Ficaremos todos bem escrita por P Capuleto


Capítulo 2
Fofoca 2: você também é..?


Notas iniciais do capítulo

Continuamos com a noite não tão tranquila assim para Sakura. Boa leitura



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Um dos garçons se aproximou e baixou sua bandeja apenas o bastante para ficar à vista da rosada.

— Champanhe, madame?

Ela piscou surpresa com o termo de tratamento e aceitou uma taça de bebida.

— Madame. – Sakura repetiu para si mesma quando já estava sozinha e achou graça. Talvez pudesse seguir o conselho de Naruto e aproveitar a festa pomposa.

Com sua taça na mão esquerda e a bolsinha de colo na direita, olhou em volta em busca de algo para fazer, mas a maioria dos convidados estava concentrada em diferentes rodinhas de conversa e pelo visto ninguém parecia animado para dançar junto à pequena orquestra de violinos. Resolveu então dar a volta no salão, andando sem rumo até que algo lhe chamasse a atenção.

Durante seu "passeio" pelo enorme lugar, foi reparando na decoração e teve de admitir: esses riquinhos tiveram muito bom gosto ao escolher tudo. Candelabros enormes, janelas que iam do chão até quase o teto emolduradas por cortinas pesadas, arranjos de flores espalhados estrategicamente de forma que não ficasse demais ou de menos, esculturas de gelo ao lado da mesa principal – que Sakura imaginou ser para o anfitrião. Tudo ali gritava dinheiro e sofisticação.

Entre goles e passos despreocupados, Sakura parou ao lado de uma das janelas e procurou pelo celular na bolsa, que depois ficou segura entre seu antebraço e costelas. À princípio era contra as regras da agência ficar distraída assim no celular, mas seu cliente claramente não voltaria tão cedo, então não viu problema em arriscar. Só queria tirar uma selfie bonita aproveitando o cenário. Assim que ativou a câmera frontal, levou um susto que a fez pular no lugar: alguém estava bastante próximo a ela.

— Nossa, me desculpa. – a pessoa tapou a boca com as mãos para não rir de forma rude – Não quis te assustar assim.

Sakura ainda estava com o coração acelerado e sentiu o rosto esquentar ao dar-se conta de quem era: Hinata, a moça bonita de antes.

— Não se preocupe. Eu que estava distraída demais. – respondeu.

— Quer que eu tire uma foto sua? – a morena perguntou gentil.

— Ah, obrigada. – ela entregou seu celular timidamente e tentou posar de forma natural ao lado dos arranjos de flores que estavam por perto, mas se sentiu feia e estúpida por estar com vergonha.

Mesmo assim, Hinata tirou algumas fotos e lhe entregou o aparelho de volta.

— Acho que ficaram lindas. Você está linda, então vai ser difícil escolher qual postar.

Sakura sentiu ainda mais vergonha e seu coração não conseguia voltar ao ritmo normal.

— O-obrigada. Você também está muito bonita. – retribuiu o elogio.

A morena olhou para os lados.

— Também perdeu seu acompanhante?

— Ah, sim. – Sakura se sentiu feliz por ela mudar de assunto – M-meu namorado disse que precisava sair um pouco.

Hinata levantou uma das sobrancelhas.

— Seu namorado? Achei que fosse uma amiga, já que ele não a apresentou assim.

— Ah, eu... – Sakura sentiu um frio na barriga. De fato, em nenhum momento da contratação Naruto pediu para que ela entrasse no papel de namorada e, como Hinata observou, ele não a apresentou assim para eles. Ela percebeu que havia cometido um erro e rezou para que Naruto não escrevesse um review negativo graças a isso, mas tentou espantar o pensamento e consertar o erro – Bom, acho que Naruto não gosta muito de rótulos ha ha. Mas nós definitivamente somos amantes. Não, espera. Isso saiu errado. Nós estamos juntos. Isso que quero dizer. Não é como se ele fosse casado e eu fosse sua amante. Isso seria... Seria...

Ela percebeu, tarde demais, que tinha de calar a boca, então assim que um garçom se aproximou das duas com sua bandeja de prata e copos cheios, ela virou o resto de sua bebida e trocou a taça vazia de lugar com uma nova.

Hinata, por outro lado, não parecia desconfortável com a terrível performance social de Sakura. Pelo contrário: parecia entretida. Ela também apanhou uma taça, deu um gole e esperou que a rosada continuasse.

— Desculpe, estou um pouco nervosa por estar aqui. As pessoas parecem estar me julgando. – Sakura acabou revelando. Foi mais fácil dizer isso, já que era tecnicamente verdade. Só deixou de fora que ela era a pessoa que mais a estava desconcertando, seja lá qual fosse o motivo para isso.

— Ah, eu te entendo. Os Uchiha parecem ser bastante conservadores. – concordou.

— Também é sua primeira vez com eles? – Sakura quis saber e a moça assentiu – Você parece se encaixar bem aqui. Sabe, não entendo por que Naruto quis vir em um lugar onde claramente não é bem-vindo e também não sei por que ele escolheu vir comigo. Era óbvio que chamaríamos atenção.

