How to tell him? escrita por Liudi


Capítulo 1
Capítulo 1




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    – Quando vocês vão contar pra ele?

  Aquela era uma questão extremamente válida. Quando iriam contar?

  Poseidon olhou para ela em busca de ajuda, seu cérebro já calculava todas as possibilidades. Em nenhuma delas viu um momento oportuno para aquela conversa acontecer.

  Chegava a ser bizarro que Zeus fosse o único que ainda não havia percebido a verdade. Ambos estavam sim sem as pulseiras, mas não pelo motivo que ele esperava.

—--

  Uns dias antes de sua lua de mel acabar Hermes foi buscá-los, a tribo havia sido finalmente localizada.

  Pelo clima que os encontrou Hermes já imaginava o que sairia dali.

  Obviamente o deus havia ouvido as notícias sobre o matrimônio e suas circunstâncias, e por essa mesma razão foi totalmente surpreendido quando apareceu na sala de estar do chalé.

  Escolheu a sala para não ser invasivo demais, sabia muito bem com quem estava lidando e não queria encrenca.

  O barulho na cozinha chamou sua atenção, o que estava acontecendo afinal? Sua curiosidade levou a melhor e Hermes seguiu com passos leves até lá.

  A cena que presenciou era no mínimo inusitada: Atena vestida somente com uma das camisas infames de Poseidon estava sentada sobre a bancada com as pernas envoltas na cintura de Poseidon e as mãos entre o seu cabelo. O deus dos mares vestia apenas uma calça de moletom e parecia muito confortável apalpando a deusa por entre os botões abertos da camisa.

  O beijo que trocavam poderia facilmente ser classificado para maiores de 16 anos.

  De queixo caído e muito perplexo Hermes deixou seu caduceu cair. O barulho da madeira no chão foi o suficiente para chamar a atenção dos dois.

  Dois pares de olhos o encaram atônitos.

  Murmurou breves desculpas a George e Martha quando ajuntou seu caduceu de forma rápida.

    – Atena, Poseidon! Minha irmã e tio favoritos, quanto tempo não é mesmo? – Usou de toda a sua cara de pau.

  Hermes manteve seu olhar desviado enquanto Atena se ajeitava.

    – Porque você está aqui?

    – Bom. Desde que vocês saíram papai não deixou ninguém em paz até acharmos a maldita tribo, encontramos a localização só ontem. Então nosso pai pediu com aquela gentileza típica dele que eu levasse vocês dois pra lá.

  Atena sabia muito bem o que aquilo significava. Zeus não sabia pedir as coisas, apenas ordenar.

    – Ah, certo. Você pode nos dar alguns minutos?

    – Claro, eu vou esperar ali na sala, me avise quando eu puder voltar.  – Caminhou de volta pra sala.

  Quem diria que aqueles dois se entenderiam tão bem?

  Por alguns segundos se arrependeu de não ter uma câmera consigo, aqueles dois juntos era uma coisa que se precisava ver para acreditar e ainda assim restavam algumas dúvidas.

  Com certeza conseguiria uma boa grana se vendesse as imagens para a TV Hefesto, mesmo que nem seu pai, tio ou irmã ficassem felizes com isso.

  Passou uns bons minutos olhando para o nada, esperava de coração que os dois não estivessem terminando o que começaram antes de sua chegada, pelo menos não com ele ainda ali.

  E não, os dois não estavam fazendo nada daquilo.

  Estavam no meio de uma conversa decisiva sobre seu relacionamento.

  Mesmo depois que assumiram seus sentimentos um para o outro Atena tinha plena consciência de que mais cedo ou mais tarde teriam aquela conversa.

  Zeus jamais deixaria aquele assunto como estava, era pedir e esperar demais do senhor dos céus.

  Poseidon e Atena se encaravam. A conexão verde no cinza possuía um magnetismo indescritível.

    – O que faremos agora?

  A voz de Atena ecoou pelos ouvidos dele. Automaticamente sua mão foi para o pescoço, estava dividido.

  Poseidon sabia muito bem o que queria, mesmo começando do jeito errado se via sem justificativas para encerrar seu relacionamento. Mas e Atena, o que a deusa queria?

  Estava um pouco aflito afinal, e se no fim das contas não estivessem ambos na mesma página?

    – Você quer desfazer? – Forçou a voz a sair. Seu peito estava apertado tamanha sua aflição. Se ela dissesse que sim, como lidaria com tudo?

