mas ele não vai ficar em campo por muito tempo, porque eu ativo a sua habilidade especial, que o oferecendo como tributo me permite invocar especialmente um Blue-Eyes da minha mão ou deck. Apareça meu poderoso e mais leal servo, Blue-Eyes White Dragon!

— Esse dragão estúpido de novo? Eu já o de destruí no nosso primeiro duelo, não vai ser difícil fazer de novo.

— Lamento, Valentine. Mas você não irá tocar novamente no meu precioso dragão. — ele afirmou em um tom sério, parando para encará-la. — O que aconteceu ontem foi um grande equívoco, um erro que jamais se repetirá. Então tome cuidado com as suas palavras, porque em breve você será esmagada pelo meu Blue-Eyes.

— O duelo ainda está longe de acabar, deixe de dizer coisas estúpidas e termine logo a sua jogada.

— Para a sua sorte, devido ao efeito do Paladin of White Dragon, não posso atacar com o Blue-Eyes nessa rodada. Eu apenas colocarei uma carta virada para baixo e encerro meu turno.

— É a minha vez, sacar! Eu ativo a carta mágica Pot of Greed, que me permite sacar duas novas cartas, em seguida ativo a mágica Elegant Egotist e invoco especialmente uma nova Harpie Lady em modo de defesa. Agora vá harpia, destrua o Spear Dragon. — o dragão desapareceu, restando apenas o intimidador Blue-Eyes no campo de Kaiba. — Eu coloco uma carta virada para baixo e finalizo a minha jogada.

— Minha vez. — puxou uma nova carta. — Ativo a habilidade especial do Thunder Dragon, que ao descartá-lo me permite adicionar duas cópias dele para minha mão, então ativo a carta mágica Polymerization para fundir os dois e invocar especialmente o Twin–Head Thunder Dragon em modo de ataque. Vá, Twin–Head, destrua a harpia que está em modo de ataque.

— Não, você não vai destrui-la! Revelar armadilha: Harpie Lady Sparrow Formation! Quando meu oponente declara um ataque e eu tenho duas ou mais harpias em campo eu posso ativa-la, além de negar o ataque do seu monstro ela ainda o força a encerrar a sua Fase de Batalha.

Kaiba deu uma risada amarga, já se sentindo impaciente com a duração daquele duelo. A cada minuto que passava ele se sentia mais ansioso para ensinar uma lição a Mai, precisava derrotá-la para lhe mostrar qual era o seu verdadeiro lugar e principalmente para ficar em paz.

— Pode atrasar esse ataque o quanto quiser, nada mudará o fato de que no final todos esses monstros medíocres serram destruídos.

— Claro, Kaiba. Exatamente como aconteceu ontem, não é? — zombou novamente, enquanto puxava uma nova carta. — Eu só vou colocar uma carta virada para baixo e termino a minha vez.

— Twin–Head, ataque novamente a harpia!

— Idiota, eu já lhe disse que não vai tocar nas minhas harpias! Ativar armadilha, Mirror Wall! Essa carta cria uma barreira de proteção em volta dos meus monstros, toda vez que um dos seus monstros atacar terá o poder cortado pela metade. Pode dizer adeus para o seu dragãozinho, Kaiba.

O monstro dele teve o ataque cortado pela metade, fazendo com que fosse destruído e causando um dano de mil pontos em Seto.

— Maldita! — exclamou frustrado.

— Se você já acabou, então é a minha vez. — disse confiante, pegando uma nova carta. — Eu ativo a carta mágica Spell Reproduction, que me permite pegar de volta uma carta mágica do meu cemitério, desde que descarte duas mágicas. Eu escolho a Monster Reborn, agora com ela trarei de volta o querido mascote das minhas harpias. Apareça: Harpie's Pet Dragon! E para cada harpia em campo, ele ganha 300 pontos de ataque e defesa.

— Então essa besta imunda está de volta? Não é como se ele fosse páreo para um dragão de verdade como o meu, em breve ele será destruído novamente.

— Claro, vá em frente e o ataque. Quero ver se o seu poderoso dragão será capaz de derrotá-lo após ser afetado pela minha barreira de proteção. Eu vou apenas colocar uma carta virada e com isso termino o meu turno.

— Minha vez! — ele sacou uma nova carta, sorrindo vitorioso ao ver o que acabara de puxar. — Esse duelo já se estendeu por tempo demais, é chegado o momento de pôr um fim nessa batalha! Primeiro ativo Monster Reborn e invoco especialmente do meu cemitério, um novo Blue-Eyes.

