Esbarrei mas foi sem querer escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Um ralado por um arranhado, parece justo.




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Sayuri estava feliz. As rodinhas de sua bicicleta estavam quase sem tocar o chão, seu papai havia levantado-as um pouquinho para lhe dar mais liberdade, sem deixar a segurança de lado. As mãozinhas firmes no guidão, as luvinhas ajudavam a tornar o tato menos derrapante, mas trazia mais suor às mãos, mas Sayuri não se incomodava com esse detalhe quando o vento vinha de encontro ao rosto a cada pedalada que conseguia dar, mesmo que sem muito do equilíbrio. 

Ria, se divertia.

Pecou, talvez, ao olhar para trás em busca de Kiba. 

Um esbarrão. Um pequenino, imperceptível —  exceto que foi percebido — , esbarrão. 

Tuc.

O som seco de um coquinho com capacete batendo na lataria do automóvel estacionado no meio-fio. 

Caiu, ralou o joelho, mas não as mãos e nem o cotovelo, graças, claro, à toda proteção que Kiba lhe exigia para aventuras. Se tivesse colocado as joelheiras, estaria ilesa, mas foi teimosa. 

Olhou ao redor, nada. Nem vista de seu papai ela tinha. O carro era quase monstruoso de tão grande, ou ela era muito pequenina ainda para sua idade, ainda mais caída no chão espalmando as mãozinhas nos joelhos para limpá-los, sentindo os floquinhos de sujeira lhe arranhar ainda mais a pele, ruminando sangue a cada vez que mexia com o joelho, dobrando-o e esticando-o. Bufou, tirou da cestinha de sua bicicleta uma mochilinha. Ali tinha seu kit de sobrevivência: 1 garrafinha d’água estampada com flores de cerejeira, 1 caixinha de lápis de cor, 1 bloco de folhas sem pauta, 1 potinho com moranguinhos cortados e lavados. 

Sentou-se, deixando a bicicleta escorada no carro, o guidão com pompom impedia de arranhá-lo ainda mais. Escreveu um bilhetinho e o deixou dobrado na porta, assim, quando o motorista abrisse o carro, o papel cairia em sua mão (ou ela torcia para que isso acontecesse, claro).

O bilhetinho estava bem dobrado e enfiado na brecha da porta, nele dizia, de modo meio desconexo e sem uma linha reta a ser seguida, afinal, o bloquinho não tinha folhas pautadas:

 

“Mi disculpi. Bati sem querendo, me ralei. 

Meu papai pode resolver.

eu achu.

(81)6543 9123

a̶c̶i̶n̶a̶d̶o̶  assinado, Inuzuka Sayuri”



Recado dado, e tentativa de não deixar a batida sem resolução, Sayuri voltou à sua bicicletinha, o joelho ralado agora começava a arder, o sangue havia esfriado. Quando virou a esquina viu Kiba caminhando em sua direção, as mãos; uma na cintura a outra frente aos olhos para impedir que a luz do sol invadisse suas vistas. 

Kiba era pai solteiro, um pequeno imprevisto na sua vida, mas um milagre sempre que olhava à pequenina sorridente e banguela.

—  PAPAI! —  berrou, as rodinhas oscilantes tocando vez ou outra o chão a cada pedalada. —  Eu caí! —  falava animada.

—  E toda essa animação porque caiu? —  Kiba abaixou-se ao lado dela, tão logo suas mãos chegaram às bochechas de Sayuri, limpando a sujeira, fazendo um “boop” no nariz da menina. Olhou os joelhos ralados, estalou a língua contra o céu da boca. —  Onde estão as joelheiras? 

—  Papai… eu bati num carro. E ele se machucou um pouquinho também, mas me derrubou, olha só. —  As mãozinhas apontando para os joelhos ralados, como se com isso estivesse quite com o carro; um tombo por um arranhado na lataria. 

—  Vem cá, monstrinha. —  Kiba tomou-a no colo, a canhota no guidão da bicicleta para levá-la com eles, sem soltar sua menininha. —  Chega de andar de bicicleta por hoje, huh. Que tal… pizza de jantar? 

Era um meio eficaz de entretenimento, e descanso. Como pai solteiro, tempo era algo que vivia escasso, e Sayuri era seu anjinho, mas tinha tanta energia quanto ele mesmo, apesar de ser infinitamente mais educada e fácil de lidar do que ele quando pequeno. 

Tinha ajuda, claro, sua irmã estava sempre por perto, sua mãe e, sobretudo, Naruto. Por mais absurdo que pudesse parecer era um excelente tio para Sayuri, e um excelente amigo para Kiba. Lembrando disso, olhou para Sayuri e lhe disse:

—  E se ligar pro seu tio e pedir pra ele levar a pizza de hoje?

