Woman escrita por violet hood


Capítulo 1
U: I am left in awe of the woman I adore


Notas iniciais do capítulo

Chegando aqui com a minha segunda fanfic do Pride ♥ Ainda tenho que postar o último capítulo da Wolfstar então deixarei as observações finais para lá
Essa one-shot é uma prequel da fanfic scorose que escrevi no junho scorose. Jia é a melhor amiga de Rose lá e já namora a Dominique, ela recebeu tanto amor naquela fanfic (Esposas da Jia Chang cadê vocês???) que decidi escrever a história desse casal, Jiminique ♥
Recomendo ler a Scorose antes, mas não muda nada ler essa aqui primeiro, já que ela se passa antes da Scorose.
Link de CILAW: tinyurl.com/cilawnyah
E por fim obrigada Luísa por betar loucamente essa fic, porque entreguei o arquivo em cima da hora (te amooo) e também a uma amiga que me ajudou na construção da Jia ♥
Divirtam-se!



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DOMINIQUE

Dominique Weasley não queria ser apenas a irmã mais nova de Victoire, e ela fez questão de passar toda a sua adolescência provando isso. Queria criar uma identidade única, queria que seus pais, tios e tias nunca mais a comparassem a irmã em tudo que ela fazia.

E para isso acontecer ela passou por diversas fases: primeiro resolveu que seria emo, só escutaria músicas de bandas de punk rock e grunge, pintaria seu quarto de preto e até mesmo o cabelo. O que quase fez com que sua mãe, Fleur, tivesse um ataque, e gritasse tanto que seus vizinhos chegaram a chamar a polícia. A fase emo durou por uns sete meses, logo depois que, a melhor amiga de Dominique na época, Jessica Brown, largou a vida emo e começou a frequentar a igreja. E é claro que Dominique a seguiu.

Sua família nunca foi muito religiosa, talvez a de parte de mãe um pouco mais que a da parte do pai. Então, todos acharam um pouco estranho quando Dominique entrou nessa fase, contudo, Fleur estava aliviada que não tinha mais que aguentar Dominique “eu odeio todo mundo e só uso preto” Weasley.

Porém, a felicidade de Fleur durou pouco.

Ao invés de músicas do Green Day ecoando por toda a casa, agora a família Delacour-Weasley tinha que lidar com as músicas gospel. E as brigas, que por conta do barulho, nunca acabavam entre Dominique e Victoire.

A fase gospel durou ainda menos tempo que a emo. Porém agora, ao contrário das vezes anteriores, Fleur já se preparava para qual seria a próxima. E foi no final do penúltimo ano do ensino médio que Dominique começou a frequentar festas — a maioria de pessoas que já estavam na faculdade ou de alunos no último ano —, e começou a beber muito.

Até mesmo suas primas, que compartilhava a mesma idade, Rose e Roxanne, já estavam se estressando com as atitudes de Dominique, eram elas que tinham que cuidar dela bêbada, e assegurar que não usaria drogas. Sempre aguentaram todas as fases dela, porque amavam a prima e amavam a amizade que tinham desde que nasceram. Porém, aquela Dominique era extremamente difícil de lidar.

Fleur pedia para que cuidassem dela, porque tanto ela quanto o pai de Dominique e a irmã mais velha, não conseguiam se aproximar muito.

— Domi, vamos para casa — pediu Rose. Elas estavam em uma festa de um dos jogadores de futebol da escola, e Roxanne tinha saído para buscar água para uma Dominique extremamente bêbada.

— Não quero — disse cruzando os braços. — Estou me divertindo. Você e Roxy podem ir embora se quiserem.

— Não parece que está se divertindo — retrucou Rose. — Parece mais que está tentando provar algo a si mesma.

Dominique revirou os olhos e empurrou a prima de leve.

— Não enche, Rose.

Ela entrou no meio da multidão de adolescentes conversando e dançando, e esperou que fosse o bastante para que Rose a perdesse de vista. Encontrou as bebidas e encheu seu copo com uma mistura de vodka e energético. Tinha um gosto horrível, mas era o bastante para deixar Dominique cada vez menos sóbria. Ela não gostava de ficar sóbria em festas, só era divertido depois que havia começado a beber.

Alguém tocou em seu ombro para chamar sua atenção. Dominique se preparou para ter que aguentar Rose ou Roxanne a dando alguma lição de moral. Contudo, ao se virar, encontrou uma garota alta, de cabelos escuros e olhos da mesma cor.

— Tá sozinha? — perguntou sorrindo. Dominique logo notou que ela era muito bonita. E não era todo dia que meninas bonitas se aproximavam delas, normalmente eram apenas caras de beleza duvidosa e ego gigantesco.

