O ano novo chegou de maneira esperançosa para Roxanne que  passou a noite da virada numa chamada de vídeo com o namorado e a melhor amiga, e para eles, que no caso já era outro dia graças ao fuso horário, foi bem tranquilo.

     Obrigada Merlin pelos trouxas e sua tecnologia.

Ela precisou implorar perdão, principalmente a Iara, já que segundo Leo, não queria nunca mais olhar na cara dela.

— Você me deve essa Roxy, você sabe como a Iara é difícil de convencer - falou o menino pelo celular, após uma longa conversa onde ela pode se acertar com o namorado e combinar o relacionamento a distancia.

— Pode colocar na conta dos beijos - provocou, sabendo que prometeu mil beijos a Leo sem ter a mínima ideia de quando pagaria.

Entretanto, estava feliz com a esperança de um dia poder reencontrar o namorado e a melhor amiga.

Somos bruxos não é mesmo?

— Como você pode fazer isso comigo sua vaca? - Dramatizou Iara  como de costume. 

— Ir embora sem despedir da sua melhor amiga, que espécie de criatura sem coração faz isso? Como vou casar com seu irmão e ser sua cunhada com vocês assim tão longe?

Roxanne riu e ficou aliviada com a reação da amiga. Iara sempre deu em cima de Fred descaradamente, e o menino envergonhado demais simplesmente a ignorava, atitude que só a estimulava ainda nas provocações. Ouvir a amiga brincado assim provocativa deixou Roxanne mais tranquila, ainda havia chances de ser perdoada, pensou.

— Você promete que vai escrever pra gente?- Iara chorava fazendo charme.

— É claro que vou eu amo vocês.

— E que não vai me trocar por uma desses primas ruivas metidas?

— Iara, ninguém pode te substituir, você sabe disso.

— Pois eu vou te substituir, você vai ver só. Vou arranjar uma nova melhor amiga- disse Iara num tom vingativo.

— Eu duvido, pra te aturar a pessoa tem que ter pelo menos uns dois anos de experiência, não é Leo?- Indagou Roxanne.

Leo que só ria, acabou não querendo se envolver nas provocações das meninas, ele sabia que era sempre mais seguro ficar assim, sem tomar partido,porque no final de tudo elas agiam como se nada tivesse acontecido.

    E assim Roxanne passou toda a noite no quarto, rindo e brincando com os melhores amigos. Os pais não quiseram incomoda-la, sabiam que a mudança estava sendo difícil e ela estava se esforçando bastante para se adaptar. Chegando a madrugada ela caiu no sono, foi um sono leve e tranquilo, ficou muito aliviada por ter conseguido falar com o namorado e a melhor amiga e acertado as coisas. No final de tudo Leo a perdoou, ele entedia o motivo da mudança, as coisas seriam difíceis de levar, ela sabia, mas eles se amavam, o que poderia dar errado?

    O resto dia ela passou ansiosa, o próximo dia seria o tão aguardado dia em que os alunos iriam de volta para escola. Para os primos, mais um dia entre tantos, já para ela e o irmão um dia de expectativas e ansiedade.

    Roxanne passou a madrugada em claro, teve pesadelos em que era engolida por um lula gigante, e que um chapéu era colocado na sua cabeça e pegava fogo. Entre sustos e cochilos, ela finalmente conseguiu dormir, mas  quando isso aconteceu já era hora de acordar.  Ignorou completamente os batidas na porta e continuou na cama, até que levou um mais um susto.

— Vamos levantar mocinha.

    Roxanne levantou num sobressalto, já que estava tão cansada que não percebeu que sua mãe havia entrado. Após alguns segundos de recuperação começou a reclamar.

— Mamae eu não quero ir pra escola, quero ficar aqui com você, como eu posso estudar e deixar você aqui assim?

   Roxanne evitava falar da doença da mãe, Angelina nunca demostrava fraqueza na frente dos filhos, mas ela percebia que sua saúde estava piorando. Não queria ficar longe, queria aproveitar todo tempo que tinha ao lado da mãe.

— Meu amor você não pode parar seus estudos por minha causa, e nada me deixaria mais feliz do que ver você indo pra Hogwarts, a escola que eu passei a melhor época da minha vida.

— Tem certeza que não posso ficar aqui com você e o papai?

— Tenho sim senhora, você vai estudar e me encher de orgulho como sempre.

   Roxanne concordou a contragosto, sabia que os pais não permitiriam que ela ficasse em casa, mas não custava nada tentar. Pegou as malas e se juntou a Fred que já estava pronto com o pai esperando para sair. A alegria do homem era perceptível, ele passara a vida toda falando daquele lugar e agora estava enviado os filhos para lá.Roxanne se despediu da mãe e dos avós, que lhes desejaram boa sorte.

— filha - chamou Angelina, antes que ela saísse pela porta.

— O que foi?

— Só não taca fogo em nada por favor.

    Roxanne sorriu como se quisesse dizer que faria o seu melhor, lembrou de como havia se divertido e aprontado na castelo bruxo e no mundo de oportunidades que tinha pela frente. Daria tudo certo, convenceu disse a si mesma. Ela não estaria sozinha, tinha o irmão, que sempre fora um companheiro protetor; os primos, que não eram de todo ruins, e a si mesma. Com a auto confiança recuperada pegou o malão para partir.

