Linhas Borradas escrita por Tricia


Capítulo 5
Não Ser o Primeiro a se Mover Não é Ruim


Notas iniciais do capítulo

Por mais que as histórias tenham sempre uma essência do autor em sua estrutura naturalmente eu sinto que cada uma também terá algo diferente que será o seu q de especial, saber que ainda não encontrei totalmente isso nessa história tanto me cativa quanto preocupa. Atualmente eu trabalho com 50% roteiro pronto. 30% improvisos interessantes e 20% do que sinto sobre tudo e, muito provavelmente estarei nos próximos dias trabalhando nesses 20% porque eu quero trazer capítulos maiores e desenvolver as coisas de forma não tão lenta como esta acontecendo futuramente...para não falar de futuros projetos.
Peço que tenham paciência comigo ok?
Boa leitura



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O circulo do caos estava formado, Sam pode ter a certeza disso enquanto assistia um programa de variedades falar sobre Jade e ainda via a longa lista de comentários deixados nas postagens dos sites que agora disponibilizavam a noticia com um recheio a mais de sensacionalismo e drama.

— Você parece muito calma?

— Ao contrário de você – Jade devolveu enquanto a assistente servia o café para as duas na sala da loira.

 Fora quase assustador para a editora se deparar com essa faceta calma e controlada da amiga em saltos altos e postura inabalável quando chegara sendo que tinha motivos para não estar calma. Tudo bem que as coisas de vidro que poderia quebrar na casa da morena já estavam extintas o que leva então por um instante Sam se preocupar com a decoração de seu escritório.

Nunca se sabe quando o assunto é Jade West. Prevenção não é de todo ruim

— Vamos lembrar que Ellen Wood foi namorada do Beck em um passado distante e vergonhoso da vida dele, ela te culpa pelo termino deles, ela te odeia e sempre tenta te derrubar quando vê uma boa oportunidade.

— E ela sempre fracassa. Dessa vez ao invés de me prejudicar ela esta me ajudando.

— Okay...quem se acidentou foi o Beck, mas quem não parece estar bem é você.

Jade deu de ombros pegando a xicara de café e levando aos lábios, os olhos claros foram em direção a TV que exibia uma foto das duas saindo do hospital com expressões preocupadas, era tudo que a morena precisava.

— Ellen apenas mexeu a primeira peça no tabuleiro, agora é a nossa vez.

— Vamos fazer um comunicado oficial esta tarde sobre isso. Não vai resolver muita coisa, mas é um bom jeito de começar.

— Errado, eu preciso que você faça outra coisa.

— Você já tem um plano pronto – a loira concluiu por fim encostando-se no encosto da poltrona com a xicara fumegante exalando o aroma fraco da bebida.

— Podemos dizer que sim.

— O precisa que eu faça?

 

~*~

 

A alta foi adiantada a pedido dos pais e agora Beck estava na sala da casa do amigo em um apartamento que gritava cada aspecto da personalidade de André desde os quadros de cantores favoritos até a decoração despojada e a cozinha pequena com um lixo repleto de comida vinda de delivery.

Fred que viera como apoio ocupou a poltrona de massagem enquanto André mostrava cada cômodo do lugar para no final pegar latas de refrigerantes e os dois irem para o sofá conversar.

Tudo ia bem mesmo com as coisas acontecendo que na realidade não saberia muito dizer quando evitara olhar a internet por um conselho da mãe e se limitara as informações dadas por Fred.

Quando o interfone tocou e Harris foi atender os dois continuaram até ele retornar com o ceio franzido.

— Fred, você andou aprontando? Tua esposa ta subindo – avisou enquanto ia para a porta aguardando até ouvir as batidas.

Do canto do sofá Beck observou a porta ser aberta e um furacão loiro  entrar. Era a primeira vez vendo a mulher de perto, tão alta quanto a esposa e tendo um estilo até similar de roupas, aquele olhar voraz era parecido. Elas poderiam facilmente serem irmãs.

