Love Game escrita por QueenOfCupsz


Capítulo 1
Love Game




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Era o final do nosso quinto ano de série e, como sempre fazíamos, nos reunimos na casa de Lucy para comemorar mais uma temporada completa – e nos despedirmos antes que cada membro do cast e crew saísse de férias por alguns meses.

Pela primeira vez Robert não pôde estar conosco. Ele estava trabalhando em um filme americano e teve que viajar às pressas para uma reunião que ninguém previra, então se despediu de nós ainda nos sets de Xena e partiu por uma semana.

Lucy trancou a porta após o último par de amigos dizer tchau e foi até a geladeira pegar mais duas cervejas pra nós. Agora estávamos a sós e a casa ficara silenciosa, muito diferente de duas horas antes quando estava repleta de gente rindo, bebendo e dançando ao som de música alta. Os copos vazios espalhados pelos balcões e mesas, as almofadas jogadas no chão e alguns móveis que foram parar em lugares onde nunca estiveram antes, além das garrafas de bebida na pia, na escada e sobre o piano e a lareira, entregavam que aquela fora uma noite pra jamais se esquecer.

Nosso quinto ano foi definitivamente o mais difícil pra mim, mas fora generoso com minha colega e eu estava pronta para encerrar essa fase com gratidão por tê-la vivido. Seja pelo aprendizado que me trouxe, seja pelas alegrias que trouxe a Lucy. E alegria foi a emoção que mais vi em seu rosto essa noite, inclusive quando ela tirou a cerveja recém aberta da minha mão e sorriu travessa, com aquele brilho infantil no olhar que indicava que ela tivera uma ideia que mal podia esperar pra colocar em prática.

— O que? – perguntei antes que ela dissesse qualquer coisa, imaginando que tipo de ideia Lucy Lawless tinha tido agora.

— Tequila.

— Você tá mesmo pensando em tequila depois de 5 horas de festa? Essa não é a hora em que eu pego minhas coisas, me despeço e vou pra minha casa e você pra sua cama?

— Você não vai dirigir, Reneé, nós bebemos a noite toda! Você não vai sair daqui hoje.

— Ok, ok, que mais você está planejando que envolve mais bebida?

— Um jogo.

— Esse jogo envolve verdade ou desafio e é uma desculpa pra ficarmos bêbadas até não sabermos mais nossos próprios nomes, jogadas no chão da cozinha, nos afogando no nosso próprio vômito enquanto o resto da casa incendeia porque uma de nós colocou fogo na árvore de natal dizendo que ia fazer “as luzes da torre Eiffel acenderem”?

— Exato. – Ela sorriu aquele sorriso maldoso de sua personagem.

— Eu topo. – Devolvi o sorriso com a cumplicidade que eu só tinha com ela.



20 minutos mais tarde nós estávamos jogadas sobre o couro do sofá-cama da sala, bêbadas feito ratazanas, rindo copiosamente após eu tentar dizer uma frase qualquer e ela sair completamente fora de sentido.

— Eu te desafio a tentar falar isso de novo e não falhar miseravelmente dessa vez. – Lucy disparou com um sorriso de deboche e de vitória no rosto, o que me fez rir ainda mais da situação patética em que nos encontrávamos.

— Cala a boca, você tá bêbada! – atirei meu sapato nela, que ela pegou e atirou de volta, errando tão feio o alvo que ele acertou uma garrafa de cerveja no banquinho do piano. A garrafa vazia caiu e fez um som estridente ao atingir o piso, nos fazendo cair na gargalhada novamente.

— Ok, minha vez de perguntar – ela sentou ereta e tentou assumir um tom sério, respirando fundo para recuperar o fôlego. Imitei seu gesto, mas tive que morder os lábios para não começar a rir novamente.

— Não era minha vez?

— Não, você perguntou por último.

— Não, foi você.

— Não, Reneé, você perguntou qual foi a coisa mais constrangedora que já me aconteceu na hora H.

