Hölle escrita por Dev Lish


Capítulo 19
Epílogo: Lethobenthos


Notas iniciais do capítulo

Lethobenthos. Substantivo. O hábito de esquecer o quanto uma pessoa é importante pra você até vê-la novamente.
Sugestão de música: The Young Heretics - I know I'm a wolf



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A garotinha correndo pela sala estava sendo seguida por um par de olhos. Mechas de seu cabelo preto estavam grudadas em sua testa, suas bochechas eram avermelhadas e brilhantes com suor, e seu sorriso era marcado pela brecha onde seus dentes deveriam estar. 

— 3, 2, 1. EMMA, Aí vou eu.

A garotinha correu e se abaixou ao lado do sofá. O homem, observando da escada de incêndio, respirou fundo  — mesmo que ele não precisasse. Os olhos da criança eram azuis, cintilantes como um par de safiras. Ele reconheceu seus próprios traços nela. Pela primeira vez, conseguia entender porque diziam que ele se parecia com seu pai. Ela era uma cópia sua. 

 

Essa não era a pior parte. Essa não estava nem concorrendo a pior parte. 

 

A pessoa que entrou na sala era a pior parte. 

 

Longos cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, olhos escuros e brilhantes com travessura, braços fortes e ombros largos em uma regata preta. Essas não eram as características que ele associaria a Dana, mas era claro como o dia que era ele. Ele procurou pela cicatriz que deveria estar em seu antebraço e encontrou apenas flores, grandes rosas vermelhas brotando de seu cotovelo e alcançando seu pulso.

 

A criança também viu a entrada. Ela esperou ele se aproximar do sofá e gritou quando ele a viu. 

— PEGUEI VOCÊ.

E ele a segurou (quando suas mãos haviam se tornado tão estáveis?) e a jogou pra cima. Cada quase-arremesso era respondido com um grito e risada incontrolável.

Emma esticou os braços ao ser colocada de volta no chão. Ela parecia uma garotinha perfeitamente normal, perfeitamente feliz, perfeitamente adorada-

 

— A sua mãe disse que você tem que tomar banho às 6. 

— Mas a mamãe não tá aqui.  — Ela disse em um sussurro conspiratório  — A gente pode brincar de novo e falar pra ela que eu já tomei banho?

— Com quem você aprendeu a ser assim? Você vai tomar banho e depois a gente brinca mais.  — Ela considerou com um biquinho, e por fim acenou com a cabeça. Dana a pegou no colo novamente e eles sumiram pelo corredor.

Ainda não, ainda não, Cam pensou.

 

O fogo, o sangue, a dor e a tortura, tudo ainda estava vivo demais em sua mente. Ele apreciava a dormência em seus membros após anos de estímulos contínuos dolorosos. 

 

Dessa vez, ele não cometeria os mesmos erros.

 

Emma Reyes Malloch, 7 anos.

 

Nula.

 

Cam atravessou a janela. 


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Notas finais do capítulo

O fim????



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