Animada, Sayuri esticou-se para pegar o celular de kiba para ligar para seu tio Naruto. 

Na volta para casa, dormiu nos braços de Kiba, nem notou quando ele a colocou na cadeirinha ou quando deu partida rumo ao conforto de seu lar. 



Era o momento de: banho relaxante. 

Os momentos onde Sayuri capotava num sono profundo e tranquilo eram os momentos ideais para kiba encher a banheira e ficar lá, na água quentinha para aliviar o cansaço do corpo. Era final de semana, enfim seu momento longe do trabalho e longe de boa parte de suas preocupações. 

Sais de banho, itens que não se deve mencionar mas que, se pode entender, não ficavam muito à vista, mas sim bem fundo. Era seu momento. Apenas seu. 

Lábio mordido, joelhos pressionados enquanto…

—  PAPAI!

E lá se foi um momento de distração profunda…

—  OI!

—  TEM UM MOÇO NO TELEFONE QUERENDO FALAR COM VOCÊ!!

Aos berros eles não conseguiriam muito. Olhou para o relógio, ainda faltava pouco mais de 10 minutos para o horário combinado com Naruto. O tempo exato para um bom banho e um orgasmo genérico, mas era o que tinha, ou, agora, o que não tinha. Saiu da banheira, vestiu-se no roupão que tanto ansiava comprar quando morava com a mãe e abriu a porta do banheiro, não sem antes deixar o consolo bem escondido na gaveta alta do banheiro, aquela longe do alcance da curiosidade de Sayuri. Quando abriu a porta avistou o sorriso desfalcado de sua filhote, as mãozinhas estendendo para ele o celular. Notou que a ligação tinha mais de 10 minutos, o tempo quase exato de seu banho. Olhou-a re rebo de olho, esperando que ela desse com a língua nos dentes, ou no espaço onde eles deveriam estar. Mas a pequena só sorriu e lhe entregou o aparelho, voltando pelo anexo de seu quarto e sumindo de vista. 

—  Alô? —  Era o óbvio a dizer, afinal, não tinha aquele contato salvo na agenda. 

—  Inuzuka Kiba?

—  Hm… sim. E você?

—  Aburame Shino. Sua filha me deu seu contato, na verdade, deixou ele num bilhete pendurado na porta do meu carro com um desenho de borboleta e mancha de sangue. 

—  Ah, então foi o seu carro… —  divagou lembrando-se de Sayuri comentando ter batido num carro, não poderia esperar menos de sua filha ao deixar um bilhetinho, era típico dela se desculpar quando fazia algo errado. —  O carro ficou amassado, arranhado? 

—  Nada alarmante, me preocupei com ela. Tinha sangue no bilhete. 

A voz era bonita, segura, trazia arrepio a Kiba, mas era algo que ele preferia pensar que era por conta de sua brincadeirinha prévia no banho.. aquela que foi drasticamente atrapalhada por Sayuri, mas, tecnicamente, pelo tal Aburame Shino. 

—  Digamos que ela atropelou seu carro estacionado enquanto andava de bicicleta. Ralou o joelho, mas nada grave, sempre anda com capacete, luvas e cotoveleiras. —  Joelheiras também, ele diria, mas era teimosa e havia deixado as joelheiras de lado aquela tarde, para sua própria infelicidade.  —  Mas e o carro? —  O questionamento era real, afinal, teria de arcar com os custos, se tivesse. 

—  Não foi nada, só um arranhão na pintura, imperceptível. —  Exceto que Shino havia notado, era perfeccionista a esse ponto. Reconhecer cada marquinha de seu carro, ainda mais quando o deixava estacionado no meio-fio. 

—  Que tal, se me passar o orçamento do retoque na pintura, assim fico mais tranquilo com o gasto. E você consegue ver que Sayuri está bem. Podemos marcar para amanhã.

—  Kiba, seu cachorro, você ainda tá no banho? Desentoca desse banheiro e guarda esse brinquedinho na gaveta alta pra Sayuri não ver as sem vergonhices que você faz na minha ausência! 

—  Naruto!! —  A chamada de atenção foi com Kiba tapando o bocal do celular, impedindo que o berro fosse muito alto para quem estivesse do outro lado da linha. —  Eu, hn, nos vemos amanhã, pode ser? Sayuri gosta do café da manhã da lanchonete do senhor Cho. Próximo de onde seu carro estava estacionado, assim acertamos os prejuízos. Às 9h, pode ser?