— Estou — respondeu, torcendo muito para que Rose tivesse desistido de a encontrar.

Nunca havia beijado meninas antes, mas só naquela hora, Dominique percebeu que não se importaria em beijar uma. E no segundo seguinte, seus lábios já estavam grudados com o da desconhecida. Ela havia dito o nome, mas a verdade era que Dominique não se importava suficiente para recordar.

Depois daquela festa e de muitas outras, decidiu que gostava sim de garotas. Mas também gostava de garotos. E gostava de qualquer outra pessoa que quisesse beijá-la.

Uma pesquisa rápida na internet a revelou que o nome disso era bissexualidade. Então começou a dizer para todos que era bissexual.

Sua mãe viu aquilo como mais de uma de suas fases, resolveu apenas que iria ignorar.

A fase das festas acabou. Durou pouco, só até o começo de seu último ano, quando notou que sua atitude a havia afastado de todos aqueles que gostava. Roxy e Rose tinham outros amigos, Albus parecia desconfortável perto dela, e até mesmo James e Fred a tratavam como uma completa estranha. E Dominique se sentia estranha, ela não sabia mais quem ela era. Não sabia qual parte dela era verdadeira, e qual parte era uma personagem que havia criado para se diferenciar dos outros.

As amizades que havia feito enquanto virava shots de tequila, não duravam mais que uma noite. Alguns não se importavam que ela andasse com eles na escola, mas Dominique se sentia excluída nos grupos. E não era mais tão divertido assim.

Escolheu os seus amigos e primos, ao invés da festa e das bebidas, e não se arrependeu. Mas ela sabia que ser bissexual não era uma fase, e para a sua sorte, nenhum dos seus amigos se importou. A sua prima mais velha, Molly, era lésbica, e Roxy a contou que também era bissexual.

Seus pais nunca comentaram sobre o assunto e ela sentia que eles ainda viam como isso como algo passageiro. Talvez seu pai não se importasse, contanto que Dominique não saísse mais para festas. Porém, sabia que sua mãe nunca viria a sua orientação sexual como algo que não fosse passar um dia.

Para a sua surpresa, Victoire parecia feliz por ela. Talvez a irmã mais velha não fosse um monstro como sempre havia visto, mas isso não queria dizer que elas começaram a se dar bem. Aquilo era impossível.

E enquanto isso, Louis com seus dez anos parecia apenas aliviado que não precisava aguentar a gritaria pela casa. Só nas vezes que as irmãs mais velhas resolviam brigar por uma peça de roupa, ou um esmalte que havia sumido.

Depois que suas fases chegaram ao fim, Dominique conseguiu finalmente pensar no que queria fazer no futuro. E com ajuda de Rose, Roxanne e Mackenzie Longbottom, descobriu o amor pela moda. E felizmente suas notas eram boas o suficiente para que pudesse passar para a Hogwarts. A faculdade que seu pai havia se formado, assim como metade dos seus tios e tias. Onde James, Fred e Lucy Weasley já estudavam.

Pela primeira vez, Dominique sentiu que não precisava provar nada a ninguém. Estava indo estudar em um lugar diferente da sua irmã, onde ela não precisava pisar no mesmo chão que Victoire um dia pisou.

 Dominique não era apenas e irmã mais nova de Victoire Weasley e sabia disso. E era tudo que importava.

 

JIA

O ensino médio não tinham sido os melhores anos da vida de Jia Chang. Ou melhor, o último ano não tinha sido o melhor.

Os anos anteriores não haviam sido tão ruins. Ela tinha amigas que pareciam gostar verdadeiramente dela, suas notas não eram as melhores em exatas, mas o bastante para não chatear muito a mãe, e já que em contrapartida tinha as melhores notas em inglês, literatura e filosofia da sala. Ela gostava do ensino médio, mesmo com os horários exaustivos de aulas e a quantidade absurda de matérias. Mesmo com os garotos dando em cima dela, porque ela tinha uma “beleza exótica”, e a dizendo que nem parecia ser asiática, como se aquilo fosse um elogio, como se os traços que puxou do pai fossem de alguma forma melhores do que os da sua mãe.

Talvez fosse por isso que preferisse ser chamada por Chang, do que pelo seu outro sobrenome, que vinha do seu pai. Ela também havia sido criada por Cho Chang, sem nenhuma ajuda da família paterna depois que seu pai morreu. Orgulhava-se do seu sobrenome e dos seus traços asiáticos. E odiava mais do que tudo garotos que a chamavam de beleza exótica.

