Finnick Odair olhou para o teto escuro do distrito 13, sem nem acreditar na sua própria sorte. Piscou diversas vezes afastando as lágrimas dos olhos enquanto o cheiro de Anne inundava seu corpo e seus cabelos castanhos acobreados se espalhavam pelo colchão em que deitava.

A cama não era nada demais, era exatamente igual a dos outros, o colchão meio duro e o cheiro de velho, mas apenas por ter Anne deitada em sua superfície já era o lugar no mundo em que Finnick mais queria estar.

A garota trazia nos lábios um dúlcido e singelo sorriso, um que exprimia todo seu contentamento em estar nos braços de seu amado.

— Eu não quero ir embora nunca mais – Finnick sussurrou vendo os cílios longos da garota tremerem suavemente antes de se abrir, revelando olhos castanho-claros que admiravam o garoto.

— Não precisa ir – Anne aproximou a boca, dando um beijo carinhoso na ponta do nariz do recém feito seu marido.

— Eu quero que Snow suma de Panem – afastou as madeixas do rosto da garota –, quero também que nossos amigos tenham paz e, por fim, quero ter uma casa com você. Uma bem grande, perto do mar, onde podemos ouvir as ondas quebrando na praia e pescar quando ficarmos entediados.

— Teremos um jardim – decretou brincando com os cachos loiros de Finnick.

— Certamente. Um cheio de flores coloridas e perfumadas. Nada de rosas, menos ainda se forem brancas. Há uma infinidade de flora mais bela do que elas.

— Rosas são superestimadas – concordou tristemente, sem conseguir não pensar no presidente maluco que governava.

— E nos remetem a uma pessoa cruel, então vamos ficar com as primroses, girassóis e quaisquer outras flores que você queira. Sabe que não sou nenhum expert em plantas.

— Eu cuido do jardim – assentiu.

— Mas teremos uma horta também, eu quero plantar muita comida.

— E uma família para comer toda essa comida e todos os peixes que você pescar? – indagou sonhadora.

— Muitos filhos – brincou com o cabelo dela, soltando-o e deixando a mão quente correr solta pelas bochechas avermelhadas e salpicadas com pintinhas.

— Quais serão seus nomes? – perguntou com divertimento.

— Hm – pensou beijando o queixo dela – Se tivermos uma menina ela será Mags.

— Sim – concordou lembrando da mulher que praticamente os criara com uma lembrança gostosa.

— E um menino podemos chamar de... Peeta? Gosto desse nome.

— Não – Anne riu desviando dos beijos em sua bochecha – Vamos confundi-lo com o Peeta que será como um tio para ele. Isso vai ser estranho.

— Apenas pessoas mortas, então? – brincou voltando a ataca-la com beijos, principalmente para esquecer que Peeta Melark. Aquele rapaz doce e amável que estava praticamente morto, na verdade. Mas sua noite de lua de mel não precisava daquele assunto ou de coisas tristes. O mundo já era um lugar terrivelmente perverso sem que precisassem pensar nele em suas horas livres.

— Apenas homenagem a pessoas falecidas – Assentiu tomando os lábios de Finnick com saudade, enquanto abraçava sua pele exposta, inspirando todo o cheiro de mar e sal que, mesmo semanas dentro do bunker, ele ainda exalava.

— Eu te amo, Anne.

— Eu te amo para sempre, Finnick.

Com um sorriso nos rostos perdidamente apaixonados, o jovem casal aproveitou mais algumas horas de sua lua de mel enquanto sonhavam com sua liberdade e o futuro de uma família feliz e correndo por campos no verão.