    – Você quer? – Atena tinha a voz pequenininha e parecia tão angustiada quanto ele.

  Num momento de coragem insana Poseidon resolveu ser sincero. Tudo era tão completo com Atena que não abriria mão daquilo tão fácil assim, não mesmo. Iria lutar por ela, esgotar todos os seus recursos possíveis e se não desse certo, aí sim aceitaria sua derrota.

    – Pra ser sincero? Não, eu não quero. Considerando que até 6 meses atrás ainda não íamos muito com a cara um do outro, eu quero arriscar. Eu sei que foi tudo muito inesperado e até um pouco rápido, mas eu tenho muita certeza do que sinto por você. Eu te amo. Ficarmos juntos parece tão certo para mim que não sei o que farei da vida se você não quiser também.

  O coração dele martelava no peito, a adrenalina em suas veias o suficiente para correr umas 10 maratonas ida e volta.

  Em nenhum momento seu olhar deixou os olhos dela, capturando cada pequena reação ao seu discurso.

  Atena abriu um sorriso, o alívio estampado em seu rosto. Seus olhos cinza tão límpidos e um pouco marejados.

  Uniu ambas as mãos onde as pulseiras estavam e fez questão de encarar seu olhar.

    – Eu quero você Poseidon. Eu quero isso que temos juntos, esse casamento que começou pelas avessas. Chega a ser engraçado como eu não consigo me imaginar mais sem você, eu não quero que isso acabe. Eu quero ficar com você até quando você me quiser por perto. – Colocou a mão dele sobre seu peito. – Tá sentindo? Meu coração só fica assim quando você tá por perto. Meu coração está irremediavelmente apaixonado por você, agora ele é todo seu. E eu te amo.

  O sorriso dele foi tão genuíno. As ruguinhas no canto dos olhos estavam lá, Atena não se segurou e as traçou com a ponta dos dedos com a mão livre.

  Com sua mão livre Poseidon abraçou seu corpo e a trouxe mais para perto. Beijaram-se novamente, sem pudor algum, expressando seu carinho mútuo.

    – Bom. Eu odeio atrapalhar, mas não temos o dia todo. – Hermes apareceu na porta novamente.

  Trocaram rapidamente suas roupas e seguiram o deus dos mensageiros. As mãos sempre unidas, se dependesse dos dois não se largariam nunca mais.

—--

  A conversa com o chefe da tribo foi bem esclarecedora.

  Acabaram não terminando o ritual, faltava ainda uma parte a ser concluída após a desunião das pulseiras.

  As pulseiras eram uma prova de que ambos poderiam se conectar amorosamente. Uma prova na qual realizaram com louvor.

  Os dois entenderam então que o sentimento entre eles já existia, só precisava ser despertado.

  Enquanto o ritual não fosse finalizado ainda havia a chance de ser desfeito.

  O chefe perguntou, apenas por costume, se era o seu desejo cancelar tudo. Ficou mais do que satisfeito quando ambos negaram e pediram para prosseguir.

  A tribo ficava nos arredores de Las Vegas em uma área magicamente protegida.

  Uma das integrantes estava de passagem no Hotel Lótus e avistou em primeira mão uma das discussões dos dois.

  Com uma lábia sem igual ela os convenceu a ir até a tribo e tentar o ritual, do jeito que ela sempre fazia com os turistas.

  O chefe sabia desde o momento que colocou seus olhos sobre eles que aquele seria o empurrão necessário para que os dois assumissem algo. De fato, aquilo era um pouco extremo, mas no fim funcionou.

  Muito contente ele finalizou o ritual e entregou seus colares correspondentes.

  Alianças não eram uma coisa comum entre eles, eram muito pouco práticas e se perdiam com facilidade.

  A corrente era simples e o pingente levava uma única pedrinha vermelha. 

  Ficou muito satisfeito, conseguia ver muito amor e muita determinação entre aqueles dois . Com certeza tudo daria certo.

—--

  Ainda pensavam em uma resposta para a pergunta. Quando contariam?

  Não sabiam como contar uma coisa tão explícita, todos já haviam entendido que eles estavam juntos. Estava tudo tão na cara.

    – Bom, não é um segredo. Então não tem bem o que contar, acho que é mais questão de percepção mesmo.

    – É, se ele não consegue juntar as peças a culpa já não é mais nossa. – Poseidon deu de ombros.