Normalmente, suas amigas — todas brancas — os chamavam de babacas, e isso a deixava feliz. Gostava de saber que elas sempre a apoiariam, que teria amizades que durariam mesmo depois do ensino médio.

Isso durou até Jia beijar Samantha Wood no seu último ano, em uma festa na casa de um menino qualquer. Jia nunca havia beijado uma garota, mas ela sabia que gostava de garotas assim como suas amigas pareciam saber que gostavam de garotos. Apenas nunca havia falado sobre isso com ninguém, porque não achava que precisava falar, assim como ninguém precisava anunciar para o mundo que era heterossexual.

Contudo, notou facilmente depois daquela noite que aquela era uma informação que suas amigas queriam ter tido antes de virarem amiga dela. Como um aviso: Cuidado lésbica!

Após toda a escola saber que ela tinha beijado Samantha,  as amigas não queriam mais andar com Jia. Tinham medo de que Jia começasse a gostar delas, ou as olhassem estranho encontro trocavam de roupa no vestiário.  Até mesmo falaram que tinham medo de dormir perto de Jia em festas do pijama.

E de um dia para o outro ela estava sozinha. Começou a sair com Samantha, as duas não tinham muito em comum e talvez passassem mais tempo se beijando do que conversando. Mas Jia não gostava de ficar sozinha, por isso insistiu no relacionamento até as duas fossem para faculdades diferentes.

Felizmente,  sua mãe nunca teve nenhum problema com a orientação sexual dela.

Os pais de Cho Chang tinham migrado para Inglaterra quando a mãe tinha apenas seis anos, todos os outros integrantes da sua família estavam na China. Depois que perdeu o marido quando Jia tinha dois, e os pais nos anos seguintes, Cho pensou em voltar para o país de origem. China era quase um lugar desconhecido para ela, voltava muito pouco, às vezes no final do ano. E depois de pensar muito nos prós e contras, resolveu ficar na Inglaterra. Jia era a única família que tinha, pouco se importava com a sua orientação sexual, contando que ela estivesse bem.

Jia era grata por isso, e por ter a mãe que tinha. Tanto que quando passou para jornalismo em Hogwarts, estava decidida a não ir. Londres não era tão longe, mas era longe o bastante para que não pudesse voltar para casa sempre que quisesse. Contudo, Cho sabia que a filha sonhava em estudar lá, afinal era o lugar que ela e o marido se conheceram. Então assegurou para Jia que ficaria bem, e que ligaria tanto que Jia iria se cansar dela. A garota tinha certeza que aquilo era muito improvável, mas deixou a mãe convence-la de ir para a faculdade dos sonhos.

A mudança para Londres a deixou animada, mas também muito nervosa. Ela iria conhecer novas pessoas, nenhuma das suas ex amigas tinham ido para Hogwarts. Torcia para poder ter amigos que não ligavam para ela ser lésbica. Além disso, temia que sua colega de quarto a odiasse, por ser muito faladeira e a achar uma chata, ou até mesmo por sua orientação sexual.

Por sorte, Rose Weasley era provavelmente a pessoa mais legal do mundo.  Não tinha dúvidas que sua colega de quarto pudesse de fato ser um anjo na terra. Rose era engraçada, tinha um bom gosto musical, gostava dos filmes do Studio Ghibli e odiava filmes do Tarantino assim como Jia. Além de tudo isso as duas cursavam o mesmo curso e tinham todas as aulas juntas.

Rose era tão legal que parecia um ímã tamanho humano que atraia pessoas por onde passava. Às vezes Jia nem acreditava o quão fácil havia sido para as duas se tornarem melhores amigas, e às vezes ela temia que o fato dela ser lésbica pudesse acabar com tudo isso.

Ela sabia que o certo era ficar feliz em se livrar de uma amizade que não a aceitasse como ela era, mas também havia passado um ano sem ter nenhum amigo, e não queria que fosse assim na faculdade.

Logo nos primeiros dias, Rose apresentou Jia para todos os seus amigos próximos: Mackenzie Longbottom e sua colega de quarto Celeste Zabini, Lorcan e Lysander Scamander e um número gigante de primos. Jia não conheceu todos, nem lembrava o nome de todos, conhecia mais Albus e Roxanne, que eram os primos mais próximos de Rose.

E tinha Dominique Weasley.

Jia havia escutado  muitas histórias sobre Dominique: como ela sempre arranjava confusão, como já tinha tido uma fase emo, uma crente e outra festeira. E principalmente como a última fase havia sido um inferno para Rose e Roxanne.

Mas por alguma ironia do destino, um mês de aulas já haviam se passado e Jia nunca tinha conseguido estar no mesmo local e hora que a tão falada Dominique.