—  Claro. Encontro vocês lá.

O vocês ao qual Shino se referia, era, obviamente: Kiba, a pequena e homem que ele ouviu berrar do outro lado da linha. Kiba, por sua vez, entendeu que Shino encontraria um pai solteiro e sua filha.

—  Tava ocupado no banheiro, pervertido? —  naruto saudou o amigo com um baita sorriso enquanto ainda segurava as caixas de pizza, porque 1 sempre era pouca e eles não gostavam de poupar quando pisavam na jaca. 

—  Estava no telefone, Naruto!

—  Que safadinho, brincando sozinho, mas acompanhado. 

Riram, dois bestas que começavam a seguir para a cozinha, onde Sayuri os esperava com os pratos postos à mesa, pratos que apenas ela usava, mas colocava para eles também. Molhos industrializados, chá gelado para ela, cervejinha para eles. Quase um perfeito jantar em família, o que, de fato, eram. Eram uma família, os três, somando também Tsume e Hana e até mesmo o entojado do namorado de Naruto que vivia num cu doce de dar inveja. Uma família; Naruto e Kiba nunca seriam, nem nunca foram um casal, que fique claro. 

Depois da pizza (duas, sim, obrigado por perguntar), Kiba colocou a pequena na cama, dentes escovados e banho tomado, cabelo penteado com esmero e pijaminha escolhido a dedo com meias antiderrapantes de bolinhas. Um beijo na testa e um cobertor macio sobre o corpo, uma pelúcia agarrada sob o braço. Um abajur fraquinho ligado como uma luz de emergência bem próxima ao chão. Pronto, Sayuri estava segura e quentinha, alimentada e amada. Kiba sempre sorria encostado no batente da porta olhando sua pequena e mais preciosa jóia. Quando voltou à sala, Naruto já o esperava com mais uma cerveja sobre a mesinha. 

—  E Sasuke? 

—  Plantão. 

Sasuke, o entojado, trabalhava como conselheiro no hospital. Antes, Kiba jurava que ele era enfermeiro, descobriu depois que ele orientava famílias desestruturadas, ou.. como foi o seu caso, e foi como o conheceu: Sasuke foi a linha de frente de apoio à pais solteiros. Um beta, assim como Naruto. Aliás, Naruto devia à Kiba por ter um namorado agora, afinal, foi graças a ele que se conheceram. Não que isso seja realmente algo bom, tinha dias que Kiba jurava que não era, mas paciência, não era ele quem tinha que dormir com aquele cara que parecia sempre estar chupando limão. 

—  Por isso está aqui sem pressa, né, safado? —  Uma almofada voou em direção a Naruto, mas nenhum grande estrago foi feito, já que ele desviou evitando que ela derrubasse a cerveja de sua mão. Kiba recebeu uma careta em resposta, e a almofada de volta, que por sua vez, foi certeira fazendo Naruto gargalhar, e Kiba soltar um não tão sonoro “shhh”, para que não acordassem Sayuri. 



Era cedo. Muito, muito, muito cedo. 

Kiba estava enrolado no edredom mas não pode evitar sorrir quando sentiu as mãozinhas em seu rosto e um beijinho em sua testa e tão logo tinha uma pimpolha encolhida próxima a seu peito. Ela quase roncava, era um suspiro tão leve e reconfortante. Sayuri sempre fugia para sua cama pela manhã. Ela acordava cedo, mas ele não era muito adepto disso nos fins de semana, nem nos dias de trabalho, francamente! Ela sempre tirava mais um cochilinho quando aninhada com ele e, como era domingo, seguiriam depois para um café da manhã caprichado no local favorito de Sayuri. 

Ainda sonolento, Kiba riu lembrando-se da voz grave ao telefone. Naruto o havia infernizado dizendo que era um encontro, mas os deuses bem sabiam que depois de sua filha nascer, ele não teve nem um tempinho para aprontar, o “carinha” na gaveta alta de seu banheiro era prova viva disso, infelizmente. 

Às oito e quarenta e cinco, Kiba queria ter saído de casa. Queria ser o tipo de cara que consegue chegar na hora marcada, mas demorou fazendo um penteado em Sayuri e quando viu a hora era quase nove, faltavam exatos 2 minutos, então quando no carro ele ligou para o número da noite anterior, salvo no last call. Dois toques e foi saudado com um “Aburame Shino”. Quem dizia nome e sobrenome ao telefone num domingo de manhã? Ele no início do trabalho havia esquecido disso por quase um ano! Informou que chegaria uns 5 minutos (arredondou para baixo, porque sabia que levaria pelo menos 10 minutos de sua casa até lá) atrasado. Quando abriu a porta e Sayuri passou, olhou ao redor, buscando quem ali poderia ser Aburame Shino. Não tinha muita gente, as pessoas costumavam chegar por volta das 8 e às 9 já estava quase um local fantasma, e ele adorava isso, a calmaria de aproveitar o café da manhã. 