    – Então o plano é esse? Vocês vão deixá-lo descobrir sozinho? – Ártemis perguntou para ver se havia entendido direito.

    – É isso ou contar para ele. Dessa forma temos mais tempo até ele surtar.

  Não era medo, apenas falta de paciência. Zeus era dramático demais, a tempestade em copo d’água era certeira.

  O assunto foi deixado por isso mesmo. Ninguém queria lidar com Zeus surtando então o não-segredo deles estava a salvo.

—--

  Foram necessários exatos 6 meses até Zeus finalmente notasse alguma coisa.

  Atena estava cada vez menos no Olimpo e geralmente era sempre em uma faixa determinada de tempo.

  De início, entendeu que a filha precisava de um tempo pra si depois de toda aquela loucura de casamento.

  Sabia como o irmão era insuportável e demandava uma grande quantidade de paciência para suporta-lo.

  Atena passou quase 2 meses presa a ele e mesmo sendo a pessoa mais paciente que conhecia, entendia que até ela possuía um limite.

  Pôde também observar que Poseidon fazia certas visitas recorrentes ao Olimpo, principalmente na hora do almoço.

  Não deu muita bola, provavelmente o deus havia encontrado alguma coitada que estivesse disposta a atura-lo.

  Uma coisa estranha que percebeu foi que toda vez que chegava em algum local, principalmente nas reuniões do conselho, as inúmeras brincadeiras eram trocadas por um silêncio ansioso.

  Alguém estava aprontando alguma coisa.

  Muitos deles o encaravam intensamente, como se esperassem algo dele, só não tinha ideia o quê.

  Tentou perguntar para Hera, a deusa desconversava em todas as ocasiões possíveis e isso chamou sua atenção.

  Havia algo acontecendo, só precisava descobrir o que era.

  Em um dos raros almoços onde todos estavam presentes teve certeza de que algo estava errado.

  Várias piadas e indiretas foram distribuídas, todos pareciam saber para quem elas eram direcionadas menos ele.

  Atena manteve uma expressão atípica. Estava relaxada demais. Seu cabelo parecia ter sido penteado às pressas e seus lábios estavam um pouco inchados.

  Do outro lado da mesa, Poseidon sorria. Seu cabelo estava uma bagunça maior que a habitual, a camisa abotoada de forma errada e ele também parecia muito relaxado.

  Pode notar como os olhos dele raramente deixavam os de sua filha.

  Parte do peitoral dele estava amostra, analisando melhor as marcas nele pareciam de unha.

    – A gata era selvagem né Poseidon?

  O silêncio tomou conta, todos encaravam Ares.

  Atena deu um olhar feio a ele. Algumas risadinhas foram ouvidas, inclusive a de Poseidon antes de responder.

    – Ah, você não imagina o quanto. – Deu seu sorrisinho de lado.

  O olhar feio agora era direcionado a ele. Poseidon apenas deu uma piscadinha antes de voltar a rir.

    – Devia apresentar ela pra gente. – Apolo sugeriu e mais risadas foram ouvidas.

    – É, muita gente não tem ideia de quem ela é.

    – Felizmente ela está mais perto do que se imagina. – Ares se pronunciou dessa vez.

    – Você arrumou uma namorada? – Zeus estava curioso.

  Atena e Poseidon trocaram olhares significativos antes dele responder.

    – É, mais ou menos isso.

    – É muito mais que isso! Diria que eles já estão quase casados, não é mesmo Hera? – Agora era Afrodite.

  O que tinha dado em todos eles para agirem assim?

    – Então você finalmente arrumou alguém que te aguente?

    – Eu sou irresistível. – Respondeu ao irmão.

    – Se você diz... Todo mundo parece conhecê-la, quando será a minha vez?

  Mais risadas. Zeus se perguntou o que era tão engraçado.

    – Hum, bem... – Poseidon coçou o pescoço. – Quem sabe um dia.

  Atena acabou se remexendo no lugar e seu cabelo descobriu seu pescoço. Uma marca roxa enorme se destacava em sua pele.

    – O que foi isso no seu pescoço Atena?

  Foi ali que o caos começou.

  Atena que bebia seu vinho tranquilamente se engasgou. Seu rosto ficou muito vermelho.

  Apolo e Hermes riam tanto que seguravam as próprias barrigas. Hefesto deu alguns tapas nas costas de Atena tentando ajudar.