— Sim, né. Provavelmente havia outras opções na agência de acompanhantes.

— Sim, pois é. Eu não entendo por que ele achou que seria uma boa ideia vir comigo sendo que... - Sakura percebeu tarde demais que caíra na armadilha de Hinata, que sorria orgulhosa enquanto bebia de sua própria taça. – Espera, você sabia?

Hinata deu de ombros e se aproximou da rosada para falar mais baixo.

— Quando se está no ramo há muito tempo, é fácil reconhecer as novatas.

Sakura ficou de queixo caído.

— Você também é..?

— Bom, você deve saber que sair do personagem é contra as regras, então que tal deixarmos isso no ar? – a morena mandou uma piscadinha para a colega de profissão.

— Então você não é namorada do-

Foi então que Sasuke apareceu com uma expressão mais emburrada que antes e pediu licença para as duas.

— Meus tios querem te conhecer. – avisou à morena - Quanto tempo será que Obito ainda vai demorar para chegar?

— Oh, querido, tenho certeza de que ele tem um bom motivo para o atraso. – a namorada de mentira respondeu ao ajeitar a gravata do cliente. Sakura ficou impressionada com a performance tão natural.

— Toda vez que algum Uchiha tem uma grande revelação a fazer, ele organiza um evento desnecessário. Nunca vou entender essas tradições... – ele então se virou para a rosada – Desculpe não ter falado com você direito mais cedo. Naruto consegue ser bem irritante e insistente às vezes. – ele olhou para os próprios pés e depois fitou Sakura nos olhos – Vocês são... Amigos, certo? Onde se conheceram?

Ela olhou rapidamente para Hinata e depois voltou para Sasuke. O que deveria dizer? Sasuke o conhecia há muito tempo, então poderia ser facilmente pega na mentira. Uma vizinha? E se o Uchiha fosse seu vizinho? Amiga da faculdade? E se Sasuke também estivesse na turma?

— Sakura estava acabando de me contar a história de como eles se conheceram, querido. Não vamos faze-la repetir tudo de novo. – Hinata interferiu em seu socorro.

O moreno cruzou os braços.

— Bom, de qualquer forma, será que posso contar com você pra mantê-lo longe de mim por hoje? Nós tivemos uma discussãozinha na varanda agora e eu realmente preciso evitar escândalos até meu primo chegar.

— Eu vou falar com ele. – Sakura prometeu sentindo apenas alívio. Percebeu que Hinata estava, de fato, mil anos à sua frente em se tratando de experiência no ramo.

Sasuke agradeceu e pediu para que Hinata o acompanhasse até seus tios. Os dois deram o braço e foram em direção à uma das rodinhas de conversa.

A rosada pensou um pouco sobre o que acabara de acontecer e tentou se recompor. Não queria dar mais bolas fora. Bebeu mais um pouco do conteúdo de sua taça e sentiu que precisava ir ao banheiro.

Depois de aliviada, deu a volta na grande parede de pedra que dividia a área dos toaletes e das pias. Encontrou lenços umedecidos na grande bancada de mármore e os usou para refrescar o rosto tendo cuidado com a maquiagem. Ela repousou a bolsinha no mármore e pegou o celular novamente. Ao desbloquear, encontrou a galeria aberta nas suas fotos tiradas há pouco e, passando por elas, notou que Hinata não mentiu: as fotos ficaram realmente boas. A última foto a surpreendeu pois era uma selfie da própria fotógrafa, fazendo biquinho. Sakura não conseguia tirar os olhos daqueles orbes perolados que iluminavam a imagem.

— Sakura, o que há de errado com você? Por que está deixando que aquela mulher mexa tanto com você? – ela perguntou a si mesma.

Devia ser inveja, ela pensou ao guardar o celular e encarar seu reflexo no espelho. Claro que se considerava uma mulher bonita, mas estava longe de ser o espetáculo que Hinata era. Principalmente por um pequeno detalhe...

Apalpou os próprios seios e lamentou pela genética que não lhe agraciou nesse aspecto, mas logo sacudiu a cabeça decidida a sair dessa paranoia. Não iniciaria uma competição com outra mulher. Onde estava seu sentimento de sororidade? Contou até três e caminhou para a saída do banheiro com a cabeça erguida e pronta para agir normalmente na presença da morena, caso a encontrasse novamente.

O encontro veio mais cedo do que ela esperava, já que assim que fez a curva para voltar ao salão, a própria Hinata entrou no banheiro e elas quase se esbarraram.

— Oh, desculpe. – ela apoiou-se aos ombros desnudos de Sakura, que rapidamente sentiu a pele ficando quente no local tocado pelos dedos da morena.

— Caramba, desculpa digo eu. – Sakura engoliu em seco, tentando deixar as estranhas sensações de lado.

A outra encarou a boca de Sakura indiscretamente e a rosada sentiu as mãos suando.

— O que foi? – perguntou quase sem ar.

— Você precisa de mais batom. – Hinata respondeu.

Sakura virou o rosto e se olhou no espelho novamente. Percebeu que a parte central de seus lábios estava sem cor, talvez graças às taças de bebida.