—  Cho! —  Sayuri acenou sorridente para o beta que, todos os domingos, preparava para ela pankēki com mirtilos e morangos. 

—  Sayuri! —  a mesura era cortês e educada, e ele fazia o mesmo quando via Kiba. —  Inuzuka-san. 

Não restaria dúvida, o homem que se levantou numa das mesas mais distantes da porta deveria, só poderia ser Aburame Shino. Então, como esperado, Kiba segurou a mão de Sayuri e seguiu para onde ele estava, ainda de pé, os esperando. 

Houve um pequeno momento onde ele notou o nariz alheio mover-se um pouco para o lado, as narinas dilatando-se um pouco, as mãos grandes daquele a sua frente sendo apertadas em punho. O cheiro dele era instigante, não sabia que se encontraria com um alpha, e, pela reação dele, ele também não esperava se encontrar com um ômega. o pomo de adão subiu e desceu e a língua dele umedeceu os lábios de modo que Kiba pode notar cada detalhe. Era um tanto desconfortável que ele estivesse de óculos escuro, não sabia para onde exatamente ele estava olhando, mas estendeu a mão num gesto educado de cumprimento. 

—  Aburame Shino? Desculpa o atraso. —  O sorriso mostrava as presinhas mais salientes que nos demais. Kiba era agraciado quase com caninos de cachorro. A pele bronzeada destacava os dentes branquinhos e o sorriso largo. —  Esta é Sayuri, a pequena que atropelou seu carro parado. 

As mãozinhas esconderam o rosto enquanto Sayuri escondia-se atrás das pernas de Kiba vendo o pai apertar a mão daquele homem alto. Era mais alto que seu tio Naruto. 

—  Inuzuka Kiba. —  Era respeitador, polido. Kiba diria sexy, mas podia ser só os hormônios em polvorosa perto de um alfa grande e sério. Ah maldita queda! 

O gesto de Shino ao menear a cabeça e apontar as cadeiras era claro; deveriam sentar, afinal, era um café da manhã. Ele pelo menos tomaria o seu, e Sayuri também. Eles nem precisavam pedir, eram clientes da casa, e seus gostos eram quase decorados. 

—  Espero que o estrago no carro não seja grande —  rindo ele segurou Sayuri abaixo dos braços para colocá-la sentada na cadeira ao seu lado, arrumando-a para que não ficasse na beirada, colocando o guardanapo em seu colo e lhe apertando a bochecha.

—  Se preferir, esperamos seu marido para conversarmos. 

—  O que é um marido? —  Sayuri quebrou o gelo quando Kiba se engasgou com absolutamente nada que não a saliva em sua boca. 

—  É quase o que o tio Sasuke é do tio Naruto. 

—  Ah. Meu papai não tem um. 

Obrigado, Sayuri!

—  Exato. —  Se fosse Naruto a comentar aquilo, ele teria reclamado, cotovelado o amigo e sido um pé no saco, mas era sua filha a linguaruda da vez. —  Somos só nós —  apontou englobando a pequena que olhava para o lado, avistando seu pedido de café da manhã. Na mesa, Kiba notou, tinha chá. Só. Se Shino os estava esperando, era educado da parte dele, ou… só quisesse mesmo o chá. 

—  E ela, se machucou? —  Shino parecia medir as palavras, respirava de um modo curto, como se nem mesmo quisesse ficar ali muito tempo. Nem os óculos havia tirado, ocultando os olhos e parcialmente o rosto, já que assim o quadro ficava incompleto. 

—  Ralei —  Sayuri voltou a interferir. Quase levantou a perna, mas a mesa atrapalhou. —  Meu joelhinho. —  o biquinho era digno de uma atriz, Kiba tinha que reconhecer, esse lado ela havia puxado todinho dele. —  Mas o papai deu um beijinho, vai ficar tudo bem. Ele vai beijar seu carro também?

Kiba notou o vislumbre de um sorriso, algo contido e meigo (?). 

—  Não, não vai. 

—  Ele precisa beijar você então? 

—  Sayuri!

Movendo os ombros ela se ocupou com as pankēkis. Os mirtilos eram comidos primeiro, tinha todo um ritual. Os morangos eram por último, os preferidos de Sayuri, de Kiba também. 

—  Bem, como combinado, basta me informar o valor, para que eu possa acertar com você. 