É claro que depois de tantas histórias, ela tinha criado uma imagem de Dominique como uma pessoa completamente louca, e já nem sabia se um dia iria querer conhecer a prima famosa dos Weasleys.

Mas a Dominique Weasley que tinha criado na sua cabeça, era muito diferente da que iria conhecer.

Jia tinha acabado de voltar de uma sessão de estudos na biblioteca. Ela estava com tanto medo de reprovar em Teoria da Comunicação que passou horas e horas lendo e relendo todos os textos, até ter certeza que entendia pelo menos uma página de cada um deles, quando notou, já havia perdido o horário do almoço e estava morrendo de fome. Por sorte, conseguiu passar em uma lanchonete aberta perto do campus e comprar um hambúrguer, que não tinha uma aparência tão boa, mas ela também não tinha muitas opções aquela hora noite. Tudo que queria era comer, tomar um banho e dormir, estava até considerando faltar a primeira aula do dia seguinte.

Quando abriu a porta de seu dormitório, não esperava que fosse ter alguém além de Rose no seu quarto.

— Mas ele é bonito! — ouviu a voz de Rose enquanto entrava.

O resto do dormitório e a entrada eram separados por uma parede. Então era impossível ver com quem a amiga estava conversando, enquanto ela tentava segurar seus diversos livros, manter a mochila no ombro direito, segurar a sacola de papel com a comida para trancar a porta.

— Existem caras mais bonitos em Hogwarts — retrucou a outra voz. — Não vou com a cara desse Adam.

— Para com isso, ele é legal — disse Rose. — A gente só ‘tá conversando, não é nada demais.

— Você poderia estar conversando com outra pessoa — a voz fez uma pausa. — Que tal o Lorcan? Ele tinha um crush em você.

— Quando éramos crianças! — Jia conseguia imaginar a careta que a amiga estava fazendo. — E ele não tem um neurônio naquela cabeça.

— O Adam também não!

Jia deu um sorriso vitorioso, finalmente havia conseguido trancar a porta, e sem derrubar nada no chão.

 — Jia! — exclamou Rose assim que ela entrou no quarto. — Finalmente posso te apresentar à Dominique.

Dominique Weasley estava sentada na cama da sua colega de quarto. Vestia uma blusa branca de gola alta e uma calça jeans, o cabelo loiro passava apenas um pouco da altura do ombro, e ela tinha os olhos mais azuis do mundo. Jia nunca imaginou que Dominique fosse ser assim, mas ela duvidava que fosse capaz de imaginar alguém na sua cabeça que parecesse com a Dominique Weasley na sua frente.

E naquele momento soube que estava completamente ferrada. Caso acreditasse em amor à primeira vista — ela não acredita —, teria pensado que se apaixonou por Dominique naquele exato momento. Contudo, havia sido uma série de eventos que fizerem Jia Chang ter certeza que estava completamente apaixonada pela prima da melhor amiga.

Depois daquela noite, Dominique sempre estava com o grupo de amigos de Jia. Se antes as duas não conseguiam estar no mesmo lugar ao mesmo tempo, de repente Dominique Weasley estava em todos os lugares.

Ela estava nas saídas para o bar — nunca bebia, havia parado de beber depois do ensino médio —, sempre sentada do lado de Jia, perto demais para que os braços das duas se encostassem constantemente. Dominique estava nas sessões de estudo na biblioteca, mesmo que ela estudasse moda e não jornalismo, e sempre querendo pegar pelo café de Jia quando passavam em uma cafeteria entre as aulas.

Jia não era burra, ela sentia os olharem de Dominique e sabia que a olhava do mesmo jeito. Mas ela tinha medo do que Rose iria pensar, não queria perder a amizade dela. Mas também não queria se afastar de Dominique.

Então começou a não colaborar mais com aquele jogo. Parou de corresponder os olhares, ou esbarrar no braço, mão, qualquer parte de Dominique quando estavam sentadas uma do lado da outra.

 

DOMINIQUE

Tudo que Dominique conseguia pensar era em Jia Chang, no sorriso dela, nas suas piadas bobas e em como ela corava sempre que Dominique tentava flertar com ela.

Não sabia como tudo tinha começado, provavelmente quando a viu pela primeira vez, ou quando notou que Jia parecia tímida do seu lado, completamente diferente da figura extrovertida que era com as outras pessoas.

Dominique gostava de Jia. Queria chama-la para sair e queria beija-la, ela chegava até a sonhar que estava beijando Jia Chang.

Porém Jia era uma das melhores amigas de Rose. E Dominique já havia trazido problema demais para as suas primas e jurou que nunca correria o risco de estregar a amizade que tinha com elas de novo.