— Droga, eu não tinha percebido.

— Relaxa. Aqui, eu tenho um extra. Deixa eu te ajudar.

Hinata apanhou um tubinho de batom em sua bolsa de colo e pediu para Sakura encostar na bancada. Antes que a rosada percebesse o que estava acontecendo, a morena se aproximou bastante de si e, com a mão direita, lhe segurou gentilmente o maxilar. Com a esquerda, passou suavemente o batom por seus lábios. Cada passada era leve e firme. Sakura sentiu a textura aveludada do produto que dançava por seus lábios e se perguntou por que a sensação lhe estava deixando tão ansiosa. Tentou se controlar, mas se encontrou incapaz de tirar seus olhos cor de esmeralda dos olhos perolados de Hinata, que por sua vez parecia bastante focada no que fazia.

De repente, uma outra convidada entrou no banheiro e se posicionou no espelho ao lado para verificar a própria aparência. O coração de Sakura disparou com a presença da moça desconhecida. Na verdade, o órgão palpitava tão rapidamente que ela se perguntou se Hinata seria capaz de ouvir.

Por que sentia como se tivesse sido pega fazendo algo errado? Não havia nada de mais no gesto de uma mulher ajudando a outra com a maquiagem... Certo? A convidada certamente não parecia interessada nelas e logo seguiu para a área de sanitários atrás da parede de pedra.

— Pronto. – Hinata disse – Não é o exato tom do seu batom, mas dá pra disfarçar bem.

Sakura não conseguiu responder. Percebeu então que estava prendendo a respiração durante todo esse tempo, então soltou o ar. A confusão dentro de si parecia não se acalmar, ao mesmo tempo que Hinata não se afastava também.

As duas ficaram em silêncio se encarando e foi então que Sakura sentiu um impulso imediato de fazer algo que jamais imaginou fazer: sem se dar tempo para voltar atrás, ela afastou o pulso da morena que estava próximo ao seu rosto e encontrou seus lábios com os dela.

Como se esperasse por isso, Hinata aceitou o gesto e logo acrescentou sua presença ao beijo, empurrando o corpo da rosada contra a bancada e pressionando seus lábios com mais intensidade. Sakura não percebeu o que estava fazendo até que ouviu o som de descarga vindo do outro lado, que a trouxe de volta à realidade. Em pânico, afastou a morena e lhe deu as costas, para fingir que estava usando a pia.

A convidada apareceu, lavou as mãos, ajeitou os cabelos negros e saiu sem se dar conta do que acabara de acontecer alguns segundos atrás.

— Meu deus... – Sakura murmurou ao apoiar as mãos no mármore e olhando para Hinata apenas pelo reflexo no espelho. – Me desculpa, eu não sei o que rolou. Acho que eu bebi demais. Quer dizer, eu... Eu não sou lésbica.

Hinata passou a língua sobre os próprios lábios, umedecendo-os, sem cortar o contato visual com a rosada.

— Ah não tem problema... – disse já agarrando a cintura da colega de profissão para virar seu corpo. Então aproximou-se de sua orelha e sussurrou – Eu também não sou.

Quando Sakura se deu conta, elas já estavam se beijando novamente. A sensação das mãos de Hinata em sua cintura em conjunto com o macio toque de seus lábios a deixou em êxtase. Sem acreditar no que estava acontecendo e com o coração à mil, sentiu quando a morena tentou abrir caminho com sua língua. Sakura foi incapaz de negar, e logo o beijo se tornou mais intenso.

Com vinte e dois anos, Sakura não era mais BV ou virgem, mas definitivamente não se lembrava de sentir tamanho desejo por causa de um beijo. A cada movimento, sentia querer mais um pouco de Hinata para si, e com mais urgência.

Como se lesse seus pensamentos, a morena baixou as mãos que estavam na cintura da rosada. Graças ao tecido fino do vestido alugado, Sakura sentiu como se o toque fosse diretamente em sua bunda. Aquilo desencadeou uma reação automática em outra área de seu corpo; uma área que ela nunca sentiu se agitar tanto por conta de uma mulher.

Totalmente sem ar e cheia de pensamentos conflitantes, Sakura conseguiu forças para afastar Hinata novamente.

— Desculpe, mas não devíamos estar fazendo isso. Acho que bebi demais. – repetiu a desculpa de antes – Preciso encontrar Naruto.

— Ok, mas antes acho que é melhor repor o batom. – a morena não pareceu se incomodar com o corte abrupto no beijo das duas e lhe ofereceu o bastão cosmético com um sorriso provocativo.

Sakura tentou respirar fundo e voltar a si, então olhou no espelho e de fato seu batom se foi completamente. Tentou não pensar em como seu rosto estava vermelho. Ela queria ir embora dali o quanto antes, mas não queria ser antiprofissional (mais do que já estava sendo) e se lembrou de que, pelas regras da agência, deveria estar sempre apresentável.

Ela evitou olhar nos olhos da morena ao estender a mão e aceitar a oferta.

— Dessa vez eu passo sozinha. – disse.


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Notas finais do capítulo

vishkk



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