Houve a negativa, singela, mas eficaz. O mover suave de cabeça de Shino indicando que não aceitaria pagamento algum, e então deu voz à negativa:

—  Como eu disse, não foi nada. Aceitei vir porque queria me assegurar de que ela estava bem, como disse, havia sangue no bilhete. E vejo que está bem. 

A pequena movia a cabeça de um lado ao outro enquanto comia, já nem ligava para a conversa dos adultos. Tampouco sabia identificar os aromas, os feromônios à solta. Mas Kiba sentia. Sentia seu corpo emanar o aroma, sentia a tensão do alfa logo a sua frente naquela mesa naquele estabelecimento não muito movimentado. O modo que ele segurava firme a xícara de chá, romperia a porcelana assim. Mas não era intencional, Kiba estava há muito tempo sem alguém, e encontrar-se justamente com um alfa quando boa parte de seu convívio era com betas, aquilo era golpe baixo até mesmo para o universo! 

Risos de Sayuri, desconforto de sua parte ao mover-se na cadeira buscando ficar sentado na melhor posição enquanto notava que Shino estava tão desconcertado quanto ele. Mas absurdamente encantado por Sayuri, com quem trocava algumas palavras, já que ela falava por dois! 

No final daquele desjejum, deixaram para se despedir próximo aos carros, depois de Kiba pagar pelo café, contrariando Shino que insistia em pagá-lo. Como Cho conhecia Kiba, aceitou o pagamento dele, ou, como fazia, pendurava na conta e Kiba acertava todo início de mês. 

—  Era o mínimo que eu poderia fazer, além do mais, você só bebeu chá, seria injusto arcar com tudo o que comi. —  E kiba havia comido bem. Muito, muito bem! —  Considere um agradecimento pela gentileza de se preocupar com ela. —  A mão afagou os cabelos de Sayuri, que agora estava mais perto de Shino, e não escondida atrás das pernas do pai. 

—  A gente vai se ver de novo? —  Sayuri questionou à Shino, os olhinhos incisivos sobre ele, olhando-o de baixo com os braços cruzados frente ao peito. — Papai, convida ele pra noite de mímica. 

Do lado de fora Shino parecia ainda maior, mas agora o óculos de sol não estava destoante, visto que o sol estava a pino! Ele usava calça social, em pleno domingo, sim. Camisa também social, mas dobrada pouco antes de chegar ao cotovelo. Tons sóbrios, pele clarinha, alto, sério. Kiba tinha um tipo, e definitivamente isso não era lá muito esperto. 

—  Querida, acho que o senhor Aburame tem coisas mais interessantes a fazer numa noite de domingo do que vir à nossa casa para jogar mímica e comer lámen. —  Abaixou-se para olhá-la nos olhos.  O biquinho estava ali, a carinha de quem havia ficado profundamente magoada. Ela era boa mesmo naquilo, tsc! —  Mas, claro. Se… se ele quiser. —  Ainda abaixado olhou na direção de Shino. Seria inteligente receber um alfa em sua casa? Não. Pelo menos não estaria sozinho em casa, e não contava apenas com Sayuri. 

—  Por favorzinho! —  As mãozinhas unidas enquanto ela mesma se aproximava mais de Shino e lhe puxava pela calça. 

Se ele conseguisse escapar daquele pedido, nunca mais cairia nas artimanhas dela. E Kiba notou que ele não conseguiria não ceder. Notou no momento que Shino virou a cabeça de um um para o outro, esperando, talvez, que Kiba o tirasse daquela emboscada. 

—  Bem, às 19h, na minha casa. —  E restou a ele passar o endereço, claro. 

 

No final daquela noite ele despediu-se de Shino lhe beijando a bochecha, esquecendo-se das etiquetas e dos bons modos que sua mãe insistia, mas que ele claramente ignorava? Sim. No final daquela mesma noite ele ligou para Shino para lhe agradecer pela companhia e paciência com Sayuri? Sim. Naquela mesma noite ele usou o brinquedinho e sua mente o guiou à alguém de carne, osso e cheiro absurdamente gostoso? Sim! 

E não precisa nem dizer que não parou aí, afinal, eram solteiros e desimpedidos. E mais que isso, havia algo que os ligava, e não apenas o fato de serem alfa e ômega, mas porque Kiba enfim havia encontrado alguém que o aceitava com suas bagagens, sem julgá-lo por ser pai solteiro, sem olhá-lo com certo desprezo. Uma esbarradinha de nada, e Sayuri virou o melhor cupido de todos!


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Notas finais do capítulo

Finalizada?



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