— Isso não está certo, você não tinha nenhum Blue-Eyes no cemitério.

— Eu descartei no meu primeiro turno, quando ativei Graceful Charity. Todo esse tempo ele esteve lá, apenas aguardando o momento de finalmente vir à tona e participar do momento final da sua destruição.

— Não fique tão confiante, o fato de ter dois Blue-Eyes não muda nada, a Mirror Wall ainda continua em campo. — disse tentando parecer despreocupada, mas a verdade era que aqueles dois dragões não poderiam ser ignorados.

— Isso é o que veremos, Valentine. Agora eu invoco La Jinn the Mystical Genie of the Lamp em modo de ataque, então ativo a carta mágica Heavy Storm, que destruirá todas as mágicas e armadilhas em campo.

Mai logo compreendeu o que aquilo significava e ficou em choque.

— O quê? As minhas armadilhas…

— Isso mesmo, agora o campo está livre. — ele salientou com ferocidade, já sentindo o sabor da vitória. — La Jinn, acabe com harpia que está em modo de defesa! — a harpia desapareceu, fazendo com o que o dragão de Mai perdesse 300 pontos de ataque. — Meu primeiro Blue-Eyes, destrua a harpia restante! — com o ataque ela perdeu 600 pontos de vida e o ataque do dragão caiu uma vez mais. — Agora é momento de finalmente esmagar você e recuperar a vitória que é minha por direito! Vá, Blue-Eyes White Dragon, acabe com ela! — o dragão de Mai desapareceu e seus pontos vida zeraram e Kaiba foi o vencedor.

Mai quase não conseguia acreditar naquele resultado, havia sido derrotada e perdido a única oportunidade de livrar-se das ameaças de Seto.

Ela retirou o disco de duelo do seu braço, colocando-o na cama, tentando fazer o possível para adiar o encontro com os olhos de Kaiba. Não queria encará-lo, sabia bem o que encontraria ali, não sentia vontade de lidar com toda a sua arrogância depois daquela vitória.

— O que aconteceu com toda aquela confiança, Valentine? Será que desapareceu depois dessa derrota? — ele soou triunfante, enquanto caminhava na direção dela.

Percebendo que seria incapaz de ignorá-lo, ela se viu forçada a lhe dar uma resposta.

— Bastardo… — ela murmurou ainda com o olhar baixo. — Você venceu, o que ainda está fazendo aqui? Me deixe em paz.

Seto deu uma longa gargalhada, realmente se divertindo com a reação de Mai.

— Não, eu não irei embora. Não antes de ver a derrota e humilhação estampadas no seu rosto, esse é o meu maior prêmio como vencedor. — se calou por um momento, finalmente estando a pouco mais de dois passos de distância dela. — Vamos, se levante e me mostre logo a sua cara de perdedora! — ele exigiu por fim, com toda a arrogância pela qual era conhecido.

Ele ansiava por aquilo, depois de toda a frustração e vergonha que havia o feito passar, Kaiba sentia merecer ao menos vê-la na situação em ela o jogou no dia anterior.

— Seu maldito! — ela exclamou com revolta, finalmente deixando seus olhos se encontrarem com os de Kaiba.

— Então essa é a face de uma perdedora. Realmente combina com você, Valentine.

Tomada pela fúria, levantou-se num rompante, ficando cara a cara com Seto. Ela tomara a decisão de que não iria se mostrar abalada, seu orgulho não lhe permitiria dar esse gostinho a Kaiba.

— E daí que eu perdi? Pelo menos lutei com todas as minhas forças. E diferente de você, Kaiba. — deixou escapar uma curta risada e então completou: — Eu não sou uma covarde que não consegue lidar com uma simples derrota.

— Quem você está chamando de covarde? Você não sabe nada sobre mim, garota. — afirmou, começando a sentir a impaciência tomar conta de si.

— Do que mais pode se chamar alguém que ameaça se suicidar, apenas para convencer o oponente a desistir da vitória? — ela o questionou, num tom que aparentemente era suave, mas que transbordava provocação. — O Yugi ficou devastado… apenas para salvar a vida de um imbecil como você, ele teve que desistir após tanto esforço. Qual é o prazer em ser vitorioso dessa forma? Eu realmente gostaria de saber, Kaiba.

Por um instante os olhos de Seto pareceram se tornar vazios, sendo subitamente obrigado a retornar aquele momento tão humilhante.