— Pronto, Fred? - questionou o irmão.

— Eu já nasci pronto, mocinha.

— Aff. Seu cdf convencido, sabe que o ano letivo começou em setembro, você vai ter correr atrás do prejuízo de três meses se quiser se formar, mocinho. - provocou Roxanne enfatizando a palavra mocinho, ela odiava quando o irmão soava como superior a chamando por apelidos infantilizados.

— Digo o mesmo pra você irmanzinha querida, não sou que costumo ter prejuízo aqui.

— ahh cala a boca. Eu também sou inteligente, só não sou exibida igual a voce, e uso minha mente pra coisas mais interessantes.

— Traduzindo : você usa sua inteligencia para o mal.

— Chato.

— Lerda.

—Ahh cala a boca, se não não vou ficar a viagem toda do seu lado.

— Agora eu tenho muitos primos pra me fazer companhia, você é totalmente dispensável.

— Se continuarem brigando assim eu juro que azaro os dois.- O pai ameaçou tentando não rir.

     Roxanne e Fred rolaram os olhos um para o outro e entraram no carro, transporte trouxa que o pai dirigia muito bem por sinal. Durante o caminho Roxanne sentiu um leve enjoou habitual de quando fica ansiosa. O irmão, que a conhecia melhor com ninguém, percebeu seu nervosismo, e passou os braços envolta de seus ombros. Isso a acalmava de uma forma que só ela entendia. apesar das brigas Fred era tudo pra ela, e assim, juntos seguiram viagem.

Quando chegaram na estação Roxanne logo avistou James com um menino loiro, era um amigo do primo, que por alguma razão desconhecida, Fred tinha ficado muito amigo durante as festas de fim de ano. Seu irmão não era lá de muitas amizades, então ela ficou feliz por ele está se enturmando, mesmo que fosse o com primo estranho e o amigo com cara de metido dele.

Ela seguiu o irmão e os primos pelo vagão, logo descobriu que o menino loiro se chamava Lorcan Scamander. Então é por isso o interesse, pensou. 

Newt Scamander foi um famoso mazizologista que durante algum tempo lecionou na castelo bruxo, e seu irmão, que era um aluno excepcional em tudo que se tratava de criaturas fantásticas com certeza se aproximaria do menino, conhecer ele era como conhecer o próprio Newt. E pra tudo ficar ainda mais interessante ela viu que Lorcan tinha um irmão gêmeo.

—Oi, sou Lysander - disse o menino com um olhar sonhador.

Lysander era a copia perfeita do irmão, porém era muito fácil distinguir um do outro. Lorcan usava o cabelo curto, camiseta apertada, calça mais justas e andava com uma pose que dizia: sou lindo e sei disso. Lysander usava os cabelos mais cumpridos, uns colares de conchinhas e roupas nem um pouco combinando. O que o fazia ainda mais charmoso que o irmão, Roxanne pensou. Na mesmo hora ela simpatizou com o rapaz, ela gostava de gente estranha, essa era sua vibe.

  Distraída com o novo amigo entrou no vagão sem perceber que o primo, James Sirius, havia se sentado bem a sua frente. Quando se virou deu de cara com o menino a encarado com uma expressão de exclamação no rosto.

Meu Merlin que menino esquisito, será que ele olha assim pra todo mundo? Pensou ela enquanto encarava o primo com um olhar ranzinza.

O menino desviou o olhar, fazendo com que Roxanne pensasse que talvez ele fosse um oclumente. 

Será que ele pode ler a minha mente? Não, não claro que não.... Mas vai que... temos um metamorfo na família não é mesmo? E tio Harry fala com cobras então nada é meio que impossível.

   Roxanne virou-se para a janela, fingindo dormir. Queria se poupar de mais constrangimentos. Enquanto os quatro meninos, Fred, James, Lorcan e Lysander falavam sobre as casas da escola e os times de quadribol. A viagem seguiu normalmente e Roxanne rapidamente acabou pegando no sono de verdade já que passou a noite em claro. De repente num sobressalto, acordou com Lysander a chamando.

—Roxy, acorda já chegamos.

— Você perdeu toda a paisagem da viagem, disse jamens.

— Já estou acostumada com verde, tinha bastante no Brasil- falou percebendo logo em seguida que talvez,  tivesse sido desnecessariamente um pouco grossa  demais com o primo. Mas antes que pudesse falar qualquer outra coisa, o menino saiu pelos vagões.

Fred a olhou de forma repreensiva e ela só balançou os ombros.

— Você não precisa ser grossa com o menino, assim não vai fazer amigos.

— Desde quando você é o popular e especialista em fazer amigos?- provocou Roxanne.

— Sei lá- respondeu o menino-  Ano novo, vida nova. Escola nova,  amigos novos.- Fred disse confiante.

Ah, pronto. Pensou Roxanne. Já tem novidade demais para o meu gosto.

                                                                      Roxy e Iara

       ( saudades de uma amizade)