Ela pensava demais no “e se”. E se Jia não quisesse nada sério? E se rolasse algo entre as duas, mas não terminasse bem? E se isso dividisse o seu grupo de amigos?

Poderia parecer loucura ter esses pensamentos tão para baixo, mas Dominique já havia cometido muitos erros. Às vezes sentia que estava caminhando por uma linha muito fina entre ter os amigos por perto e decepcioná-los novamente.

Porém, decidir que não iria tentar nada com Jia não queria dizer que iria parar de pensar nela. Ela realmente não conseguia tirar a outra garota dos seus pensamentos. O melhor que podia fazer era continuar convivendo com Jia, apenas como amigas, mesmo que parecesse um eterno sofrimento não poder beija-la, ou confessar seus sentimentos.

Esse relacionamento estranho entre as duas, que nunca passava de flertes, durou quase até o natal.

Elas, junto com Rose e Albus, estavam jantando no refeitório. Era uma das raras ocasiões que Albus se juntava ao grupo, ele era o único amigo dela que fazia um curso de exatas, e como os prédios eram longes e os horários de aula muito diferentes, Albus raramente conseguia ter tempo para almoçar ou jantar na mesma hora que todo mundo.

Jia já havia acabo o seu jantar, e Dominique, que estava ao seu lado, bebia um suco. Elas conversavam sobre uma menina insuportável na aula da loira, enquanto Rose e Albus pareciam distraídos demais com as suas respectivas comidas.

Então, não notaram quando a outra dupla terminou de comer.

Rose pigarreou para chamar a alenteçam delas.

— Então — começou, parecia prestes a falar de algo sério, o que deixou Dominique bem confusa. Rose e Albus trocaram um olhar suspeito. — A gente queria perguntar se...

Albus a interrompeu, falando a frase bem mais rápido do que Rose provavelmente falaria.

— Vocês estão namorando?!

Dominique se engasgou com o suco, fazendo com que ela começasse a tossir. Jia estava completamente vermelha e sem reação.

— Vocês não precisam contar se não quiserem — Rose logo disse. — Mas a gente só quer que vocês saibam que a gente vai sempre apoiar vocês — assegurou. — Albus é gay e gamer e a família toda ama ele.

Albus não pareceu se sentir ofendido, e ainda acrescentou:

— Até coloquei vocês duas como casadas quando estava criando toda a galera no The Sims — falou contente. — Coloquei as duas em uma mansão, e ainda adotei um gato e um cachorro, já que a Jia gosta mais de gatos e a Domi de cachorros.

Rose começou a rir, e nem Dominique conseguiu esconder uma risada.

— Muito obrigada pelo o apoio, Albus.

No fim, saber que Rose achava que as duas já estavam namorando e que não estava magoada com Dominique por gostar da melhor amiga dela, era tudo que precisava.

Enquanto eles voltavam para os seus dormitórios, Dominique aproveitou que Jia e Albus pareciam ocupados com uma discussão sobre melhor e pior pacote de expansão do The Sims, para poder falar com Rose a sós.

— Você não se importa mesmo? — perguntou fazendo com que Rose a encarasse confusa, então acrescentou: — Que eu chame a sua colega de quarto para um encontro?

— Vocês não estão mesmo namorando? — questionou e Dominique negou com a cabeça. — Parece que perdi uma aposta para Roxy então.

— Rose!

A prima riu, entrelaçando o braço com o de Dominique. Normalmente, não era a pessoa mais fã de contato físico, e em outros dias teria se separado de Rose na hora. Porém, estava absurdamente frio e Dominique estava muito feliz para se importar.

— Domi, você merece alguém como a Jia, alguém que realmente goste de você e te faça bem — Rose falou com um sorriso fraco no rosto.

Sabia que as duas pensavam nas pessoas com que Dominique havia se relacionado na pior fase de sua vida. Todas aquelas pessoas que nunca gostaram verdadeiramente dela.

— Eu não queria te magoar de novo — explicou. — Tenho medo de não dar certo com a Jia e prejudicar sua amizade com ela.

Rose suspirou alto.

— Você vai ter que ser a pior namorada do mundo para isso acontecer, e eu duvido que você seja — assegurou. — Domi, você tem que entender que a gente, a nossa família, só quer que você seja feliz. Não precisa ter medo de contar o que está sentindo, contanto que não volte para a fase crente e queira me obrigar a ouvir música gospel, eu vou sempre te apoiar.

Dominique riu.

— Obrigada, Rose. — Ela estava sendo sincera com suas palavras, não sabia o que teria acontecido se sua família tivesse desistido dela. Ainda sentia que sua mãe tinha, mas não gostava de pensar nisso, porque só abria feridas no seu coração.