— Essa foi a última pergunta?

— Foi, Reneé – ela começou a rir, claramente se divertindo horrores com o estado deplorável em que nos encontrávamos.

— Tá, então manda sua pergunta.

— Tá pronta? – Ela falou com um sorriso suspenso enquanto me assistia virar corajosamente outra dose de tequila.

— Pronta.

— Você já beijou outra garota? – ela perguntou com naturalidade, sem desmanchar o sorriso.

— Hum – pensei um pouco, não por não saber o que dizer, mas porque estava tão tonta que precisei de uns segundos para organizar minhas próprias memórias – não, nunca beijei uma garota.

— Sério? – O sorriso curioso continuava tão largo quanto antes – pode cuspir, Reneé, isso não vai sair daqui.

— É sério – ri relaxada e me preparei para fazer a próxima pergunta – então, e você, Lucy Lawless?

— Se eu já beijei outra mulher?

Confirmei e ela sorriu travessa, levando o copo aos lábios e virando outra dose. Arregalei os olhos com a confissão silenciosa e sorri largamente querendo saber mais sobre essa descoberta.

— Você vai me contar como e quando, não é?

— Talvez, se você subir no braço do sofá e fizer aquela dancinha do pintinho feliz que você disse que fazia quando era criança – ela provocou, me fazendo revirar os olhos.

— Anda, eu vou ter que arrancar de você?

Ela sorriu e abraçou os joelhos, olhou para um ponto distante qualquer tentando organizar as ideias e finalmente começou a contar a história de quando estava na escola fazendo musicais e aulas de teatro. Uma das meninas que organizava a decoração do palco nas apresentações se trancou com ela no vestiário um dia, antes de um dos shows, e confessou que tinha uma paixonite por ela. Lucy tinha 16 anos e a menina tinha em torno de 14. Todo o acontecimento foi meio desajeitado, tudo aconteceu dentro de 5 minutos. A menina a empurrou pra dentro do pequeno galpão escuro, soltou sua confissão sem parar para respirar nenhuma vez e antes que Lucy pudesse dizer alguma coisa, as pequenas mãos femininas puxaram seu rosto e colaram seus lábios. Lucy não tinha qualquer interesse na garota, mas era uma jovenzinha espivetada e adorava o que era proibido, e beijar as coleguinhas na escola católica com certeza não era um ato encorajado pelas professoras. Excitada pelo perigo, não hesitou em enfiar a língua na boca da menina e mostrar a ela “como adultos se beijam”. Ao soltá-la, deu um sorriso vitorioso, virou-se em direção a porta e a olhou sobre o ombro: “se queria me beijar há tanto tempo era só ter falado, Carollin”. E se retirou, deixando pra trás uma Carollin completamente anestesiada porque aquilo tudo tinha mesmo acontecido.

— E vocês voltaram a se encontrar nos galpões da escola? – perguntei empolgada e curiosa.

— Não – Lucy sorriu como quem não dá a mínima – foi divertido quebrar as regras, mas eu e Garth estávamos namorando na época.

— E depois o que aconteceu?

— Daisy aconteceu.

— Eu sei, eu não tô falando sobre você e Garth. Você voltou a beijar garotas depois da Carollin? – disse a última palavra com entonação exagerada, colocando a mão no peito e fazendo uma cara apaixonada para provocá-la, o que deu certo porque logo em seguida fui atingida na cara por uma almofada.

— Não é minha vez de perguntar?

— Não, eu quero saber.

— Desculpa, Reneé, esse jogo tem regras e as regras dizem que é minha vez de perguntar – ela declarou fingindo seriedade, o que me fez rir.

— Ok, sua deixa.

Ela respirou fundo e me olhou com um suspense exagerado, arqueando as sobrancelhas e apertando os olhos como se estivesse prestes a me perguntar algo muito sério, o que me fez rir ainda mais. Encostou o rosto no meu e perguntou:

— Você quer beijar uma garota?

