Av. São João, Cambuci, São Paulo

Uma pavimento neon com todas as cores do arco-íris surgiu numa rua pouco movimentada, um homem loiro de cabelo encaracolado saiu do emaranhado de cores. Um gibão de couro extremamente bem trabalhado, uma calça de couro e uma bainha que continha uma espada eram a vestimenta do desconhecido. As poucas pessoas ao redor, correram assustadas graças ao clarão. Balder percebeu que estava sozinho, mas seu alvo estava naquela cidade, Heimdall havia garantido isso.

— Os humanos parecem incapazes de aprender a nunca mexer com o que não entendem. 

 O deus fez uma pausa, encarando o céu noturno.

—  Pai de todos, estarei procurando as pedras da alma, que tua bênção recaia sobre mim. — O loiro olhou para as estrelas.

Ao falar, o deus nórdico se direcionou para um beco ao lado de um prédio. Olhou para cima e em sua cabeça calculou a distância, flexionou suas pernas e saltou, parando acima do prédio de cinco andares e encarando o horizonte da cidade, na lateral de um prédio o homem pôde ver “Le Magnifique Cirque du Comte Voodoo et Lord Aleister: Cirque du Frek”. Pelo bem do povo da terra e o equilíbrio de tudo, precisava achar e deter o homem que estava em posse das Pedras da Alma terrestres.

—_____________________________________________________________

Cidade do Corsário

Dominique havia acabado de acordar, era um domingo, os gêmeos haviam saído no dia anterior com seus meio-irmãos para mostrar mais da cidade, e ele tinha decidido dormir até mais tarde. A perda da irmã havia feito com que os neo-corrompidos que haviam ficado na mansão, ficassem ainda mais unidos.

Carol Trap e Neverfllen haviam partido com os neo-corrompidos cedo para um treinamento intensivo, só Deus sabe quando eles vão retornar…

O loiro estava suado, depois da luta na MutaGenic os pesadelos sobre o acidente envolvendo Eustáquio eram contínuos, não dando uma noite de paz ao jovem. Seus lábios estavam secos, sua mão esquerda formigando. O flamejante caiu de joelhos enquanto segurava sua mão, era uma sensação parecida com a que sentiu na luta contra Rafael e os outros. Uma dor lacerante foi sentida pelo pirocinético, sua cabeça parecia prestes a explodir.

Se Dominique conseguisse ver, perceberia seus olhos num tom vibrante de laranja. O gêmeo mais velho sentiu o calor das chamas se formando em sua mão, um formigamento agradável e ao revelar sua palma, uma chama azul repousava na mesma.

A mesma chama de seus sonhos, a mesma chama do acidente. O fogo apagou tão rápido quanto começou e o loiro se levantou ofegante. Se perguntando se aquilo era real.

O som de uma campainha foi escutado, a atenção de Dominique foi para o andar inferior e quando o barulho se repetiu. Ele se dirigiu até lá calmamente e mesmo coberto de suor e com a respiração pesada, o flamejante se direcionou para o andar de baixo.

— Já vai! — Gritou o jovem, em resposta ao terceiro toque.

—_____________________________________________________________

Cidade do Corsário

Mefisto estava fora de seu disfarce, por causa da recente batalha, Pedro Casagrande não estava na Ala Sete da MutaGenic. Ele usou sua metamorfose para passar pelo escaner de palma e retina, e a porta se abriu para o demônio. Aquele local ainda parecia apitar, seu corpo era atraído por tudo ali, mas havia uma coisa… Alguém em especial.

O rei do inferno procurou com os olhos o tubo que queria encontrar, e num dos cantos o achou. Lá dentro estava seu filho, o príncipe do inferno que o encarava com seus olhos de cores diferentes. Havia tanto naquele olhar, que o demônio demorou a notar que agora ele parecia ligeiramente mais velho.

— Eu posso me acostumar!

Ele chegou no computador central e começou a procurar, até conseguir descobrir. Aquele líquido preto que alimentava todos os experimentos era sangue de demônio com medula humana. Enojado, ele nem esperou o processo e quebrou o tudo com as próprias mãos para tirar o seu herdeiro de lá.

— Meu jovem príncipe do inferno. Herdeiro de tudo! Seu nome será… Amaimon!

—_____________________________________________________________

Cidade do Corsário

As enfermeiras trocavam as ataduras e ajeitavam o respirador. Graças aos aparelhos do local, o corpo do paciente não se dissolvia. Após um acidente, o corpo do jovem havia tido um problema em sua estrutura química e ele não conseguia controlar. A transição entre líquido, sólido e gasoso acontecia descontroladamente.

— A estrutura celular dele é composta por mercúrio, certo? Já fizeram a injeção de ósmio percutânea medular diária?

Um dos enfermeiros responsável confirmou, os sinais vitais do paciente deram um pique e normalizaram. A temperatura da sala baixou alguns graus, quando perceberam que o corpo do jovem ficou estável.

— Eli-Elisabete… Elisabete!

Na blusa do jovem negro de cabelo curto, foi visto o código E-2309 e o nome Eustáquio Macedo.