Entretanto, ter pessoas na família que a apoiavam já a tranquilizava.

— Não precisa agradecer — disse Rose. — Só precisa dizer para Roxanne que eu sou sua prima favorita!

— Rose!

 

JIA

Sua melhor amiga ainda era sua melhor amiga. Ela contou para Rose naquela noite que era lésbica, contou para ela o que havia acontecido no ensino médio. E soube que Rose nunca iria deixar de ser sua melhor amiga por conta disso, nunca iria se afastar por medo de que Jia fosse a “olhar estranho” assim como as outras fizeram.

E ela realmente tinha uma chance com Dominique. Mas não sabia o que fazer, será que deveria chama-la para sair?

Uma semana depois daquele dia e elas nunca mais tocaram no assunto. No dia seguinte, Jia voltaria para casa para o natal e o ano-novo e não veria mais Dominique até voltar para Hogwarts.

Sabia que ainda poderia conversar com ela depois do feriado, mas Jia não queria passar todos os dias pensando em como as duas nunca conversaram sobre o que sentiam uma pela outra.

E se Dominique conhecesse alguém no natal e se apaixonasse? Jia já tinha assistido todos os filmes de romances natalinos na Netflix, e acreditava que o natal criava mais romances que o dia dos namorados.

Suspirou cansada, enquanto arrumava suas roupas de frio na mala. Ela estava sozinha em seu quarto, pensando se mandava ou não uma mensagem para Dominique, quando escutou alguém abrir na porta.

Era Dominique Weasley, usando um suéter vermelho que a avó tinha tricotado — todos os Weasleys tinham um, Jia achava adorável —, ela estava linda como no primeiro dia que tinham se visto, e como em todos os outros dias. Mas parecia nervosa, e Jia também estava nervosa, aquela era a chance que o destino havia lhe dado para dizer o que sentia.

— Olá — Dominique foi a primeira a falar alguma coisa.

Jia pensou em várias coisas que poderia dizer. Primeiro precisava convida-la para entrar.

Mas assim que abriu a boca o que saiu foi:

— Rose não está.

Dominique sorriu. O sorriso que Jia gostava de se referir como sorriso mais lindo do mundo.

— Eu sei — disse. — Vim falar com você.

— Eu também quero falar com você — respondeu, rápido demais para o seu gosto, logo sentindo suas bochechas esquentarem.

Ela abriu caminho para que Dominique entrasse no quarto. Quis morrer quando viu que sua mala estava aberta na cama com todas as roupas em volta. Ótimo, pensou, não poderia nem oferecer um lugar para Dominique se sentar.

— Você que falar primeiro ou...? — perguntou Dominique, Jia nunca a havia visto nervosa daquele jeito.

— Pode falar — respondeu, ela que tinha ido até o dormitório de Jia, às sete horas da noite, por mais que também quisesse falar. Sentia que as duas queriam discutir o mesmo assunto.

Dominique respirou fundo, e precisou de um tempo para conseguir olhar Jia nos olhos.

— Eu gosto de você.

Jia sorriu.

— Também gosto de você.

— Mais do como uma amiga? — perguntou para ter certeza.

— Com certeza mais do que como uma amiga. — Jia logo assegurou fazendo com que as duas sorrissem. — Na verdade, eu queria te chamar para sair. Depois do natal, claro.

— Eu quero muito sair com você. — Dominique falou na mesma hora. — Só nós duas. Sem James e Fred envergonhando todo mundo, ou Albus falando sobre um jogo que ninguém conhece, ou Roxy falando curiosidades que aprendeu no curso de história... — disse e Jia não conseguiu não rir. — Quero muito sair com a garota que eu gosto sem ter que sair com a minha família junto.

— Eu adoro a sua família — protestou Jia, brincando.

— Tudo tem limite! — exclamou Dominique sorrindo.

— Tudo bem, a gente pode sair sem a sua família. — Jia fingiu derrota.

Elas riram e tudo parecia um sonho. Dominique Weasley estava no seu quarto se confessando para ela.

Ainda sorriam uma para o outra, quando Dominique deu um paço para mais perto de Jia.

 — Mas tem algo que eu quero muito agora — admitiu. — Quero muito te beijar.

Jia não precisou ouvir mais nada antes de se aproximar ainda mais dela. Podia sentir a proximidade do rosto de Dominique, elas estavam tão perto uma da outra e o coração de Jia parecia bater mais rápido do que nunca.

Até que Rose abriu a porta fazendo com que as duas se afastassem por reflexo.