— Sam?

— To aqui a trabalho – a mulher justificou o se colocar no meio da sala – Temos que esclarecer algumas coisas e fazer o controle de danos aqui.

Era um tanto interessante como ela colocava um tom profissional mesclado à raiva sustentando uma pose confiante.

— Não é bom dar uma folga para ele, Sam? – André entrou em defesa.

— Não, eu to amenizando o pandemônio e não mandando escalar o Everest – Beck olhou para o amigo em duvida recebendo apenas um manear tranquilo de cabeça – Você já sabe quem eu sou, mas para o caso de não eu sou Samantha Puckett e trabalho com a sua esposa e é minha obrigação garantir que a situação atual não influencie a opinião das pessoas negativamente sobre ela. Se não gostam dela, não compram os livros dela e saímos no prejuízo. Ninguém quer isso!

— Só não assuste muito ele, Sam – Fred pediu em um tom bastante calmo, a troca de olhares dos dois foi curta antes da mulher devolver:

— Não é minha intenção.

— Então qual é sua intenção?

— Vamos mostrar que você esta tentando voltar às coisas o mais próximo do normal. Vocês estão lutando para ficar bem novamente – ela respondeu olhando Beck diretamente.

— Isso já não é o que estamos fazendo, só que aos poucos – André argumentou sentando no braço do sofá com os braços cruzados.

— Vamos acelerar um pouquinho as coisas. Você não vai voltar a morar na sua casa, mas irá lá ocasionalmente como quem esta visitando a namorada e preciso que os dois saiam para alguns lugares que tenham pessoas para ver e iremos fotografar isso e soltar anonimamente.

— Você quer fazer eles serem como um casal separado tentando reatar aos poucos – Fred comentou.

— Basicamente, vai ser simples e eficiente se nosso amigo souber fazer a parte dele bem.

— Ele esta bem aqui a propósito – Beck ergueu a voz trazendo a atenção de todos para si – Você não deveria perguntar a minha opinião sobre isso tudo? Ser fotografado e exposto é um pouco incomodo.

Com ou sem memórias Beck ainda não apreciava ser exposto, a loira constatou apoiando uma mão na cintura.

— Não é sua culpa ficar sem memórias, mas será sua culpa se a Jade for cruelmente prejudicada sozinha quando você poderia ter ajudado.

— Sam... – o marido tentou interceder.

— Fazer um pouco de esforço pela mulher que você esqueceu vai dar ou ta difícil?

— Eu posso tentar.

Tentar...

— Com ou sem memória eu ainda sinto a mesma vontade de dar algumas bicudas em você de vez em quando.

— Pelo menos algumas coisas não mudaram totalmente – André comentou na intenção de aliviar o clima recebendo um aceno de Fred e uma expressão confusa de Beck sobre si.

— E como esta Jade nisso tudo?  

— Por favor não diga que ela foi atrás do pescoço da Ellen – Fred pediu com pesar fitando a esposa atiçando um pouco mais a curiosidade de Oliver sobre o assunto, seria mais uma prova do comportamento problemático da esposa?

— Surpreendentemente não – a loira abriu a bolsa fuçando no interior ate conseguir encontrar o celular, os dedos deslizaram com agilidade pela tela lisa – Alguém liga a TV.

André puxou o controle do canto do sofá obedecendo à loira.

— Por que você não esta me dizendo o que esta acontecendo com a Jade?

— Acho que é melhor mostrar já que enquanto você ta incomodado em se mostrar um pouco a sua esposa esta tomando a frente.

Espelhando do aparelho celular para a tela smart uma aba de rede social foi exibida com posts carregados de seguidores nas coisas que haviam sido postadas pela escritora cuja foto era exibida no canto.  

Clicando na postagem mais recente um vídeo abriu na tela exibindo Jade West sentada no chão encostada no sofá, o rosto quase sem maquiagem e os cabelos trançados com alguns fios avulsos e uma camisa que talvez não fosse feminina, mas que lhe caia muito bem. Beck supôs que esta fosse talvez a mulher em seu hábitat natural. 