Não se orgulhava nem um pouco das suas atitudes, aquela era uma memória que ele gostaria que desaparecesse. A sua honra era ferida por aquela lembrança, mas não poderia se arrepender daquelas ações, pois agira com o propósito de salvar seu irmão e nada era mais importante para ele do que Mokuba.

— Não fale como se soubesse de algo, você não tem o direito de trazer de volta essas humilhações do passado.

Mai tomou aquelas palavras como encorajamento para continuar. Almejava atingi-lo, da mesma forma que ele já havia feito com ela tantas vezes em outros momentos.

— Qual o problema, querido? Você se orgulha tanto de vencer, então nós deveríamos falar de uma vitória tão gloriosa como aquela. Afinal de contas, não foi a única vez que você conseguiu derrotá-lo?

Os olhos azuis se ergueram para encontrar os dela, o vazio havia desparecido e no seu lugar existia um brilho de pura cólera.

— Eu realmente te aconselho a parar com essas provocações, do contrário você irá se arrepender. — o tom era frio e muito mais sério do que habitual, mas não foi o suficiente para que Mai se intimidasse.

Ela deu mais uma risada, ainda o encarando.

— Como se eu fosse me intimidar com mais uma ameaça, essa história já está ficando batida, pode fazer o que quiser. A culpa não é minha se você é um covarde que não consegue lidar com as próprias ações.

— Valentine, eu farei com que se arrependa dessas palavras. — ele praticamente rosnou, a encarando com o olhar brilhando de fúria.

— E o que vai fazer? Me agredir? — não existia um pingo de hesitação em sua voz, a cada momento ela sentia mais satisfeita com as reações de Kaiba. — Vá em frente, seria ótimo ter motivo para conseguir arrancar uma grana de você, eu soube que as indenizações por agressão costumam ser bem grandes. — ela completou, lhe lançando um olhar desafiador que fora o estopim para Seto.

Aquele era o limite dele, a sua paciência havia se esgotado completamente e não podia mais aguentar toda aquela insolência, precisava fazer com que ela se calasse. Em um movimento brusco ele agarrou com violência os pulsos de Mai, a puxando para perto de si.

A verdade era que realmente sentia vontade de machucá-la, nunca encontrara uma garota tão insolente quanto ela. Em pouquíssimo tempo havia lhe causado tantos inconvenientes, tanto tormento desnecessário. Ele precisava fazê-la engolir todas aquelas palavras ultrajantes, fazer com ela se arrependesse profundamente de toda a sua petulância. Ele queria puni-la, mas aquele maldito rosto parecia tão belo para ser destruído e ele sabia bem o quão condenável era aquele pensamento, jamais poderia agredir uma mulher.

Mai ficou imóvel por longos segundos, paralisada como a súbita atitude de Kaiba. Sentindo-se pela primeira vez intimidada, graças a crescente proximidade entre os dois, que parecia tornar-se menor a cada instante.

— O que você pensa que está… — não houve tempo para reação e muito menos para terminar a frase, ela foi interrompida ao sentir os lábios quentes de Kaiba sendo pressionados contra os seus.

Seto simplesmente a beijou, sem delicadeza alguma. Em ato rude e impensado, meramente deixou-se controlar pelo misto de fúria e atração que sentia por ela.

Por um momento ela não soube como reagir, não conseguia raciocinar direito. Quando se deu conta do que ele estava tentando fazer, tentou resistir ao beijo, não queria se deixar levar por aqueles audaciosos lábios. Contudo, em algum momento a insistência de Kaiba a venceu, ela apenas se entregou aquela estranha e nova sensação, que de todo não parecia ser tão ruim.

Subitamente, após o que pareceu ser uma eternidade, os dois se separam enfim.

Kaiba pareceu finalmente recuperar a razão, censurando-se mentalmente pelo que acabara de fazer. Ele encarrou Mai, que parecia chocada demais para lhe dizer qualquer coisa. Então olhou para suas mãos, finalmente percebendo que ainda segurava com excessiva força os pulsos dela, imediatamente ele a soltou e saiu dali o mais rápido que pode.

Quando escutou a porta ser fechada ela pareceu despertar do transe, ainda sentindo a sua respiração irregular, Mai piscou algumas vezes olhando ao redor do quarto, como se procurasse algo. Em seguida deixou-se cair na cama que estava atrás de si, sentindo logo o seu corpo se chocar com macio colchão. E continuou ali por um bom tempo, apenas fitando o teto em um estado de confusão, esforçando-se para compreender o que havia acabado de acontecer e por que aquilo havia a afetado tanto.


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