— Jia, você não sabe o que aconteceu! — Rose começou a falar enquanto entrava no quarto e depois ia direto para o banheiro, sem nem olhar para as duas garotas. — Fui conhecer o amigo de Albus, que ele me assegurou que era muito divertido e a gente iria se dar super bem, e o cara parecia mais um robô! Não dá mesmo para confiar em quem faz engenharia da computação.

Rose saiu do banheiro enquanto removia a maquiagem do rosto, foi então que notou que tinha mais alguém no ambiente.

— Domi, não sabia que você estava aqui — disse, Rose pareceu entender o que poderia estar acontecendo, seus olhos se arregalaram na hora. — Interrompi algo?

— Sim — respondeu Dominique cruzando os braços.

Jia sentiu que estava corando. Não esperava que Dominique fosse responder.

— Não fica magoada, prima — falou Rose, brincando. — Vou tomar banho, vocês têm alguns minutos então aproveitem!

 

DOMINIQUE

Jia era perfeita.

Namorar Jia era perfeito.

Eram momentos como aqueles, as duas deitadas na pequena cama de Dominique — sua colega de quarto sempre voltava para casa nos finais de semana —, que ela sentia que não precisava provar nada a ninguém. Jia não se importava com os seus erros do passado, apenas que ela fosse quem realmente queria ser. Ela não tinha medos e inseguranças quando estava do lado da namorada.

E Jia era tão linda. Qualquer um poderia ver de longe, mas era diferente quando ela a olhava tão de perto, podendo ver cada detalhe.

Dominique sabia que era bonita. Ela havia escutado isso sua vida toda.

Não era tão bonita quanto Victoire e seus traços não eram delicados como os de Louis. Mas ela tinha os genes Delacour, e todos podiam ver isso.

Porém, naquele momento, enquanto olhava nos olhos de Jia Chang, teve certeza que não existia beleza alguma no mundo que se comparava a dela. Cada parte de Jia era perfeita: seu sorriso, que conseguia iluminar os dias mais sombrios, seus olhos que sempre a olhavam como ninguém nunca a olhou antes. Como se ela fosse a Dominique Weasley que sempre pediu desesperadamente para que as pessoas notarem. Não a irmã mais nova de Victoire, ou a filha problemática de Fleur. Apenas Dominique.

Ela contou sobre Jia para sua família, eventualmente. Primeiro para Victoire, porque sabia que se não contasse James contaria. E ela queria que Victoire soubesse por ela, que Dominique estava em um relacionamento saudável com uma garota maravilhosa.

O tempo e a distância tinham melhorado a relação das duas, elas não eram mais adolescentes. E mais do que nunca, Dominique se via contando tudo para a irmã sem nem pensar duas vezes. Victoire estava feliz por ela, e queria muito conhecer Jia.

Dominique também queria poder apresentar sua namorada para o resto da família que não estudava em Hogwarts. Mas tinha medo do que sua mãe acharia.

Ela nunca levou a orientação sexual de Dominique muito a sério, dizia que era só uma fase. Imaginou que a reação que teria quando a primeira pessoa que Dominique levasse para um almoço em família fosse uma garota.

Contudo, Victoire a convenceu a contar. Então ela anunciou o namoro, via facetime com a irmã e Teddy, o noivo dela, também presentes. E talvez a presença de Teddy tenha ajudado um pouco a situação, já Fleur parecia sempre querer manter a postura perto dele. O namorado perfeito de sua filha, como gostava de chama-lo. Apesar de ter segurado a opinião, Dominique conseguiu ver uma pequena careta em seu rosto enquanto ela falava. Seu pai, por outro lado, estava feliz e a apoiou, além de afirmar que queria muito conhecer Jia.

Então, Dominique resolveu convidar a namorada para passar alguns dias das férias com ela. Não muitos, porque sabia que Jia precisava ficar com a mãe. Só o bastante para ela poder comparecer a um jantar na casa dos pais e um na casa dos avós. Jia também queria que Dominique passasse uns dias na casa dela e conhecesse sua mãe, convite que Dominique aceitou na mesma hora.

Estava muito feliz, nunca tinha se sentido assim antes. Nunca saiu com alguém que realmente gostava, e ela realmente gostava de Jia Chang.

O Chalé das Conchas, como chamava sua casa de férias da família, estava preparado para receber Jia.

Victoire, Teddy, Louis e Bill pareciam mais animados do que nunca ao conhecer a sua namorada. Dominique queria dizer que sentia vergonha de toda a animação, mas na verdade se sentia grata pelo apoio que tinha da família.

