Retorno para Camelot escrita por Lamia Riley


Capítulo 2
Capitulo 2 - De volta ao lar




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Robert estava curioso com o velho enigmático que tinha em sua frente e isso o fazia ficar impaciente. Ele sempre amou as histórias sobre Rei Arthur, mas como um apaixonado pela lenda. Robert sabia que ninguém tinha encontrado nada que comprovasse a existência do reino de Camelot.

— O senhor irá me ajudar a escrever meu romance?! Que bom. Podemos assinar juntos a autoria do livro.

— Não se preocupe com isso. Você só vai precisar sentar e ouvi. Você também pode usar aquela coisa que guarda nossa voz.

— Gravador?

— Sim .. um aparelho muito interessante somando a todos os outros. Disse Merlin agora sentado em frente ao jovem rapaz e admirado em como Robert lembrava a ternura da Gwenevere e a curiosidade de Arthur.

— Tudo bem então me conte sua versão para a história do Rei Arthur.  

Disse Robert que sentia algo estranho naquele senhor e por isso resolveu ouvir o que ele tinha para dizer. Apesar de ter apenas 25 anos, Robert sempre soube aceitar os avisos de seu sentido curioso que sua irmã chamava se “sentido aranha”. E nesse momento, todos os músculos do seu corpo dizia para ele parar para ouvir aquele senhor. Mesmo achando estranho as roupas antigas que usava e o fato de ele cheirar como se não tivesse tomado banho há dias.

— Acho que o tempo está mudando. Você gostaria de tomar um chá em minha casa? É melhor do que esse café aqui.

— Não pareceu tão ruim já que o senhor tomou 4 xicaras.

— Qual é o seu problema jovem rapaz? Você está preste a escrever algo maravilhoso que nenhum outro escreveu e está reclamando de alguns míseros centavos gastos com um café terrível?

— Calma senhor. De qualquer maneira não sei se seria tão producente ir com o senhor para algum lugar. Eu não o conheço.

— Eu também não conheço você. E mesmo assim estou lhe dando um voto de confiança.

Robert respirou fundo e levantou-se e pois –se a caminhar ao lado do senhor de barba branca.

— Vamos ... eu moro naquela direção.

 – Sua casa é muito longe? Podemos ir de carro.

— Carro? Eu não gosto de carros...são uma lata de aço que parece que vai nos esmagar. Eu prefiro cavalos... eles sempre foram melhores.

— Desculpe senhor, mas não ando de cavalos em centro de cidades. Acredito que de carro chegaremos mais rápido seja lá onde more.  

Merlin não gostava muito de tudo aquilo. Na verdade, mesmo depois de tantos anos caminhando por vários lugares e passando por tantas coisas ele não conseguia se acostumar com as coisas modernas. Na verdade o seu medo com o mundo moderno fazia com que ele passasse grandes períodos na floresta no interior de Londres. Foi assim que ele não percebeu quase nada das mudanças que aconteceram no mundo, as guerras, as doenças, ... Ele só saia de seu “mundo” quando necessitava de conversar com alguém o que levava anos para acontecer.

Já acomodado dentro do carro de Robert. Merlin deixou transparecer nitidamente que não se sentia bem dentro do veículo.

— Certo, o senhor está confortável?

— Se você acha que ficar dentro de uma lata é ficar confortável. eu estou confortável.

— Ok... então me diga para qual lado eu devo ir.

— Para a Floresta de Glastonbury.

Robert fica assustado com a informação.

— Senhor isso fica a quase duas horas daqui.

— E qual o problema?

— Nenhum. De qualquer forma, é caminho para Londres onde moro. - Disse Robert decidido a verificar até onde ia tudo aquilo.

No trajeto para a cidade de Glastonbury, Robert tentou conversar com o senhor sentado ao seu lado, mas nada conseguiu, pois Merlin estava ocupado demais dormindo.

Assim que chegou ao local Robert avistou alguns monumentos na cidade que eram considerados por historiadores como prova da existência de Avalon.

— Senhor... chegamos. Para qual direção eu vou?

— Aquela. Vamos para a floresta. Espero que sua lata aguente a estrada.

— O senhor realmente gosta da lenda. Vindo morar em Glastonbury. Dizem que aqui foi enterrado Arthur e Gwenevere, porém, nenhum corpo nunca foi encontrado.

— Por que ninguém foi enterrado. Disse Merlin irritado com o balanço provocado pelo carro que passava por uma estrada sem pavimentação.  

Assim que chegou no final da estrada Robert desligou o carro. Merlin rapidamente saiu de dentro do carro ajeitou a coluna.

— Definitivamente sinto falta dos cavalos.

— Pronto e agora. Para onde iremos? Não vejo nenhum vilarejo por aqui. Onde o senhor mora?

— Me siga.

Os dois homens começaram a andar pela floresta. Logo no começo Robert percebeu como o senhor era diferente naquele ambiente. Ele andava mais rápido como se conhecesse cada tronco, cada pedra, cada arvore existente no local.

— Senhor, por favor, podemos ir mais devagar?

— Ora, ora, ora... não se fazem mais jovens como antes... Venha meu rapaz esse velho aqui irá te ajudar a caminhar entre as arvores. E a proposito meu nome é Merlin.

— Merlin? Como Merlin das lendas Arthurianas?

— Eu juro que odeio quando falam lendas Arthurianas.

