30 anos escrita por Ávida Leitora


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, espero que ainda estejam por aqui.. tenham uma boa leitura



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Edward 

 

Anestesiado.

Completamente anestesiado. 

Era a sensação que dominava meu corpo e mente.

A força que meu corpo me proporcionava nesta vida como vampiro, não valia de nada diante do conflito de emoções que me mantinha congelado, sozinho de pé, voltado para o quadro negro daquela sala de aula depois de Bella me dar as costas enquanto seguia seu caminho, do jeito que eu tanto quis que ela fizesse há anos atrás, do mesmo jeito que pedi ao Deus dela, se é que existe de fato tal poder acalentando esta terra, este mundo, com a minúscula parte de mim que pôde fazer algo para salvar o amor da minha existência da escuridão que me perseguia, que se uniu ao meu ser desde o momento em que abri os olhos nesta nova vida.

Minha luta de sentimentos ameaçava me rasgar ao meio, a alegria de ver que aquelas visões de Alice onde via Bella mais velha e seguindo o rumo natural da vida antes tão opacas e pouco prováveis se tornaram reais, dividia espaço com meus sentimentos de miséria, pois me sentia abandonado de ver que a mulher que tomou meu coração e cujo qual eu nunca poderia reaver tinha me apagado de seu próprio, aquela marca em seu dedo anelar provava que ela tinha vivido em união com alguém e mesmo que tivesse chegado ao fim, não importava, pois se ela quisesse encontraria outro amor, ela que atrai atenção de todos por onde passa, que cativa as pessoas que a conhecem.

E pior, a ardência de sede que a presença dela despertou. Mesmo agora, enquanto eu tinha a oportunidade de vê-la com meus próprios olhos, de beber a maravilha que era estar próximo a ela, independente dos sentimentos aversos a mim que ela poderia ter, e seus pensamentos, estes que permaneceriam mistérios eternos. Enquanto o cheiro inebriante dela dominava meus sentidos e mente, enquanto eu bebia de tudo vindo dela, seu cheiro, seu rosto, sua voz, e preenchia o buraco que existia em meu peito dominado pela saudade e desespero, aquela ânsia que era invocada pelo aroma de seu sangue tentava escapar do meu controle.

Arrrrg.

Até mesmo quando eu conseguia rever o amor da minha existência, mais do que isso, tinha a oportunidade de falar com ela, aquela sede me queimava, como se eu precisasse desse lembrete para relembrar o porque eu nunca seria digno dela. 

Enquanto me afogava em minha aversão, acompanhava o caminho que ela percorria para chegar até a sala onde daria sua próxima aula através das mentes de quem cruzava seu caminho, alguns paravam para cumprimenta-lá rapidamente, outros até esbarravam os dedos nos dela em meio ao corredor cheio de alunos e docentes.

Ela estava com uma expressão intrigada, um pouco saudosa, suas sobrancelhas franzidas em todo o percurso, que logo se transformou em um sorriso ao ver seus alunos. Mas antes que eu pudesse refletir o motivo, ouvi o burburinho dos alunos se aproximando que ocupariam a sala onde eu estava ainda imóvel, voltado para o quadro negro.

Aquilo me forçou a me mexer para sair.

Decidi que meu teatro de aluno universitário não teria sucesso no resto daquele dia, desistindo, me obriguei a sair da sala em um ritmo humano, ao invés de correr a toda velocidade como queria, e segui em direção ao meu carro no estacionamento com a intenção de seguir direto para a casa em que minha família se estabeleceu.

Com as janelas abertas, dirigi por todo o caminho de maneira automática, sem conseguir me concentrar em nenhuma mente ou rosto que passou por mim, minha mente seguia lenta, sem poder processar a enormidade daquele encontro. Quando finalmente decidi retornar a viver com minha família, e me deixei levar pelos planos que eles estabeleceram de criarmos raízes em uma nova cidade, que descubro ser justamente a mesma cidade em que Bella mora e está construindo sua carreira, e mais improvável ainda, meus irmãos e eu nos matricularmos na mesma faculdade que ela leciona e ironicamente, eu me tornar seu aluno. 

Novamente, me questionei se tudo aquilo foi planejado por Alice, se ela queria que minha decisão enfraquecesse diante da presença de Bella. Se ela tinha a intenção de tornar Bella…

Não, retrocedi minha linha de pensamentos, minha irmã nunca faria isso com Bella, ou comigo.

Mas ainda que Alice não tivesse a intenção de interferir na vida de Bella, como pôde permitir que isso acontecesse? 

Minhas especulações foram interrompidas pelos pensamentos de Esme quando estacionei o carro na garagem. 

Edward. Meu filho, finalmente.

Antes que eu possa me recompor ela já está ao meu lado abrindo a porta do motorista e me arrastando para fora do carro para me esmagar em seu abraço carinhoso e cheio de saudade. E ali, no conforto daquele abraço, me senti em paz, mesmo que fosse passageiro.

— Mãe. - respondi, enquanto o peso da culpa por ter me afastado por tanto tempo era retirado de meus ombros, pois em seus pensamentos não existia nada além de palavras gentis e de afeto - Senti tantas saudades.

— Eu também meu filho, eu também - ela respondeu se afastando para me olhar nos olhos com um sorriso no rosto, mas em menos de um segundo seu sorriso enfraqueceu ao ver as sombras que ainda não tinham abandonado meus olhos. O que aconteceu?

— A coisa mais inimaginável de todas. Bella mora nesta cidade, e é minha professora na universidade. - respondi com uma voz inexpressiva, ainda sentia minha mente anestesiada, lenta.

Mas.. como..

Seus pensamentos também ficaram momentaneamente congelados, com medo do que aquilo significaria para nós, se aquilo me afastaria de novo depois de tantos anos.

— Ainda não sei.. nunca imaginei que isso aconteceria.

Carlisle logo chegará, e seus irmãos também, juntos vamos achar uma solução.

E aquilo resolveria nossos problemas mais urgentes, ela acredita veementemente na sabedoria de Carlisle diante desta situação.

Concordei com um aceno de cabeça, mesmo que não acreditasse que chegaríamos a um consenso com uma simples conversa. 

E disposto a esperar, segui para o interior da casa ao lado de Esme.

Ela pretendia preencher este tempo cuidando de mim, e descobrir como passei esse tempo longe e perguntava para si mesma se realmente valeu de alguma coisa todo esse isolamento.

— Eu acreditava que sim mas.. depois de hoje, não tenho mais certeza.


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