— Que tipo de pergunta é essa? – sorri vendo-a virar outra dose de tequila e suspender os ombros como quem diz “eu perguntei e agora é sua vez de responder, ué”.

— Quer ou não quer?

— Eu nunca pensei sobre isso.

— Fala sério, estamos interpretando lésbicas na TV.

— Ué, não sei, se eu tivesse a oportunidade? Claro, eu aproveitaria – falei da forma mais casual, curiosa para ver onde essa conversa ia parar.

Lucy riu, ligeiramente mais bêbada que eu e se arrastou pelo sofá pra ficar mais perto de mim.

— Eu te desafio.

— Ué, não era minha vez agora? O que aconteceu com o “as regras existem, Reneé”? – brinquei e ela segurou meu rosto com uma das mãos, com um meio sorriso travesso no rosto. Imagino que foi um sorriso como esse que Carollin recebeu mais de uma década atrás.

— Você não quer descobrir o gosto que uma garota tem?

Confesso que essa frase foi dita num tom sensual que me pegou desprevenida. Ela estava sendo brincalhona, mas a brincadeira começou a me afetar de uma forma que eu não esperava quando eu percebi que qualquer coisa – qualquer coisa mesmo – poderia acontecer naquela noite, dependendo de como o álcool nos guiasse. E o álcool estava falando mais alto do que o bom senso, pois meu instinto foi entrar naquele jogo e ver até onde nós iríamos. 

— E você se lembra bem do gosto da Carollin? – provoquei e ela revirou os olhos e me puxou pela cintura para mais perto dela como se dissesse que naquele momento estava muito mais interessada na mulher na frente dela que na jovem Carollin.

— Você quer me beijar agora? – ela provocou enquanto contemplava meus lábios convidativos bem na frente dela. Subi minha mão pela coxa nua dela, parando quando meus dedos ficaram metade por baixo da barra do seu vestido, mais ou menos no meio das coxas.

— Você escolheu desafio, não verdade – em resposta ela mordeu levemente o lábio inferior, entregando que queria me beijar. Sua mão deslizou do meu rosto para meu cabelo e ela colou ainda mais nossas faces e a proximidade entre nossas bocas me roubou o fôlego – o que você está esperando pra me beijar?

Fechei os olhos e minha boca foi tomada num milésimo de segundo e criamos um beijo explosivo. Meu corpo começou a se governar sozinho, ou talvez dirigido pelo álcool e pelo desejo, e quando tomei consciência dele eu já estava nua da cintura pra cima, sentada sobre as coxas dela, suas pernas dobradas e posicionadas entre as minhas, minhas palmas investigando seu corpo e minha boca investigado a dela numa fome insaciável.

Ela empurrou pra fora do sofá os objetos aleatórios que estavam no nosso caminho e me deitou, sem parar de me beijar. Enrolei minhas pernas em sua cintura depois que ela atirou longe minha calça e minha calcinha, minhas mãos trabalhando ansiosamente em desatar o laço fino que fechava seu vestido nas costas enquanto ela descia a boca pelo meu pescoço e massageava meus mamilos rígidos. Quando consegui folgar o vestido, ela mesma se ajoelhou e o tirou com urgência, sem tirar os olhos desejosos de mim. Meu corpo ardeu em chamas com aquele olhar e antes que ela inclinasse de volta sobre mim, eu me sentei na frente dela e comecei a beijar seu abdome enquanto ela soltava o fecho do sutiã. 

Meus lábios subiram para seus seios e ela apertou os dedos entre meus cabelos curtos enquanto eu experimentava cada um de seus mamilos. Minha mão trabalhava em tirar sua calcinha e, feito isso, a empurrei de encontro ao material do sofá e escalei seu corpo, juntando nossas bocas novamente. As mãos dela percorreram minhas costas e meu bumbum e me posicionaram de modo que nossas pernas ficaram entrelaçadas, minha coxa tocando sua umidade e a dela tocando a minha.