    – Eu tô bem, eu tô bem. – Repetia ela quando desengasgou.

  Se fosse qualquer outra pessoa Zeus acharia aquilo tudo muito suspeito, mas era Atena.

    – Um bichinho me mordeu e eu cocei, aí ficou assim.

    – Aposto que Poseidon sabe qual foi o bicho. Ele é especialista nesse tipo de coisa. – Hades murmurou para Perséfone com um tom muito irônico e sugestivo.

  Foi só então que a mente de Zeus deu um estalo e todas as peças se conectaram.

  Não, não podia ser! Ele os ordenou a desfazer toda aquela palhaçada. Atena jamais o desobedeceria não é mesmo?

  Além do mais, nenhum dos dois ainda possuía a maldita pulseira no braço, muito menos anéis nos dedos.

  Tinha que haver uma explicação lógica para tudo aquilo. Pensando por aquele lado todas as indiretas faziam sentido, tudo se encaixava.

    – Foi você Poseidon quem fez aquilo no pescoço dela, não foi? – Bradou apontando o dedo para o irmão.

  O silêncio se instalou.

  Poseidon encarou Atena em busca de auxílio e ela acenou afirmativamente para ele.

    – Já que você quer tanto saber, fui eu sim.

    – Seu idiota, eu mandei você ficar longe dela.

    – Engraçado, porque ela me mandou ficar perto, bem perto.

    – Poseidon! – Atena o advertiu. Pareceu tomar coragem e finalmente disse as palavras que a muito já deveria ter dito. – Pai, nós dois estamos casados.

    – Não vocês não estão! Aquele cacique idiota me prometeu que tinha como desfazer essa baboseira.

    – Ter até tinha, a gente é que não quis. Nós terminamos o ritual, então já estamos oficialmente casados faz 6 meses.

  Zeus apenas se inclinou para frente segurando o próprio peito.

    – Pode ir parando já com isso. – Hera estava muito irritada, de um jeito que geralmente não acabava bem para o deus dos deuses. – Chega de tanto drama. Não é como se ninguém tivesse previsto isso antes, esses dois se provocam desde a primeira vez que se viram. Sem contar que o ritual não teria dado certo se eles já não possuíssem sentimentos um pelo outro. Para de palhaçada e deixa os dois serem felizes em paz, até porque você é o único dando showzinho.

  Zeus parou para refletir um pouco. Teve que dar o braço a torcer e admitir que Hera tinha razão, Atena estava muito mais feliz nesses últimos meses (obviamente estava sendo bem tratada).

  Sem contar que continuava desempenhando suas funções se forma exemplar.

    – Tudo bem, você tá certa. – Não desfez completamente sua carranca.

  Todos se sentaram novamente e continuaram a refeição.

    – Será que o anúncio da gravidez vai ser tão badalado? – Apolo expôs sua dúvida.

  Zeus cuspiu todo o seu vinho. Poseidon tinha seu pavor estampado no rosto.

    – Você tá grávida? – Perguntaram para Atena ao mesmo tempo.

    – Quê? Não!

    – Cala a boca Apolo. – O pescotapa foi certeiro. O barulho não deixava dúvidas de que o tapa não havia sido nada suave.

  Ártemis tinha mesmo uma mão pesada.

    – Não vamos pensar no futuro agora. – Hera fuzilou Apolo com o olhar. – Um dia de casa vez é o suficiente.

—--

    – Até que não foi tão ruim assim. – Atena lhe deu um olhar interrogativo. – Contar tudo para o seu pai.

  Atena tinha a cabeça apoiada no peito dele e se levantou para encará-lo.

    – Não foi ruim? Tem certeza de que estávamos no mesmo lugar? Foi péssimo!

    – Nah. – Bateu de leve com o dedo sobre o nariz dela. – Se tratando de Zeus sempre pode ser pior.

    – Imagina quando ele souber que vou me mudar pra Atlântida.

    – Melhor nem pensar nisso agora. Não vamos gastar nosso tempo pensando nele quando temos coisas mais importantes pra fazer.

  Sem muito esforço inverteu as posições e agora era ele quem estava por cima.

  Zeus não era importante.

  Apenas o amor que sentiam um pelo outro.

  Um pouco antes de dormir Poseidon fez um lembrete mental para agradecer Percy, quem diria que um pedido de casamento entre seus filhos acabaria assim?


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Digam-me o que acharam nos comentários ;).



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