— Desculpe .. é que o seu nome é bem sugestivo.

— Pare de falar e venha. Minha casa é logo ali.

Alguns quilômetros depois Robert se depara com a entrada de uma caverna, mas antes de expressar qualquer pergunta Merlin o segurou pelo braço.

— Eu nunca trouxe ninguém aqui. Você é o primeiro dessa época a entrar nesse lugar e espero que você tenha respeito .... O local é a minha casa e logo não quero que mexa em nada.

— Sim senhor. - Robert estava um pouco confuso e ao mesmo tempo intrigado com o fato daquele homem morar em uma caverna em pleno século XXI. Ele se perguntou se ele não teria família ou alguém para cuidar dele.

— Não se preocupe não sou nenhum louco. E sim, não tenho mais família. – Disse Merlin caminhando na frente do rapaz com a ajuda de um cajado que ele pegou na entrada da caverna.

Após isso Robert entrou. Logo no início da caverna ele se deparou com um espaço com pedras colocadas de forma a não permitir que ninguém mais entrasse no local. Elas provocavam um efeito ilusório no qual quem olhasse da entrada acharia que era apenas uma gruta e nada mais.

Na medida em que acompanhava, o rapaz percebia que a tal caverna era longa...depois de alguns bons minutos andando, o rapaz se depara com algo incomum.

Era uma caverna como nos filmes. Enorme, com todas as coisas básicas para sobreviver. Comida, cama, um pequeno radio antigo entre outras coisas uteis. Não tinha luz, porém, parecia que as poucas velas acesas eram suficientes para clarear todo o local como se fossem várias lâmpadas.  

— Sente se aqui. Quer um pouco de água? Parece cansado pela caminhada. – Merlin indicou para o rapaz um banco feito de madeira.

— Sim, por favor.

Robert ficou observando o local e percebeu que o mesmo era pouco iluminado e em um dos cantos da parede corria um pequeno filete de água, porém, a caverna não era um local húmido era até bastante agradável com um ar refrescante com cheiro de flores do campo. Em um outro canto havia uma estante e lá alguns livros. Robert caminhou até lá e passou as mãos em cada uma das capas e percebeu que muitos ali eram muito antigos. Com datas de publicações em diferentes épocas da história.

— O senhor tem uma excelente coleção aqui. – Disse Robert cada vez mais intrigado com o seu novo amigo.

— Eu disse para não mexer em nada. Aqui está sua água. Agora vamos começar.

Antes de voltar a se sentar Robert avistou na estante o que seria um álbum. Ao abri-lo encontrou vários papeis com desenhos de rostos de pessoas.

Quem são essas pessoas? – Disse Robert levantando um dos papeis antigos com um rosto de uma jovem mulher pintado nele.

— Me dê isso. Eu disse para não mexer em nada.

Agora mais curioso do que nunca Roberto voltou a se sentar e tirou de sua bolsa o celular e um caderno para as anotações.

Merlin respirou fundo e arrumou os desenhos de volta ao seu local com total carinho como se estivesse acariciando realmente a face daquela mulher de lindos cabelos negros.

De volta a realidade, Merlin se juntou a Robert se sentando próximo ao rapaz.

— Olha só ... a maquininha que faz tudo. Eu já vi isso algumas vezes. Tentei usar, mas não são muito uteis, prefiro meus cristais são mais eficientes.

Roberto resolveu não mais questionar os comentários de Merlin e se deixar levar por tudo que estava acontecendo e se sentou em frente ao senhor de barba e que agora parecia muito animado com a conversa que iria começar.

— Vamos começar do início. Claro do início após a morte de Arthur. Um bom amigo que eu sinto muita falta.

— O senhor sente falta? Como assim?

— Sem perguntas. – Disse Merlin demonstrando que não gostava de interrupções em suas falas.

— Certo senhor Merlin pode começar o celular irá gravar tudo.

— Bem ... a história que quero te contar começa após o corpo de Arthur se colocado em um barco e esse mesmo barco seguir para a ilha de Avalon.

— Interessante... o senhor tem prova disso?

— Cale a boca rapaz. Sabia que você faz muitas perguntas? Fique quieto e escute. Bem.. como eu ia dizendo... depois do corpo de Arthur seguir para Avalon a espada Excalibur foi jogada para a Dama do Lago. Depois disso, o jovem mago que carregou Arthur até ali se despediu do amigo e caminhou por vários dias até chegar em casa.

— Quem seria esse jovem mago? Seria o Merlin? Mas ele não era velho... como o senhor? – Disse Roberto baseando seus comentários no que tinha lido até aquele momento.  

— Se você me interromper de novo. Eu lhe expulsarei de minha casa. E sim naquela época o mago era jovem e pouco experiente. Ainda estava aprendendo a lidar com sua magia e talvez por isso não teve força o suficiente para salvar seu amigo na triste batalha para salvar Camelot.

— Certo, então o senhor é que era o jovem mago. Então... será que o senhor não passou muito tempo nessa caverna? – Disse Robert com um certo tom de zombaria.

Merlin ignorou totalmente o comentário do rapaz e seguiu com sua fala como se estivesse contemplando cada lembrança do passado. Ele fechou os olhos e voltou há milhares de anos atrás no dia que voltou para casa da mãe, cansado de tanto caminhar logo a pós se despedir de seu amigo. E foi ela que o viu primeiro.


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