[– Eu realmente não achei que algo assim aconteceria e eu teria que fazer isso – a mulher começou com uma suposta calma contida— Uma das coisa que meus pais me ensinaram foi a saber separar meu trabalho da minha vida pessoal para evitar problemas]

— Ela ta mesmo fazendo isso? – André perguntou para ninguém em particular.  

[– O que vocês ouviram sobre o meu marido é de fato verdade, não vou negar, mas eu preciso dizer que eu não gostaria que soubessem porque isso era uma questão puramente pessoal. Antes de perder a memória ele já não gostava de exposição então podemos duvidar que goste agora, não é?]

Beck se remexeu no sofá incomodado. Se a intenção dela era se passar por vitima claramente não funcionaria quando trazia respingos de sarcasmo em suas palavras.

[– As coisas estão difícil para nós no momento então eu peço que possam respeitar um pouco nossa situação. Eu aceito qualquer critica que venha com relação ao meu trabalho, mas não irei no que diz respeito ao meu casamento porque as únicas pessoas envolvidas nele somos meu marido e eu. Espero sinceramente que possam nos respeitar.]

O vídeo chegou ao fim. Uma quantidade de comentários era deixada e aumentava a cada minuto, ele notou antes de voltar à atenção para a mulher loira que balançava o celular e o olhava com o que poderia considerar a vontade de chuta-lo ainda.

Será que ela já o fez de verdade alguma vez?

— Ela já esta fazendo a parte dela, posso contar com você ou vou ter que apelar? – a loira questionou arqueando uma sobrancelha, o celular foi guardado em um dos bolsos da calça justa repleta de rasgos na frente.

— Como você apelaria?

— Não pergunta pro seu bem – André aconselhou em um tom baixo – Aceita e cala a boca antes que ela fure seus olhos com os saltos dela.

— Ela gosta muito desses sapatos pra destruir assim – Fred comentou como quem não quer nada recebendo um aceno positivo da mulher.

A loira abriu a bolsa novamente tirando um envelope pardo e jogando no colo do homem que a olhou com dúvida esperando a resposta que não tardou a vir.

— Ai esta as chaves do seu apartamento e algumas coisas para guiar a criança perdida – juntando as mãos ela concluiu – Meu trabalho ta feito.

Os olhos da mulher então voltaram para o marido que a olhava lançando uma piscadela.

— Você deveria aprender a ter um pouco de compaixão – André comentou um pouco baixo, mas o suficiente para ser audível.

— Vai se ferrar André – a mulher soltou enquanto se movia para a porta sozinha – Até mais.

Esperar perguntas não estava em cogitação e correr o risco de dizer algo errado não seria bom, e principalmente, estava com muita fome para querer perder tempo no apartamento do amigo quando conhecia uma ótima lanchonete no final da esquina perto de onde havia estacionado.

Saindo do prédio alto Sam puxou o aparelho novamente desbloqueando a tela e buscando na lista rápida o nome da amiga enquanto os passos a guiavam ao destino de agrado do estomago.

A resposta veio no terceiro toque.

— Então?

— Acho que funcionou. A próxima jogada é sua.

 


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Notas finais do capítulo

Escrevendo duas histórias ao mesmo tempo acaba sendo inevitável as vezes comparar personagens e ao faze-lo um dia desses ficou ainda mais evidente a diferença das personagens porque enquanto uma aceita os baques pensando apenas no outro esta quer bater de volta o quanto antes. Mesmo se eu jogasse a Jade na situação mais miserável não acho que ela abaixaria a cabeça, ela sofreria por um tempo, mas viraria o jogo a sua maneira antes que eu percebesse... mesmo que tenha que usar alguém no processo.
No geral é como eu vejo ela, e você?
Até o próximo
Bjs



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