Nossos corpos dançaram juntos ao som dos nossos gemidos e suspiros, terminando com nosso ápice conjunto, que foi ainda mais barulhento. Meu corpo caiu sobre o dela e quando nossos olhos se abriram e nos olhamos por alguns instantes, foi como jogar o fósforo aceso sobre a pólvora novamente. Ela se pôs sobre mim e beijou cada milímetro do meu corpo, deixando marcas avermelhadas pelo meu pescoço, seios e parte interna das coxas. Essa parte, devo dizer, foi uma das mais deliciosas da noite: quando seus lábios atingiram os meus, após me provocar por mais tempo que eu pensei que aguentaria, e sua língua experimentou meu clitóris com movimentos circulares intercalados com beijos e chupões de variadas intensidades e em variados lugares ao longo na minha região íntima. Experimentei todos os tipos de arrepios e ondas de desejo e prazer que jamais pensei que pudessem existir. Derreti em sua boca, deixando marcas de unhas em suas costas e gemendo seu nome entre meus dentes. Quando ela subiu pelo meu corpo novamente e me beijou, senti meu sabor misturado ao dela e quis prová-la também.

Desci do sofá, onde ela se posicionou sentada, aberta para mim, seus olhos desejosos antecipando o prazer que eu estava prestes a lhe dar. Seu cheiro tomou conta dos meus sentidos e pelos próximos minutos me dediquei a dar a ela tanto prazer quanto me dera antes. Pelos gemidos e as reboladas frenéticas dela em minha boca pude dizer que consegui. Rapidamente descobri seus pontos mais sensíveis e como ela gostava de ser estimulada. Era como se eu tivesse nascido para essa tarefa. Nada mal para uma mulher que nunca havia beijado outra! Quando a entrei com dois dedos não levou muito tempo até que os músculos do seu ventre apertassem contra eles e começassem os espamos de prazer dentro e fora dela. Me deleitei com a sensação e só lhe dei o tempo de recuperar algum ar, antes de tomar seus lábios nos meus.

Passamos os próximos minutos trocando carícias apaixonadas até ela respirar fundo entre meus cabelos, inalando meu cheiro, e adormecer em meus braços. Depositei beijos carinhosos em sua testa e nariz e me entreguei, eu também, ao cansaço.



Acordei com um peso de 30 quilos sobre meu pescoço. Eu merecia essa dor de cabeça após beber tanto, sem dúvidas. Senti o corpo entrelaçado no meu, a respiração calma e profunda no meu pescoço, e as lembranças me atingiram como uma marreta na minha já dolorida cabeça. Olhei em volta para a casa vazia e enxerguei algumas peças de roupa que voaram pelos céus na noite passada. Inclusive minha calcinha que foi parar no abajur e o sutiã dela que laçou uma garrafa vazia de cerveja no chão. “Céus!”, foi a única coisa que consegui pensar. 

Olhei para a mulher que dormia em meus braços e desejei reviver toda nossa noite de luxúria. Poderia tê-la acordado gentilmente com beijos ao longo do seu corpo, só para descobrir se a sobriedade afetaria sua reação à minha paixão. Se ela se desmancharia em meus braços novamente, gritando meu nome e gemendo de prazer, ou se me chutaria pra fora do sofá e da vida dela pra sempre. A segunda hipótese me assustou tanto que me levantei cuidadosamente, me vesti e peguei minhas chaves, decidida a deixar aquela casa e esquecer que tudo aquilo aconteceu. Antes de sair, no entanto, meu corpo suplicou para mais uma vez sentir os seus lábios. Me inclinei ao lado do sofá e deixei um beijo em sua boca macia. Em seguida, atravessei a porta da sala como um furacão, deixando adormecida no sofá a primeira mulher que eu amei. Me pergunto se ela sequer se lembra do que aconteceu... ela jamais mencionou... Deve ter sido confuso acordar nua no sofá, mas mulheres bêbadas fazem um monte de coisas confusas. 

Inclusive amor com sua melhor amiga.


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