Menos de Fleur, que apesar de ter feito um jantar maravilhoso, não falava mais do que precisava falar para parecer educada. E aquilo magoava Dominique profundamente, muito mais do que achava que magoaria. Sempre pensou que estivesse pronta para as rejeições da mãe, mas na prática elas doíam muito, mais do que nos pensamentos de Dominique.

Por outro lado, o resto da família não parava de jogar perguntas para Jia e querer saber tudo sobre ela. Eles pareciam encantados pela personalidade agradável da garota. Louis já havia deixado claro para irmã, que ela e Jia nunca poderiam terminar, não depois que ele descobriu que Jia também amava Avatar: A Lenda de Aang tanto quanto ele.

Apesar da educação, visivelmente, forçada da mãe, o jantar seguiu tranquilo e não demorou muito para que todos cansassem de conversar e fossem dormir. Dominique normalmente dormia na sala com o irmão enquanto Victoire e Teddy ficavam com o segundo quarto. Contudo, a irmã mais velha havia arrumado tudo para que Dominique e Jia dormissem no quarto, ela e o noivo na sala e Louis no quarto dos pais.

As duas já estavam deitadas na cama — que definitivamente não havia sido feita para duas pessoas, e Dominique não sabia como o gigante do Teddy cabia ali com a sua irmã —, Jia dormia calmamente do lado dela, mas Dominique não conseguia dormir.

Não conseguia parar de pensar na mãe e de como só queria que ela aceitasse o seu namoro.

Resolveu se levantar e ir até a cozinha pegar um copo de água, passou devagar pela sala para não acordar Vic e Teddy. Assim que entrou na pequena cozinha, encontrou sua mãe apoiada em uma das bancadas.

— Mãe? — Dominique a chamou em voz baixa. Fleur logo despertou dos seus pensamentos, pareceria surpresa em ver a filha.

— Dominique? Por que não está dormindo?

— Vim pegar um copo de água — respondeu.

A mãe não disse nada, então Dominique resolveu que iria pegar sua água e sair o mais rápido possível. Era desconfortável ficar na presença da mãe, ainda mais depois de toda aquela situação.

Dominique colocava enchia seu copo, quando Fleur falou:

— Gostei de Jia. É uma boa garota.

Dominique parou o que estava fazendo na hora, colocando o jarro de lado para encarar a mãe. Não sabia o que dizer, mas não precisou falar nada, porque Fleur continuou.

— Ela é uma boa namorada para você.

Dito isso saiu da cozinha deixando a filha sozinha e em completo choque.

Dominique entrou no quarto com um sorriso no rosto. Ela se deitou na cama e se aproximou da namorada que estava de costas para ela.

— Jia — chamou.

Jia soltou um som indecifrável, não parecia muito feliz em ter sido acordada.

— Ji... — Dominique a chamou mais uma vez, se esticando para a sua boca ficar mais próxima do ouvido dela.

— Vai dormir, Dominique — respondeu Jia sem abrir os olhos.

Dominique sorriu ainda mais, rindo do mal humor da namorada.

— Eu... — começou a dizer devagar. — Te amo.

Saiu de cima da namorada e se deitou do lado dela, como se nada tivesse acontecido.

Não demorou um segundo para Jia se sentar na cama, completamente despertada, e a encarar.

— O que disse? — perguntou.

— Não disse nada. — Dominique fingiu indiferença.

Jia se aproximou mais da namorada, colocando seu corpo em cima do dela. Dominique não ficou incomodada com o peso de Jia sobre ela.

— Repete — mandou, botando os braços dos dois lados do travesseiro de Dominique e a prendendo ali.

— Não sei do que você está falando...

— Dominique! — exclamou, mas não alto demais que alguém além delas pudesse ouvir.

Dominique sorriu e esticou a cabeça, levantando-a o bastante para poder depositar um beijo nos lábios da namorada.

— Eu disse que eu te amo.

Jia sorriu contende, suas bochechas estavam coradas. E Dominique amava que apesar de namoraram há alguns meses, ainda conseguia fazer Jia corar com muita facilidade.

— Eu também te amo.

Elas se beijaram mais algumas vezes naquela noite. E Dominique teve certeza que nunca se sentia tão feliz, quanto quando estava nos braços de Jia Chang.


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Notas finais do capítulo

Esse foi um fluffy, sem toda a entrolação e lerdeza de cilaw kkkk
Quero saber se os leitores de cilaw encontraram o Scorpius nessa fanfic?
Espero que tenham gostado, eu amei escrever e amo demais a Jia, estou totalmente apegada kkkk espero ter agradado os fãs!!
Me contem o que acharam nos comentários!
Espero ver vocês na sequel sobre o Albus também ♥
Beijos, Violet